Rony sentiu o estomago embrulhar. Estava parado em frente a um prédio simples, uma alta construção de concreto com janelas de vidro. A entrada possuía um aparelho de interfone antigo, mas que ainda funcionava. Rony apertou o numero 32 e ouviu um bipe seguido de uma voz feminina. Ele sentiu seu estomago revirar.

– Quem é? – perguntou Hermione numa voz educada.

– Sou eu... – Rony percebeu o silencio do outro lado da linha – O Ronald.

O silencio permaneceu por mais uns segundos até ela finalmente dizer:

– Rony! Pode subir!

Um som elétrico desagradável se fez quando a porta abriu sozinha e Rony rapidamente entrou no prédio. Ao lado do elevador havia uma placa informando os andares dos apartamentos. Ele gemeu baixinho ao perceber que o apartamento de Hermione ficava no 17° andar, o penúltimo.

Ele apertou o botão e enquanto aguardava o elevador se lembrou de toda a pesquisa que fizera para não cometer erros com as invenções humanas. Estudara sobre aviões, aparelhos eletrônicos, e até mesmo gírias trouxas. Harry o ajudara tirando suas dúvidas e as vezes até o Sr. Weasley aparecia para ouvi-lo falar sobre os ‘inventos trouxas’.

Foi despertado de seus pensamentos quando o elevador abriu as portas a sua frente. Deu uns passos e quando o elevador começou a se movimentar seu estomago voltou a incomodar. Ele poderia dizer que era culpa do voo ou então do elevador, mas a verdade era que depois de quase dois meses sem ver Mione pessoalmente ele não conseguia evitar certo nervosismo.

Cada andar passava lentamente adiando seu encontro com Hermione e fazendo seu estomago piorar rapidamente. Quando finalmente chegou ao andar certo seu passo para fora da pequena caixa de metal foi vacilante, mas ele finalmente estava ali, era quase inacreditável para ele que finalmente voltaria a vê-la.

Quando olhou ao redor percebeu que eram dois apartamentos por andar e o de Hermione ficava a esquerda, com uma grossa porta de madeira e dois pequenos vasos de flores, um de cada lado da entrada. Ele esperava vê-la a porta lhe esperando, mas a porta estava fechada. Ele bateu levemente e ouviu uma voz gritar do lado de dentro.

– Já vai!

O estomago dele revirou de novo e depois de dois minutos a porta finalmente se abriu. Hermione apareceuà porta meio afobada, com os cabelos enrolados em uma toalha. O estomago de Ron deu a maior reviravolta de toda sua vida e ele finalmente abriu a boca para falar.

– Mion.... - ele não conseguiu concluir, pois ele sentiu tudo que ele havia comido antes do voo voltar rapidamente.

Hermione conseguiu se afastar enquanto Rony colocava tudo que tinha no estomago pra fora. Depois ele olhou para ela cabisbaixo e sem graça, com as orelhas muito vermelhas.

– Me desculpa Mione – ele não sabia o que fazer.

Hermione que inicialmente estava aturdida, perguntouuns segundos depois, preocupada:

– Você está bem? – ela olhava o rosto dele atentamente como se a resposta a sua pergunta estivesse ali – Vem! Entra!

Rony continuava perdido na vergonha de ter vomitado no tapete de Mione no momento em que ele mais desejava parecer um cara maduro. Ele tinha vergonha de ser Ronald Weasley, o cara sem jeito com a sensibilidade tão rasa como uma colher e agora de estomago fraco.

Ela mostrou a ele a porta do banheiro, onde ele entrou, se fechou e começou a pensar se não devia ficar por lá mesmo, vivendo escondido das idiotices que fazia. As coisas já haviam começado de forma errada e, se conhecendo como se conhecia, ele sabia que a tendência era piorar.

Depois de uns quinze minutos intermináveis ele ouviu a voz de Mione do outro lado da porta.

– Está tudo bem? – perguntava ela com o tão conhecido jeito maternal que mantivera ele e Harry vivos durante os últimos anos.

Ele, que havia escovado os dentes com a escova que trouxera na mochila e que já estava jogada debaixo da pia, respirou fundo e se concentrou no que o havia levado até ali e na sua auto promessa de não desistir até contar a Mione tudo que sentia.

Abriu a porta sem muita convicção, mas soube que tinha tomado à decisão certa assim que viu o olhar preocupado dela, olhou para o portal da entrada e percebeu que toda sua sujeira já havia sido limpa.

– Tudo bem – ele falava baixo.

Eles ficaram se olhando por alguns minutos.

– Olá Mione – ele disse finalmente, seu estomago ainda deu uma pequena volta, mas ele sabia que não tinha mais oque por para fora.

Ela abriu um pequeno sorriso e respondeu:

– Oi Ron – e se adiantou para um abraço apertado e demorado.

Quando finalmente se afastaram Rony percebeu que seu estomago já não o incomodava mais. Hermione o fitava curiosa.

– Então... o que te trouxe aqui? – ela abria os braços para abranger o pequeno apartamento.

– Você – ele disse corando muito – Queria falar com você.

Hermione riu.

– Não me diga que você esqueceu de novo como se usa o telefone?

– Não – ele riu também – Mas queria falar ‘pessoalmente’ com você.

Hermione diminuiu o sorriso e pigarreou baixinho.

– Hum... claro – ela fechou o sorriso por completo – Aconteceu algo? Harry? Sua família?

– Não, estão todos bem, na verdade... eu queria falar sobre...er... hum...bom...sobre nós.

Hermione continuou séria.

– Hum...bom...vamos sentar?

Ela apontou um sofá de dois e outro de três lugares cada. Eles foram cada um para um dos móveis sem se olhar, se sentaram eretos e ficaram silenciosos. Hermione esperava que Rony começasse e ele esperava a coragem para começar. Depois de alguns poucos minutos de espera Mione não resistiu.

– E então? O que é?

Rony fixou o olhar na morena a sua frente.

– Mione eu queria te dizer que ...

Derrepente o telefone de Mione começou a tocar e após muitos toques a secretária eletrônica entrou em funcionamento: “Oi. Aqui é Hermione Granger. Deixe seu recado após o sinal”. O telefone soltou um bip agudo e uma nova voz se fez presente.

– Oi Mione! Aqui é o John! Me atende! Eu sei que você tá em casa! – a voz jovem e masculina continuou – Mione? Atende garota!

Antes que ele pudesse continuar Mione já estava com o fone no ouvido.

– Ah.. Oi John, sim.... claro... pode deixar...– ela deu um pequeno sorriso – combinado! Tchau!

Ela pôs o telefone de volta na base e voltou a olhar para Rony meio perdida.

– Er... onde estávamos mesmo? – antes que Rony pudesse responder ela continuou – Ah sim! Você ia falar algo... algo sobre nós...

Ela fitou Rony enquanto esperava a resposta. Ele estava com as orelhas cor de pimenta, mas ela não percebeu.

– Bom... eu só queria dizer que... – Fala! Fala!,dizia uma parte de sua mente, mas ela não conseguiu vencer a parte covarde que o fez dizer – estava com saudades.

Hermione sorriu.

– Eu também. Mas e aí? Pretende ficar por quanto tempo?

– Não sei bem, não tenho nada definido. Tudo bem se eu ficar por aqui uns dias? – sua nova decisão era só sair dali depois de confessar o que sentia.

– Claro. Vou adorar ter uma companhia! – ela sorriu e começou a contar sobre sua vida e a perguntar sobre a dele.