Apenas Amor - Romione escrita por Anne Almeida


Capítulo 26
Expectativa




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Ron esfregou novamente as mãos, nervosismo e ansiedade não eram uma boa combinação. Levantou o olhar e verificou tudo ao seu redor, tudo estava em seu lugar, mas nada era o mesmo, principalmente ele.

Todos os objetos traziam lembranças de outros dias. Ele se recordou de quando era apenas o pequeno ruivinho mais novo. Confuso demais e perdido entre tantos outros. As roupas usadas, grandes demais. A atenção dos pais dividida. O talento de todos os outros e sua pouca fé em si mesmo.

Colocou as mãos sobre a mesa e olhou para o velho relógio na parede, que dizia onde os outros Weasleys estariam naquela hora, e suspirou pesadamente ao olhar um dos ponteiros parados. Fred. Fincou a unha na madeira, aliviando a tensão.

A cozinha dos Weasley parecia cada dia menor, à medida que ele crescia toda a casa parecia diminuir, na verdade. Olhou para as costas da mulher que cozinhava silenciosamente a sua frente. Sua mãe também não era a mesma. Perder um filho do modo como ela perdera causava isso.

Ron sentiu uma vontade de chorar, a ânsia subindo dentro de si e procurando espaço. Ele se controlou. Já faz mais de um ano, disse a si mesmo. Não entendia porque estava tão emotivo aquele dia. Passara o começo da manhã solitário no velho campo e só então entrara, para ficar ali com sua mãe enquanto ela concluía o almoço.

- Será que era...? – não conseguiu concluir o pensamento.

- Eles vão chegar que horas? – sua mãe o fitava interrogativamente e ele teve a sensação de que ela já fazia isso há alguns segundos.

- Bom, Mione disse que o pai só ia atender um cliente antes de vir. Então acredito que devam estar chegando.

A Sr.ª Weasley se virou novamente para o fogão, mas Ron pode perceber que ainda era  alvo de sua atenção. Depois de uns poucos minutos ela fez nova pergunta:

- Vocês irão falar para os pais dela hoje?

- Falar? Falar oquê? – ele tentava fingir que não havia entendido, apesar de suas orelhas corarem.

- Que vocês andaram trocando beijinhos por aí – uma voz divertida falou anunciando a presença de Jorge, que entrava na cozinha.

- Há há – Ron se defendeu rápido – Muito engraçado!

Jorge se sentou ao seu lado, e assim como a mãe, se voltou para ele.

Ele odiava o Profeta Diário, pensou irritado. Espalhar fotos dele ‘arrastando’ Hermione do chalé de John havia alvoroçado o mundo bruxo. Nem sabia em que momentos as fotos haviam sido tiradas.

Todos se perguntavam se o ruivo e a morena estariam juntos, alguns suspiravam falando do quanto aquilo era lindo, outros palpitavam que Hermione era tola por não ter agarrado Harry (como ele os odiava!) e o pior, sua família inteira soubera da surpreendente verdade.

Ele e Hermione Granger eram um par. Ele não precisara dizer nada. Tudo era obvio demais. Talvez até mesmo antes do jornal. Como poderiam não perceber todo o amor que ele sentia afinal?

Sua mãe ainda o fitava, mostrando que não ia desistir. Jorge, dava uma risadinha, se divertindo da situação inconveniente, parecendo mais do que nunca com quem era antigamente. Ele não poderia mentir. Nem queria. Aquela era sua família e eles deviam ser os primeiros a saber.

- Hãn... – ele pigarreou, tentando limpar a garganta –É, acho que sim. Hermione e eu estamos... é... hum... namorando e ... eu acho que é uma boa hora para falar com eles...

O ruivo estava extremamente envergonhado por assumir aquilo – mesmo que todos já soubessem – masainda maior era o alivio. Finalmente em paz consigo mesmo, depois de tanto tempo. Porque não fizera isso antes?

Porque você é um idiota, ele ouviu a voz de Hermione lhe responder. Lembrança que ele sufocou.

A mãe deu um breve sorriso, distendendo os lábios com certa dificuldade, enquanto pequenas lágrimas tentavam fugir de seus olhos. Ela não resistiu. Jogou a enorme colher de pau que usava dentro da panela e se aproximou, abraçando-o apertado.

- Fico feliz por você meu filho. Hermione é uma boa garota. Você cresceu tanto – ela se pôs a fita-lo com aquele olhar tão cheio de carinho que só ela poderia lhe fornecer – É um homem já.

Então se pôs a abraça-lo novamente. Jorge via tudo sem jeito, meio perdido.

Era impossível não pensar em Fred naquele momento e, principalmente, na vida que ele não ia ter. Nunca traria uma garota para casa ou se casaria. Não geraria filhos. Não teria futuro. Sua vida lhe fora tirada e de todos que o amavam.

Ron sentiu a ânsia de choro, mas não a controlou. Não tinha vergonha de admitir que sofresse por aquela perda. Ele amou e ainda amava Fred com orgulho.

A mãe se afastou com murmúrios quase inaudíveis.

- molho..tão tarde.. sem tempo...

Ron a deixou ir e secou a lagrima que correra por seu rosto. Olhou para o irmão ao seu lado e sorriu, antes de perguntar para ninguém especificamente:

- Angelina irá almoçar conosco hoje?

O irmão desfez a careta que havia em seu rosto e o fitou maroto.

- Sim, virá – sua mãe respondeu, ainda de costas para o filho.

- Ela tem vindo bastante aqui, não é? – Ron perguntou ao vento de novo.

Desta vez sua mãe não respondeu e sua pergunta vagou no ar.

- Não tanto quanto as cartas que Pichi tem trago ultimamente... – falou o ruivo mais velho.

A frase também ficou no ar.

Os irmãos falavam como se nada daquilo se relacionasse, mas ambos sabiam, que tinha tudo a ver.

- Angelina adora... ‘quadribol’, não é? – Ron já se divertia e sorria descaradamente.

- Que tal falarmos sobre ‘livros’? –perguntou Jorge enquanto deixava o corpo escorregar no banco até ficar numa pose relaxada, também rindo divertido.

Ron não resistiu e desatou a rir.

Como se trazida pela risada do ruivo, alguém bateu a porta. Ron sentiu o corpo tremer de nervoso. Se levantou rápido e se encaminhou para a porta, mas não sem antes dar um cutucão no irmão, o fazendo saltar na cadeira e quase cair.

Parou em frete a porta e ajeitou as vestes, uma jeans e uma camisa simples, aquele era ele. Pegou a maçaneta e a girou revelando uma garota do outro lado.

A boca, assim como os olhos dela, lhe sorriu e ele correspondeu.

- Olá Angelina!

- Oi Ron! – ela o puxou para um abraço e perguntou assim que o soltou – Jorge tá aí?

- Ah... – ele se virou em tempo de ver o irmão arrumando sua pose na cadeira apressado – Está sim.

Abriu mais a porta para que a garota pudesse entrar e ficou observando. Ela caminhara direto até Jorge, que se levantara sem hesitação para abraça-la. Depois de um abraço mais demorado que ‘o normal’, ela finalmente percebeu a presença da senhora Weasley e a cumprimentou carinhosamente.

Ron caminhou lentamente ainda observando. Sua mãe abraçou a garota como fazia com Gina todos os dias e já fizera com Hermione. E a garota logo se dispôs a ajudar no preparo da refeição.

Ficaram as duas ali, cozinhando e conversando enquanto Jorge as observava sorrindo e enquanto Ronald os observava, sorrindo ainda mais.

Foi por isso que ele não viu quando três imagens se fizeram presentes no vão da porta que ele deixara aberta.

- Olá – falou uma voz feminina.

Ron não precisou se virar para ver. Sabia exatamente quem era.


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