Naruto : Next Generation escrita por MarieClaire


Capítulo 5
Cap.5 O primeiro ramén de Mikoto


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é mais leve , sem muitas descobertas nem nada , mas mesmo assim é importante na relação do Minato com a Mikoto , já que eles mal se conhecem no momento .

P.s : Adorando os comentários ! "-"



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[M.U.]

 

Minato tinha 100% de certeza de que estava dentro do horário. As aulas já haviam terminado, e ele estava esperando pelas suas companhias por cerca de vinte minutos. Era um péssimo hábito seu ser tão pontual, pois sempre acabava de pé como um perfeito estúpido.

“Minato!” Akira de repente apareceu, esticando o braço para acenar. Recebeu um sorriso animado de seu primo. “Desculpa o atraso, a gente perdeu a hora.”

De trás do moreno surgiu a figura que não deixava a cabeça de Minato em paz. Mikoto parecia mais tímida do que da última vez, mais cedo nesse mesmo dia, quando o propôs uma caminhada de volta pra casa.

“Olá.” Ela disse, e até mesmo sua voz era encantadora para o Uzumaki. “Espero que não tenha ficado aqui muito tempo.”

“Acabei de chegar.” Minato afirmou, embora os três ali soubessem que se tratava de uma mentira. “E então, vamos?”

Por observações anteriores, Minato tinha duas certezas. Mikoto não morava na mesma direção que ele, de forma que caminhar para casa juntos seria algo inviável em uma situação comum. Portanto, a sua segunda certeza era da gravidade do assunto sobre o qual ela queria falar.

Mas, diferente do que imaginou, quando passaram perto da casa de Akira, o primo se despediu de ambos. Em sua cabeça achava que teria a companhia dos dois o tempo todo, uma vez que a dupla era inseparável.

“Eu fico por aqui. Cuida bem do meu primo, hein? Ele se perde fácil.”

Os três riem conforme Akira se afasta, Mikoto e Minato observando-o ir, e, quando estão finalmente a sós, o clima parece bem mais pesado e desconfortável. É a primeira vez que Minato se dá conta de que não tem intimidade alguma com aquela garota. Achou que seria sensato da sua parte iniciar uma conversa casual, mas Mikoto foi mais rápida que ele:

“Tenho que te pedir um favor.”

Ah, seus sentimentos precoces de repente murcharam, então é isso. Como filho do Hokage, Minato estava mais do que acostumado a receber pedidos e solicitações de todo tipo de gente. Amigos, vizinhos, amigos de amigos. Não era nada incomum. Ele fazia o possível para ajudar a todos, mas nem por isso se sentiria menos usado. Era como se sua existência estivesse eternamente fadada a viver sob as sombras do próprio pai, escondendo-se.

Sentiu-se um completo idiota. A desconhecida por quem estava tão interessado não passava de uma pessoa como qualquer outra, com segundas intenções.

“Pode falar.”

“Mais precisamente preciso de algo do seu pai.”

A expressão de Minato mudou ainda mais. Agora ele estava decepcionado de todas as formas, olhando para a beleza exótica daquela menina como se não passasse de uma máscara. “Não seria a primeira.” Não conteve a ironia.

Mikoto ergueu uma sobrancelha, provavelmente se dando conta do que passava na cabeça do outro. Sua boca abriu e fechou, meio em choque, e ela não pensou muito antes de dizer “Não, pelo amor dos deuses, não é isso! Não preciso de algo do seu pai porque ele é o Hokage, preciso de um favor de Naruto Uzumaki. É sobre a minha mãe, eu sei que eles eram amigos, e ela não voltou para casa ainda. A história é longa, o que importa é que preciso encontrá-la, e o passado deles me fez pensar que talvez seu pai soubesse algo sobre ela. Sobre onde ela pode estar.”

Dizer que Minato estava se sentindo mal seria um eufemismo. Uma culpa de tamanho imensurável consumiu sua consciência, e ele quis pedir desculpas simplesmente por ter pensado que ela poderia ser uma aproveitadora. Era muita arrogância da sua parte.

“Foi mal, não achei que... bom, eu achei que...”

“Achou que eu queria perdão pelo meu pai.” Ela disse, surpreendendo-o. Em momento algum essa hipótese havia cruzado os pensamentos do Uzumaki. No entanto, aparentemente isso era algo que assombrava os pensamentos dela o tempo todo. “Não tem problema.”

Ele quis dizer que não era bem assim, mas desistiu. Aquela ferida era muito profunda para que pudesse dizer qualquer coisa a respeito, muito menos agora, conhecendo-a tão superficialmente. “É claro que te ajudo. Pode vir comigo até a minha casa, e perguntar você mesma.”

“Não, isso não!”

Rápido demais. Ela tapou a boca, ciente da sua reação exagerada. “Quer dizer, não acho que seu pai vá gostar de me ver.”

“Ninguém vai fazer nada contra você na minha casa.” Minato assegurou. No fundo, aquilo queria dizer que ele a defenderia caso tentassem, embora ele tivesse certeza de que seus pais jamais fariam algo do tipo. “Mas se não quer ir, ok. Me espera na porta do prédio do Hokage. Falo com ele e volto para te contar o que descobri.”

“Por mim tá ótimo.”

Um brilho novo assumiu os olhos transparentes do Uzumaki.

“Maaaaas” cantarolou com diversão, atraindo a atenção dela “tudo tem um preço nesse mundo. Eu faço esse favor por você se pagar um ramén pra mim, e tem que ser hoje mesmo.”

“O filho do Hokage de Konoha é um interesseiro” Mikoto suspirou, fingindo estar cansada. “Nada me surpreende mais.”

Quando chegaram ao prédio, Minato deixou Mikoto aguardando por ele, subindo as escadas afobado e desajeitado. Chegou até mesmo a tropeçar em alguns dos degraus, mas felizmente ninguém além dele pôde ver a cena ridícula. Sua pressa era para reencontrar a menina Uchiha, e, se voltasse com uma resposta boa para ela, pelo visto sairia na vantagem.

Entrou no escritório do pai sem avisos, e para a sua sorte não havia ninguém além do Hokage na sala. Curvou-se ligeiramente, apenas para demonstrar respeito, e se aproximou da mesa do pai. “Peço permissão para falar.” Pediu, o tom formal e pouco afetuoso.

Naruto sorriu fraco. “O que foi? Precisa que eu assine uma advertência?”

Minato sacudiu a cabeça em negativa. “Quero saber se o senhor viu Sakura Haruno nos últimos dias, ou se pelo menos ouviu sobre o paradeiro dela.”

As sobrancelhas loiras de Naruto se franziram.

“Por que eu deveria? Algo aconteceu com ela?” Preocupação estampou seu rosto, e Minato sentiu uma pontada de ciúmes por sua mãe. Ele sabia bem do amor unilateral que um dia Naruto nutrira por aquela mulher, e, vendo-o agora tão exposto, algo coçou um nervo em sua testa. E se aquele sentimento ainda estivesse ali, enterrado pelos anos?

“Não. Então não a viu?”

“Não...” O Hokage estreitou os olhos para o filho, desconfiado. “De onde veio essa curiosidade?”

“É ultrassecreto.” Minato garantiu, fazendo o pai rir. “Ah, estou saindo. Acho que tenho um encontro hoje.”

O pai riu outra vez, surpreso com toda a situação. Não fazia nem ideia do que estava acontecendo, mas o filho parecia feliz, e isso era o bastante para si. Há tempos Minato não vinha procurá-lo, muito menos o tratava desse modo tão descontraído.

“Posso saber quem é a sortuda?”

“Ainda não.”

 

                                            [M.H.]

 

Mikoto estava tremendo em ansiedade. Vários pensamentos passavam pela sua cabeça, e ela se perguntava, acima de tudo, quanto custaria um ramén. Ela tinha certo dinheiro que pegara “emprestado” de Sasuke, mas, se o gastasse hoje, seria difícil explicar para o pai. Também rezava para que o Hokage lhe desse qualquer pista sobre sua mãe. Cada vez mais a falta dela doía e magoava, e Mikoto já não tinha mais certeza de nada. Se sua mãe a amava tanto quanto dizia, por que a abandonara com Sasuke?

Sentiu um toque no ombro, e de repente a nuvem tensa se dissipou. “Ele não a viu.” Minato disse. Mikoto olhou para a mão dele repousada em seu ombro, e, envergonhado, ele afastou o toque.

“Está tudo bem, já esperava por isso. Vou ter que recorrer para outro plano.”

“O ramén ainda está de pé, né?”

Mikoto concordou com a cabeça, e o sorriso que recebeu em troca a aqueceu de dentro para fora. Minato sabia ser bem espontâneo, o que não era normal no seu núcleo familiar. Conforme os dois andavam, Mikoto imaginou como teria sido o encontro de pai e filho. Com abraços, risos, muito afeto. Se perguntou se a sua família era a única com tantos problemas.

“Acho que vou querer um de porco. E você?”

Ela demorou a entender do que ele estava falando. E, mesmo quando entendeu, era apenas uma ideia do que poderia ser. “Na verdade, é um ótimo momento pra dizer que nunca comi isso.”

“É brincadeira, né?” Minato arregalou os olhos quando percebeu, pela expressão dela, que não. “Todo mundo já comeu ramén!”

“Bom, eu não sou todo mundo.” Ela fez um bico contrariado. “Vou desistir de ir se ficar me zoando desse jeito.”

O sorriso do Uzumaki foi quase felino para ela, e Mikoto acelerou o passo, deixando-o um pouco atrás.

“Mikoto” Ele a chamou alto “É pra lá.”

 

                                               ...

 

 

 

 

Quando entraram no tal Ichiraku, Minato já tinha aliviado o clima entre os dois com diversos assuntos aleatórios. Ele havia explicado sobre como aquele restaurante costumava ser uma tradição para o seu pai, e como o time 7 frequentava-o. Quando soube que sua mãe ia até aquele lugar, a sua vontade de ir só aumentou. Mikoto gostava de descobrir coisas sobre os pais, uma vez que os mesmos eram muito fechados. 

 

Ele entrou na frente, sentando num dos bancos, e ela o seguiu, sentando ao seu lado timidamente. Minato bateu no balcão entusiasticamente, chamando a atenção do dono do lugar. O homem era bastante idoso, e sorriu simpático ao ver o Uzumaki. "Minato, quanto tempo. Já faz uma semana?"

Mikoto estava impressionada. 

 

"Acho que três dias."

"Uma eternidade. O que vai querer? Três raméns completos de porco?"

"Não, só dois. Um deles é para ela, minha amiga."

O velho olhou para Mikoto, cumprimentando-a com um sorriso. "Não me lembro de já ter te visto."

"É porque não viu." Minato respondeu por ela. "Acredita que ela nunca experimentou ramén antes?!"

"Então acho que vou ter que caprichar." O velho riu. Mikoto sentiu as bochechas corarem. Por que seus pais não a pouparam desse tipo de humilhação social? Só o que precisavam ter feito era apresentar a vila para ela direito, qualquer lugar além do solitário e isolado território do clã Uchiha. 

Minato parecia estar pensando o mesmo que ela, pois logo em seguida perguntou "Como conhece tão pouco de Konoha? Tipo, você nunca comeu ramén, e também não conhecia ninguém da nossa idade." Ele devia saber que era uma pergunta delicada porque acrescentou "você não precisa responder se não quiser" quase que de imediato. 

Mikoto suspirou. "Não tem problema. Meu pai... bom, ele não é bem visto nesse lugar, como já está cansado de saber. Nunca fez questão de criar laços com ninguém, e minha mãe disse que ninguém nunca facilitou uma relação com ele. Ela diz que ele foi rejeitado quando retornou, pelo Hokage e pelo restante da vila."

O loiro engoliu em seco, sentindo-se meio culpado pelos atos de seu pai. Ainda que o errado da situação fosse Sasuke, de acordo com as histórias que todos conheciam.

"Só que não acho que minha mãe teria sido maltratada se tivesse convivido com todos. Acho que se isolou de propósito."

"Acha que ela guarda mágoa dos antigos amigos?" Minato sugeriu. "Por não terem aceitado o marido dela, sabe. Faria sentido."

"Na verdade, estou achando que o problema nunca foi ela. Talvez ela estivesse com medo de que eu me tornasse como meu pai. Como os outros do meu sobrenome."

Ela podia senti-lo observando-a pelo canto dos olhos com cautela, mas nem por isso se arrependeu de suas palavras duras. Era esse o seu veredicto, a única explicação pela qual sua mãe a abandonara sozinha com seu pai. Sakura devia ter medo dela, do que ela poderia se tornar. 

"Isso não pode ser verdade, Mikoto. Você... bom, eu não sei como é o seu pai, mas você não precisa ser igual a ele só porque é filha dele, sabe. Você pode ser o que quiser."

"Eu posso, mesmo? Você também pode ser o que quiser, sendo filho de quem é? Ou tem que ser bom, justo e determinado também?" 

Para isso, ele não tinha resposta. O silêncio entre eles foi quebrado quando os pratos chegaram, para alívio de ambos. "Dois ramén de porco." Ele os serviu rapidamente, logo deixando os dois sozinhos outra vez. 

Mikoto pegou os hashis um pouco desorientada, sem saber por onde começar. Ao menos os hashis ela sabia como usar, o que já era um ótimo começo. Ouviu a risada de Minato ao seu lado, e o rosto queimou de vergonha. "Isso não é engraçado."

 

"É, sim. É como comer macarrão, faz do jeito que preferir."

O restante da tarde transcorreu sem mais nenhuma tensão. Mikoto se divertiu ao ver Minato sujar a cara e o cabelo espetado de sopa, e ela mesma quase deixou o prato virar em cima de si. Conversaram sobre as aulas, os colegas, e ele contou um pouco sobre todo mundo. 

Quando terminaram de comer, ela pagou como havia prometido, e se despediram do dono do lugar. 

"Isso foi incrível." Minato comentou, espreguiçando-se. "Comer de graça é a melhor coisa do mundo. O que achou do ramén?"

"É gostoso demais." Ela riu. "Nem se compara à comida da minha mãe, sério. Parece comida dos deuses."

Ele sorriu satisfeito. "Que bom."

Os dois continuaram andando, e Mikoto se deu conta de que sua casa era na direção oposta. Agora teriam de se despedir finalmente. 

"Eu moro pra cá." Avisou, apontando para o caminho oposto do qual seguiam. "Acho que é hora de ir."

"Ah, sim. Nos vemos amanhã, né?"

Ele estava nervoso, ela pôde reparar. Trocava o peso de um pé para o outro, as pernas inquietas o denunciavam. 

"Sim, até amanhã."

 





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