30 Dias Com Alec Volturi escrita por Drama Queen


Capítulo 41
Thirty


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys, como estão? Aqui está o capítulo! Era pra eu ter postado quatro dias atrás, mas creio que a maioria de vocês está ciente dos transtornos que ocorreram por aqui.
Capítulo pela Kristine Everdeen Mellark, devido à recomendação linda que ela fez.
Enfim, enjoy.



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O sol apareceu na janela mais cedo do que eu gostaria. Minhas últimas horas em Volterra passaram tão rápido que mal pude acompanhar seu progresso. Em questão do que me pareceram minutos, o céu negro e estrelado adquiriu uma tonalidade roxeada, alaranjada, e então azul. Era hora de me despedir dos Volturi. E Alec estava incluso nessa equação.

– Deveria ter tentado dormir, ao menos um pouco.

Ele me repreendeu pela décima oitava vez. Eu não conseguira pregar os olhos por um segundo sequer, e de fato que não me importava. Se aqueles eram nossos últimos momentos juntos, definitivamente significavam mais que algumas poucas horas de sono. Puxei o edredom até a cintura, deixando meu abro apoiado no dele. O moreno me abraçava por trás, ambos deitados da cama, virados de lado.

Eu era capaz de sentir sua respiração pesada e minha nuca. Sabia eu ele também sofria com isso, e em nada tal conhecimento aliviava a dor em meu peito de ter de partir. Muito pelo contrário; apenas fazia-me sentir cada vez mais culpada. Mas era o certo a se fazer. Eu não poderia ficar entre os Volturi, porque eu não era uma deles. Não poderia aceitar o pedido de Caius; nem mesmo se quisesse. A súplica nos olhos de Alec me impedia de tal ato.

– Não tenho sono.

E era verdade. Levantei-me, ainda relutante, e fui em direção ao banheiro do chalé. Afundei o rosto na água morna que jorrava da torneira e me controlei pra não chorar. Seria pior se eu o fizesse. Meus olhos não possuíam olheiras, minhas feições não indicavam quaisquer resquícios de uma noite não-dormida. Talvez essa fosse uma das vantagens de se ser imortal. Sempre aparentando estar bem, não importando o quão corroído você esteja internamente.

Quando retornei ao quarto, ele não estava mais lá. Dissera, horas antes, que iria fazer minhas malas por mim e pegar as passagens com Aro; não reclamei. Tudo o que eu não queria, naquele momento, era a obrigação de conviver com um vampiro que não fosse o meu. Espantei tais pensamentos da cabeça ao trocar de roupa. Precisava vestir algo decente, não quisesse entregar os pensamentos suicida que me invadiam. Mas por quanto tempo esse disfarce duraria? Assim que Edward me visse...

Vesti uma calça jeans básica e uma regata de seda azulada. Eu costumava gostar de azul, tanto quanto vermelho. Agora, o mundo parecia se desfazer em tons de cinza. Não era uma boa sensação. Refleti se deveria colocar um salto, mas a ideia logo me abandonou. A quem eu tentava enganar? Não conseguia carregar meu próprio peso descalça, quem dirá em cima de uma agulha. Optei por uma sapatilha e um batom nos lábios: a palidez já se evidenciava, sinal do fim de meu crescimento. Antes que pudesse deixar o cômodo, porém, Alec já estava lá.

Ele colocou em mim uma jaqueta de couro preto, obviamente dele. Ficou uns dois números maior, mas quem se importava? Tinha o cheiro dele. Era o suficiente. Fechei os olhos, inalando o aroma, e mesmo às cegas o envolvi pela nuca com os braços. Pude senti-lo sorrir, e por instinto sorri também. Seus lábios tocaram os meus, mas entre o amor e o carinho que ali se instalavam, fizeram-se presentes também a dor e a amargura.

– Temos que ir.

E não trocamos mais nenhuma palavra até embarcarmos no avião que destruiria minha vida. A agonia dilacerava-me, mas era impossível impedi-la. Meus dedos não soltaram os dele por um mísero segundo, até eu receber uma mensagem de texto. Tirei o celular do bolso, ainda agradecendo pelo voo ter atrasado. Poderia ser algo importante.

Boa viagem, Cullen. Cuidaremos dele pra você. Nos vemos em breve. – C & J

Eu sabia que os olhos atentos do moreno já haviam corrido pela tela do celular e lido a mensagem dezenas de vezes enquanto e ainda absorvia o conteúdo dela. O que Céline e Julieta quiseram dizer com "nos vemos em breve"?. Não foi essa oração, no entanto, que me levou a quebrar o silêncio estabelecido.

– Ah, então quer dizer que é só eu passar cinco minutos longe e elas já se veem no direito de "cuidar" de você? - fiz as aspas no ar, dando risada.

– Tão linda, tão boba, tão ciumenta. - ele sorriu, aninhando-me para mais perto dele na medida do possível.

As aeromoças já nos mandavam colocar os cintos de segurança e desligar os aparelhos eletrônicos; o avião já iria decolar. Considerando as poltronas elevadas e as divisórias entre elas, era impossível manter um contato muito maior do que mão dadas e alguns selinhos uma vez ou outra. Seriam dez horas entediantes.

Mas não foram, porque eu dormi.

Não faço ideia de quando, mas ao acordar, o avião já se preparava para o pouso. Não conseguia acreditar que havia perdido tantas horas. É claro que as coisas que eu e o vampiro tínhamos para conversar não podia ser ouvido pelos humanos ali presentes, mas apenas a sensação de vazio já era o suficiente para me deixar pra baixo. Derrotada pelo próprio cansaço.

– Seattle - contorci-me, no momento que deixamos o aeroporto - Temos três horas até meus pais decidirem nos perseguir e acusar você de sequestro.

– Até que não é má ideia. - ele sorriu, mas seus olhos não brilhavam mais.

Eram olhos negros. Olhos tristes; amargos. E, possivelmente, sedentos. Sabe-se lá quanto tempo o moreno tinha ficado sem se alimentar, bem como sabe-se lá qual o tamanho do estrago que ele faria ao ir embora. De todo o universo, eu só tinha certeza de duas coisas: eu amava Alec Volturi com todas minhas forças, e ele me correspondia na mesma intensidade.

Foi ao chegar em Forks que eu comecei a surtar. Não externamente, não poderia submetê-lo a isso de modo algum. Mas internamente. Percebi, ali, que até então meu subconsciente ainda procurava alguma maneira de fugir daquela situação. No entanto, ao ultrapassar os limites da cidade, meu cérebro desistiu. E, não fosse pela promessa que o moreno me fizera, eu toda teria desistido de seguir em frente. Contudo, se ele dissera que conseguiríamos, ainda que demorasse, então conseguiríamos. E eu esperaria.

Quando o sedã alugado parou na porta da casa de quatro andares, eu mal conseguia respirar. Queria retornar ao tempo onde tudo era belo, onde estar com os Volturi era apenas uma obrigação. Mas não aconteceria tão cedo. Alec abriu a porta para mim, pelo lado de fora, e me ajudou a descer. Não teria conseguido sem sua ajuda, visto que minhas pernas estavam bambas e sem vida. Mas sua mão na minha me deu coragem. O que não fazemos por amor?

Pegamos a bagagem e subimos os primeiros degraus. A porta de vidro permitia a visão de uma família de vampiros que eram horríveis em disfarçar distração. Eu sabia que eles ouviam, previam e liam cada pensamento e sentimento meu. Tive dó deles. Dó por serem obrigados a conviver com alguém em um estado mental tão deplorável.

Quando as malas tocaram o chão, meu olhar e o de Alec se encontraram. Era o fim, por hora. Não havia o que se fazer, porque nem havia ao certo contra o que se lutar. Toquei-lhe o rosto e os cabelos, já não contendo as lágrimas teimosas que insistiam em correr por minhas bochechas, não mais tão rosadas. Então ele se aproximou, suas mãos envolvendo de leve minha cintura, e seus lábios se pressionando aos meus.

E eu nunca senti tanta dor na minha vida. Tanto medo. Dor e medo causados pela impossibilidade de impedir um destino trágico. Pela invulnerabilidade que o destino reservara a mim e àquele que mais me fizera bem. E nunca me senti tão pra baixo. E nunca me senti tão mal. Tão impotente. Tão só.

– Eu amo você. - o moreno beijou a aliança em meu dedo anelar, e então sumiu.

Adentrei a casa e fui direito para meu quarto, ignorandoo os olhares de todos lá presentes. Eu nem tive tempo de dizer-lhe que também o amava. Mas eu sabia, lá no fundo, que ele também tinha a certeza disso. Porque é assim que almas gêmeas são. Elas unem as pessoas, em pensamento, em corpo e em espírito. Não importasse o quão longe ele estivesse, continuaríamos pertencendo um ao outro.

E se fosse necessário esperar um milhão de anos para ter Alec Volturi, eu esperaria. É isso o que almas gêmeas fazem.


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Notas finais do capítulo

Bom, estou com um tremendo nó na garganta por conta desse capítulo. Escrevê-lo foi como tomar uma facada. Espero, veemente, que tenham gostado. Não sei se conseguirei postar o epílogo ainda no dia 17, como o prometido, mas ele vem logo - e menor -.
Não se esqueçam de comentar e recomendar a história, por favor. Afinal, já está quase no fim.
Até a próxima,
Queen.