Toda a animação do casal foi transformada em cinzas ao verem a capital. Destruída. Era como se aquelas chamas escarlate que a queimavam fossem apenas o começo de algo que ainda estava por vir. A verdadeira guerra seria pior. Ciel e Grace caminhavam lentamente à procura de vida. Ossos e sangue preenchiam o chão. A cidade estava em uma situação deplorável. Alguns cidadãos andavam entre as chamas procurando uma saída.

Os olhos de Grace encontravam-se úmidos. Ela não acreditara que aquela era Londres. Correu até o castelo, imaginando se os sobreviventes poderiam ter se escondido em uma região próxima. O fogo e a destruição paravam em um parque. Por quê? Descartando rapidamente a pergunta, Grace chegou ao castelo. Estava impecável, como se houvesse sido construído há poucas semanas.

Mesmo antes da princesa bater na porta, a mesma se abria e mostrava algumas pessoas discutindo. Todos os olhares da mansão se voltaram à menina. Um homem de aparência jovial indagou, surpreso:

– Princesa? Não acredito... Estamos salvos!!!

– Acho que me atrasei um pouco... Gomenasai!

Alguns servos encaminharam a jovem para uma sala, onde eram tomadas as decisões. Todos falavam sem parar. Entusiasmo, talvez? Não, alívio.

Mesmo aquela recepção acolhedora não dissipou a preocupação que Grace sentia. Esta permaneceria ali até que a guerra tivesse fim. Sim, daria sua vida na guerra. Mesmo que morresse, não seria em vão.

Ela foi tirada de seus devaneios pela voz facilmente reconhecível de sua meia-irmã, Liz:

– Grace-chan? Você sabe que não deveria ter voltado, não é? Foi um erro seu.

– Gomen ne, Liz-sama! Mas eu estou fazendo isso para o bem de todos.

– Você não está preparada!

– Posso não estar, nee-chan, mas estarei em um futuro próximo. Eu juro.

– Jure o que quiser, então, Imoto! (em japonês "irmã mais nova") Estou cansada das suas infantilidades!

Enquanto Liz se retirava, a princesa e os nobres presentes na sala discutiam sobre um plano B para a guerra. Ela estava convencida de que venceria.

****

– Tadaima!!! –Ciel gritou ao entrar em sua mansão- Há alguém aqui?

– Bocchan... Não quero ser inconveniente, porém, peço que descanse. Os procurarei sozinho.

– Está certo... Esse assunto não é de meu interesse. Pensarei em alguma solução para a guerra. Não me interrompa de forma alguma, ouviu?

– Yes, my lord! –Sebastian fez uma humilde reverência e se distanciou.

Enquanto isso, longe dali...

– Então a princesinha voltou, não é? –Um homem com um manto negro caminhava por entre as chamas- Veremos do que ela é capaz.

– Y- Yumio-sama, chotto matte! –Um servo tentava alcançar o homem do capuz- Vai matá-la?

– Tentarei, Kouichi... E você me ajudará!

– Nani???

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As decisões já haviam sido tomadas no castelo, e Grace encontrava-se na sacada do seu quarto. "Mesmo que esse plano não dê certo..." Indagou consigo mesma "Eu provarei a todos o quanto sou madura. Não sou mais aquela princesinha boba. Sou uma mulher e quero ser tratada como tal!".

E assim a noite cai sobre Londres, deixando todos ansiosos e temerosos sobre o dia seguinte... O dia em que a verdadeira guerra começaria...