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Capítulo anterior:

Já era noite. Ele caminhou até a casa ao lado e parou na frente do gramado, adivinhou que era ali que os vizinhos novos agora moravam pois vários caixotes de mudança se encontravam ao lado da lata de lixo. A casa devia ter dois andares, como a dele, a pintura por fora era da cor Cardo, um pouco mais escura. As janelas do primeiro andar indicavam que as luzes estavam acesas. Sirius deu um suspiro confiante e murmurou:

– Vamos lá então.

Caminhou pelo gramado até a porta da casa e tocou a campainha.

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Melinda Moore e seu marido, David, estavam sentados abraçados no sofá assistindo TV quando a campainha tocou. David olhou para trás procurando a filha, que estava no balcão da cozinha preparando um sanduíche. Esta não teve reação alguma quando a campainha tocou, talvez porque estivesse com seus fones de ouvido ouvindo alguma música no volume máximo.

– Filha, você pode ir atender a porta? - falou alto para chamar a atenção da garota.

– Oi? - ela perguntou tirando os fones de ouvido.

– Pode ir atender a porta? - ele perguntou de novo.

– Ah, claro.

A campainha tocou novamente.

– Já vai! - a garota gritou.

Quando ela abriu a porta, seus olhos se focalizaram apenas em um par de olhos cinzentos.

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Seu olhar se prendeu naqueles olhos cinzas, ela não conseguiu mexer um músculo, poderia dizer-se o mesmo do rapaz, dono desses olhos, parado a sua frente. Era um garoto muito bonito que parecia ter a mesma idade que ela, 15, mas era um pouco mais alto. Tinha cabelos pretos bagunçados e não era tão branco quanto ela, a pele era um pouco mais bronzeada. Seu porte físico era admirável: mesmo estando com uma calça jeans e uma jaqueta de couro, dava para perceber que era dotado de músculos, não músculos exagerados como os de lutadores de boxe, mas músculos "normais", adequados ao seu tamanho.

– Sim? - ela perguntou saindo do transe.

– Er... Oi, eu sou Sirius Black... - ele começou a falar.

Assim que a porta se abriu, Sirius não conseguiu tirar seus olhos dos olhos da garota que atendera a porta. Eram olhos cinzas (não como os seus olhos) "chuvosos" que pendiam para um azul fraco. A garota tinha cílios pretos enormes e uma sobrancelha fina, um nariz pequeno e um pouco arrebitado e pequenas maçãs no rosto, a boca também era pequena e delicada, e destacava-se por conta de sua cor, um vermelho não muito chamativo, mas também não tão fraco. A pele era branca, não um branco amarelado e doente, era um branco realmente bonito, que combinava com seu rosto, realçando os olhos e a boca. Ela estava com os cabelos castanho mel presos em um coque mal feito e usava uma calça de abrigo, uma regata com um casaquinho e uma pantufa branca. A garota era um pouco mais baixa que Sirius e não tinha aquele "corpo perfeito de modelo" mas seu corpo era muito bonito e não era de se jogar fora, não mesmo, ela não era magra, nem gorda demais, parecia ter o pesado ideal para o seu tamanho.
– Sou seu novo vizinho... - ele continuou falando esperando a reação da garota quando soubesse que fora sua mãe que havia tratado mal sua família.

– Desculpe, ultimamente tenho muitos novos vizinhos... - ela deu um sorriso fraco.

– Ah, claro! - ele se tocou - Er...bem, minha mãe atendeu sua família, quando vocês foram lá ontem...

– Ah, você é que mora na casa ao lado? - ela apontou para a casa de Sirius.

– Sim.

– Fique sabendo que a sua mãe foi muito mal educada conosco ontem, nós fomos só dar boas-vindas e ela já veio com 5 pedras na mão! - respondeu a garota ficando irritada.

– Olha, só porque ela é minha mãe, não quer dizer que eu seja assim - ele se defendeu - Afinal, sou um ótimo par para sair, dar uma volta...

– Está se insinuando pra mim? - ela perguntou ainda irritada.

– Se insinuar, paquerar, entenda como quiser - ele respondeu galanteador.

– Quem é filha? - um grito feminino veio da sala.

– Ninguém, mãe! - a garota levou um susto com a voz da mãe - Olha, se você me dá licença, eu tenho mais coisas pra fazer - ela falou baixo para Sirius e depois fechou a porta na cara dele.

– Como assim, ninguém? - a mãe perguntou confusa.

– Era o carteiro, ele tinha se enganado de casa... - inventou uma desculpa e voltou para o balcão da cozinha para terminar o sanduíche, não esquecendo-se de recolocar os fones de ouvido para continuar ouvindo música no volume máximo.

Sirius continuou parado na frente da porta com cara de abobado. "Ela acabou de me dispensar?" se perguntou mentalmente e se virou e foi em direção a sua casa. "Ela só devia estar bancando a difícil" esse pensamento invadiu sua mente no caminho, poucas garotas que Sirius pegou bancaram "a difícil" com ele, poucas mesmo, normalmente trouxas que não sabiam de seu histórico, diferente das bruxas em Hogwarts. "Mas, tudo bem" ele pensou, porque elas sempre se rendiam no final.

Quando chegou em casa, seu pai, Orion e seu irmão, Régulo já haviam chegado.

– Sirius? Onde você estava? - perguntou o pai percebendo sua chegada.

– Fui dar uma volta - fez menção de subir as escadas, mas seu irmão o interrompeu:

– Mamãe disse que é para todos irmos jantar, agora - ele sempre a chamava de "mamãe" perto de Sirius.

– Ótimo, nada melhor do que um jantar em família - murmurou irônico e seguiu Régulo até a sala de jantar.

O jantar, como Sirius já sabia, tinha sido parado e entediante, ninguém trocou sequer uma palavra. Quando terminou de comer, Sirius se levantou e foi para o seu quarto, sem pedir licença. No caminho, ele parou no banheiro para escovar os dentes e realizar sua higiene pessoal. Após chegar no quarto, colocou seu pijama, e, antes que pudesse se deitar, uma coisa chamou sua atenção: ele conseguia ver um cômodo da casa ao lado, a janela do lugar era virada para a sua. A questão era que essa casa era onde, agora, os vizinhos novos moravam e esse cômodo estava com a luz ligada e havia uma pessoa ali dentro.

Sirius se apoiou na sua janela e ao perceber quem estava naquele cômodo murmurou com um sorriso:

– Ironia do destino, será?

Era a garota da pele branca com quem havia conversado a pouco tempo, aquele devia ser o seu quarto. Ela estava com os fones de ouvido e dançava enquanto guardava algumas coisas, ela nem percebeu que Sirius a olhava. Cerca de 3 minutos depois, cansada, ela tirou os fones de ouvido e se sentou em sua cama, tirou a pantufa e logo depois o casaco. Sirius continuava a observá-la quando esta tirou a blusa que estava por baixo, ficando apenas de calça de moletom e um sutiã preto. Ele não moveu um passo.

– Nossa - foi o que conseguiu dizer, e tarado como sempre, ao ver a garota sem a blusa e apenas com o sutiã teve vontade de pular a janela e ir até ela, mas claro que não o fez.

Esperando que ela tirasse a calça e ficasse só de sutiã e calcinha, Sirius continuou parado ali, mas repentinamente, como se tivesse acabado de se lembrar que deveria trocar de roupa com uma certa precaução, a garota levantou-se indo até a janela e fechou as cortinas, ainda sem perceber que Sirius a olhava. Este, que já estava ficando excitado, exclamou emburrado quando a garota fechou as cortinas:

– Sério?! Ah, que merda!

E sem nada mais para olhar, foi dormir.

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Seis dias tinham se passado desde aquela noite. E nesse tempo ele não teve sucesso em ter uma conversa civilizada com a garota da casa ao lado, que apesar de tudo, não dizia seu nome a ele. Ah, e depois de duas noites, a garota começou a fechar a cortina da janela antes de tirar toda sua roupa, para a infelicidade de Sirius.

O Natal já tinha passado e junto com ele, seus parentes que estavam hospedados na casa haviam ido embora. Sirius tinha agora uma semana e alguns dias antes das aulas recomeçarem (eram duas semanas para passar o Natal e depois o Ano Novo em casa) para infernizar sua mãe e, é claro, ficar com a, não tão nova, vizinha.