Saving The World escrita por Writer


Capítulo 9
Ainda existe uma chance de um...


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoinhas lindas que não me abandonaram ♥Como estão?Eu to exaustada! Tudo voltou esse ano com mais intensidade e estou sobrecarregada de provas e trabalhos, por isso minha falta de comprometimento. Realmente, não sei quantas vezes ainda terei de me desculpar por isso.O capítulo a seguir era na verdade uma parte de um outro maior, mas resolvi dividi-lo em dois, para não cansar vocês também.O título do próximo será o complemento desse. Espero que com o próximo capítulo não achem que eu corri demais com o cronograma para a fic, mas pensem então como se fossem episódios de A Liga da Justiça, mas do meu jeitinho, é claro ;D



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Robin estava muito preocupado. E, apesar de não poder demonstrar muito isso, eu também estava. Se os meus antigos inimigos tinham arrumado uma emboscada para me matar, o que havia acontecido com ele? E Coringa? Duchess sempre estava junto dele, então se ela estava aqui, ele deveria estar por perto. O que não poderia ser um bom sinal.

–Encontrei. –Robin falou se agachando e analisando alguma coisa que não conseguia perceber.

–O quê? –agachei ao seu lado para olhar melhor.

–Sementes dos esporos da Ivy. Estão formando uma trilha para o lado noroeste do Tribunal.- ele então se levantou e começou a andar pelo corredor, a todo momento olhando para baixo. Como não conseguia enxergar os tais esporos, apenas o segui.

Não demorou muito tínhamos chego a uma grande porta de madeira escura. Várias plantas e raízes estavam grudadas na porta, como se tentassem esconde-la.

–Então... Você tem mais algum batarangue explosivo, não tem? –perguntei.

Ele me deu um sorriso e tirou um pequeno dispositivo do bolso atirando-o nas plantas. O dispositivo grudou na raiz de uma das flores e começou a emitir um pequeno bipe.

–Acho melhor se proteger- ele disse abrindo sua capa e sorrindo.

Corri até ele agradecida, e assim que ele me cobriu com ela pude ouvir uma explosão. Viramo-nos e sorrimos ao perceber que não havia mais planta ou porta para nos impedir de passar.

–Damas primeiro? –ele disse rindo.

–Engraçadinho! –empurrei ele para frente e o segui.

Depois de atravessar o que restou da porta, percebi que ele estava certo. Poison Ivy, realmente estava lá. Mas invés de estar sentada no trono feito de plantas no meio das flores e árvores, ela estava caída no chão, desmaiada.

–O que aconteceu com ela? – falei curiosa.

Robin foi até ela e depois de colocar um par de algemas em seus pulsos me explicou:

–Ela parece estar bem, apenas deve ter levado uma pancada forte na cabeça.

–Ah! –disse sem ligar muito. Curiosidade não tinha nada haver com afeição, e depois das incontáveis vezes que ela tentou seduzir Batman e Robin queria mais é que mofasse em uma cela em Arkham.

Comecei a caminhar pela sala que mais parecia uma pequena floresta. O lugar, apesar de ser perigoso, tinha uma beleza exótica. As flores e as plantas possuíam uma cor fosforescente que se acendia assim que alguém chegasse perto. Com certeza, o sistema de aproximação mais belo que já tinha visto.

Depois de quase perder uma perna para uma planta carnívora ouvi um farfalhar. Virei-me em direção ao som, mas não vi nada. Mesmo achando aquilo suspeito, segui em frente à procura do Batman. No entanto, depois de mais dois passos ouvi outra vez o mesmo som. Peguei um galho caído e avisei:

–Seja quem for, saiba que será bem melhor se você se entregar. –disse.

–Melhor para quem? –ouvi uma voz rouca me dizer e então me virei sorrindo.

Mas devia ter me virado rápido demais, pois acabei dando de encontro com algo e caí no chão. Bufei para tirar o cabelo da frente dos olhos.

– Onde você estava?

Tirei o cabelo do rosto e encarei a figura escura de frente para mim.

–Claro estou muito bem, obrigada por perguntar! –disse irônica.

Ele continuou me olhando desconfiado, mas estendeu a mão e me ajudou a levantar.

–Onde você estava? –ele repetiu a pergunta.

–Tentando sobreviver. E novamente, estou bem, obrigada por se preocupar!

Ele me olhou impaciente.

–Sereia! –ouvi Robin gritar de algum lugar da floresta em miniatura.

–Encontrei ele! –gritei de volta.

Alguns segundos depois, Robin apareceu. As emoções se passaram muito rápidas em seu rosto, mas pude identificar a ansiedade, o alívio e por fim o...nada. Ele ficou com uma expressão séria, como um soldado em frente ao seu general.

–Desculpe-me pela demora, tive algumas complicações. –ele falou por fim.

–Que da próxima vez, você se lembre que vidas de pessoas inocentes e indefesas podem não esperar que você resolva essas suas complicações. –Batman disse com um olhar de censura.

–O quê?! – falei inconformada e Batman olhou para mim- Ele acabou de me salvar de ser morta por um demônio de pedra gigante, está todo machucado, mas mesmo assim veio procurar por você e você não fala nada?!

Ele se virou para Robin:

–Demônio?

–Sim.

Ele pareceu refletir durante alguns instantes.

–Está bem. Iremos sair daqui e discutiremos o que aconteceu em outro lugar. –ele falou e começou a caminhar.

Robin o seguiu de cabeça abaixada e eu fui relutantemente atrás dos dois. Pisava com força nas plantas, e meus pés nem sentiam mais os espinhos do tamanho da minha raiva. Como ele podia ser tão frio com ele?

Ele não é o mesmo que você conheceu. Já deveria ter descoberto isso. Uma voz falou na minha cabeça. Mas o garoto passou por coisas tão perigosas e dolorosas agora! Não sabia o que Black Ako o fez rever, mas para ele ter ficado daquele jeito deveria ser algo importante. E doloroso.

E mesmo assim ele nem ao menos perguntou se ele estava bem. Bufei inconformada.

–Sereia? –Robin me chamou.

–Sim?

–Você poderia não drenar a água dessas plantas, por experiência própria devo lhe dizer que se elas ficam irritadas podem ser muito perigosas.

Olhei para ele sem entender, mas então virei para trás e vi que todas as plantas pelas quais passamos estavam secas, e que várias bolas flutuantes de água estavam flutuando ao meu redor.

–Desculpe! –disse rindo –Nem percebi.

Ele deu um pequeno sorriso, mas por trás dele pude perceber uma pergunta “Imagine se ela tivesse percebido?”

–Não precisa ficar preocupado, eu não costumo usar meus poderes em coisas vivas como plantas, animais ou pessoas. Mas as vezes fico irritada e acabo murchando algumas flores.

–Que alívio! –ele riu nervoso.

Sorri para ele e o abracei por trás:

–Não precisa ficar assim, eu sou do bem, viu? –ri.

***

Chegamos ao departamento de polícia de Gotham não muito tempo depois. Depois da entrada do Batman na Liga, o departamento foi reformado, e agora ocupava todo o quarteirão. Ele além de servir aos serviços costumeiros da polícia, também servia como uma pequena sede da Liga.

Entramos lá atraindo muitos olhares. Realmente não me acostumava com aquilo. Quando estava com Batman ou Superman todos olhavam, quando estive com Bruce, todos ficavam observando, a única vez que pude experimentar um pouco de privacidade foi quando estive com Clark. Mas agora não era um bom momento para eu me lembrar disso.

–Batman! – um homem de cabelos e bigode brancos e um sobretudo bege veio até nós.

–Comissário Gordon. –ele disse sério e Robin ficou quieto.

–Obrigada por prender aqueles loucos que estavam no tribunal. Tantos deles estarem ao mesmo tempo em um mesmo lugar foi uma grande coincidência...-ele disse já sugerindo que sabia que aquilo não era apenas coisa do acaso.

–Hei!- protestei- Ele não fez aquilo tudo sozinho não, tá?

Gordon me olhou por trás de seus óculos, já criando um perfil para mim em sua cabeça.

–Então a senhorita o ajudou, senhorita...?

–Sereia.

–Bem, senhorita Sereia, bom trabalho então. –ele disse olhando para Batman com um questionamento no olhar.

–Iremos para uma das salas protegidas Jim, por isso não gostaria que a nossa presença fosse “anunciada” . –Batman disse.

–Sim, sim. –ele concordou ainda me avaliando. Será que parecia tão fraca e indefesa assim?

Batman foi em direção a um corredor pequeno, mas antes de segui-lo Robin cochichou para Gordon:

–Não se engane com ela. Por isso se um dia ela pedir um copo d’água, desconfie.

Gordon o olhou sem entender, mas Robin apenas seguiu Batman sorrindo e não pude deixar de achar graça da expressão do detetive.

***

A sala protegida acabou por ser uma mini fortaleza contra ataques com ligação direta com a Liga da Justiça. Batman me fez contar o que aconteceu umas três vezes, e depois comparou com a história de Robin, que não citou qual foi seu pesadelo ao ter a mente dominada.

Depois do que pareceram horas, Batman disse que eu dizia a verdade, então expulsou-me da sala para que pudesse discutir com Robin e posteriormente com a Liga.

Depois de rodar pelo Departamento, consegui encontrar um lugar cheio de roupas dos policiais e dos presos. Coloquei uma regata azul, uma saia negra e botas de combates desgastadas. A roupa poderia até não ser do meu estilo, mas tinha ficado charmosa. Peguei uma mochila cheia de poeira e , depois de limpá-la espirrando muito, guardei meu uniforme, a carta de Coringa e uma pequena garrafa com água dentro.

Saí sem ninguém prestar muita atenção em mim. Sem o uniforme, me sentia um pouco estranha, mas era bom não chamar tanta atenção. Passei em frente à sala que Batman e Robin deveriam estar, mas ninguém me respondeu quando chamei. Dando de ombros, já me acostumando com aquele gelo, saí do Departamento e fiquei andando pelas ruas de Gotham.

Sabia que se precisassem de mim, me chamariam de algum modo, mas duvidava que orgulhoso e desconfiado como era, ele fosse me chamar.

Depois de observar alguns aquários indignada, fui até uma sorveteria para relaxar um pouco.

–Qual sabor? – a mulher me perguntou de má vontade.

Olhei para o balcão analisando cada um dos sorvetes quando vi um garotinho comprando com a mãe um picolé negro.

–Do que era aquele? – perguntei curiosa.

–Picolé Morcego. –ela falou como se já tivesse respondido essa pergunta milhares de vezes-Sabores sortidos de uva, tuti-frutti ,pistache, abacaxi ou morango.

Imaginei-me batendo na porta da mini fortaleza e oferecendo um picolé desses pro Batman.

–Quero um! –disse sorrindo com a cena na minha cabeça.

A mulher me olhou com desinteresse e estendeu o picolé:

–O-obrigada...-disse tentando tirar o picolé da mão dela, mas não conseguindo. O que era algo incrível, pois eu era muito mais forte que qualquer humano normal.

–Não aceite. – ouvi ela dizer com uma voz diferente.

Olhei para ela e percebi que seus olhos estavam vidrados, e seus cabelos antes loiros e curtos, estavam crescendo e adquirindo um tom castanho. E seus olhos vidrados estavam ficando verdes.

–O quê?!

–Recuse a oferta. –ela disse ainda olhando para o nada. – Não aceite!

Depois de longos segundos ela começou a baixar o olhar e me olhou nos olhos. No entanto, sua feição se transformou e pude reconhecer quem era.

–Ilusion!

Ela sorriu de modo macabro e então pendeu a cabeça para o lado:

–Minha outra metade quer te salvar, mas...-ela riu – Ela não está mais aqui.

Pude vê-la pegando uma faca de açougueiro (onde ela tinha conseguido aquilo? ). E segurando perto de sua cabeça em minha direção.

–Últimas palavras? –ela sorriu mais ainda.

–Mamãe! Eu quero sorvete!

Tudo se desfez, e estava na sorveteria como a instantes atrás. A mulher que me atendeu estava desmaiada atrás do balcão, e eu segurava estaticamente o picolé em formato de morcego na minha mão.

–Mamãe!- uma garotinha gritou- Eu quero sorvete AGORA!

Olhei para trás. A garotinha tinha cabelos negros compridos e um laço branco na cabeça. A mãe estava com um vestido belo e longo, não muito adequado para uma sorveteria.

–Calma, Aya! Já irei pedir! – a mãe foi até o balcão falar com uma moça que tremia ligando para a emergência.

Aproveitei a confusão e saí de lá. Respirei o ar úmido da noite. O que tinha acabado de acontecer? Quase fui morta por Ilusion na sorveteria. Mas como eu sabia que estava lá, e por Poseidon, como ela tinha feito aquilo?

–Sim, podemos cobrir suas pernas facilmente com um vestido longo. – um homem sinistro de óculos falava ao telefone ao meu lado. – Logo estarei em casa, Maria, não se preocupe.

Ele desligou o telefone e ficou me encarando por trás dos óculos.

–Você tem um rosto bonito...- ele disse misteriosamente.

–Ah..obrigada. – disse jogando no lixo o sorvete e saindo apressada daquele lugar estranho em direção ao Departamento de Policia.

–Sereia! – ouvi alguém gritar meu nome. Me virei e vi Robin olhando preocupado do outro lado da rua.

Atravessei sem me importar em olhar para os lados:

–Aonde você estava?! –ele perguntou exasperado.

–Calma, só fui na sorveteria e...

–Estava preocupado, sabia? – ele me abraçou. – Mesmo para nós hoje não foi um dia comum.

–Desculpe-me. –disse aproveitando aquele momento de amigos-irmãos que tanto senti falta.

–Tudo bem. –ele sinalizou para irmos até um beco perto da delegacia.

–Então, como foi lá dentro? –perguntei curiosa.

–Foi...-ele ligou sua moto vermelha e negra- Interessante.

–Interessante? Como assim? –perguntei ainda mais curiosa.

–Não leve à mal, mas não posso te contar, Sereia. –ele disse sem graça colocando o capacete e dando outro para mim.

–Como assim não pode me contar?!

–Assuntos da Liga e essas coisas...

–Entendo. –disse desanimada- Não confiam em mim.

–Na verdade, você está meio que em observação. Batman acha que você tem alguma coisa haver com o ataque dos vilões hoje.

Ele se sentou na moto e olhou para mim para examinar minha reação.

É claro que tinha algo haver comigo. Todos meus antigos , e talvez agora novos, vilões tinham se juntado em uma só noite. Isso não era nada do feitio deles. Nada mesmo. Mas então se eles foram agrupados por outra pessoa, quem poderia ser?

–Sei que pode parecer estranho...

–Mais do que parece agora, impossível. –ele comentou.

Não, isso é normal comparado ao fato de Superman ter enlouquecido, matado quase todos os habitantes da Terra e eu ter voltado no tempo. Pensei, rindo comigo mesma. Claro que não poderia falar isso para ele.

– Mas eu não faço a mínima ideia do porque eles terem feito isso. – disse aliviada por poder contar pelo menos uma vez a verdade durante todo esse tempo.

–Eu acredito em você. –ele disse fazendo o peso no meu coração aliviar um pouco.

Sentei atrás dele e segurei em suas costas quando ele deu a partida.

–Quem continua não confiando é ele.

***

Chegamos na Batcaverna em menos de um minuto. Quando pudesse voltar para a Torre e criar equipamentos, pediria o modelo daquela moto para Robin. Parecia voar pelas ruas.

–Bem-vinda! –ele disse desligando a moto – Essa é a Base de Aperfeiçoamento de Técnicas para Crianças Adotadas ou Vigilantes Emancipados das Ruas Noturnas nos Arredores.

–Base de Aperfeiçoamento de quê? –eu ri.

Ele suspirou como se estivesse decepcionado:

–Muita coisa vejo que ainda aprender irá Cara Aluna– ele disse fazendo uma pose de “mestre Yoda” – Mas pode chamar esse lugar de Batcaverna.

–Ah! Assim é bem melhor. –ri me espreguiçando – Vocês tratam todos seus suspeitos com tanta hospitalidade assim?

–Não. –ele disse sombrio, mas depois voltou a sorrir – Porém não é todo dia que um morcego pesca uma sereia, não é mesmo?

Ele colocou o braço ao meu redor me guiando, talvez para eu não tropeçar.

–Sabe, essa caverna inteirinha estava aqui desde antes da re-construção dessa mansão, mas...

–Shhh! –coloquei meu dedo em seus lábios e tirando delicadamente seu braço de meu ombro fui pulando as pedras e armadilhas habilmente até chegar no canto mais escuro da caverna. Assim que pisei no território deles, eles começaram a voar e fazer barulho, alarmados pela presença de alguém no que deveria ser sua casa.

Sem me importar com aqueles que voavam ao meu redor, beliscando meus braços e brincando com meus cabelos com suas asas, fechei os olhos e abracei a mim mesma. Poderia ser perturbador para qualquer um, mas eu sentira falta daquele som familiar. Ele era reproduzido perfeitamente pela capa dele, e por isso para muitos malandros ou vilões poderia ser um sinal de perigo. Mas para mim, era tão familiar quanto a imagem de uma família abraçada em frente à lareira. Talvez até mais que isso.

–De todos os animais que imaginei que você gostava nunca pensei que poderiam ser...

–Morcegos? –completei sorrindo, abrindo os olhos aos poucos, já acostumada com a escuridão –Eles me trazem uma sensação...de segurança, vamos dizer.

Ele riu entrando no que parecia ser um quarto para trocas de roupa.

–Você é a sereia mais estranha que já conheci.

–Nossa! Obrigada...-ri- Mas que outra sereia você já conheceu pra me comparar?

Pude ouvi-lo rindo e então abriu a cortina, usando agora roupas comuns.

–Tudo bem, você tem um ponto.

Sorri piscando e mostrando a língua.

–Que bom que vocês estão se divertindo.

Olhamos receosos para cima, onde a figura de um morcego gigante olhava para nós. Tudo bem, podia adorar morcegos, mas morcegos gigantes irritados era outra coisa.

–Agora se já mostrou todo nosso arsenal para ela e nossos arquivos secretos, pode me dar a honra de acompanhar nossa convidada até o quarto? -disse com ironia.

Robin engoliu em seco e subiu as escadas indo até a sala da mansão sem me olhar nos olhos.

–Você realmente se acha o todo poderoso aqui não? Sabia que existem mais coisas sem ser a grosseria e a violência? –falei irritada.

Afinal, quem ele achava que éramos? Duas crianças irresponsáveis brincando no escritório do pai?

–Você pode saber mais sobre mim do que aparenta, mas claramente não entende o que é ter alguém com quem se preocupar. –ele disse com a voz rouca carregada de censura.

Engoli em seco enquanto ele me conduzia até uma cela de vidro no canto da caverna.

–Você irá dormir aqui. – ele disse gesticulando para a cela que fora redecorada para se parecer com um quarto.

Uma cama de solteiro simples com um cobertor felpudo negro era o que ele quis dizer quando dissera “quarto”. Uma muda de roupas estava cuidadosamente dobrada em cima da cama, e um chá com biscoitos quentinhos me esperava em uma pequena cômoda.

Isso só podia ser trabalho de Alfred. Sorri ao me lembrar de meu antigo amigo e conselheiro.

Aproximei-me da cama e peguei a muda de roupas.

–Obrigada- agradeci com a voz baixa.

Ele me olhou ainda desconfiado e saiu andando se misturando as sombras da caverna. Contei até vinte, e então ouvi a porta da caverna se abrindo e depois sendo trancada. Ele deveria ter saído.

Fiquei sentada na cama observando a escuridão da caverna pelo que pareceram horas. Era tão estranho me sentir em casa daquele jeito, mesmo não sendo bem vinda. Pois para mim aquela caverna e a mansão eram o meu lar. Mas oficialmente eu era uma estranha aqui, um peixinho desconhecido que viera brincar com os morcegos. E se não tomasse cuidado acabaria morto pelo maior deles.

Comi um dos biscoitos e tomei o chá de morango. Seria uma coincidência? A primeira vez que viera para a mansão Alfred também me servira um chá de morango com biscoitos. A atmosfera era suave, e todos conversavam e riam. Bem diferente de agora, em que a tensão pela minha presença era quase palpável. Alfred. Sentia falta dos bons conselhos dele. Ele fora o primeiro a me mostrar que Batman também tinha seu lado humano. O lado que sofreu com a morte dos pais e que era profundamente solitário, apesar de ainda ter amor no coração.

E eu dissera aquilo para ele. Como pude ser tão estúpida?! Eu sabia muito bem o que era querer proteger aqueles que ama, eu sabia como ele era por trás da máscara. O homem não só bonito e sedutor, mas sensível e amoroso. Que depois de tanto tempo solitário, reaprendera aos poucos a amar. E aqui estava eu, sendo uma idiota egoísta que ficara tanto tempo presa no passado que esquecera o que as lembranças me ensinaram.

Mas eu não iria mais fazer isso. Amanhã seria um novo dia e, quem sabe, um novo começo para nós dois?


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Notas finais do capítulo

Queria aproveitar esse espacinho para mandar um agradecimento super especial à V in Wonderland e à Duquesa de Káden. Pelos comentários maravilhosos e todo o apoio. Não desmerecendo meus outros leitores, que são tão queridos quanto, mas apenas queria agradecer à elas.Espero que não me degolem, mas não vou poder postar semana que vem também porque é meu aniversário dia 30 então vou estar um pouquinho ocupada >.Mas tentarei postar outro antes dessa correria.E também queria falar que amo muito vocês. Não os conheço, mas apenas por darem cinco minutinhos do seu dia para ler minha fic, me sinto tão especial, tão agradecida...Obrigada por tudo à todos vocês!