Apenas Amor - Romione escrita por Anne Almeida


Capítulo 2
Viagem




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Ronald segurava o braço da poltronatão intensamente que suas palmas ficaram pálidas devido à falta de circulação sanguínea, a mulher ao seu lado lhe lançou um olhar caridoso antes de perguntar:

– Tudo bem meu filho?

Ronald se virou para a senhora num largo vestido laranja florido, e ele não pode evitarlembrar-se da odiosa sapa velha, mas ao contrario da ex-funcionária do Ministério a senhora ao seu lado lhe passava uma doçura maternal.

Ao ver que o jovem rapaz alto e de cabelos cor de fogo não respondia fez nova pergunta:

– Medo de voar?

Ronald balançou milimetricamente a cabeça concentrado na pressão que exercia em sua poltrona, mesmo assim a velha compreendeu:

– Primeira viagem.

Ela não mais perguntava, falava com uma certeza quase inabalável. Ela pegou a mão de Rony que estava do lado de sua poltrona e retirou delicadamente os dedos dele da posição em que estavam afrouxando o aperto e colocando a mão dele entre as suas. Rony a fitou surpreso com as pontas das orelhas meio avermelhadas.

A senhora ignorou a reação dele e continuou o discurso:

– Meu marido também tinha medo de avião – ela deu um pequeno sorriso ao se recordar do passado – ele só viajava se eu fosse junto para segurar sua mão – o sorriso aumentou – depois dizem que nós, mulheres, somos o sexo frágil.

Rony deu um pequeno sorriso de canto, o máximo que o medo lhe permitia.

– Então o que o forçou a essa viagem ‘assustadora’ meu jovem? – continuou a senhora.

A pergunta fez Rony pensar em um par de olhos castanhos e num emaranhado de cachos da mesma cor, o aperto que a outra mão ainda exercia afrouxou e seu sorriso curto se expandiu, duplicando de tamanho.

A velha a seu lado também aumentou o sorriso bondoso:

– Seu olhar diz tudo. É uma garota, não é?

Rony acharia a velha uma intrometida se não fosse a forma delicada como ela o tratava, com certeza ela era bem diferente da velha sapa. Ele cruzou as mãos sobre o colo, ainda nervoso, mas determinado a chegar ao final daquela jornada. A senhora ainda o fitava curiosa.

– É – respondeu ele monossilábico sem saber mais o que falar.

– Sempre é – disse a senhora ostentando sua sabedoria – Ah! Desculpe-me. Nem me apresentei. Meu nome é Maggie Bishop, mas pode me chamar de Meg.

Ronald achou o nome muito conveniente para a senhora, lhe soava delicado como ela.

– Weasley, Ronald Weasley – ele sorriu – Mas pode me chamar de Rony ou simplesmente Ron.

A senhora estendeu a mão e Rony a cumprimentou, sentiu a pele enrugada e frágil da senhora apesar do aperto firme.

– Posso saber como se chama a felizarda?

Rony confirmou sua opinião acerca da curiosidade da senhora e respondeu depois de balançar a cabeça afirmativamente:

– Hermione, minha...ex..atual...melhor amiga...paixão...

– Hum...confuso – comentou Meg baixinho.

– É, é sim. As coisas entre nós sempre foram assim confusas, ou melhor, complicadas – ele falou meio tristonho.

A velha lhe lançou um olhar ainda mais caridoso que o anterior, mas não disse nada, Ronald entendeu que ela queria que ele continuasse e obedeceu.

– Nos conhecemos quando éramos crianças, éramos amigos, mas com o tempo as coisas mudaram e quando dei por mim percebi que odiava que outros caras se aproximassem dela e ela não saia da minha cabeça...

– Foi quando você se declarou? – perguntou ela ansiosa pelo romance.

Rony corou um pouco.

– Na verdade não, eu era um tolo, não soube dizer pra ela o que sentia e acabei ficando com outra.

A senhora fez uma careta e gesticulou para que ele prosseguisse o relato.

– Bom, fiquei com a outra por pouco tempo, afinal não gostava dela, mas não tive coragem de assumir o que sentia, vivíamos discordando e discutindo, me parecia loucura gostar tanto de alguém que me irritava daquela forma, mas eu gostava.

Rony deu novamente o sorriso curto e a senhora lhe sorriu em resposta.

– O amor nunca é logico. Nos confunde e engana se não soubermos entende-lo.

Rony continuou sorrindo. A cada segundo gostava mais de Meg.

– Eu e meu marido Ralph graças a Deus não tivemos muitas complicações, tínhamos muito em comum e normalmente nos entendíamos só de olhar um para o outro – continuou ela.

– Onde está ele? – perguntou Rony olhando para os lados.

Meg continuou sorrindo, mas Rony percebeu uma pequena nuvem passar em seus olhos.

– Ele se foi – disse ela com voz tranquila – Vai fazer quatro anos.

– Ah, desculpe – falou Rony desconcertado – Sinto muito.

– Não se preocupe, assim como o amor a morte faz parte da vida – ela não diminuiu o sorriso – Mas me conte mais sobre essa garota. Então ela não sabe que você gosta dela?

– Mais ou menos – respondeu ele e completou quando viu Meg levantar uma das sobrancelhas – No nosso ultimo ano do... colegial ela me beijou, foi a melhor sensação da minha vida, mas muitas coisas aconteceram e não tivemos tempo de conversar, então ela começou um estágio, nós nos víamos quando dava e nunca conversamos ou chegamos a formalizar algo, eu não me apressei, deixei as coisas rolarem até perceber que talvez eu não tivesse todo tempo que pensei que ia ter...

– Como assim? – perguntou Meg rápida se calando em seguida pra que ele explicasse.

–Hermione é a garota mais inteligente que eu já conheci, assim como decidida e teimosa, quando quer algo ninguém a segura, então em pouco mais de seis meses ela foi contratada e teve que se mudar.

– E você não fez nada? – perguntou Meg.

– Eu pedi que ela ficasse, mas ela não quis, disse que se tratava do futuro dela e que ela não podia perder a oportunidade, eu não me aguentei e falei o que não devia, então como normalmente acontecia, nós brigamos, mas dessa vez foi mais sério, então ela simplesmente partiu e me deixou.

– Nossa! Que triste! Me parece que os dois são bem cabeça dura – falou Meg novamente divulgando sua experiência.

– É, eu sou um tolo. E é por isso que eu tô aqui. Preciso me desculpar e dizer que não vivo sem ela.

– Que lindo! – a senhora tinha um brilho intenso no olhar e Rony pensou que sua história deveria ser melhor que os romances que a tal senhora devia ter lido recentemente – Realmente garota de sorte! Me fale dela! Como ela é?

Rony riu da enorme curiosidade da velha e ainda mais ao pensar em Mione.

– Bom... ela é linda, tem os olhos castanhos mais lindos que já vi, assim como os cabelos por mais que ela diga que não gosta deles. Ela tem um gênio terrível, acha que está sempre certa e que as coisas só ficarão boas se forem feitas do jeito dela, mas também é doce, carinhosa e engraçada. Ela é...perfeita!

O brilho no olhar da velha estava mais intenso que antes.

– Adorável, torço por vocês meu filho. Deus há de fazer com que se entendam – disse ela se ajeitando na poltrona para um cochilo que Rony considerou ser culpa da idade – Semeu Ralph estivesse aqui estaria montando planos para seu encontro com ela, ele adorava planos, me aprontou muitas surpresas e eu adorei todas.

– Sinto muito mesmo pela sua perda – falou Rony comovido.

– Obrigada – disse a velha com os olhos quase se fechando – Senti muita falta dele no começo, mas a cada dia que passa tudo se torna mais suportável. A queda do avião foi um choque, mas como tudo na vida passa.

– Queda? Avião? – Rony percebeu novamente onde estava, dentro de um monte de ferro a quilômetros de altura.

A senhora já havia dormido ao seu lado e ignorado suas perguntas deixando Rony pálido e com as mãos firmemente agarradas a poltrona. Novamente.


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