Ismália escrita por Tia Anette Atlas


Capítulo 2
PARTE I - CONHEÇA-ME


Notas iniciais do capítulo

Primeiro eu queria dizer que estou muito feliz pelo texto ter uma aceitação tão boa.
Eu não vou prometer postagens muito regulares, pois funciono aos surtos e incentivos.
Não sei se todos os capítulos serão grandes quanto esse, mas penso que não serão muitos.
Por fim, boa leitura.



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PARTE I – CONHEÇA-ME

Meu irmão ainda vivia seus catorze quando conheceu Alan. Seu amigo era um ano mais velho e não se dava bem com muitos garotos, os julgava prepotentes e idiotas. Ao ser questionado, Alan apenas respondia:

- Abra os olhos e verá.

Passavam assim horas, sentados na quadra de trás da escola, matando as duas ultimas aulas na parte da tarde. Embora não fumasse, como Alan fazia, meu irmão gostava do cheiro da erva.

- Me mantém calmo, Atila. – Alan sempre dizia – Mas não compre isso do Dinho, vai saber o que ele bota na dele.

- Você sabe que eu não uso. – ele respondeu com calma – E o que você põe na sua?

- Nada, mas sempre acabo tragando algum bom pensamento.

Com bom pensamento, ele não se referia ao nível de felicidade ou alegria do que lhe vinha na cabeça, mas a qualidade do pensamento. Era geralmente algo crítico, do tipo ousado que ninguém seria doido suficiente para concordar, mas acontecia vez ou outra.

Quem conhecesse Alan, de boa família e muito bem educado, filho de médica e professor, não diria que era uma má companhia. Talvez apenas quem olhasse bem pudesse reparar os olhos fundos e as olheiras causadas pela insônia. Vez ou outra ele tomava cuidado de colocar o boné baixo sobre o rosto para esconder a vermelhidão. Ainda havia quem reparasse.

- É o sol muito forte.

Sol muito forte? Eu tinha apenas doze anos, mas em escolas de classe média rapidamente se aprende o verdadeiro significado de “sol muito forte”. Alan era o amigo do meu irmão que eu mais gostava. Na verdade o único, pois embora possuísse um vício que eu percebia como uma pequena frescura para se rebelar contra pais falsamente dedicados demais, eu via algo diferente em Alan. Também era no olhar. Os olhos castanhos sempre tão perdidos, mas obsecados e desejando algo que só ele via, me chamava atenção.

Sobre os outros amigos de meu irmão, eu os achava patéticos, e Alan também devia achar, pois sempre falava comigo quando eles chegavam nas festinhas de aniversário de Atila que fazíamos em casa.

- O que tem lido? – ele me perguntava

Eu, como boa devoradora de livros que sempre fui, sorria toda vez que a pergunta me era feita.

- As mil e uma noites. – respondi naquele dia

Contei que meu favorito era Simbad. Na época eu era completamente encantada por tudo que mostrasse uma viagem pelo mar.

- Seria muito interessante se a ilha da baleia afundasse com todos eles. – Alan disse se referindo aos amigos de meu irmão e aos pais deles. Um deles havia acabado de chamar Alan e ele se levantou atendendo o chamado.

Eu não sabia ainda o porque do ódio que Alan sentia por aquela gente, mas quando eu os olhava, todos engomadinhos e sorrindo o tempo todo, eu sabia que algo estava errado. Queria eu estar errada.

Embora a amizade de Alan e de meu irmão, Atila, parecer forte, não durou muito tempo. No ano seguinte já era fácil se perceber que não se falavam tanto como antes, nem matavam mais aulas juntos. Meu irmão estava bem mais próximo dos outros amigos dele, aqueles que eu não gostava. A ligação deles se rompeu por completo quando Alan se mudou para outro bairro, não era assim tão longe, mas a amizade deles já não era maior que essa distancia. Eu sentia falta da conversa sobre livros, mas não dei muita importância, afinal, na época eu sequer percebi que Alan não aparecia mais em casa.

Eu possuía algumas amigas na escola, nenhuma amizade muito fiel na verdade, mas me sentia bem ao lado delas. Éramos o grupo mais odiado da escola, ninguém gosta de gente sempre correta, sempre com boas notas, o cão fiel do professor. Hoje eu sei por quê.

Comecei a suspeitar de que eu fazia parte de um grupo de chatas e retardadas quando eu tinha catorze anos. No começo do ano dois colegas da minha sala brigaram porque um deles estava perturbando Michele, a mais chata do meu grupo. O professor ainda não estava dentro da sala, então um garoto que sentava perto de nós, Sebastian, quis defendê-la. O outro garoto, que se chamava Victor, empurrou-o e então começaram a brigar. Michele na hora se levantou e me puxou pelo braço para irmos juntas à sala do coordenador para ela contar o que estava acontecendo, mas quando chegou lá, a cretina fez a melhor cara de desespero e santidade que sabia e disse:

- O Sebastian vai matar o Victor! Eles estão brigando dentro da sala e o Sebastian vai acabar com ele!

Não entendi de principio. Sebastian estava a protegendo, como ela poderia acusar quem a estava defendendo? Eu não consegui dizer nenhuma palavra, era praticamente uma regra não contrariar Michele. O coordenador, ela e eu voltamos apressados pra sala de aula, quando abrimos a porta azul da sala, a mesma cor dos ladrilhos que decoravam a parte de baixo das paredes do corredor, Sebastian estava levando uma surra de Victor, mas o segundo, muito esperto, rolou para o lado assim que viu a porta se abrindo, caindo no chão e reclamando de dor. A inspetora veio logo atrás, apressada, já levantando os dois e os levando pra direção. É um colégio de classe média, o coordenador e a inspetora mal sabiam quem eram aqueles garotos. Nunca duvidariam das cenas e caras de dó de Victor, muito menos das de Michele que foi atrás só para ter certeza que Sebastian seria o responsabilizado.

No dia seguinte entendi algumas coisas. Michele veio toda sorridente nos contar que ela e Victor agora estavam namorando. Não que esse fosse o problema, mas eles estavam juntos para a culpa cair maior em Sebastian, afinal, por que Victor perturbaria a própria namoradinha? Michele queria ficar com ele e foi assim que ela conseguiu, sendo conveniente para Victor. Não foi necessário mais que uma semana para que eu me sentisse enojada vendo aquele casalsinho nojento. Então fiz o que ninguém me recomendaria fazer, denunciei Michele. Falei a verdade. Eu não queria ver Sebastian, o verdadeiro inocente, tendo que cumprir suspensão. Foi a pior, e ao mesmo tempo a melhor, coisa que fiz na vida. A melhor porque ganhei meu primeiro amigo de verdade, Sebastian. E a pior porque, alem de não ter adiantado, apanhei muito de Michele, mas mais uma vez ela saiu de inocente. Foi minha primeira advertência.

Depois de algum tempo, Sebastian também se mudou. Eu estava no primeiro ano do colegial quando ele foi para a outra cidade, a quase duas horas de viagem daqui. Vez ou outra ele vinha visitar a avó, que morava no centro da cidade onde eu moro. Foi uma vez, voltando da casa da avó dele, que reencontrei Alan.

Eu estava na minha bicicleta vinho e dali uma semana eu faria Dezessete. Eu o vi quando cruzou a porta de madeira verde com detalhes em vidro, saindo de uma pequena cafeteria e livraria, que aos finais de semana realizava ótimos sarais de leitura, com dois livros em mãos. Demorei para identifica-lo como o Alan que conheci. Ele estava andando pela calçada e eu no sentido contrário, pela ciclovia nas extremidades da rua. Ele passou por mim me encarando, como se soubesse que me conhecesse, mas não de onde. Eu não o cumprimentaria, afinal ele não se lembraria de mim. Desviei o olhar antes mesmo de ele sair do meu campo de visão e subi na calçada descendo da bicicleta e indo em direção da mesma livraria que ele havia acabado de sair. Enquanto eu acorrentava minha bicicleta a um poste próximo, pude ver pelo canto dos olhos que ele se virou para me olhar mais uma vez. Não pude resistir e o olhei também.

- Ismália. – ele finalmente concluiu, abrindo um belo sorriso e vindo em minha direção.

Pude sentir minhas bochechas formigando, imaginava que ele me reconheceria e até cumprimentaria, mas não que viria até mim. Os cabelos, antes cumpridos e caindo nos olhos, agora estavam curtos e inutilmente penteados, pois se arrepiavam facilmente, mas os olhos não mudaram. Continuavam fundos, com olheiras e, eventualmente, avermelhados.

- Achei que não iria me reconhecer. – eu disse dando um pequeno sorriso quando ele se aproximou.

- E quase não reconheci, de fato. – ele respondeu parecendo feliz – E seu irmão?

- Com as mesmas companhias, infelizmente. – torci a boca mostrando minha insatisfação

- Acontece. – ele disse antes do silencio invadir a conversa por alguns segundos – Eu preciso ir. Se importaria se eu falasse com você outro dia?

Engoli a seco e tive a sensação de que meu estomago havia subido para minha garganta e voltado. Eu não sabia o que Alan queria comigo, mas concordei com a cabeça.

- Eu ainda moro no mesmo lugar. – informei

- Então, até mais ver. – ele sorriu e se virou já indo embora.

O fato é que Alan sabia que eu podia ver as coisas se eu quisesse, ele sabia que minha venda já estava frouxa e por isso eu estava mais próxima de ver o mundo. Alan queria me fazer enxergar e sentia que devia fazer isso.

No dia do meu aniversário de Dezessete anos, Sebastian foi até minha casa. Embora ele fosse fã de grandes festas, sabia que eu não gostava de realizar comemorações para mim, pois minha lista de convidados se resumia a ele.

- Eu aluguei “Laranja Mecânica”! – disse entusiasmada quando ele chegou

- Então ainda bem que eu trouxe um filme decente! – ele protestou indignado, mexendo o pescoço de um lado para o outro como sempre fazia. Eu particularmente achava engraçado, pois seus cachos até o pescoço sempre pulavam quando ele fazia. – Pra que você quer ver isso?! – ele gesticulava com o cotovelo grudado ao corpo – Não tem nenhum romance, nada bonitinho...

- Pra que eu quero ver romance? – respondi deixando-o entrar – Eu sei que eu não vou viver nenhum romance mesmo!

Enquanto passávamos pelo hall e nos dirigíamos até a sala, ele soltou uma exclamação debochada e apoiou os dedos no peito, mostrando estar indignado.

- E virar uma delinquente, ser presa e sofrer um experimento horroroso você vai?! Que plano de carreira...

- Cala a boca e diz o que você trouxe logo, Bastian... – me acomodei no sofá enquanto ele ligava meu aparelho de DVD.

- Moulin Rouge! – ele comemorou se jogando no sofá ao meu lado.

Poderia ser apenas mais uma tarde agradável com Sebastian. Inclusive fiquei feliz por ele ter trago o filme, é comovente, mas em uma das cenas mais tocantes do filme, “Show must go on”, a campainha tocou. Minha mãe foi atender, me assustei quando ela exclamou:

- Alan, há quanto tempo! Está um adulto!

- Espero não estar incomodando... – ouvi a voz dele e logo me ajoelhei no sofá, me virando para trás, acompanhada de Sebastian. Dali, Alan não conseguiria nos ver muito bem, mas para mim era fácil.

- De modo algum, entre! Procurando Atila? – minha mãe continuou

- Na verdade estava procurando Ismália. Ela está?

- Por que você não me contou desse boy magia? – Sebastian sorriu malicioso me empurrando.

Abri a boca pra responder, mas ouvi minha mãe me chamar. Me levantei lançando um olhar significativo para Sebastian. Ele juntou as mãos e as pernas, fazendo um olhar doce como se fosse um anjinho.

Me aproximei da porta e sorri um tanto tímida quando fiquei próxima a Alan.

- Oi. – eu disse

- Eu vou ver o bolo, não pode queimar de novo! – minha mãe saiu apressada. Ela havia prometido me fazer um bolo de aniversário, e já havia feito duas vezes.

- Não estou atrapalhando? – Alan disse observando a casa por cima do meu ombro, e ele era bem mais alto que eu, mas isso não é nenhuma novidade.

- Não. – respondi rapidamente – Eu só estava assistindo um filme com um amigo... Entra!

Dei espaço pra que ele entrasse e fechei a porta atrás dele.

- Continua igual. – ele disse olhando ao redor

- É. Eu até gosto assim. – pontuei – Então... Não acho que tenha vindo pelo meu aniversário.

- É seu aniversário? – Alan ficou sem graça imediatamente.

- Dezessete anos de glamour! – Exclamou Sebastian se aproximando todo sorridente.

- Mas você tá com pimenta hoje?! – me dirigi a Sebastian, que mal me olhou

- Prazer, Sebastian. – ele estendeu a mão para Alan, que o cumprimentou normalmente – Mas pode me chamar só de “Prazer”.

- Sebastian! – o repreendi cobrindo meu rosto com uma das mãos enquanto sentia minhas bochechas enrubescerem.

- Muito prazer, Prazer. – Alan disse enquanto ria. Um riso honesto, diferente da maioria depois dessas brincadeirinhas de Sebastian.

- Calma, Mali. – assim que Sebastian me chamava – Não vou roubar seu namoradinho.

Alan gargalhou mais ainda e eu não pude evitar rir também quando percebi que ele não se constrangeu, ao contrário de mim. Não nos mantemos de pé no hall por muito tempo. Alan, Sebastian e eu logo nos dirigimos à sala e conversamos por um tempo. Eu esperava que Alan dissesse o que queria comigo, mas não dizia nada que parecesse realmente importante. Então tocamos num assunto delicado, a aceitação da homossexualidade de Sebastian para os pais dele. Quando Sebastian disse que seu pai não falava mais com ele, certo tipo de raiva foi visível nos olhos de Alan.

- E sua mãe? – Alan perguntou

- Ela me defende, mas não significa que ela ache que tudo está bem. Ela acha que é só uma fase... – Sebastian respondeu brincando com a costura da barra de sua camiseta gola polo.

- Você não tem raiva?

- Não. No fundo eu os entendo.

Eu apenas os observava. Alan pareceu pensativo por um segundo, tombando a cabeça para direita.

- Sabe, eu sinceramente acho ridículo qualquer coisa que atrapalhe na liberdade individual. Porque você não está prejudicando ninguém, eles que te prejudicam quando tentam te impedir de ser quem você é, mas são eles que ficam com a razão, infelizmente. – Alan retomou a fala. As palavras me lembraram alguém. Olhei para Sebastian, que olhou pra mim também.

- Michele. – dissemos juntos rindo.

Alan não entendeu e nem nós explicamos. Depois de mais alguns minutos de conversa, minha mãe disse que o bolo estava pronto. Glacê e pedaços de uva, nada mais doce e divino, o recheio era do creme de uva também, uma das poucas coisas que minha mãe fazia bem.

Recebi um presente de Sebastian naquele dia. Era um pingente comprido com o desenho de uma torre e uma princesinha ameaçando se jogar. Ele sabe que embora eu não goste muito do meu nome, o poema que carrega ele me encanta. Algum tempo depois eu resolvi fazer jus ao nome que carregava.

Você já deve ter reparado que embora essa narradora seja um personagem, ela também é oniciente. Eu já morri, eu sei de tudo que aconteceu e influenciou a minha vida, mas fique tranquilo, não mentirei nada sobre a minha vida. Sou muito fiel ao meu fracasso social. Na verdade, sequer notavam quando eu passava pelos corredores e avenidas amarrotadas de gente. A indiferença se transformou em decepção e raiva algumas vezes. Decepção de vendados que achavam que enxergar era algo ruim e raiva daqueles pensam que não tem vendas e não são manipulados. Este é o pior tipo, o que manipula sem se lembrar de que é manipulável. Em uma sociedade doente, as pessoas são autenticas e incontroláveis até que se envolva dinheiro nisso.

Antes de Alan ir embora, ele falou de um sarau que aconteceria naquela cafeteria e livraria onde o encontrei. Ele disse que estaria lá e que seria divertido se eu e Sebastian fossemos.

- Eu já não estarei mais na cidade, querido – disse Sebastian fazendo sua melhor cara de pena, não tão boa -, mas tenho certeza que essa rata de biblioteca irá. – ele se referiu a mim.

- Não costumo perder os sarais, de qualquer forma. – eu disse sorrindo para Alan. Ele era um cara legal, embora eu sempre tivesse receio ao me aproximar das pessoas, não havia porque não simpatizar com ele.

- Te encontro lá. – Alan disse acenando enquanto se afastava.

O discurso inacabável e frenético de Sebastian sobre como Alan poderia ser bom pra mim é totalmente dispensável. Um fato que você deve saber desde já: nunca tive nada com Alan. Aliás, quando o conheci ele tinha uma linda namorada que enxergava tanto quanto ele. Caroline. Ela era mais velha do que ele. Acabara de fazer seus trinta anos enquanto Alan tinha apenas vinte.

No dia em que fui encontrar Alan no sarau, Caroline estava lá. Foi quando a conheci. Ela era linda. Os cabelos eram claros e ondulados, caíam até os ombros. Era mais baixa até que eu, inclusive parei de reclamar dos meus 1,68 quando a conheci, e ela tinha os quadris largos, até era meio cheinha. Quando cheguei, pude ver Alan abraçado com ela, ele se curvava para encostar seu queixo sobre a cabeça dela, que apoiava-se no peito de Alan. Uma cena bonita de se ver, eles combinavam. Ele estava murmurando alguma coisa, deveria ser uma piada, pois riram juntos no final. Foi quando Alan me viu, levantou a cabeça e acenou para mim, não evitei me aproximar e cumprimentar os dois.

- Ismália! – ele exclamou sorridente quando me aproximei

- Olá, Alan. – Eu fui simpática e sorri também, mas não só por ser simpática, ele era das raras pessoas que eu achava que merecia a minha simpatia.

- Essa é Caroline. – ele me apresentou a doce mulher.

- Ouvi falar um pouco de você – ela sorriu pra mim me cumprimentando com dois beijinhos no rosto, assim como eu havia cumprimentado Alan.

- Espero que bem. – eu respondi ainda sorrindo.

Falamos sobre algumas coisas, em especial sobre uma noticia a qual eu estava pouco informada, mas prestei atenção para saber do que se tratava. Um esquema de corrupção na região que incluía registro de algumas confecções que mantinham mão de obra estrangeira ilegal e escrava. Me surpreendi quando eu soube, não entendia como ainda era possível se escravizar alguém, muito menos como isso demorou tanto para ser revelado, ou porque eu me importava. Você se importa só quando percebe que além de te afetar, você faz parte do problema. Pra alguém ficar rico, deixa centenas de pessoas miseráveis. Pra ficar milionário, milhares, e assim segue.

Quando o sarau começou, foi com o meu poema. Não com o que eu escrevi, o com o meu nome. No fundo, eu já estava cansada de escutar esse mesmo poema tantas e tantas vezes, mas toda vez que eu lia, ou era lido para mim, eu entrava em transe. Pensando agora, talvez eu já soubesse que me daria esse fim. Depois de lido, a questão era o porque de Ismália cometer o suicídio. O que significaria de fato a sua hipnose pela lua do céu e a lua do mar? Apenas amor? E essa dualidade, o que seria? No momento não muito importa, mas começamos pelo nome do poema, o meu nome. Ismália, desejo de amor.

Depois do sarau comecei a me encontrar muito com Alan e Caroline. Eles eram mais que divertidos, me ensinavam coisas. Eu, que sempre li tanto, percebi que não conhecia algumas coisas realmente interessantes de se ler. “Revolução dos Bichos” foi meu primeiro livro devorado de George Orwell, nunca liguei para quadrinhos, mas em um dia eu havia lido “V de Vingança” mais de três vezes.

O tempo se passou e sempre que Sebastian vinha para a cidade agora, nos encontrávamos os quatro, claro que vez ou outra eu dedicava tempos exclusivos a Sebastian. Nunca tive um amigo como ele e era triste saber que nunca teria.


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Notas finais do capítulo

Obrigada se leu até aqui, espero que continue comigo no próximo capítulo.
Lembre-se de deixar seu review e então fazer uma escritora amadora feliz.
Até a próxima!