Apenas Amor - Romione escrita por Anne Almeida


Capítulo 17
Conhecimento




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Hermione saiu do banheiro totalmente vestida. Não queria se arriscar como fizera antes. Principalmente depois de tudo que havia acontecido em sua cama. Ela tivera quase que pegar sua varinha sob o criado mudo e azarar Rony para que ele tirasse as mãos dela.

E ela não poderia negar que se não fosse sua mente racional demais ela não teria conseguido fugir ao charme do ruivo. Ela estava se arriscando acima do cabível.

Primeiro dormira com ele no sofá. Depois deixara a porta do banheiro aberta e ainda saíra só de toalha. Havia até permitido que ele dormisse com ela em sua cama e na famosa pose de conchinha.

O amasso pela manhã mostrava que ele havia descoberto outra forma de fazê-la perder o controle. Nada de brigas, apenas um olhar que abalava suas estruturas e um dom para deixar suas pernas bambas com um único toque.

Ela encontrou Ronald na cozinha brigando com a cafeteira. Ele ainda estava com a calça de moletom e sem camisa, num claro protesto pela saída dela da cama. Ela se perguntou se ele imaginava o quanto a visão do seu torço nu a abalava.

- O café sai num instante madame – ele disse ao se virar pra ela e lhe sorrir.

Será que ele vai manter esse sorriso maravilhoso o dia todo?, pensou ela sabendo que seria maldade com ela, dificultaria bastante resistir a ele.

- Hum... ok... – ela tentou se imparcial.

Foi então que, antes de ele voltar a atenção a maquina, ela percebeu que ele tinha o manual na mão.

- Você leu o manual? – perguntou ela surpresa se aproximando.

- Li. Porque?

- Talvez porque você odeie ler e imaginei que manuais de instrução não fugiriam a regra.

- Eu não odeio ler – as orelhas dele coravam – Eu apenas não gosto tanto quanto você.

Ele estava chateado pelo comentário. Ela não entendeu.

- Ok. Tudo bem – ela não ia discutir por uma tolice como aquela, ainda mais naquele momento – Você não quer ajuda ou que eu faça?

- Não – era perceptível uma leve irritação em sua voz – Eu faço.

- Porque Rony? – ela não entendia a persistência dele por algo tão banal.

Ele olhou pra ela. Ela percebeu sentimentos diversos naquele olhar.

- Eu quero aprender – respondeu ele –Entender como o seu mundo funciona. Fazer parte dele.

Hermione sentiu seu olhar vacilar no dele. Ele queria entender tudo sobre os trouxas não porque aquele mundo lhe interessasse realmente, mas sim por aquele ser o mundo dela. Ela voltou a olha-lo.

- Você faz parte do meu mundo Ron. Ele não seria o mesmo sem você. Eu não seria a mesma. Você não precisa aprender nada disso se não quiser.

- Mas eu quero. A cada coisa nova que aprendo é como se eu descobrisse algo que me faça estar mais perto de você, de te entender.

Hermione sorriu. Por mais que ela tivesse sentido vontade de esgana-lo muitas vezes, Ron tinha seus momentos de glória e aquele era um desses. Ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo rápido na bochecha dele. Depois se encaminhou para a mesa se sentando em uma cadeira.

Ronald estava feliz. A expectativa de como seria a partir daquele momento. Enquanto ela tomava banho ele se planejava. Teria que voltar a Londres logo, mas ele poderia ir visita-la as vezes e ela também podia aproveitar algumas folgas para visitar seu país de origem. Não dava para ter certeza de como tudo aconteceria, mas ele estava totalmente disposto a tentar.

Aquele simples beijo na bochecha o afetava mais do que os beijos melados e sufocantes de Lilá e ele sabia que seria sempre assim se ele fosse compara-la com outra. Ela venceria facilmente.

Finalmente a maquina começou a produzir o café. O liquido descia escorrendo lentamente para o bule de vidro perfumando o ambiente pelo seu aroma. Ele pegou duas xicaras e colocou sobre a mesa enquanto o café parava de escorrer.

Retirou o bule do seu encaixe e despejou um pouco de café para cada. Hermione olhava seus gestos avaliativamente, mas sorria. Um bom sinal. Ele se sentou em uma cadeira também e finalmente provou do café que acabara de fazer.

O café desceu quente pela garganta do ruivo e ele fez uma careta. Rony ficou vermelho e depois tossiu freneticamente. Hermione o olhava preocupada.

- Rony! Tudo bem?

Ele respirou fundo tentando se recompor e olhou para garota a sua frente lhe lançando um sorriso sem graça.

- O que acha de tomarmos café fora?

Hermione desatou a rir.

- Você tem certeza?

- Hunhum – ele também balançou a cabeça confirmando – Vou só tomar um banho rápido.

- Ok – ele já saia de sua vista.

Ela levou sua xicara a boca curiosa. O gosto do café estava horrível. Extremamente forte. Ela sorriu de novo. Caminhou até a cafeteira e confirmou seus pensamentos. Havia muita borra para a pouca quantidade que de café que ele produzira.

Ela permaneceu com o sorriso até Ronald voltar completamente vestido, fazendo-a se culpar por preferir a visão anterior dele sem camisa. Ela tentou esquecer as lembranças de tudo que havia acontecido no começo da manhã, mas era difícil. Era tudo bom demais para ser ignorado.

- Vamos? – perguntou ele.

- Claro!

Eles saíram e enquanto conversavam animadamente se dirigiam a doceria lilás onde Ron conhecera John. Ele afastou a má lembrança daquele dia e olhou para o logotipo do local. Ele leu, em grandes e trabalhadasletras brancas, sob a imagem de uma varinha e uma colher se cruzando, como armas num brasão: Fogão Encantado.

Ele lançou um olhar rápido a Hermione que entendeu a dúvida.

- É, os donos são bruxos, mas a culinária é trouxa.

Enquanto entravam Hermione continuava.

- Uma vez o senhor Benson me contou a história.

- Benson?

Eles se sentaram a uma mesa.

- É, o dono. Ele disse que quando era ainda um jovem estudante de Hogwarts ele conheceu a senhora Benson e além de se apaixonar por ela se apaixonou pelas comidas que ela fazia. Comidas trouxas, já que ela era meio-sangue e havia aprendido a cozinhar com a mãe trouxa.

Rony ouvia atento.

- Então depois que se formaram, elescasaram e se mudaram para cá. Criaram esta doceria, atraindo tanto trouxas quanto bruxos.

Quando perceberam uma mulher jovem e sorridente se postava ao lado deles esperando a narrativa de Hermione terminar.

- É, ele nunca resistiu aos meus encantos – a mulher disse mostrando o menu – do primeiro ao ultimo.

Os três riram.

- Olá Michelle! – saudou Mione – Estava apenas explicando a história do lugar para meu... amigo.

Ronald não gostou de ouvir Hermione chamando-o de amigo. Mas era só isso que eram. Mesmo depois de tudo que acontecera. E por apenas um motivo: ele não a pedira em namoro. Ele se sentiu estupido por não haver feito o pedido ainda.

- Fico feliz que tenha vindo hoje querida – disse a senhora Benson – Mamãe está na cozinha.

- Verdade? E desde quando ela chegou?

- Na verdade já faz algum tempo, mas ela ainda não havia vindo aqui na doceria. Segundo ela, estava muito ocupada conhecendo os pontos turísticos – a mulher terminou a fala revirando os olhos.

Hermione sorriu feliz.

- Então hoje iremos saborear da fonte?

- Exatamente! Por isso se me permitem, vou lhes servir um prato que acho que gostarão.

- É claro! – Hermione respondeu enquanto Ron continuava calado pensando em como pedir Hermione em namoro.

A mulher olhou para Ronald que ignorava a conversa em busca de uma resposta. Hermione rapidamente respondeu por ele:

- Ele com certeza vai aceitar. Ele é um imenso admirador da culinária de uma forma geral. Não é Ron?

Ronald voltou sua atenção à conversa quando Hermione fincou seu cotovelo esquerdo em suas costelas. Ele a fitou indignado e já ia perguntar o porque da violência quando percebeu o olhar sugestivo de Mione eo olhar curioso da mulher.

- Não é Ron? – Mione repetiu a pergunta

- Ahn...ah, sim, claro... – ele respondeu sem saber a que.

A mulher saiu rápida e sorridente para a cozinha.

- Onde você estava? – perguntou Mione irritada.

- Aqui oras!

- Serio? Não era o que parecia!

- Bem, na verdade. Eu pensava sobre algo...

Hermione lhe lançou um olhar curioso.

- ...sobre nosso ‘atual estado’ e ...

A morena já estava olhando-o fixa.

- ...acho que eu deveria te perguntar se...

- Mione! Ronald! Que bom vê-los! – John os olhava sorridente.

O casal estava surpreso, pois não haviam percebido a aproximação do outro. O loiro logo se postou no banco em frente a eles.

- Soube da sua missão vitoriosa. Parabéns! – ele falou enquanto estendia a mão a Ron para um aperto.

Ambos exerceram uma pressão maior que ado aperto trocado dias antes. John sorria, mas Ron percebia o desafio que John lhe lançava através do olhar. Ele lhe dizia que estava na disputa e que não iria ser fácil derruba-lo. Ron se preparava para lançar um olhar de revanche quando uma sensação estranha o envolveu.

- Eu te conheço de algum lugar?

- Daqui mesmo – o loiro respondeu tentando manter o sorriso, mas soltando a mão do aperto.

- Não – persistiu Ron – de outro lugar.

- Acho que não. Moro aqui há poucos anos. Antes disso vivia na Bulgária...

Ronald sentiu uma onda de choque passar por sua coluna ao ouvir o nome daquele país como a origem de mais um concorrente.

Bulgária dos infernos!,pensou.

- Então acredito ser impossível que o senhor tenha me visto antes daquele dia.

Ronald estava estupefato por John ter o chamado de senhor, numa postura clara de respeito e de crença na maturidade dele. Então forçou um sorriso, que não deixou de ser irreal e tentou manter um dialogo educado.

- Verdade. Deve ser minha cabeça me pregando peças. Ela não é das melhores, sabe? Mione sempre foi o cérebro do grupo.

Mione sorriu para Ron e em seguida para John, finalmente sendo incluída na conversa.

- Todos fizemos nossa parte – ela continuava a sorrir.

A alegria da morena era sincera. Ter Rony, o homem que amava, e John, aquele que a cada dia conquistava dela o titulo de amigo, conversando, sem problemas, era bom demais para o seu estado de espírito.

- Não tente minimizar seu talento Mione – falou John a elogiando sem reservas – Você fez o mesmo trabalho maravilhoso na reunião da semana passada.

Ron levantou uma das sobrancelhas demonstrando sua curiosidade.

- Ah! Você não sabe! – explicou o loiro rápido – Ela conseguiu convencer um bando de elfos cabeça dura a aceitarem as novas leis de servidão depois de apenas uma tarde de debates.

Ele lançou um olhar de admiração à garota antes de continuar.

- Eu levaria uma vida inteira e não conseguiria!

Olhou novamente para Ron.

- Ela nos salvou para a Conferência de Paz e Igualdade entre as Espécies, que acontecerá daqui a seis dias.

Ronald olhou orgulhoso para Mione. Tudo aquilo era típico dela. Ela persistia no que queria até conseguir.

- Parabéns! – ele disse a ela.

- Obrigada – ela respondeu corando.

Era perceptível que ela também estava orgulhosa de si mesma, mas não sabia como lidar com os ostensivos elogios de John e a parabenização de Ronald. O alivio invadiu seu rosto com a chegada de Michelle trazendo dois pratos. A imagem fez o estomago de Ron acordar.

- Rocambole de Chocolate recheado com Curd de Limão!–disse a mulher expondo as iguarias e depois olhando para o loiro - John! Não sabia que você estava aí querido, senão teria lhe trago um prato também! – falou a senhora Benson.

- Não se preocupe querida, apesar do cheiro maravilhoso, confesso que só vim mesmo pelo meu vício, meu copo matutino diário de cafeína.

- Claro! Pode deixar! – ela saiu em seguida, prestativa.

- Mas e então Weasley? – John voltou sua atenção ao casal a sua frente – Pretende ficar por muito tempo?

- Bem que gostaria! – Ron acreditou perceber na fala de John uma insinuação do desejo de vê-lo o mais longe possível – Mas preciso voltar a Londres logo. O treinamento e os estudos para entrar para a academia de aurores estão cada vez piores.

- Ah. Claro. A prova final acontecerá em menos de dois meses não é?

Mione estava surpresa. Não sabia nada sobre esta prova final.

- É, e não seráfácil – explicou Ron.

- Pensei que sendo quemé, você fosse ter sua vaga garantida!

Ron percebeu real surpresa na voz do loiro.

- Muitos pensam – falou Ron desanimado e depois concluiu dando de ombros – Mas ou Harry e eu mostramos serviço ou estamos fora. Nós mesmos pedimos por isso.

- Hum... interessante e ...muito honrado, creio eu.

- Obrigado – disse Ron.

John parecia realmente acreditar no que dizia, mas Ron não conseguia afastar a visão do loiro da área da sua mente intitulada: perigo. Talvez fosse por que ele, assim como o próprio Ron, ‘admirava a morena’.

Mas talvez não, pensou Ron.

- E você? Como veio parar aqui? – perguntou.

- É uma longa história – respondeu John.

- Tudo bem. Sou bom ouvinte.

Hermione se conteve para não rir diante da resposta de Ron.

- Ahn.. vou tentar ser breve – começou John – Minha família é originalmente inglesa, mas meus avós se mudaram para Bulgária pouco depois do seu casamento, ao que parece a lua de mel se tornou permanente.

O loiro sorriu da lembrança.

- Eles gostaram muito do país e apenas ficaram.

John já estava totalmente imerso nas recordações.

- Minha mãe nasceu lá alguns anos depois. Mas ela sempre foi curiosa sobre o país de meus avós, assim quando atingiu os onze ela se tornou uma das estudantes de Hogwarts, como vocês. Todas as férias ela voltava para visitar os pais e tudo parecia bem, até o sexto ano... quando ela não voltou.

Rony e Hermione o encararam preocupados. Sendo quem eram, desaparecimentos sempre lhes pareciam marcas de algo ruim. Mas John lhes lançou um sorriso tranquilizador.

 - Ela conhecera um rapaz e se apaixonara. Decidira que sua vida era na Inglaterra. Meu avô, que foi contra no princípio, finalmente aceitou após meu nascimento anos depois. Meu pai não era de uma família clássica como minha mãe, mas possuía alguns bens valiosos, o que o tornava aceitável. Eles eram jovens, mas se amavam muito.

John deu pausa, mas permaneceu concentrado em si mesmo.

- É uma bela história – disse Mione.

- Mas não é tudo.

Ele a fitou.

- Um dia, que poderia ser um dia qualquer, as coisas mudaram. Pessoas invadiram nossa casa e em menos de cinco minuto meus pais estavam mortos.

O ruivo e a morena arregalaram os olhos perante a informação.

- Fui o único sobrevivente. Acho que pensaram que eu era novo demais para morrer. Então no dia seguinte eu fui para a Bulgária morar com meu avô. Minha avó já havia ‘partido’ devido a uma gripe agravada pela idade. Ficamos apenas nós dois. Um senhor e uma criança de quatro anos apenas.

- Oh John – Mione estava horrorizada, John não dissera quem eram as pessoas, mas ela podia muito bem imaginar.

O tempo áureo dos Comensais e do Lorde das Trevas. Bruxos morrendo em todo o mundo por um motivo egoísta e louco.

- Tudo bem Mione – ele tocou a mão da garota – Eu era tão pequeno, não me recordo de nada e meu avô cuidou de mim como se fosse meu pai e minha mãe. Por isso quando ele se foi, anos atrás, resolvi vir para cá com um amigo. Nada mais de Inglaterra ou Bulgária. Meu futuro estava no novo mundo! Os Estados Unidos!

Apesar de John terminar a narração com um sorriso nos lábios, Ron se culpou por tê-lo feito começar. Era obvio a tristeza de John durante a narrativa. Principalmente ao falar dos pais.

- Me desculpe – pediu ele – se soubesse...

- Não se preocupe. Todos temos histórias tristes, não é?

Ronald pensou em si mesmo antes de responder.

- Verdade.


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Notas finais do capítulo

Oi gente! Estou um pouco mais louca que o normal hoje e sabem por quê? Porque eu terminei de escrever AA (abreviatura do título dessa fic, muito usada nos grupos HP e de escrita que frequento)!
Para que ainda não sabe, já posto essa fic há mais de um ano em outro site, o Floreios e Borrões, mas devido a diversos motivos só postei hoje seu capitulo final. Então para quem tiver perfil lá e quiser ler logo os últimos capítulos deixarei o link no Disclaimer dela aqui.
E fiquem agora com a certeza: Esta fic não ficará pela metade!
Beijos a todos!



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