- Agora preciso falar algo – continuou Ron.

Harry lhe sorriu mostrando apoio e Hermione empalideceu levemente.

- É que, bom... Sr. e Srª Granger gostaria de...– Ron olhou para a morena exibindo todo seu querer - pedir sua filha em namoro.

Ele falou firme, apesar do nervosismo que sentia. Todos na sala ficaram surpresos pela fala rápida.

Os Weasley fixaram o olhar nos Granger, com expectativas diversas. A mãe de Hermione sorria levemente olhando dela para Ron enquanto o pai fitava o ruivo sério.

- Sei que parece estranho eu dizer isso assim de repente, mas o que eu sinto por ela não é novo. Na verdade gosto dela há anos, só não tive maturidade para assumir e agora não gostaria de perder mais tempo. Vocês permitem? – Ele falava rápido, com medo de não conseguir concluir.

A mãe de Mione continuou sorrindo e passou a mão no cabelo da filha.

- Eu sabia – ela fitava a morena – Todas as vezes que você falava dele em casa, eu sabia que havia algo!

A senhora parecia feliz em descobrir que estava certa.

- Mas mamãe, eu também falava de Harry e outros garotos...

- Mas quando você falava dele era diferente meu bem... – ela apontou Ron com a cabeça – Bem diferente.

Hermione ficou totalmente corada e um sorriso cresceu nos lábios do ruivo.

Diferente da senhora Granger, seu marido não sorria. Ele apenas olhava da filha para o ruivo que o fitou nervoso. Muitas coisas passaram em sua mente, principalmente a lembrança do medo que sentira ao receber suas memórias de volta e descobrir tudo que acontecera, os riscos que sua filha correra.

Por mais esperta e inteligente que Hermione fosse, ele não conseguia dissociar a imagem da jovem adulta e responsável, da garotinha de cabelos rebeldes que pegava em sua mão para atravessar as ruas, que chorava desconsolada quando caia e machucava os joelhos, enfim, da criança frágil e indefesa que ela fora um dia.

Ele não quis sentir aquilo, mas ouvir aquele pedido o fizera temer. Não queria nutrir sentimentos negativos pelo rapaz que ela já dissera tantas vezes ser bom e que dizia gostar dela tanto com as palavras, quanto com o olhar. Mas ele sentiu.

Aquele garoto fazia parte do outro mundo de sua filha. Um mundo quase totalmente desconhecido para ele. Um mundo perigoso e cheio de riscos. E ridicularmente, concluiu ele, ele temeu perdê-la. Perdê-la para aquele rapaz.

O jovem voltou a fitar sua filha, e ela o correspondeu com um leve sorriso nos lábios, também esperando sua resposta. Ele não soube o que dizer, havia dúvidas em sua mente, muitos medos.

Continuou olhando a filha e viu o sorriso começar a diminuir, assim como o brilho em seus olhos, quando ela o fitou.

Um dos ruivos que estava ao lado de uma jovem morena pigarreou o fazendo perceber que já demorara demais para responder:

- Bom... – todos, principalmente o jovem que fizera o pedido, o fitaram curiosos – Eu ...eu permito.

O sorriso de Hermione se expandiu de novo e ela se virou para o ruivo corando, fazendo o senhor Granger perceber que não poderia dizer não e deixar sua filha infeliz, como ela notadamente ficaria.

A senhora Granger, assim como o outro casal mais velho, fitaram-no compreensivos. Todos ali sabiam o valor da família e a importância daquele sim que o homem dera.

- Isto merece um brinde! – o ruivo que pigarreou falou exultante.

- Merece mesmo! – apoiou a ruivinha.

O garoto moreno não disse nada, mas sorriu e levantou o copo. Logo todos faziam o mesmo.

Alguns minutos depois o ruivo sentiu o vento passar zunindo em seu ouvido. Longe, quatro jovens voavam em suas vassouras, no que devia ser uma partida de Quadribol, porém mais parecia uma brincadeira de pega-pega.

Ele olhou ao redor. A grama estava aparada, o pomar bem cuidado e o jardim desgnomizado. Grande parte por conta do esforço de seus braços e suor de sua testa.

Assim que voltara para a Toca, Ronald vira ali um meio de se ocupar e ocupar Jorge nas horas vagas dos estudos para se tornar Auror e da loja de logros.

Seu pai, Gui, e até Percy fizeram sua parte dando uma ajudinha, fazendo a imagem triste de meses atrás desaparecer. A imagem que ele admirara ao pensar na garota que agora se aproximava sorrindo. Sua namorada. Um pensamento feliz, que logo foi sucedido por um triste.

A morena sentou ao lado do ruivo assim que cobriu o percurso da casa até onde ele estava e fingiu não se importar por ele não ter a aconchegado junto de si, como já fizera antes.

- Está tudo bem? – ela perguntou curiosa.

- É claro que está! – ele sorriu e pegou a mão dela, onde tascou um beijo.

Ela adorou o gesto, mas continuou o fitando, havia algo ali. Ela o conhecia bem demais para saber.

- O que houve?

Desta vez ele fez o que ela desejava e a abraçou.

- É só que... eu fiquei tão feliz... e sabe... eles parecem bem – ele apontou os jovens se divertindo – parece errado – finalizou.

- De que você está falando? – ela perguntou, mas sabia a resposta.

Não insistiu ou reclamou quando ele não respondeu e apenas a aconchegou mais junto a si.

- A vida é assim Ron, ela continua mesmo quando quem amamos se vai, você não deve se culpar por isso, nem os outros – ela apertou a mão dele entre as suas – Fred ia querer que todos lutássemos por nossa felicidade e não que ficássemos nos culpando por ela.

- Você está certa – ele a beijou na bochecha – Como sempre!

Hermione sentiu seu corpo se aquecer e chamou a si mesma de tonta por sentir-se assim apenas com um beijo na bochecha.

Ronald, então, moveu o rosto e a beijou novamente, desta vez nos lábios e Hermione se sentiu ainda mais quente.

Logo eles ouviram gritos e aplausos.

- Viva!

- Até que enfim!

- Isso aí maninho!

- Vai com tudo!

Os outros jovens haviam descido das vassouras e se aproximavam a passos largos.

- Que tal uma partida? – perguntou Angelina esbaforida ao estar perto o suficiente para ser ouvida.

- Vamos Mione!? -chamou Gina – Três contra três.

- Você sabe que sou um desastre com a vassoura Gina. Não vai rolar – respondeu Hermione decidida.

- E você Ron? – perguntou Harry.

- Vou ficar por aqui também – ele disse ainda mais decidido.

Os outros não insistiram e se afastaram enquanto o ruivo voltava a beijar a morena.