Naruto : Next Generation escrita por MarieClaire


Capítulo 4
Cap.4 Descobrindo uma verdade dolorosa


Notas iniciais do capítulo

Eu disse no inicio da fic que usaria no minimo quatro capitulos para a infancia deles , mas é impossível escrever em só quatro ou cinco o que acontece . Vou levar mais alguns . Mas não se preocupem que eu tenho tudo armado e programado e tenho certeza de que vão gostar de como a história vai se desenvolver .



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[M.H.]

 

Quando Mikoto chegou em casa, já ao entardecer, encontrou Sasuke sentado ao último degrau da varanda. Os raios de sol de fim de tarde iluminavam seu rosto pálido, e ele parecia distraído, embora ela soubesse que a sua presença já havia sido notada. 

"Normalmente eu que estaria te esperando." O comentário dela foi descontraído, mas nem por isso o clima entre os dois se aliviou. Mikoto sentou ao lado dele, abraçando os próprios joelhos, e um silêncio repleto de perguntas os envolveu. Ela sabia que ele não responderia nem metade delas, então fez a única da qual seu pai não poderia fugir. 

 

 

"Ela não vai voltar mais?"

"Isso não depende de mim." Ele se esquivou. 

"É claro que depende. Se você quisesse ela de volta, ela voltaria. Mas você não quer, não é?"

Essa pergunta fazia parte do monte que ele não seria capaz de responder. Sasuke a observou pelo canto dos olhos, parecendo bem menos seu pai do que em dias normais. O modo como ele a estava olhando indicava que teria de medir suas próximas palavras, ou então teria apenas o silêncio de resposta. 

"Vocês ainda vão se ver." Sasuke afirmou. 

"Quando?"

O olhar, outra vez. Se errasse com ele de novo seria um desapontamento, e ela odiava se sentir assim. O pai depositava muitas expectativas em si, e Mikoto gostava de correspondê-las da melhor forma possível. Afinal, ela era toda a esperança de um futuro daquele clã. Algum dia, talvez, aquelas outras casas voltassem a ser habitadas. E então seu pai poderia ser feliz outra vez. 

"O que houve entre você e o Hokage?"

A pergunta pegou Sasuke de surpresa. O que o entregou foi ter virado o rosto na direção dela. Usualmente ele era impassível como uma rocha, e era difícil identificar qualquer tipo de sentimento em suas ações ou palavras. 

O primeiro acerto do dia havia sido esse. 

Então Sasuke Uchiha fez o que sua filha nem em sonhos poderia imaginar. Contou a sua história pela primeira vez, desde o inicio, falando sobre a morte de seus pais e a determinação do Hokage em trazê-lo de volta durante anos. Mikoto escutou tudo atentamente, surpresa com a frieza do pai mesmo tão jovem. Também se pegou admirada com as tentativas do Hokage e de sua mãe. Imaginou que os dois, em outra época, haviam sido próximos mesmo. 

"Quando retornei de verdade, ele entendeu."

"O que?"

"O ódio é um caminho sem volta. O poder também é."

"Isso não é verdade, otou-san. Você não é ruim..." 

Sasuke se levantou, e ela viu que a discussão não iria longe. Estava quase no fim definitivo. "Não seja infantil, Mikoto. Uma pessoa é mais do que ruim ou boa, a maioria das pessoas é as duas coisas, aliás. A questão é que a pessoa a quem a sua mãe e o Hokage queriam trazer de volta já não existia mais."

Mikoto olhou para ele, permanecendo estática onde estava. Ela queria mais do que tudo bombardeá-lo com todas as suas dúvidas, mas sabia que seria ineficaz. 

"Algum dia você amou a minha mãe?"

"Um dia, sim. No mesmo dia em que você nasceu."

Suas palavras ecoaram na mente de Mikoto, e ela se deu conta, pela primeira vez em sua vida, que a única pessoa que ocuparia espaço no peito do seu pai seria ela. Isso jamais mudaria. 

"A culpa foi sua dela ter ido embora!"

De repente a raiva não cabia mais em si. Ela estava furiosa com ele, furiosa com os dois. Sabia, porém, que gritar com ele e gritar com as paredes daria no mesmo. Por isso correu dali, correu como se sua vida dependesse disso. As árvores passavam como vultos verdes ao seu redor, e ela pôde sentir que não estava sendo seguida. 

Sasuke não viria atrás dela. Seu orgulho era maior do que seu amor pela própria filha. 

Não sabia ao certo para onde ir, e, quando finalmente cansou, já estava longe o bastante para chorar em paz. Recostou-se encolhida num tronco caído e velho, e ali deixou as lágrimas caírem. Soluçou, chorou mais um pouco, e quando a noite chegou a exaustão a tomou. 

Sonhou com um homem. Um que vestia um manto preto, e os olhos de sharingan. Ele a encarava e ela se aproximava dele, tentada a conhecê-lo. Magneticamente atraída pela semelhança. E quando está próxima o bastante vê ele sorrir vitorioso. É um sorriso pequeno e discreto, como os raros sorrisos do seu pai. 

 

 

"Não sabe o quanto tive de esperar por isso." Ele disse. Mikoto o olhou, hesitante em continuar a conversa. 

"Quem é você?" Perguntou. O desconhecido desfez o sorriso, e seguiu andando escuridão a dentro. Ela o seguiu, mesmo quando ele acelerou o passo, somente pelo instinto surreal do sonho. Teria começado a correr se o homem não houvesse parado, sessando a perseguição. 

"Você talvez ainda não queira todas essas coisas, mas a que você mais quer é a que posso te garantir. O conhecimento que essas pessoas estão te negando, o seu próprio passado. Eu posso te dar isso. Posso te dar poder, também."

 

"Como sabe sobre o meu passado?"

"Ele é o meu, também. Sei que está em suas costas o peso de restaurar esse clã. Eu posso te ajudar a fazer isso, mas só quando estiver pronta."

"E se eu não quiser a sua ajuda?"

"Vai querer."

 

Ele está prestes a dizer mais alguma coisa quando o sonho se desfaz, como uma imagem na água sendo distorcida. Seus olhos se abrem, e ela já não está mais na floresta escura. Seu corpo está deitado na cama, na sua cama, e ela sabe quem a trouxe de volta. Se pergunta se deve contar a ele sobre o sonho, e decide manter segredo. 

 

[M.U.]

 

Naquela manhã o café não estava tão animado quanto de costume na casa dos Uzumaki. O filho mais velho da família, Minato, estava calado, e por isso sua mãe o observava com tanta estranheza. 

"O que houve com você?"

"Só distraído. Meu pai não voltou hoje?"

A expressão de Hinata se tornou incomodada. "Não, hoje não."

"Você tem que falar com ele sobre isso."

"Eu falo, Minato."

"Não, okaa-san, você nunca fala. Você sempre defende ele, mas você mesma não aguenta mais essa situação. 

Ele sabia que havia cruzado certos limites, e também sabia que a mulher era doce demais para repreendê-lo por isso. A própria culpa o obrigou a se desculpar quase que imediatamente: 

"Não quis ser rude."

"Eu sei, filho."

 

 

"Vou indo."

Não aguardou uma resposta dela. Seguiu pelo caminho até a Academia com os pensamentos longe dali. Ele mesmo teria de enfrentar o seu pai a respeito da ausência dele. Se sentia pressionado pela omissão da mãe, mas não a culpava por isso. Era apenas o jeito dela. 

Mais a frente encontrou Asuma, e assoviou para chamar a sua atenção. O amigo se virou e sorriu, reduzindo os passos para que Minato o alcançasse. 

"Se não é o príncipe de Konoha."

"Minato me faz me sentir mais másculo."

"Então príncipe é perfeito pra você."

Os dois trocaram socos amigáveis, e Minato se sentiu menos tenso finalmente. Pensou em dividir a sua situação com Asuma, mas sabia que o amigo não conversaria com ele tão abertamente. Apenas fariam piadas, e a angústia de Minato não se dissiparia em nada. 

Asuma o cutucou no braço, parecendo alarmado. Apontava para uma menina à frente dos dois, com cabelos castanhos claros e compridos. 

"Olha isso."

Aquela era Asami, a menina mais desejada da classe dos dois. Aliás, de todos os meninos da idade deles. Ela já havia recebido declarações de quase todos eles. Quase. 

"Não me diz que vai tentar de novo." Minato já estava rindo, prevendo como a situação acabaria. Nada diferente das outras dez vezes anteriores. Asuma sabia ser insistente quando queria. 

"É claro que vou. Ela senta perto da gente, cara. Hoje vou fazer tantas piadas que ela não vai resistir. Ninguém resiste ao palhaço da turma."

"Achei que o estilo misterioso impressionasse as meninas um pouco mais."

"Achou errado. Isso é coisa do século passado."

Minato observou a menina. A saia dela era um pouco curta, o que só a fazia parecer ainda mais atraente. Tinha um belo par de pernas, compridas e pálidas, embora muito magras. Ela definitivamente não fazia o tipo dele, embora sua personalidade meiga fosse bastante agradável. 

"Por que não tenta só falar com ela? Dessa vez sem jogar indireta nem nada do tipo. Talvez ela goste de você naturalmente."

Embora o conselho fosse sério, Minato tinha certeza de que esse plano não funcionaria. Gostar de Asuma pelo que ele era seria quase impossível para uma menina. 

"Não é nada radical fazer isso. Qualquer idiota iria lá e diria oi, mas eu não. Vou fazê-la rir. Os caras engraçados estão em alta."

"Se você diz. Devia ler menos revistas femininas."

"Não são revistas, são folhetos de ajuda na conquista. Minha mãe distribui na floricultura, e eu só pego de vez em quando. São cheios de informações úteis."

"Tô vendo."

 

...

[M.H.]

Quando Mikoto se deu conta, já estava sendo empurrada pelas costas na direção de Minato. O grupo dele estava reunido, e ele estava bem no centro, de forma que foi impossível não atrair a atenção de todos eles. 

Asuma e Ryuji se entreolharam, e Mikoto não viu boas intenções ali. Eles estavam mais do que preparados para humilhar ela e Akira. Minato, por outro lado, quase sorriu ao vê-los. 

"Minato, precisava falar com você." Akira tomou a dianteira. "Assuntos de família de extrema importância."

"Nós somos família, Inuzuka." Asuma se meteu. O olhar que Mikoto direcionou a ele indicava que não havia empatia nenhuma ali. "O que é?"

"Nada, ué. Não gosta que olhem pra você?"

Asuma cruzou os braços, e Mikoto observou que toda a sua postura agora estava defensiva. Ele estava desconfortável com a presença dela, em primeiro lugar, mas mais desconfortável ainda com a sua atitude ousada. Por isso, ela decidiu tornar as coisas piores. 

"Preciso de convite pra falar com alguém daqui?"

"Se precisasse, pode ter certeza de que não estaria aqui."

"Asuma!" Akira pôs a mão no peito, fingindo estar machucado com o comentário alfinetante do outro. "Agora me pegou. Como posso fazer pra mudar isso? Quer uma massagem?"

"Que tal uma chance com a Asami?" Mikoto sugeriu, e deboche escorria do seu tom de voz. "Pelo visto tá difícil competir. Ofereceu um convite e ela negou?"

Akira não conteve o riso, e nem mesmo Ryuji ou Minato. Consequentemente, o orgulho ferido de Asuma o fez dar às costas e ir embora. 

"Ryuji, vai atrás dele." Minato pediu. O amigo concordou com a cabeça, seguindo Asuma para dentro do prédio onde teriam aulas mais tarde. "Conseguiram causar toda a confusão que queriam?"

"Não toda." Mikoto disse. Minato não pôde evitar rir outra vez, e os dois trocaram um olhar que, para Mikoto apenas, foi simpático. "Eu preciso falar com você."

 

 

 

 

 


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