Ronald também se voltou para o grupo que começava a entrar pela mesma porta que ele abrira momentos antes.

Hermione manteve a varinha em punho até perceber que um rapaz, não mais tão magrela e de óculos, estava junto aos outros.

- Olá rapazes! – cumprimentou Ron – Vocês foram rápidos... mas nem tanto.

Quando se voltou para Hermione, ela percebeu que ele já esboçava um sorriso.

- Estes são Mark e Josh – ele disse apontando para os dois grandalhões – e este é Mike – ele disse apontando outro que parecia um muro – São Aurores do Ministério londrino.

Hermione ainda estava perdida em meio aquela reunião.

- Pelo que ouvi os parceiros dele estão para chegar – ele falava firme e decidido se afastando dela e sendo rodeado pelos homens que apenas a olharam curiosos, mas não tentaram nenhum tipo de aproximação.

- Como você está? – perguntou Harry se aproximando e abraçando a amiga.

Hermione sentiu a amizade de Harry preencher parcialmente seu peito e se sentiu menos perdida e confusa.

- Eu estou bem Harry. Inteirinha – ela se permitiu sorrir.

Talvez já houvessem passado por tantas situações perigosas antes que haviam aprendido a supera-las, a morena pensou, mas então inconscientemente olhou para o ruivo e sentiu uma vontade arrasadora de correr para os braços dele e se esconder lá e concluiu que não.

Como se consciente do seu olhar, Rony se virou para ela, mesmo quando ainda terminava de falar.

- Então será assim – o grupo se desfez e ele voltou para perto dela – Vamos.

Hermione foi puxada pelo ruivo para seus braços, ele aconchegou-a sobre seu moletom e praguejou ao perceber que ele estava rasgado. Mas logo em seguida cobriu os ombros dela com seu braço direito e começou a caminhar, forçando-a a fazer o mesmo.

A morena o seguiu confusa, deixando Harry com um risinho bobo nos lábios. Estava feliz em perceber que os amigos pareciam finalmente ter se entendido.

Ronald a ‘arrastou’ até a porta e depois por um trecho do quintal. Quando finalmente chegaram próximos a cerca de saída do terreno falou:

- Pronto.

Hermione saiu debaixo do abraço de um braço só dele.

- Pronto o quê? Será que dá para você me explicar o que pretende fazer?

- Pretendo te tirar daqui – respondeu ele puxando ela para si de novo e pegando um guarda-chuva velho que estava escorado a cerca.

Mione sentiu seu corpo ser puxado em todas as direções antes de cair em um piso frio e cheirando a desinfetante. Reconheceu o lugar assim que ficou de pé. Era o Ministério americano.

Um pequeno grupo de pessoas estava reunido ali.

- Comprovou que estava errado? – perguntou Smith a Ron, o que surpreendeu Hermione.

- Não – respondeu Ron – Comprovei que você estava errado!

Apesar de ter respondido ao senhor, Ronald o ignorou logo em seguida, assim como as outras pessoas que estavam ali. Continuou a leva-la consigo sobre seu braço, tirando-a daquele lugar.

Quando chegaram a rua, Mione olhou para o céu e o viu extremamente estrelado. Disse para si mesma que só estava deixando Ronald tomar o controle de tudo porque estava cansada e ele merecia algum crédito depois do que havia feito. Fingiu ignorar o desejo de ficar a sós com ele.

Eles caminharam pelas ruas a caminho do apartamento e apesar da pressa de Ron, ela teve tempo para se focar no cheiro dele que estava no moletom que a cobria e que o próprio corpo dele exalava. Era reconfortante e inquietante ao mesmo tempo.

Quando deu por si, eles já haviam chegavam ao seu prédio. Hermione tentou recobrar um pouco do controle e saiu do abraço para abrir a porta. Entrou na frente e deu passos rápidos em direção ao elevador. Ronald a seguiu de perto, como se ela pudesse fugir.

Ela apertou o botão e cruzou os braços, enquanto ele se apoiava na parede. O elevador chegou rápido como se estivesse no ritmo de ambos. Eles entraram juntos, e acabaram se esbarrando ao entrar.

Hermione deu um sorriso amarelo e ambos esperaram o elevador subir. Havia algo estranho ali. Ela sentiu.

O elevador abriu a porta e eles se encaminharam para o apartamento da morena. Ela, novamente, foi quem abriu a porta. Ao entrar ficou parada na sua sala. Parecia perdida. Só não sabia porquê.

Ronald, que havia entrado depois, fechou a porta e caminhou até ela. Não esperou que ela demonstrasse nada e a abraçou. Tão firmemente, que ela sentiu uma leve dor nas costelas, mas não reclamou.  O sentimento de confusão se foi. Era isso que ela precisava. Era dele.

Ele a salvara e se preocupara em mantê-la segura até ali, mas aquilo era o seu extinto de Auror – que ela tinha certeza que ele possuía – agindo. Mas assim que entraram em seu apartamento, ele voltou a ser o mesmo Ron que a perturbava desde os seus onze anos. Apenas um garoto. O garoto que ela amava.

Os braços dela o envolveram também, retribuindo todo o sentimento que ele oferecia. Como ela poderia não ama-lo? Ela então se afastou apenas o suficiente para olha-lo nos olhos e dizer:

- Obrigada Ronald.

Ele lhe lançou um sorriso e respondeu:

- Não agradeça. Eu fiz por mim. Pode ter certeza – ele disse soltando-a por completo – Agora acho que você merece uma ducha e cama.

Hermione sorriu para ele.

- Verdade – então ela se virou em direção ao banheiro, mas voltou antes de dar o terceiro passo – Você me espera?

Ronald assentiu na hora em que ouviu ela lhe lançar aquela pergunta de forma tão doce.

- Sempre – um sorriso ainda brincando em seus lábios.

Hermione se forçou a se distanciar dele e voltou a caminhar, mas antes que desse três passos, teve que voltar novamente. Dessa vez porque Ronald a chamara.

- Sim? – ela perguntou.

- Só queria avisar... – ele corou um pouco, mas se forçou a dizer com um meio sorriso – Você está em divida comigo...

Hermione ficou levemente ruborizada. Aquele comentário tinha um significado embutido e ambos sabiam qual era. Ainda mais quando ele falava aquilo de forma tão sexy, pensou ela.Com mais dificuldade que antes, ela se virou e se afastou dele, caminhando em direção ao banheiro.

Durante o banho sentiu seus músculos travados se alongar e agradeceu a Merlin por ter controle do próprio corpo. A agua corria levando com ela cada sentimento negativo e triste que aquele dia trouxera. Você está bem, ela disse a si mesma, está tudo bem, Ronald esta aqui com você.

Alguns minutos depois, Ronald estava tão ocupado na sala lançando feitiços de proteção a esmo, que não percebeu quando ela saiu do banho vestida com seu baby-doll e ficou parada observando-o.

- Acho que já está bom – disse ela surpreendendo-o.

- Nunca é demais – ele respondeu sorrindo e dando de ombros enquanto parava os floreios com a varinha – Acho que agora quem vai curtir uma ducha sou eu!

Ele puxou a velha mochila e carregou-a consigo para o banheiro. Hermione ficou alguns minutos parada na sala. Como se esperasse que ele lhe mostrasse o que fazer.

Pare com isso, disse a si mesma, você é grandinha demais para agir assim. Então caminhou para seu quarto e se deitou em sua cama. Quando deu por si, ocupava apenas um dos lados, o outro, onde Ron vinha dormindo ultimamente, estava livre. Mas apenas para ele, ela pensou rindo consigo mesma.

Os minutos correram, e o silencio do quarto, unido ao conforto de estar em sua cama, começaram a tirar a lucidez dos despertos de Mione. Foi por esse motivo que ela só percebeu a presença dele ao senti-lo abraça-la.

- Tive medo de te perder hoje – ele falou baixinho no ouvido dela, mesmo sem saber se ela já dormia.

Mione ficou mais desperta ao ouvir aquilo. Se virou no abraço, para ficar de frente com ele.

- Você não vai me perder – respondeu.

Então se aconchegou mais ao peito dele e ficou sentido o cheiro dele. Ela sabia que apesar de tudo que havia acontecido naquele dia, ou que pudesse vir a acontecer, se ela estivesse naqueles braços, ela teria doces sonhos.