Apenas Amor - Romione escrita por Anne Almeida


Capítulo 1
A Decisão




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Ronald estava só em seu quintal, olhava para as moitas rechonchudas e altas - grandes o suficiente para esconder uma família completa de gnomos- e para as ervas daninhas que avançavam em muitos cantos.

As poucas arvores que haviam ali, estavam enormes, necessitando de poda e seus frutos permaneciam intactos sem que ninguém os tocasse. Ficavam ali até que finalmente não resistissem a força terrível da gravidade e caíssem, depois apodrecendo até se tornarem adubo para uma nova planta. Ciclo da vida, pensou ele e soltou um suspiro lento.

Um vento mais forte balançou seus cabelos que estavam maiores que o normal e ele olhou para o morro um pouco distante onde havia jogado quadribol durante sua infância e percebeu que ele já não possuía as marcas de pés ávidos por uma partida, as trilhas de areia na grama agora estavam cobertas de verde como todo o resto.

Aquele campo parecia um reflexo de como se sentia, só e abandonado. Ridículo, pensou. Afinal tinha sua família, o que incluía Harry. O que mais poderia desejar?

Ele tinha a melhor família que poderia ter, pois mesmo depois de todas as tragédias eles permaneceram unidos, na verdade mais do que nunca. Até mesmo Percy se tornara presença constante, evitando discursões mesmo quando discordava, o que acontecia quase sempre.

Rony havia se tornado guarda costas de Jorge, apoiando-o e distraindo-o. Buscando formas de evitar que seu irmão se deixasse morrer junto com Fred e acreditava que havia feito um grande trabalho para alguém que também se sentia quebrado, como um quebra cabeças sem uma peça.

Sua mãe, mais que todos,pranteara e lamentara a perca de seu filho tão jovem, ainda mais de forma tão trágica. E nessas horas ele se sentia orgulhoso dos pais que tinha e do amor deles. Sempre que Molly desabava, Arthur estava lá para ampara-la e mantê-la em pé, mesmo sofrendo tanto quanto ela.

Carlinhos e Gui, acompanhado de Fleur, visitavam sempre que podiam e com uns dias piores que outros o tempo passara, indiferente a tudo e todos. Ao sofrimento e a morte.

O tempo do sofrimento exagerado e dos choros altos e constantes passara, assim como o período em o que vazio parecia oprimir a todos.

O passar dos dias conseguira aplacar a dor e a transforma-la em doces e ternas lembranças daquele que partira e Rony agora sentia um vazio diferente, causado poroutraausência.

Ele sentia falta dela e de tudo que ela representava para ele, do seu mais doce sorriso a sua mais terrível cara de raiva, passando pelos olhares que faziam seu coração bater mais rápido e mais lento.

Ele soltou um novo suspiro pensando na passagem do tempo, em sua família ainda voltando ao ‘normal’ e principalmente nela. Estava tão distraído nesses pensamentos que não percebeu quando Harry se aproximou sorrindo verdadeiramente feliz.

Harry percebeu a expressão do amigo assim que ele se virou para encara-lo e o sorriso que Gina havia posto em seu rosto se fechou. Sentou-se ao lado do melhor amigo e também olhou para o morro.

- Está tudo bem?

- Não sei – Rony respondeu rápido e sincero.

Harry não forçou uma conversa, não sabia ao certo em que o amigo pensava, mas sentia que ele precisava de espaço.

Permaneceram ali, ambos calados fitando longe. Em compreensão mutua de que a vida jamais seria a mesma.

Depois de mais uns três suspiros longos Rony finalmente abriu a boca:

- Preciso ir atrás dela – exprimia uma necessidade que a cada dia aumentava.

- Concordo – Harry respondeu tranquilo.

Rony se virou surpreso para o amigo.

- Sabe sobre o que estou falando?

Harry confirmou com um gesto de cabeça. Ele o conhecia tão bem, que era provável que o conhecesse mais de que a si mesmo.

- Não consigo mais suportar esse vazio que ela deixou para trás...

Ele parecia querer continuar a explicação, mas sua voz sumiu revelando a Harry o quanto sofria.

- Você perdeu Fred, mas não vai perde-la – Harry falou extremamente seguro de suas palavras.

- Será mesmo Harry? Vivo agindo como idiota. Eu SOU um idiota!

Harry abriu um riso curto e Rony não pode evitar a lembrança de sua ultima conversa com ela, ou melhor, a última discursão.

...

- Você não pode ir! – ele dizia, sua voz muitos decibéis acima do nível adequado para um dialogo.

- É claro que posso! – as bochechas dela estavam coradas – A vida é minha e eu faço o que bem entender com ela!

- Porque você vai fazer isso Mione? – ele mostrava decepção – Você não precisa ir a outro país para...

- Não importa se preciso ou não! – ela o cortou – A única coisa que importa é que eu quero ir!

Ronald mal sabia que os principais motivos que a levavam a ir para longe dele eram ele mesmo e sua falta de atitude. Hermione esperara durante meses a fio que Rony finalmente conseguisse superar os horrores da Batalha de Hogwarts e a cada novo avanço nesse processo ela ansiava por uma aproximação e temia uma rejeição.

Depois do passar de quase dez meses- nos quais conseguira encontrar seus pais, traze-los de volta a Londres e iniciara um estagio no Ministério - ela chegou a sua conclusão: Rony não a queria.

Ela sabia que ainda havia momentos de dor e tristeza, mas também sabia que se ele realmente gostasse dela já teria dito, pois já havia passado da hora de dizer. Agora só lhe restava uma alternativa. Ir para os EUA, aceitando a proposta de emprego no Ministério Americano para ficar o mais distante possível dele.

Rony bufou, respirou fundo e pediu calmamente na esperança de que assim ela o ouvisse:

- Não vá Hermione.

Ela o olhou firme nos olhos em busca de respostas e palavras que não conseguiu ver. Pegou sua bolsa que estava sobre o sofá da sala de Molly e falou antes de sair:

- Adeus.

Tentou se despedir o mais rápido que pode da dona da casa que estava na cozinha e do resto da família que se encontrava sentada em uma mesa no jardim a espera do almoço.

- Hermione já vai – falou a Sr.ª Weasley atrás da morena ao chegarem até os outros.

- Ainda está cedo querida – falou o Sr. Weasley.

- Preciso ir – ela sorriu para aqueles que agora, de uma forma ou de outra, já eram sua família – Se demorar mais perderei meu voo.

Ela percebeu a curiosidade do Sr. Weasley inflar ao ouvi-la falar em voo, mas não deu tempo para que ele lhe perguntasse nada. Despediu-se com abraços e apertos de mão dependendo de a quem se dirigia e finalmente passou pela cerca dos Weasleys, onde poderia aparatar.

Rony observou tudo de dentro de casa, pela janela de seu quarto. Hermione se fora e ele não lhe dissera nada que a impedisse de ir.

Mas será que se lhe dissesse ‘aquilo’ mudaria algo?,pensou.

Não sabia se mudaria, mas o pensamento foi para a sua garganta e ele o sussurrou contra o vidro da janela:

- Eu te amo Hermione.

...

Rony voltou de suas recordações e olhou para Harry:

- Obrigado Harry.

- Pelo que? – Harry perguntou pensando não haver motivos para agradecimentos e lançando um sorriso cordial para Rony.

Rony correspondeu o sorriso, feliz por ter pessoas como ele em sua vida e respondeu:

- Por me compreender.


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