Acordei com o leve toque de beijos em meu pescoço, sorrindo antes mesmo de abrir os olhos. A pele fria de Alec contra a minha me fez arrepiar. Pisquei algumas vezes, de modo a me acostumar com a claridade.

- Bom dia – o vampiro sorriu, fitando-me com seus olhos rubis. Seus lábios tocaram os meus por uma fração de segundos.

- Quando é que foi que dormi? – perguntei, confusa – Nós chegamos a terminar a primeira temporada?

- Você dormiu no penúltimo episódio – ele começou a rir – E já aviso que o Tate não fica com a Violet no final.

- Sério? – demorei a raciocinar sobre o fato – Isso é injusto.

- O mundo é injusto, Cullen. – o moreno levantou-se, puxando-me junto e fazendo-me sentar sobre a cauda do piano – Melhor você se arrumar logo – seus dedos tocaram meus cabelos, causando arrepios em minha pele. – Sua família está para chegar. Vamos busca-los no aeroporto.

- Eu havia me esquecido – assustei-me – Quando saímos? E o que vamos fazer? – o desespero tomou conta de mim. Eu não havia planejado nada. Estava, definitivamente, caminhando parar minha morte.

- Ei, ei – Alec trazia um sorriso divertido no rosto – Aro fez uma espécie de pacto com sua família, quanto aos poderes. Enquanto eles estiverem aqui, não podem usá-los em nós, assim como não podemos usar os nossos neles.

- Mas meu pai... – comecei. Não era como se Edward fosse capaz de controlar a própria mente.

- Se ele descobrir, não vai poder fazer nada. Nem ao menos dizer. – seu sorriso tornou-se mais brilhante, e estiquei-me, ainda sentada, até sentir seus lábios nos meus.

- Você é um gênio, sabia? – sorri, levantando-me e pegando algumas roupas para vestir após o banho.

- Na verdade, a ideia foi de Céline.

∞

- Pareço apresentável? – perguntei, terminando de ajustar a roupa e ajeitando o cabelo. Ale me olhava ao longe, encostado à porta.

- Obrigado por não usar decote – ele riu, dramatizando um alívio – É melhor que seu pai não leia esse tipo de pensamento.

- Que tipo de pensamento? – virei-me, encarando-o. O vampiro parecia querer manter certa distância. Sorri maliciosamente para ocultar o rubor que tomou minha face. Abaixei os olhos, evitando encará-lo.

- Você não tem noção de como eu queria te jogar naquela cama agora – ele riu, evidenciando a brincadeira com certo fundo de verdade – E, se eu fosse você, esconderia essa marca em seu pescoço.

Fitei o espelho mais uma vez. Droga. É claro que Alec havia me mordido, mas não achei que fosse durar tanto tempo. Bufei, com ódio de mim mesma. Não era uma cicatriz prateada, porém. Não. Apenas uma marca rosada como aquelas que já estavam se curando. Rezei mentalmente para que desaparecesse até a chegada de meus pais. Joguei o cabelo por cima dos ombros, não conseguindo evitar um sorriso ao encontrar os olhos divertidos do moreno. Calcei meus sapatos e saímos de lá.

∞

Se eu acreditava que a minha família gostava de carros é porque eu ainda não havia conhecido a garagem dos Volturi. Estando dois andares abaixo do térreo, a garagem tinha a área de toda a base do castelo. Dezenas de carros ocupavam o espaço, todos diferentes, não fosse, porém, por meia dúzia de SUV’s pretos, estacionado próximos ao que parecia um portão de saída. Encaminhamo-nos para um dos pilares. Presas a ele estavam chaves enumeradas de um a noventa e sete. Que tipo de clã maligno tem noventa e sete carros?

Depois de pegar uma chave aparentemente aleatória, fomos em direção aos carros geminados e, ainda que estivéssemos a quarenta metros, Alec suspirou, realmente revoltado. Segui seu olhar, mas não consegui distinguir nada além de mais sombras na garagem escura. O moreno, com a chave ainda em mãos, abriu o carro; os faróis iluminando o local momentaneamente.

- Tantos carros aqui e vocês precisam se agarrar justamente no capô do meu? – ele revirou os olhos e eu tive de conter uma risada. Numa fração de segundos, Jane e Demetri gargalharam, se pondo à nossa frente.

- Preciso marcar território – a loira riu ainda mais. Assim como Demetri e Alec, estava impecável em seu manto de batalha. Percebi que era a primeira vez que os via juntos, desde o início do relacionamento, ainda que parecessem apenas bons amigos.

- Poderiam ter feito isso no quarto – o moreno bufou, e, dessa vez, me permiti rir. – Seu cheiro deve estar impregnado nele a essa altura.

- Essa é a intenção, certo? – Foi Céline quem falou, vindo do elevador, em direção a nós.

∞

O aeroporto estava lotado. Felizmente, Florença estava em um dia chuvoso, e os Volturi não tiveram problemas em se esconder. Os três SUV’s estavam estacionados bem em frente à área de desembarque. O avião pousaria em cinco minutos. Um arrepio frio percorreu minha espinha. Eu sabia que tudo poderia dar errado a qualquer momento.

- Você está ansiosa – Alec sussurrou em meu ouvido. Ele ficara ao meu lado todo o tempo, enquanto os outros esperavam do lado de fora. Aproximei-me dele, mas o moreno recuou – Meu cheiro. Vai ficar em você. – explicou.

- Não sei se realmente me importo, pra falar a verdade – corei – Mas você tem razão. Melhor não complicar as coisas.

O telão indicou que o avião havia pousado. Estremeci. Meus olhos encontraram os de Alec e eles pareciam... Tristes? Cruzei os braços, tentando não ceder, e, momentos depois, um cheiro costumeiro tomou o ar. Em duplas, minha família surgiu no salão. Tia Alice e tio Jasper foram os primeiros, seguidos logo atrás por tio Emmett e tia Rose, e Carlisle e Esme. Por fim, Edward e Bella. Meu coração parou por um momento. Seth vinha atrás deles, e, ao seu lado...

- Jacob – minha voz soou como um sussurro, rouca e áspera. – O que ele faz aqui? – Quando dei por mim, Céline, Demetri e Jane se juntaram a nós. Alec, junto a mim, enrijeceu.

- Nessie, você cresceu tanto! – tia Rose se adiantou e me puxou num abraço. Logo depois, todos fizeram o mesmo.

Encaminhamo-nos para os carros, tentando evitar o clima constrangedor que havia se formado ali. Os humanos nos encaravam, fazendo-me corar. Tive de me concentrar em minha respiração. Alec abriu a porta do passageiro para mim, e me sentei. Logo depois, ele ocupava o lugar do motorista, e o resto do carro se enchia. O banco de trás foi ocupado por Edward e Bella, além de claro, Jacob. Bufei, e meu pai deu uma risada. Falta de privacidade, oi? Outra risada. Bufei mais uma vez e quem riu foi Alec. Não pude deixar de sorrir também, enquanto já partíamos para Volterra. Seria uma longa estadia. E eu teria sorte se não socasse ninguém.

Foco, Renesmee. Foco, repeti para mim mesma.