Hinata caminhava por aquele corredor estreito e mal iluminado. Estava confusa, pois não fazia ideia do que estava fazendo ali, simplesmente sentia que precisava continuar. Um camundongo passou rapidamente ao seu lado, obrigando a garota a prender a respiração para não gritar. No fim do corredor, uma porta entreaberta ajudava na iluminação precária. Hinata tentou usar seu Byakugan pra ver o que tinha atrás da porta, mas no momento que o ativou, sua visão ficou embaralhado e uma forte dor tomou conta de seus olhos. Ela prontamente desativou - o foi se aproximando da porta. De repente escutou:

– Por favor, pare!!!

No momento em que reconheceu a voz, Hinata esqueceu todo medo que sentia até o momento e possuída pela raiva empurrou a porta para confirmar suas suspeitas. Com a porta totalmente aberta, ela pode ver o local. Uma sala pequena com a tinta das paredes descascada. Não havia janelas. Os móveis se resumiam a uma mesa cheia de instrumentos pontiagudos que provavelmente eram destinados à tortura, e no centro dessa sala, uma garotinha com mais ou menos 12 anos, apresentando vários hematomas e pequenos filetes de sangue que saíam de muitos cortes em seus braços e pernas choramingava baixinho. Hanabi, irmã mais nova de Hinata, se encontrava caída e quando viu a irmã mais velha, a pequena garota mostrou uma expressão aliviada. Foi quando Hinata notou uma pessoa de costas perto de sua irmã. Usava uma capa preta com capuz.

– Q-quem é você? Fica longe dela seu desgraçado!! – Falou Hinata com a raiva estampada em sua face.

No momento em que a pessoa se virou e tirou o capuz que cobria seu rosto, Hinata levou um susto. Não havia rosto. Só uma pele branca e lisa (Imaginem algo como o Slender Man). Em sua mão uma faca suja de sangue. Hinata simplesmente saiu correndo com o punho fechado, pronta para socar cada milímetro do “rosto” daquela coisa, mas de repente, aquela cabeça sem rosto tomou a forma da cabeça da sua irmã e Hinata, que corria determinada a bater naquela coisa, parou bruscamente. Ficou paralisada, encarando o falso rosto de sua irmã que ria maldosamente. No segundo seguinte uma faca atravessou o peito de Hinata e...

CABRUUUUUUM!!!!!!! (Tentativa horrível de fazer o som de um trovão. Pelo menos finjam que é um)

Hinata acordou assustada e olhou pela janela. Uma forte tempestade caía lá fora. Ela parou para respirar fundo. Estava encharcada de suor. Lembrou-se do pesadelo que tivera, e foi então que decidiu levantar e ver como sua irmã estava, o que poderia parecer besteira, mas ela não podia evitar. Foi até o quarto que ficava do lado do seu. Abriu a porta e chegou perto da cama sorrateiramente, mas não a viu.

- Onde você tá garota? – Sussurrou ela já saindo pela porta e indo para as escadas (os quartos eram no segundo andar).

Já na sala de estar, ouviu um barulho vindo da cozinha. Sem ao menos se lembrar do Byakugan, foi direto para lá.

- Hanabiii!! – Falou Hinata talvez mais alto do que tivesse planejado e fazendo o copo de água que a pequena menina segurava se espatifar no chão.

– Nii – chan, você enlouqueceu!!?? Quer me matar de susto?? – Falava Hanabi enquanto era bombardeada por uma onda de beijos e abraços de Hinata.

- Ah, ok... Me desculpe. E-eu não sei o que deu em mim. Vai se deitar que eu limpo essa bagunça, ta bom? Boa noite – Falou Hinata dando o beijo número 127 em sua irmã.

- Ok então... Boa noite. Ah, e se quiser te consigo o telefone de um ótimo psiquiatra pra você, porque né... – Falou a Hyuuga mais nova indo se deitar e olhando um tanto desconfiada para sua irmã.

Hinata sorriu. Tinha sido só um sonho, mas ela não poderia nem cogitar que algo de ruim acontecesse com sua irmã. Ela a amava muito e faria o que fosse possível para vê – la bem. Finalmente ela pegou uma vassoura e uma pá de lixo e limpou os cacos. Agradeceu por seu pai ter um sono pesado e depois subiu as escadas. Tomou um banho rápido e deitou – se 10 minutos depois, mas não conseguiu dormir. Olhou para o relógio de cabeceira: 03h27min. Começou a se lembrar do que estava acontecendo em sua vida. Depois que a guerra acabara meses atrás, Hinata não conseguia dormir direito. Tinha sonhos de seus amigos sendo mortos, revia as mortes que realmente aconteceram em batalha, como a de Shino e via sua própria morte. A guerra a traumatizara, pois ela não era acostumada a ver tanta destruição e tanto sangue. Pior ainda foi ser obrigada a ver Naruto lutando, realmente acabado, dando tudo de si pra proteger a todos. É, Naruto. A única pessoa que a manteve forte durante o tempo que esteve lutando, mesmo sem que ele soubesse. Ele tinha esse poder sobre ela, a fortalecia. Aqueles olhos azuis a deixavam em total transe. E foi lembrando-se daqueles olhos cor safira, que ela adormeceu, sorrindo.

Hinata estava com 17 anos, tinha um corpo de deixar qualquer mulher a fuzilando de inveja e qualquer homem babando. Era tímida, mas seus amigos sabiam o quanto ela era forte, mesmo que a própria não reconhecesse isso. No final desse ano, quando completasse seus 18 anos, seria nomeada líder do clã (mesmo que contra a vontade de 98% dos membros). Mas ela não queria estar à frente de um clã que só a desprezava e que não confiava nela, queria poder provar para toda Konoha que poderia ser tão forte quanto Neji ou seu pai. Provar que era digna e tinha o caráter de uma líder e então calaria a boca de todo mundo. Mas principalmente, queria mostrar para um certo loiro de olhos azuis e corpo maravilhoso, com braços musculosos e com um tanquinho daqueles... Ãhn, sobre o que estávamos falando mesmo? Ok, Foco! Mostrar para Uzumaki Naruto o quanto ela o amava e que seria capaz de tudo vê- ló feliz. Até mesmo se isso pudesse lhe custar sua vida.

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Amanhecera o dia. Os comerciantes abriam suas lojas, os ninjas se dirigiam ao escritório da Hokage e as crianças se preparavam para suas aulas. Os raios de sol invadiam as janelas das casas iluminando cômodos e acordando pessoas, como a jovem Hyuuga, que despertou com a claridade em seu rosto.

“Tenho que me lembrar de recolocar a cortina” Pensou ela se espreguiçando e indo fazer sua higiene matinal. Colocou a mesma roupa que usava normalmente, mas pelo forte sol lá fora, tirou o casaco e ficou somente com a regata preta. Olhou para o relógio: 07h00min. Desceu para tomar café e encontrou seu primo, sua irmã e seu pai já à mesa.

- Ohayo (Bom dia). – Falou Hinata ainda sonolenta.

– Ohayo Hinata–sama. – Respondeu meu primo Neji que tomava seu café muito tranquilamente.

- Ohayooo Onee - chan!! Respondeu Hanabi, a única animada àquela hora, comendo como se fosse sua última refeição.

Ela riu da irmã. Como pode caber tanta comida em um ser tão pequeno. Desviou olhar para seu pai, que estava lendo jornal, e foi o único que não a cumprimentara. Ela já estava acostumada, conhecia seu pai e já sabia que ele não era a simpatia em pessoa, mas ainda assim aquilo a entristecia. Hinata tomou o café quieta, parando de vez em quando para prestar atenção em Hiashi, seu pai, repreender Hanabi por falta de modos à mesa. Ao contrário de Hanabi, a outra Hyuuga não comeu muito, estava sem fome. Pediu licença, levantou da mesa, foi escovar seus dentes e desceu novamente, indo em direção à porta da frente.

- Aonde você pensa que vai? – Perguntou Hiashi sem tirar os olhos do jornal.

- Vou sair para treinar. – Respondeu ela sem se virar.

– Que diferença faz para você treinar lá fora. Aqui pelo menos tem alguém que possa te ajudar a fazer um treino decente. – Falou Hiashi friamente.

- Desde pequena tive que fazer muitas coisas sozinha, mesmo não querendo – Falou ela tentando conter uma lágrima que teimava em escorrer, lembrando - se de como fora difícil passa a infância sem sua mãe e sem o afeto de seu pai. – Não me importarei de ficar sozinha mais uma vez.

Sem dizer mais nada ela saiu de casa, deixando uma Hanabi sorrindo (e comendo), um Neji surpreso e um Hiashi com muita raiva.