Diário Dos Sonhos escrita por vickiemd


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



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-Não acredito!- Sally gritou enquanto observava os livros caindo no chão. Sua mochila continha um grande rasgo na parte de trás. 

Revirei os olhos. Sabia que essa história da Sally pegar a mochila do irmão não iria dar certo. Ajudei ela a colocar os livros no armário.

-Obrigada Vi. -Ela sorriu. - Meu Deus, tomara que fiquemos na mesma turma. Nunca que quero ficar sozinha nesse lugar.

-Ah, Sally, relaxa, tudo vai dar certo-Dei um sorriso tímido.

Minha mãe insistiu que queria me mudar de escola. Nono ano. Precisava me preparar para o ensino médio em uma "escola de classe". Obviamente me colocou nesse inferno certinho que é o St. Edwiges. 

"-Vivian, tenho certeza que vai tirar as melhores notas da sua sala!

-Mas mãe, e a Sally?

-Podemos conversar com a mãe dela."

Sabe, nunca fui aquele tipo de garota super extrovertida que sabe puxar assunto. Na verdade, apesar de meus cabelos ruivos e super armados, sempre fui a pessoa mais discreta possível. Tímida, apaixonada por livros, que escreve algumas histórias no Word ao invés de ficar tagarelando no Facebook que nem as meninas da minha idade. Por isso tinha sorte de ter Sally como melhor amiga. O tipo doidinha, engraçada, hiperativa, e meio desligada. Nunca foi muito atenciosa, mas faz parte do déficit de atenção. Nos conhecemos desde sempre, e fiquei aliviada quando a Sra. Johnson disse que Sally iria se mudar comigo. Pelo menos teria alguém.

Moro no Texas desde que nasci. Não suporto o sotaque puxado e aquele ponto de interrogação inexistente em cada frase. Minha família é tradicional na região. Meu avô por parte de pai era um famoso comerciante, e amigo de todos antes de morrer. Frequentemente sou chamada apenas por "Campbell", meu sobrenome.

Não somos a família mais rica possível. Na verdade, estamos mais para classe média. A única coisa que possuímos é o respeito dos vizinhos, que já basta para meus pais. Meu pais são jornalistas, e trabalham a maior parte do tempo em casa. No escritório, com um computador ligado e uma xícara de café. Minha mãe é cronista. Gosto bastante dos seus textos. Meu pai... bem, nem sei direito o que ele faz. Trabalha mais pra parte das notícias mesmo, o que não me interessa nem um pouco.

Vivemos em uma casinha simpática no fim da rua 36. Amarela e cheia de flores que minha própria irmã cultiva. Penélope, ou simplesmente Loppy, tem 11 anos, mas acha que tem 8, porque mais infantil que ela impossível.

Como irmã mais velha, tenho o menor quarto da casa. Meus pais simplesmente mimam de mais a Loppy, o que as vezes é tão irritante que me tranco no quarto ouvindo Coldplay no último volume.

A vida de Sally é o oposto. Ela é a caçula mimada. Um irmão mais velho chamado Connor (18 anos que se acha com uma picape velha), que entre nós é igualzinho a irmã. Os pais são ricos. Quando digo ricos, quero dizer os mais ricos da cidade. De verdade. Advogados. Faz um ano que se separaram, mas Sally não liga. Diz que acha o máximo ter duas casas. Como se precisasse. Tem uma mansão branca e moderna. Minha mãe diz que não gosta. Na verdade, nossas mães não se dão muito bem. A minha é toda caseira, super coruja e que adora ler livros para a Loppy. A de Sally (Jane Thompson) é independente, moderna, liberal e autêntica. Nunca leu um parágrafo para os filhos.

A mãe da Sally é tão mais legal que a minha!

Também somos diferentes na aparência. Sou alta, ruiva com cabelos no ombro, cacheados. Olhos verdes e sardas. E uma boca imensa. Não do tipo Angelina Jolie, mas do tipo "não posso usar batom vermelho senão pareço o Coringa".

Já a Sally não é bonita, mas não é feia. É baixinha, magra e loira, com cabelos lisos até a cintura. Recentemente fez mechas azuis. Minha mãe odiou. Claro que não disse isso pra ela, mas ficou enchendo meu saco um dia inteiro perguntando se eu não concordava que Sally era doidinha.

Ela era. Mas por isso nos damos bem.

-Ugh. A pior coisa daqui é com certeza os uniformes-Sally disse alisando a saia xadrez- Fala sério, todo mundo fica igual. Uma grande mancha bege em um edifício bege. Que depressão. -Colocou a mão na testa, em um gesto dramático. 

-Pelo menos não vai chegar atrasada preocupada em escolher entre o jeans da Forever 21 e a saia da Zara. -Disse rindo. 

Mas Sally tinha razão. Os uniformes eram horríveis, em uma cor bege mortal. Ela usava a saia xadrez com uma blusa polo, e tênis de cano alto vermelhos. 

Eu usava a saia plissada, a blusa com mangas fofinhas e um oxford com cadarço apertado. Era um número menor, mas quem disse que minha mãe se importou? Disse que eu estava parecendo uma universitária.

Guardei as coisas no armário, e passei a mão pelos meus cabelos. Estavam cheios de frizz pois passei a manhã inteira escovando eles. Efeito reverso, para variar.

-Acho melhor a gente ir. Primeiro dia de aula na quadra. Não vão se atrasar criançinhas -Sally imitou a voz aguda da minha mãe. Dei uma gargalhada. 

Fomos andando, seguindo a multidão de adolescentes tagarelas com roupas beges. Sally estava com cara de nojo. Eu estava com medo. Mas estávamos juntas.

Talvez tudo dê certo, afinal.


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Notas finais do capítulo

Vou postar no CV também ;)
www.chicletevioleta.blogspot.com.br



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