30 Dias Com Alec Volturi escrita por Drama Queen


Capítulo 3
two


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado pra LTSincero e pra Srta Cullen, que me deixaram recomendações lindas, mesmo com a fic estando no começo. Um aviso: percebam que vão ter alguns links no texto. Sugiro que cliquem. Na maioria das vezes serão looks e músicas.



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Eu me lembro de estar correndo o mais rápido que conseguia. E isso era muito. Muito rápido. Minhas pernas praticamente voavam por sobre as folhas secas caídas no chão, que indicavam o início do inverno. Mas eu não sentia o frio. E não me sentia cansada. Era uma floresta, mas sem dúvidas não era em Forks. Por alguma razão, eu parecia conhecer aquele lugar.

Quando dei por mim, estava em um rio. Olhei instintivamente meu reflexo na água e eu parecia bem. Não fosse, porém, pelos olhos escarlates que brilhavam intensamente. Olhei para trás. Erro fatal. Um vulto escuro me derrubou.

E eu acordei.

Por um segundo a sensação de paz percorreu meu corpo. Eu estava bem. Estava no quarto de Alec. Mas depois veio a dor. Percebi que estava no chão. Havia caído da minha cama improvisada em cima da minha mão. Urrei de dor ao ver os dedos inchados e tortos, e mordi o lábio, tentando sufocar o grito que se formara em minha garganta. Péssima ideia. Minha boca começou a sangrar. Sangue. Em meio a cinquenta vampiros. Não era boa ideia.

Numa lufada de ar a porta de abriu e meio segundo depois eu já me encontrava sentada sobre o piano, com Alec em minha frente, as mãos ágeis trabalhando numa caixa de primeiros socorros. A dor latejava e eu me sentia ficar tonta. O suficiente pra não conseguir mais acompanhar seus movimentos.

E então veio o nada. Eu não sentia nada. Não via nada. Não ouvia nada. Mas a dor havia parado. Eu não sentia mais meu corpo. Não sabia como eu estava sentada, porque simplesmente não me apoiava em nada. Era agonizante. E até notar o que havia acontecido, meus sentidos já estavam de volta. Alec havia usado a névoa em mim.

– Obrigada. – respondi, analisando a tala em minha mão.

– Como aconteceu? – a voz dele soou seca, enquanto guardava as coisas que havia usado pra me curar.

– Caí da cama. – sorri, envergonhada, mas a ação fez com que os pontos em minha boca me machucassem.

– Você é muito idiota. – ele suspirou e saiu. Meio segundo depois, estava de volta – E, se fosse você, me arrumava logo. Aro quer te ver, Cullen.

– Assim que estiver pronta, eu irei, Volturi.

Eu odiava quando eles me chamavam de Cullen. Não fosse pelo sobrenome em si, mas sim, pelo modo como o faziam. Era quase como se cuspissem. Levantei-me e tomei um banho quente. Uma das vantagens da banheira era que eu poderia manter minha mão sem se molhar, pra não ter que refazer o curativo. Sequei-me e me arrumei. Com cuidado, passei um batom nos lábios pra esconder os pontos internos. Doeu um pouco, mas felizmente não sangrou. Passei um creme nos braços e pernas e saí de lá.

De todas as coisas que Alice havia me ensinado, uma das dicas foi realmente útil. Se quiser ser reconhecida por alguém, se vista como eles. Não me surpreendia que Heidi houvesse repetido o conselho ano passado. Era a mais pura verdade. Andei com passos rápidos até a sala do trono, ignorando o formigamento de minha mão. Novamente a imagem do sonho vinha em minha cabeça, mas obriguei a mim mesma a só pensar nisso mais tarde.

– Está atrasada – Felix “se materializou” do meu lado. Coisa que não percebi em meu momento de distração. – Eles não gostam de esperar.

– Meia hora a mais, meia hora a menos, que diferença faz? Não é como se eles fossem morrer esperando. – dei um meio sorriso misterioso. Mais um bônus aprendido com Heidi. Mas claro, obviamente ele já estava acostumado.

Caminhamos em silêncio o resto do trajeto. As portas estavam fechadas e olhei para Felix. Arqueei uma sobrancelha, numa expressão que dizia “E aí? Não vai abrir?” e ele o fez. Entrei em sua frente, queixo erguido e nariz empinado. A sala estava lotada de vampiros. Uns trinta, no mínimo, e eu conhecia a maioria.

Só não sabia se era bom ou ruim.

– Olhe quem finalmente nos dá o ar de sua graça. – Demetri comentou, irônico. Apenas voltei meu olhar para Aro, ignorando-o.

– Nessie, que bom que chegou. – ele disse, mostrando os dentes. Não entendia porque ele sempre o fazia, a julgar que ele entenda o quão apavorante eu considero o ato. – Estávamos falando de você. – ele fitou minha mão – Oh, o que aconteceu?

– Eu te mostro – aproximei minha mão boa de seu rosto e Renata correu até as costas de Aro. – Por favor, eu não vou matá-lo. – revirei os olhos e lhe mostrei a cena de cair do sofá, vendo a mão inchar. Ele riu.

– Fascinante, fascinante. – eu não sabia se ele fazia referência ao meu poder ou ao fato estúpido.

– Idiota. – uma voz soou atrás de mim. Alec. Revirei os olhos, e lembrei-me de Bella me contando o quanto eu parecia com Edward nesse aspecto. Segurei-me pra não xingá-lo. Não era bom ser desrespeitosa com os Volturi.

– Queridinhos – Aro chamou, e eu me afastei até encostar-me a uma parede. Acenei para Heidi, que estava do outro lado, e ela retribuiu o gesto. – Como vocês podem ver, nossa doce Renesmee está mais uma vez entre nós. Espero veemente que vocês continuem auxiliando-a em seu treinamento como nos outros anos. Dessa vez, ela está sobre os cuidados nosso pequeno Alec. – ele se virou para mim, e só então notei que o garoto estava ao meu lado. – Alguma reclamação a fazer, Nessie? Vontade de trocar de mentor ou algo assim?

Pensei por mais de um segundo antes de responder. Eu realmente estava brava por Alec insinuar que eu mantivesse algo com Caius, ou simplesmente me ignorar e ainda me tratar como se fosse um animal de estimação. Mas por outro lado, ele tinha aquela biblioteca que era meu sonho de consumo. E tinha me ajudado, apesar de tudo o que lhe disse.

– Sem problemas. E sobrevivo. Acho. – sorri, corando e balançando as mãos. Má ideia. Minha mão machucada, que por acaso era a direita, e eu sou destra, bateu no pilar atrás de mim e uma pontada de dor percorreu meu corpo.

– Você é muito idiota. – Alec comentou extremamente baixo. Se não fosse pela audição semi-vampírica eu talvez não tivesse entendido.

– Idiota ou não, você vai ter que me aturar de qualquer forma. Além do mais, precisa ampliar seu vocabulário de palavrões. “Idiota” não soa muito bem em seu sotaque italiano. – dei de ombros.

– Tudo soa melhor em italiano. – ele ajeitou seus cabelos e saiu do meu lado.

Finalmente eu teria paz.


É... Não tão cedo.

Eu estava novamente no quarto de Alec, lendo. Dessa vez, eu mesma me denominava idiota. Enquanto estivesse com a tala, não poderia tocar o piano. Provavelmente, nem jogar nada no XBOX ou PS3. Peguei um dos livros que indicava “Literatura Inglesa” e comecei a ler. Bella sempre falava desse livro pra mim. E admito, não era ruim.

– Se o amor dela morresse, arrancaria seu coração do peito e beberia seu sangue. – Alec estava ao meu lado. Notei então que havia uma bandeja na mesa de centro com algumas frutas.

– Você decorou todos os livros?

– Memória fotográfica – ele deu de ombros – Acho bom você comer. Parece doente, como se tivesse quebrado a mão ou algo assim. – Os lábios do vampiro se fecharam num sorriso.

– Só não te dou um soco porque não quero quebrar a outra mão também. – abaixei o livro e peguei um pequeno cacho de uvas, colocando uma delas na boca. – Você não sente falta de... Comer? – perguntei, com certa curiosidade. Eu não gostava de tocar nesse assunto com meus pais.

– No começo, é estranho. Por que você não sente falta de nada que não for... Sangue. Mas com o tempo você se acostuma. Só é meio entediante não ter nada pra fazer.

– Por falar em sangue... Você... Hoje... Minha boca... – não sabia exatamente como perguntar, então apenas comi mais uma uva e fiquei encarando o chão, não esperando por uma resposta.

Mas ela veio.

– Eu não sou um maníaco sedento, Cullen. – ele riu – Tenho muito controle. Se disserem que não posso matar, não mato. – levantei o olhar novamente e seus orbes vermelhos pareciam sinceros – Agora é minha vez de te perguntar. Por que se veste assim? E não diga que é porque gosta. Não tem nada a ver com você.

– No começo, admito, era pra ser aceita por vocês. Mas agora... Não sei... Parece, sei lá, legal. Ultimamente ando gostando de coisas góticas e tudo o mais. – dei de ombros, mordendo uma maçã – O que acontece se você comer comida humana?

– As perguntas ainda são minhas. – ele me fitou em desaprovação – O que você tem com Caius?

– De novo essa? – cruzeis os braços e minha mão doeu. Xinguei-me mais uma vez.

– Só seja sincera.

– Tudo bem – suspirei – Não temos nada. Só amizade. Ele sempre gostou de ajudar no meu treinamento, e apesar de tudo, me tratava diferente, não como se fosse uma de vocês, muito menos uma aberração. – ele tinha um sorriso idiota no canto do rosto – Aí, quando eu tinha a idade de uns dez anos, eu criei um “amor platônico” por ele, mas hoje somos só amigos. Eu gosto da companhia dele. Só isso.

– Tudo bem. Dessa vez, acho que acredito. – ele suspirou, pensando – Se você teve esse amor platônico por Caius, o que aconteceu com o lobinho?

– Jake? Como sabe... Dele? – assustei-me. Alec sabia sobre o imprinting?

– Você estava montada nele durante a não-batalha. – e ele é seu número da discagem de emergência. – as escuras sobrancelhas se arquearam.

– Ele era – mordi novamente a maçã, raciocinando – E como você sabe disso?

– Blefe – ele sorriu, mostrando os dentes. E realmente era melhor do que Aro fazendo isso. Minha mão voou em direção a ele, mas acertou a almofada. Obviamente, a mão machucada.

– Idiota – ele ria, e me virei no sofá. Estava atrás de mim, impecável. Pegou minha mão e analisou o estrago. Sua pele era fria na minha.

– Quanto tempo vou ficar assim? – perguntei. Seus dedos frios amenizavam a dor, como quando se coloca um cubo de gelo num machucado.

– Acho que uns dez dias. – ele deu se ombros – Por que a pressa?

– Piano. – sorri, virando-me para o instrumento a nossa frente. – Eu gosto de tocar.

Meio segundo depois eu me encontrava sentada no banquinho, ao lado de Alec. Ele sorriu, enquanto seus dedos ágeis tocavam suavemente as teclas, em uma linda melodia.


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Notas finais do capítulo

Digno de reviews?