Apenas Amor - Romione escrita por Anne Almeida
Ronald sentiu seu coração acelerado, era ridículo pensar assim, mas sentia-se em casa. A porta trancada e feita de madeira resistente ao invés de afasta-lo, lhe parecia convidativa.
- Alorromora – sussurrou ele girando a varinha e fazendo a porta emitir um clic ao se abrir.
Empurrou-a devagar, evitando ruídos e somente quando ela estava escancarada entrou. Tudo ali lhe era ao mesmo tempo familiar e estranhamente diferente.
A posição dos móveis. O relógio trouxa na parede movendo-se lentamente. A janela que revelava um céu escuro lá fora. Tudo lhe lembrava algo. Sua estadia de menos de uma semana ali havia sido longa o suficiente para lhe encher de memórias. Umas maravilhosas. Outras nem tanto.
Jogou a mochila surrada e suja no chão da sala e se encaminhou para o único quarto do lugar. Nervosismo e apreensão se uniram em seu interior. Quando chegou a porta deu uma leve batida com os nós dos dedos. Não recebeu nenhuma resposta, mas a porta se moveu alguns centímetros mostrando que estava apenas encostada.
O quarto estaria completamente escuro se não fosse uma janela igual a da sala que permitia que as luzes de fora entrassem e o clareassem parcialmente. Ele lançou um olhar atento a tudo. Era a primeira vez que entrava ali.
Havia um guarda roupa pequeno, uma escrivaninha atulhada de papéis e uma parede coberta com prateleiras cheias de livros, o que o fez sorrir.
Era com toda certeza o quarto de Mione. As cores, os enfeites, o excesso de livros. Tudo era uma prova. Mas como a buscava, ele olhou para a cama no centro.
Ela estava bagunçada acima do comum e em um dos lados havia um pequeno bolo de tecidos.
Rony se aproximou e olhou mais atentamente concluindo que não apenas tecido. Havia uma pessoa ali. Muito pequena e encolhida. Mas estava ali. Sua respiração era agitada. Hermione dormia.
- Mione? – chamou ele tocando-a de leve – Mione?
Ela se moveu e ressonou, o fazendo sorrir. Havia sentido muita falta dela.
- Mione? – repetiu, desta vez tocando um pouco mais forte.
Ela sentiu a pressão no ombro e abriu os olhos lentamente. Tudo que pode ver foi um par de olhos muito azuis lhe fitando com ternura. Não conseguiu evitar sua reação. Se ajoelhou na cama o puxando para um abraço apertado. Ele não se fez de rogado e passou os braços pela cintura fina a apertando também.
Depois de alguns segundos ele conseguiu falar:
- Senti sua falta – ainda a apertava.
- Eu também – confirmou ela, mas buscando se afastar.
Quando se desvencilhou dos grandes braços dele se sentou na cama e puxou o lençol sobre si para cobrir seu corpo que a blusa teimava em cobrir apenas parcialmente.
- Pensei que não fosse mais te ver aqui – confessou ela se sentindo culpada.
- Eu não desisti Hermione – ele a fitava intensamente – Apenas nos dei um tempo.
Ela balançou a cabeça em sinal de compreensão.
- Eu... eu sinto tanto... por...
- Não sinta Mione. VOCÊ estava certa.
Ela o olhou surpresa.
- Esse dias. Eu pensei, e pensei, e pensei. Você estava certa em tudo que disse. Eu sou o maior idiota da face da terra.
- Não Rony... eu apenas estava com raiva, chateada e com medo.
- Por minha culpa. Eu sempre falo ou faço as coisas erradas e nem percebo.
- Não, quer dizer, também, mas naquela noite eu fiquei daquele jeito porque você estava certo.
Ela o puxou pelo pulso fazendo-o se sentar na cama também.
- Eu preciso te contar algo.
Rony ergueu uma sobrancelha e ela continuou.
- Eu vim pra cá por tua causa.
- O que? – Rony estava aturdido – Como assim?
- Depois da batalha de Hogwarts e do nosso beijo, eu esperava que você viesse até mim, eu desejava descobrir que você sentia o mesmo que eu. Mas você não veio. Conclui que você precisava de tempo e eu te dei, mas os meses se passaram e você não fez nada.
Ela respirou fundo, mas não desviou o olhar.
- Eu pensei que você não gostasse de mim Rony, e, quando surgiu a proposta de vir pra cá, eu me agarrei a ela. Eu queria ficar longe de você e dos sentimentos que eu acreditava que você não tinha por mim. Eu simplesmente fugi.
Rony estava boquiaberto.
- Você estava certo. Vir pra cá foi uma atitude tola. Eu só estava fugindo. Fugindo de uma rejeição que nem existia.
Rony finalmente fechou a boca e a abriu para falar.
- Então se eu tivesse dito antes que te amava você não teria vindo?
Ela apenas balançou a cabeça confirmando.
- Me chama de idiota de novo? – pediu ele.
Hermione começou a rir.
- É sério! Pode chamar! A culpa como sempre é minha. Se eu tivesse sido esperto e te falado logo nós estaríamos bem longe daqui e de todas essas confusões. Eu te incentivei a vir!
- Não Rony. Eu decidi sozinha. A culpa é minha!
- Não. É minha!
- Não. Minha!
- É minha!
Eles pararam derrepente, se deram conta do que faziam e começaram a rir.
- Estamos realmente brigando para ganhar a culpa? – perguntou Mione ainda rindo.
- Acho que sim – ele também permanecia sorrindo.
- Nós não temos jeito.
- Acho que não.
Quando finalmente pararam de rir, Ronald se recordou de algo e perguntou:
- Mas porque você estava toda encolhida e também respirava rápido?
Hermione se surpreendeu com a pergunta.
- Ahn... bom... pesadelo – ela não conseguiu completar que ele estava nele, assim como um homem com cara de cobra.
Mesmo sem ela dizer ele soube do que se tratava.
- E então como foi seu dia de um ano depois? – perguntou.
- Monótono – respondeu ela sem entrar em detalhes – E o se... Peraí! Você não devia estar com a sua família hoje?
Também era um ano da morte de Fred. Os Weasleys deviam precisar dele.
- E eu estou – ele lhe deu um sorriso doce ao qual ela não teve resposta – E se você quiser... bom... eu posso dormir aqui... com você.
Ela sabia que devia dizer não. Mas ele lhe oferecia o que ela mais queria.
- Eu... quero sim, obrigada.
O sorriso de Ron foi de orelha a orelha.
- Vou trocar de roupa e já volto – disse ele indo para a sala, pegando a mochila e indo para o banheiro.
Quando voltou para o quarto, vestido com sua calça de moletom e a camiseta regata, que lhe serviam de pijama, ele estava vazio.
- Mione?
- Estou aqui – ela apareceu por trás dele puxando a blusa pra baixo, escondendo o máximo possível – Fui beber água.
Ela estava corada e correu para baixo dos lençóis. Ron foi em seguida.
Os dois ficaram com as costas coladas no colchão e olhando para o teto. Rony bufou alto e Hermione riu sabendo o que ele sentia. Vergonha.
Ele finalmente se decidiu e falou rápido.
- Com licença.
Mas rápido ainda se aproximou dela e a puxou para si. Ela se assustou com a atitude, mas se manteve assim que sentiu que ele a abraçava protetoramente.
Ela estava de costas para ele. Seu corpo pequeno se encaixava no dele perfeitamente e os braços longos dele estavam em torno de si. Ela sorriu. Se acostumaria a dormir assim com ele facilmente.
- Boa noite Mione – ouviu ele dizer em seu ouvido.
- Boa noite Ron – respondeu.
Depois de poucos minutos seus olhos já pesavam e ela o ouviu sussurrar.
- E a culpa é minha.
Ela sorriu – de novo - e depois se deixou levar pelo sono.
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