Mikoto Uchiha atual:

[Minato]

"Deuses, mal posso acreditar. Estamos em casa, em casa mesmo!" Minato se sente tão feliz que mal pode se conter. Puxa o rosto de Asuma para si, dando-lhe um beijo na bochecha, e o amigo o afasta com um tapa. 

"Nem pense em me procurar, por três dias no mínimo. Vou estar em hibernação profunda e sem interrupções." O Yamanaka avisou logo, esticando os braços para se espreguiçar. 

Minato tinha se esquecido de como a brisa de Konoha era maravilhosa nessa época do ano. 

"Se conseguirmos um dia em paz já será muito." Rin comenta, e ela está certa. Até mesmo Konohamaru-sensei concorda. 

"Ás vezes me pergunto se fomos amaldiçoados desde o início. Estamos fadados a ter missões com mais regularidade do que os outros times."

"Bom, eu tô indo pra casa." Minato avisou, despedindo-se do seu time. "Também não me procurem tão cedo, a menos que seja para comer ramén, e mesmo assim só se vocês pagarem."

Asuma riu. "Sonha, Uzumaki."

Minato acena para Rin e vira às costas, já indo na direção da sua casa, quando sente uma mão se entrelaçar à sua. Ele já sabe de quem é, mas cora mesmo assim, vendo Rin sorrir abertamente para ele.

Os cabelos longos estavam presos numa trança, e o rosto descoberto ficava mais bonito. Ele pensou em dizer isso a ela, mas preferiu ocultar. Quanto mais próximo se deixasse ficar dela, mais iludida ela ficaria. 

"Posso ir com você? Só até a porta." Ela pediu, fazendo charme. Minato confirmou com a cabeça, coçando a nuca com a mão livre. Ela continuou segurando a sua mão, e o toque era até bem agradável. 

"Eu não cheguei a agradecer propriamente." Ela se justificou, embora Minato soubesse que esse era apenas o álibi dela para segui-lo mesmo ao fim da missão. "Obrigada por ter me salvado. Aquela hora quando... se jogou na minha frente para me proteger dos cacos... foi muito legal da sua parte."

Legal não era como Minato descreveria aquele ato, mas gostou dela ter agradecido mesmo assim. Lentamente e com cuidado, Minato solta a mão dela, temendo magoá-la com o gesto.

Os dois continuam andando juntos, e avistam Sakura e Sasuke conversando com Kakashi Hatake, o pai de Rin. Ela sai de perto de Minato pela primeira vez para cumprimentar o pai. 

"Otou-san!" Ela o abraça forte. Kakashi retribui o gesto, envolvendo-a. 

"Você demorou dessa vez, hein?"

Minato se aproximou um pouco depois, curioso com a proximidade de Sasuke e Sakura. Eles iam e vinham com frequência, e embora aquele não fosse o seu exemplo de casal, ao menos se gostavam de verdade. 

"Se não é Minato Uzumaki." Sakura o cumprimenta. "Cansado?"

"Cansado, sim." Minato sorri simpático.

"Está cada vez mais parecido com o seu avô." Kakashi comenta. "Chega a ser assustador. É como olhar para meu mestre..."

"Isso foi um elogio?" Minato tinha lá suas dúvidas. "A parte do assustador deixou a desejar."

"O que estão fazendo aqui?" Rin fez a pergunta que Minato não foi capaz de fazer antes. "É alguma reunião de velhos tempos?"

Foi Sasuke Uchiha quem a respondeu, se pronunciando pela primeira vez na conversa. "Não. Dois viajantes suspeitos foram vistos próximos de Konoha, e também ocorreram algumas mortes recentemente. Kakashi acha que os eventos podem estar interligados, e é bom que estejam aqui. Viram esses viajantes por ai?"

"Na verdade, não. Mas se quiser alguma ajuda, estou sempre disposto. Quer dizer, daqui a uns dois dias estarei."

Sakura riu, tocando o ombro do Uchiha. "Vamos deixá-lo em paz, sim? Acho que ele merece ir pra casa. Pode ir, Minato-kun."

"Eu os vejo depois."

Rin se despediu do pai, e Minato aguardou pacientemente pelo retorno dela. A posição ao seu lado estava sempre ocupada pela Hatake, e ele estaria mentindo se dissesse que não se sentia sufocado com isso. Aceitara os sentimentos dela, mas jamais prometera correspondê-los. 

[Mikoto]

"Itachi" Mikoto o chamou, sacudindo o corpo do outro. "Acorde, Itachi." 

Ele abriu os olhos lentamente, já irritado com ter sido acordado antes da hora. "O que foi?"

"Temos companhia." Mikoto o advertiu. 

"Quem?" O Uchiha de repente já estava desperto. Levantou-se e se pôs ao lado dela, aguardando pelas informações. 

"Ninjas de Konoha. Não acho que sejam ameaça, parecem estar investigando alguma coisa. Ainda não fomos percebidos, mas é questão de tempo."

"Então por que me acordou?" Ele quis saber. 

Já sabia a resposta, mas estava testando-a à todo tempo, certificando-se da eficiência dela. Mikoto tinha de saber um pouco de tudo, inclusive estratégias e outros detalhes sobre investigação e perseguição. Ela deveria ser uma arma, uma arma indestrutível. 

"Provavelmente estão aqui porque alguém testemunhou o crime contra o assistente principal de um dos senhores feudais do País do Fogo. Deve ter nos delatado, mas não viram o bastante para terem uma descrição completa. Só devem saber que estamos em dois. O outro corpo, do mercador, deve ter sido achado, mas como o homem era um ladrão duvido muito que alguém vá falar sobre nós. "Como não levamos dinheiro, devem estar pensando que as mortes foram encomendadas, ou que matamos por diversão."

Itachi concorda. "O que quer dizer que não devemos bater com a descrição deles, e devemos nos separar aqui."

"Sim. É daqui que sigo para Konoha." Ela conclui. "Imagino que possa fazer uma cena para ser levada de volta. Quanto a você..." 

Ela quer dizer muitas coisas, mas sabe que não pode ultrapassar o limite. Aquele limite entre serem mestre e aluna e a família um do outro, embora o conceito de família nem ao menos devesse ser compreendido por ela. Agora ela não precisava mais de família, nem nada parecido com isso. 

"Não se preocupe comigo." Itachi disse, entregando a ela a sacola com roupas e outras coisas. "Tem que bancar a menina perdida, entendeu? Quando chegar a hora te direi o que tem de fazer."

"Não haverá falhas." Ela garantiu. 

"Até porque, não te ensinei a falhar. Divirta-se, e tente ser discreta com a personalidade forte. Não podem saber sobre mim, entendeu? Jamais mencione meu nome. E Sasuke..."

"Sasuke é meu inimigo." Ela completa. 

Mikoto pôs a mochila atravessada no ombro, e seguiu até a estrada principal, na direção da Vila Oculta da Folha. Estava cada vez mais próxima de atingir o seu objetivo, e, se fosse sincera consigo mesma, admitira que aquela experiência seria a missão mais interessante até agora.