Saving The World escrita por Writer


Capítulo 4
Caminhando aos poucos


Notas iniciais do capítulo

Espero que não me matem pela falta de ação, mas é que depois de reescrever esse capítulo umas cinco vezes, acho que tenho que introduzir mais a história para depois os personagens e a ação aparecerem!



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–O mar não é lindo? -disse depois de alguns segundos de um sil

Olhei para Juniper. Ela me guiara até um local afastado da praia, longe do barulho e da fogueira que eles montaram e estava a algum tempo quieta.

–Você irá responder qualquer pergunta minha? – ela disse fitando algumas aves holográficas que voavam em direção ao pôr-do-sol.

–Bem, sim. –respondi hesitante- Mas depois da primeira, que fique claro que estarei livre para me recusar a responder as outras.

Ela me olhou com uma expressão engraçada, como se fosse desnecessário eu falar em voz alta algo que já estivesse sido compreendido e então voltou a encarar as aves. Como achei que ia demorar para se decidir no que perguntar me ajeitei de modo que ficasse mais confortável e fiquei a observando, esperando quando se decidisse.

–Por que tenho a sensação de poder confiar em você? De já ter te conhecido? –ela perguntou por fim, me olhando curiosa.

Apoiei meu rosto nos joelhos olhando para o mar, agora com uma mancha alaranjada.

–Porque você já me conheceu. –respondi sem olha-la nos olhos.

–Sério? Você vai responder só isso? Isso não foi realmente sincero. –ela disse descontente.

–Então faça outra.

–Não me dê ordens, como se fosse minha mãe. –ela disse nervosa- Mas já que esta no meu direito, irei fazer a mais importante.

Ela me olhou nos olhos. Juniper fora uma das poucas amigas com quem sempre fui sincera, mesmo que não se lembrasse de mim eu não conseguiria mentir para ela.

–Qual é a sua fraqueza?

Fiz menção de olhar para os lados, mas ela me obrigou a olha-la. Encarei seus olhos azuis e mergulhei em meu próprio mar de lembranças. Qual era minha fraqueza? Para muitos sempre fora fácil descobrir isso e melhorar seu ponto fraco, mas para mim não era tão simples, nada era. Fraqueza para meus poderes, era fácil. Congele a água e ela se tornará gelo, impossível de ser controlada por mim. Afinal, o que é pior do que deixar alguém ao lado do que sempre pôde ajuda-la, mas impedi-la de fazer qualquer movimento? Mas eu conhecia Juniper, ela queria descobrir minha fraqueza para, se precisasse, me derrubar. Então não seria algo tão fácil de se adivinhar assim. Ela estava me fazendo uma pergunta pessoal, íntima até. Não era a questão do que era minha fraqueza, e sim de quem.

Pensei em todas as vezes que combati vilões. Vários amigos meus muitas vezes foram feitos de reféns e eu fui obrigada a me render. No entanto, quando eles morreram senti um vazio tão grande que parecia infinito, mas depois de um tempo,ele se curou. Não que eu seja insensível, ou fria, mas eu sempre superei suas mortes, imaginando que eles iriam para um lugar melhor. Não. Tinha de parar de ir por essa linha de pensamento, se não acharia que...Sim, eram eles. Não importava qual desculpa usasse, era a morte deles que eu nunca conseguiria superar, não sem um deles ao meu lado pelo menos.

Por isso que quase enlouqueci quando Batman foi morto. Depois de ter de enfrentar e me esconder por tanto tempo da loucura que Superman sucumbiu, ele fora o único que me manterá nos eixos. Mas quando o vi daquele jeito, não aguentei. Não poderia seguir em frente, não sem ele ao meu lado. Fora por isso que sempre manti sua capa rasgada comigo, pois não aguentava pensar que ele partira e me deixara sozinha.

–Então? – JC me tirou de meus devaneios exigindo uma resposta.

–Eles. –respondi- Nunca conseguiria viver sem eles.

–Quem?

Olhei para onde a festa estava já sendo encerrada, então quando um pássaro começou a cantar acompanhei seu voou até o por do sol.

–O morcego negro e o pássaro azul. –disse abraçando minhas pernas e escondendo o rosto.

Ouvi mais uma onda se quebrar na areia:

–Isso continua não sendo sin...

JC parou de falar e ouvi passos na areia. Levantei um pouco o rosto e vi uma meia calça e botas de pirata. Olhei para cima reconhecendo a dona daquelas botas. Uma garota de uniforme negro, jaqueta de couro e cabelos loiros me encarava com as mãos nos quadris:

–Acho que alguém aqui deveria estar esperando na área hospitalar. –ela disse nervosa.

Suspirei me levantando e limpando a areia das pernas.

–Acho que teremos de continuar outra hora JC. –encarei a garota a minha frente com um sorriso- É sempre bom te ver Canário Negro!

Ela me olhou agora com desconfiança, além do nervosismo. Mas isso era algo que não ligava, nunca fui amiga da Canário Negro mesmo. Ela era apenas mais uma filhinha de mamãe que usava o poder da família para ser aceita pela camada mais alta dos super-heróis. E claro, que desde que ela dera uma surra na Caçadora, eu comecei a plagiar o que ela dizia sobre a Canário.

–Bem, como nunca nos vimos antes irei considerar o que Batman dissera sobre você ser uma espiã.

Pera aí! Batman dissera o quê? Que eu sou uma espiã? Ok, eu estou oficialmente começando com o pé esquerdo aqui.

–Então o que você quer comigo se desconfia tanto de mim? –perguntei nervosa.

–Para uma novata, você se acha muito. –ela falou e saiu andando, em direção à porta do simulador.

–Essa garota esta realmente achando que ela vai vir até aqui, me insultar e sair ilesa? – ri maldosa - Realmente esta muito enganada.

Atravessei a porta do simulador. As piscinas estavam vazias agora, mas não me importava com isso, estava procurando Canário Negro. E não foi muito difícil acha-la, pude vê-la pelo vidro no corredor. Fui para fora e apenas segui o som de sua risada. Quando a vi, meu sangue começou a ferver. Ela estava rindo e ajeitando seu cabelo de forma sedutora, como se estivesse tentando seduzir o cara que estava com ela. Que não era nada mais, nada menos, que meu morcego negro.

–AARRGH! –soltei um grito e comandei para que as águas que estavam nas piscinas viessem até mim.

Percebi alguns gritos assustados de outras pessoas que estavam no corredor, mas não liguei para eles. Quando senti a água tocar meus pés, eu a fiz ir até Canário Negro como um jato de água, acertando-a bem no rosto e molhando todo seu cabelo e sua roupa. Ela me olhou desconcertada, e quando ela tentou se levantar, enviei outro jato, dessa vez para prendê-la pelos braços no chão.

Caminhei até ela, e então me agachei ficando com meu rosto perto do dela:

–Da próxima vez que quiser conquistar um cara, tome cuidado para acabar não perdendo suas asinhas. –disse colocando todo meu veneno para fora.

Ela olhava com raiva para mim, mas então sua expressão se suavizou e ela se virou encarando Batman:

–Realmente, ela não se parece com uma novata para mim.

Olhei para Batman. Ele me encarava com seus olhos semicerrados, como se tentasse ler minha expressão.

–O que está acontecendo aqui? –ouvi uma voz feminina e autoritária falar perto de mim.

–Nada. –respondi ainda encarando Batman, mas ele não prestava atenção em mim e sim na mulher que se aproximava atrás de mim.

–Um ataque nervoso fez a garota acertar e prender Canário Negro. –Batman falou.

Senti meus cabelos serem puxados e fui obrigada a me levantar e encarar minha captora. Olhos azuis, cabelos negros, boca vermelha e uma coroa na cabeça. A reconheci pelas fotos que vira nos arquivos, só podia ser ela.

–Princesa Diana! –exclamei. Apesar de ter voltado no tempo, na época em que ela ainda estava viva, eu não pensei que meu encontro com ela seria desse modo. –Desculpe-me princesa, eu apenas queria dar um banho nesse passarinho...

Ela me soltou e ajudou Canário a se levantar. Ótimo, a princesa que tinha de proteger era amiga da Passarinho. Perfeito!

–Quando quiser lutar, que seja treinando ou para salvar a vida de alguém. Não por causa de uma besteira, já temos problemas demais.

–Sim, princesa. Desculpe-me. –falei, mesmo não estando arrependida. A Passarinho sempre merecera uma boa surra. Ficava surpresa de ela não ser amiguinha da Hera Venenosa, as duas não podiam ver um homem que já ficavam toda felizinhas.

–Mas qual seu grau de treinamento aqui?

–Nenhum. –disse para a surpresa dela- Acabei de chegar na verdade.

–E já foi para a praia curtir uma festa, ao invés de esperar Batman como ele mandou. –Canário falou, feliz em me dedurar.

–Isso é verdade? –ela perguntou.

–Bem...-olhei para baixo, não querendo encara-la –Ele me deixou lá esperando por um bom tempo, e fazer o quê? Fiquei entediada...

–E só por isso você hackeou a trava digital? – Canário perguntou desconfiada.

–Eu me entedio fácil. – dei de ombros.

–Espero que a partir de agora então use essas suas habilidades para ajudar a Liga e não sair por ai passeando. –Diana me censurou, mas percebi um pouco de curiosidade em seu olhar.

–Então devo presumir que não irão me trancar novamente? –perguntei esperançosa.

–Sim. Discutimos sua situação –ela olhou rapidamente para Batman- e decidimos que iremos treina-la, mas por ser um caso diferente dos outros novatos você será treinada não apenas por um mentor, e sim três.

Opa. Isso era novidade pra mim. Três mentores? E, eles tinham passado esse tempo todo discutindo o que fariam comigo? Agora sim estava curiosa. O que eles estavam achando de tudo isso?

–Como parece possuir habilidade com tecnologia, será treinada nessa área por Batman. –olhei para ele, mas ele não demonstrava nada além de chateação, com certeza tinham o obrigado me treinar.

–Para treinar seu controle, será treinada por Superman.

Que ótimo. Divida novamente. Mas dessa vez eu tinha começado com o pé esquerdo com Batman, e ele achava que eu era uma espiã. Então pelo menos com Clark tentaria começar como se nunca tivesse o visto.

–E será treinada por mim para o combate. –ela disse por fim deixando a Passarinha e eu surpresas.

–Peraí! É você que vai me treinar? –perguntei.

–Sim. –ela disse tranquila.

–Mas então por que vim até aqui? –Canário perguntou- A Liga tinha decidido...

–A Liga decide o que é melhor para cada um, e como você foi facilmente subjugada por ela agora, creio que o melhor mentor nesse caso seria eu. –ela disse desafiando Passarinho a falar, mas ela cruzou os braços e fez uma cara de insatisfação. Com certeza estava esperando pelo momento em que poderia chutar o meu traseiro. Bem, agora, só nos sonhos dela.

–Quando começarei? –admito, estava ansiosa para ver Clark como ele mesmo de novo, e curiosa sobre a Mulher-Maravilha.

–Que bom que esta animada. –Diana falou satisfeita. –Mas antes irá com Caçador Marciano fazer alguns testes simples para cadastra-la na Liga. Será bem mais fácil quando não tiver de hackear o sistema da Liga, concorda?

Dei um sorrisinho envergonhado, mas sabia que pelos meus olhos ela poderia ver que não me arrependia.

–É. Bem mais fácil.

***

–Acredito que não precise de ajuda pra preencher os dados. – John, o Caçador Marciano, disse dando um leve sorriso.

–Não. – sorri mais largamente e comecei a preencher meus dados no computador da Liga.

Além dos normais, como nome, idade, peso, altura, ele fazia um escaneamento dos meus olhos, do corpo inteiro, e da minha voz. Quando ele solicitou o local de meu nascimento (que deixei em branco), minha residência atual (que escrevi ser a Torre da Liga, agora) e se já possui habilidade em algum tipo de luta, não pude deixar de pensar na cara do Batman ao perceber que o meu nível e o dele nas lutas marciais era igual.

Estava para confirmar tudo quando vi Batman caminhar até John e falar com ele alguma coisa. Apaguei alguns dados para ter de preenchê-los novamente, assim ganhando tempo para tentar descobrir o que ele queria com John.

Não foi difícil descobrir, quando alguns segundos depois senti uma pressão na cabeça. Reconheci-a de imediato, John estava lendo a minha mente.

“John, só peço que o que descobrir aqui, mantenha em segredo pelas razões que irá logo ver.” Pensei.

Logo, todas as minhas lembranças pareceram repassar por meus olhos. Sei que deve ter demorado apenas dois segundos, mas parecera que cada dia fora revivido mais uma vez.

Confirmei o cadastro assim que percebi que a pressão diminuíra, e caminhara até John e Batman.

–Está tudo bem? –perguntei com ar inocente.

Batman encarava John, talvez esperando uma resposta sua para outra questão. Mas ele me olhava com compreensão. Tinha lido minha mente e percebera meu plano.

–Sim. –ele disse e então respirou profundamente- Está.

Batman olhou pra ele como se esperasse que falasse mais alguma coisa, mas ele apenas disse:

–Batman veio para lhe avisar que sua aula com ele será agora. – e então saiu voando em direção à torre de observação.

Batman bufou nervoso e então saiu andando em direção a sua sala de treinamento. Em um determinado momento, me perdi dele. Achei que ele se escondera de propósito, mas não pensei muito no assunto, já conhecia muito bem onde sua sala ficava. E na verdade, estava mais preocupada com John, ele não dissera nada para Batman, mas será que mentiria para todos os outros membros da liga, por mim?


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Notas finais do capítulo

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