Quando se separaram, Ron soltou o rosto de Mione e lhe sorriu:

- Boa noite...

... MINHA morena, ele concluiu em pensamento. Então se jogou do seu lado da cama.

Hermione permaneceu sentada, concentrada em algo e depois se voltou para o ruivo.

- Ainda não acabou.

- Como assim? – perguntou o ruivo se sentando de novo.

- Eu ainda tenho perguntas – ela disse firme.

Ron não conseguia imaginar que dúvidas ela poderia ter, mas assim mesmo respondeu de forma positiva.

- Ok. Pode perguntar.

- Porque você foi naquela missão?

Era difícil assumir, mas ela temera profundamente por ele depois que ele simplesmente sumira do seu apartamento e ainda mais quando ela descobriu onde ele estava. Por mais que ela fingisse ignorar, no fundo, todos os dias desejava a volta dele sem problemas.

- É uma longa história Mione.

- Eu gostaria de ouvi-la – e depois tentando imitar a voz dele completou – eu sou uma boa ouvinte.

Ron sorriu.

- Ok – ele disse– Vou te explicar.

O ruivo começou a narrativa.

- Pouco depois de você viajar eu e Harry recebemos uma carta do Ministério. O Ministro nos convidou para uma reunião sem nos dizer para quê. Mas não podíamos recusar não é? – ele a fitou perguntando com o olhar - Então nós fomos... Sinto que ele não gostou de não te ver conosco...

Mione balançou a cabeça confirmando. Era o esperado. Depois da queda de Voldemort, era difícil, para a maioria das pessoas, vê-los como três pessoas diferentes. Esperavam que eles estivessem sempre juntos, como se cada um não tivesse uma vida em separado dos outros. Para o grande publico, ela e Ron pareciam pedaços de Harry.

- Lá ele nos falou de tudo que acontecia e disse que precisava de ajuda...

- Ajuda? Então ele nomeou vocês Aurores? – Hermione estava surpresa.

- Na verdade não – Rony estava envergonhado – Ele nos nomeou garotos propaganda.

Hermione ficou paralisada, digerindo a informação.

- Garotos propaganda? Você e o Harry? – ela não resistiu e começou a rir.

- Ah não! Você também não! Já ouvi mais do que aguentava em casa.

- Foi mal – mas ela não conseguia parar de rir – é que isso é loucura.

- Bom, o Ministro e o Chefedos Aurores discordam de você – Rony tentou ser mais explicativo – Não é nada do tipo propaganda de Vassoura, nós só precisamos mostrar que ainda estamos lutando, apenas isso.

Hermione já havia visto propagandas de vassouras no Profeta Diário antes. Os bruxos conseguiam ser bem parecidos com trouxas quando se tratava desse assunto. Normalmente a vassoura aparecia sendo montada por um belo jovem sorridente dando piruetas, acompanhada com frases que destacavam todos seus benefícios, enquantoo preço era escrito em letras pequenas ou que magicamente desapareciam durante a leitura.

- Eles acreditam que assim terão mais apoio, as pessoas realmente gostam do Harry, sabe? E elas ajudam mais ao ver que ele tá fazendo algo – continuou o ruivo – O numero de denuncias sobre comensais escondidos aumentou em não-sei-quanto-porcento depois que começamos.

- Vocês aceitaram?

- Sim. Aceitamos. Sei que pode parecer que estamos nos vendendo, mas nós realmente apoiamos esse governo, não é? Além do mais, mesmo se não aceitássemos, sabemos que eles nos usariam.

- Mas então o que vocês fazem? – perguntou a morena.

- Bom, não é lá grande coisa – ele deu um risinho sem graça -Somos enviados para missões de pouco ou nenhum risco e quando nos saímos bem eles fazem como fizeram da ultima vez, propagandeiam no Profeta como se fosse algo bem maior.

- Mas aquela missão foi séria, não é? Você ainda tem as marcas – ela apontava para ele no local onde sabia que o corte transversal ainda tinha o tom rosado de cicatrização.

- O Chefe não esperava que houvesse um confronto. Ele queria apenas poder soltar por ai mais uma manchete do menino que sobreviveu e do seu parceiro numa caça a comensais – Ron sorriu – Ele queria que ficássemos apenas na observação, mas tivemos que fazer algo.

- Você está rindo? Esse panaca te colocou em risco!

- Calma. Tá tudo bem. Já disse.

- Não! Não tá! Ele coloca vocês em missões e vocês nem são aprendizes ainda! Ainda mais Aurores!

- Calma Mione. Se pararmos para pensar, eu e Harry fizemos mais que a maioria daqueles velhotes. Não somos Aurores ainda, mas pretendemos ser. E eu... bem... eu gostei.

- Como assim? Você gostou de ser o garoto propaganda do ministro?

- É claro que não Mione! Mas eu gostei da ultima missão.

Hermione ia perguntar a Rony se ele estava louco quando ele continuou.

- As missões anteriores foram enrolação. Na maior parte do tempo, parecia mais fácil morrermos de tédio de que por alguma maldição imperdoável. Mas essa ultima, não. Nós fizemos algo. EU fiz algo.

Mione estava surpresa por Rony dizer aquilo, afinal ela nunca vira muito interesse dele em ser Auror. Ele a olhou e entendeu o que ela pensava.

- Tá, eu sei que eu não estava demonstrando muito interesse em estudar e, confesso que, não sabia se ser Auror era o que eu realmente queria. Mas quer saber? Essa ultima missão me fez ver que é isso que eu preciso.

Ele lançou a Mione um olhar, desejando que ela o entendesse.

 - Quando eu estava lá, eu não estava... perdido. Eu tinha um objetivo e eu sabia o que devia fazer. Quero dizer, você gosta do que faz não é? Por isso você faz. E eu gosto disso. De ver aqueles comensais babacas sendo presos e de todo o processo. Eu quero isso.

Hermione sorriu para Ron. Ele finalmente estava encontrando seu caminho e ela estava feliz por estar ao seu lado.

- Me desculpe pelo que disse. É só porque me preocupo com Harry e – ela lançou a ele um olhar significativo – com você. Mas você está certo – ela riu – Parece que isso está se tornando comum.

Ele riu também.

- Se é isso que você quer, pode ter certeza que eu apoio.

Ron sorriu feliz.

- Agora acabou? – perguntou.

- Por hoje – ela respondeu.

- Que bom! – ele pegou as almofadas jogando-as no chão – Vamos dormir.

Hermione olhou para ele.

- E o nosso acordo?

Ele a puxou em direção ao colchão e a abraçou como fizera na noite anterior.

- Sou péssimo com acordos.