Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 7
A garotinha que desaprendeu a sorrir


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pelos capítulos gigantes, estou apenas repondo os dias que eu não posto. Enfim, espero que gostem.



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 Não há como descrever certamente nosso beijo, a emoção sentida. A partir do momento em que nossos lábios se tocaram, eu não pensei em mais nada, apenas pensei: “-Por que eu não fiz isso antes...?”. Retirei minhas mãos de sua cintura, e coloquei em seu pescoço, ainda nos beijando, ele colocou suas mãos em minha cintura. Ele me beijava carinhosamente, sem desespero, ou qualquer coisa do tipo, eu o retribuía fazendo carícias em sua nuca. Nossos lábios se encaixavam perfeitamente, como se fossem feitos um para o outro. Finalizamos o nosso beijo com um sorriso, ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha que estava caída sobre meus olhos e disse.

  -Eu acho que fomos planejados para ficarmos juntos o resto de nossas vidas. –Sebastian sorriu.

  -Espero que sim. –Eu o respondi sorrindo.

 Nos beijamos mais uma vez.

  -Por que você desistiu de me beijar daquela primeira vez, lá no acampamento? –Sebastian perguntou curioso.

  -Eu não sei, algo não queria que nos beijássemos, mas não que eu não queria... –Eu disse pensando no que eu havia acabado de falar. E caiu a ficha. Antonella não queria que eu beijasse Sebastian, estava na cara o tempo todo, como ela gosta de Sebastian, ela controlou minha mente quando íamos nos beijar. Ou seja, Antonella não queria que eu e Sebastian ficássemos juntos por que ela o ama. Aquilo era um impasse... Se eu assumisse algo sério com Sebastian, ela certamente me faria esquecer de tudo, e caso não assumíssemos, Antonella iria se aproximar de Sebastian cada vez mais. Fiquei pensando um pouco sobre aquilo.

  -Eu acho que isso tem a ver com Antonella... –Sebastian disse.

  -Tenho certeza disso. E está na cara que ela ama você.

  -Antonella? Me amar? Você bebeu e eu nem percebi... –Ele disse rindo, o que me fez rir também.

  -Sim, ela te ama. Ou é isso, ou ela não gosta de mim...

  -Para mim, Antonella sempre foi uma das pessoas que eu tive que tomar mais cuidado... Então acho que não seria diferente para você...

  -E para que Antonella não faça nada com a gente, é melhor ficarmos quietos sobre o beijo.

  -Mas ela vai desconfiar quando chegarmos ao acampamento juntos. –Sebastian disse.

  -Então, você me leva até a entrado do acampamento, mas não a deixe te ver, eu caminho mais um pouco, e enquanto eu distrair Antonella, você aparece por traz dela. E se ela te perguntar o que foi fazer, diga que estava brigando com algum integrante de outra liga. –Sugeri.

  -Olha! Além de bonitinha, é esperta! –Ele disse caçoando.

  -Seu bobo! –Dei um pequeno soco em seus ombros.

  -Mas estou vendo que precisa comer mais peixe pra ficar fortinha! –Como ele já estava zoando demais de mim, resolvi fazer o mesmo.

  -Quer dizer então que eu preciso ficar mais forte...? –Disse sorrindo com um olhar sacana.

  -Precisa sim! –Sebastian disse não percebendo que eu estava prestes a jogar um jato d’água em sua cara. E foi o que eu fiz, com pressão e perfeição o atingiu em cheio.

  -Não devia ter feito isso. –Sebastian disse sorrindo, e se levantando.

  -Por quê? O que você vai... –Fui interrompida sendo jogada do lugar que eu estava na água. Do fundo do lago azul, subi até a superfície, e fiquei apenas com meu pescoço para o lado de fora da água.

  -Você é mais forte do que eu imaginava... –Eu disse rindo.

  -Ainda não viu nada... –Ele disse piscando um de seus olhos.

  -Exibido.

 Sebastian pulou dentro do lago, o que espirrou muita água. O suportei com a água para não afundar. Ele chegou em minha frente e disse.

  -Minha sereia sem cauda. –Sorriu.

  -Meu lobo molhado. –Sorri.

 E nos beijamos mais uma vez. Eu não sabia direito o que eu estava sentindo por Sebastian, me fazia feliz, me dava todo o carinho possível, atencioso, me protegia, ainda não havia achado defeito nenhum nele. Seria possível, eu ter conhecido alguém sem defeitos? Mas achei melhor parar de procurar defeitos e começar a dar valor a suas qualidades.

  -Eu poderia ficar o dia inteiro te beijando, abraçada com você. –Eu disse interrompendo nosso beijo. –Mas nós temos que voltar para o acampamento com a comida.

  -Droga. Se não fosse por Antonella poderíamos ficar juntos o tempo que quiséssemos sem eu me preocupar em acordar e não saber que te amo.

  -Own, como é dramático esse meu lobinho. –Eu disse apertando suas bochechas. –Ok, chega de melação. –Sorri. –No mesmo esquema que hoje de manhã. –Eu disse indo até a beirada, e pegando uma madeira bem maior na qual havia pegado de manhã com a ponta de espeto. Já deixei na areia, onde Sebastian iria coloca-los.

 Do mesmo jeito que eu havia feito, me sentei no mesmo lugar, e comecei a cantar. Sebastian, como de manhã, pegava aproximadamente quatro peixes a cada vez e os colocava na areia. No final disso tudo, pegamos dezesseis. Matei todos, e os finquei na madeira. Sebastian se transformou em lobo, subi em cima dele, ajeitei o finco, e fomos.

 Sentindo que Sebastian havia diminuído a velocidade, levantei minha cabeça, e desci dele. Enquanto eu ia caminhando, Sebastian corria para o outro lado do acampamento. Cheguei no acampamento, com os peixes, Wrath não estava lá, e  Antonella disse.

  -Aonde estava que demorou tanto?

  -Wrath me deixou sozinha no lago, e como eu sabia que demoraria até chegar, resolvi pegar os peixes. E vejo que cheguei na hora certa do almoço.

  -Trouxe quantos peixes? –Adella chegou perguntando.

  -Dezesseis.

  -Fez bem. –Wow, Adella realmente não foi criada a bons modos.

  -Sebastian sumiu também... –Antonella disse desconfiada.

  -É? Não viu para onde ele foi? –Perguntei tentando não pensar para onde ele realmente foi, porque como Antonella é ligada aos poderes de pensamentos, consequentemente ela tentaria ler o meu.

  -Não. E você e o Wrath? –Disse mudando de assunto.

  -Posso até não conhecer ele bem, mas pelo o que eu passei com ele, Wrath é um idiota. –Eu disse tentando fingir que não sabia que Antonella havia nos controlado.

  -Mas o que ele te... –Antonella foi interrompida por Sebastian que estava chegando ao acampamento em forma de lobo e logo se transformou em humano.

  -Aonde estava Sebastian? –Antonella perguntou.

  -Fiora veio caçar encrenca. E eu dei a encrenca. –Sebastian disse sério.

  -Ela não se cansa! O que essa vadia sugadora de sangue quer aqui!? –Antonella disse enfurecida.

  -Não sei. Apenas a fiz sentir o quanto ruim pode ser a dor de uma encrenca. –Ele disse tentando fazer uma “piada”. E eu tive que dar uma risada de deboche por ter sido tão ruim.

  -Do que está rindo? –Antonella questionou séria.

  -Sim! Do que está rindo? –Sebastian concordou com o questionamento.

  -A “piada”... –Mexi dois dedos de cada mão, para parecer ao contrário. –Foi péssima.

  -Sim. Sempre é. Sebastian não sabe contar piadas. –Adella disse sentada olhando seu relógio. O que me fez gargalhar.

  -Hey! Não é assim Adella! Eu sei sim. –Sebastian disse indignado.

  -Sabe? Então conte. –Adella o desafiou, agora o olhando. E eu, ainda segurava a madeira com os peixes.

  -Demetra e Tate iam sair, até que Ághata resolveu sair com eles, o casal está... –Sebastian disse sorrindo para que nós completássemos.

  -Espere, deixe-me pensar. –Adella disse e logo respondeu. –Desisto você venceu. –O que me fez rir, porque nem pensar ela pensou. E Adella ainda continha sua expressão séria.

  -Concordo com Adella. Estavam o quê? –Perguntei.

  -AKoppanhados. –Sebastian respondeu.

 Silêncio total no acampamento, apenas os pássaros cantavam.

  -Selene, por favor, me empresta esse peixe. –Adella pediu, e eu a dei.

 Adella foi até Sebastian, pegou o peixe pela sua barbatana e deu um tapa com o mesmo em sua barriga.

  -Ai! Por que você fez isso?! –Sebastian questionou.

  -Sua piada foi tão ruim, que mereceu isso, e ainda acho que não é o suficiente... –Adella o respondeu.

  -Realmente Sebastian, foi terrível. –Antonella disse.

  -Esperem, deixa eu ver se entendi, Demetra, Tate, e Ághata, são alguns dos integrantes da liga Koppa? –Raciocinei.

  -Sim.

 Fui até Adella, peguei o peixe de sua mão, e bati, de novo em sua barriga.

  -Ai, ai Selene! Por quê? –Perguntou Sebastian.

  -Sua piada foi tão podre, quanto o cheiro desse peixe. –Respondi.

 Antonella deu uma risada. A barriga de Sebastian estava toda avermelhada.

  -E ai vocês podem concluir que lobos não sabem contar piadas. –Adella finalizou. O que fez todos rirem, menos Sebastian e ela mesma.

  -Nunca que você irá rir de minhas piadas Adella, não são do seu nível de compreensão. –Sebastian tentou se gabar.

  -Sim, não são. Estou em um nível mais alto. –Adella o respondeu o que me fez gargalhar. Sebastian apenas a olhou querendo estar atacando ela.

 Apesar de Adella não rir, ela consegue ser bem sarcástica. Antonella, enquanto nós discutíamos sobre a piada de Sebastian, já havia arrumado aonde iríamos tostar o peixe.

  -Selene, vai ficar o dia todo com essa roupa? –Antonella perguntou.

  -Bom, não... –Fui interrompida.

  -Fique com ela. Irei te treinar hoje á tarde. –Adella disse.

  -Ok. –E fui arrumar os peixes. –Vou começar a fazer.

 Do mesmo jeito que fiz de manhã, fiz ali. Coloquei os peixes em cima da fogueira que estavam apoiados, e como Antonella já havia acendido a fogueira, só tomei conta para que eles não ficassem tostados demais. Depois de pronto, esperamos esfriar um pouco, e cada um repetiu quantas vezes quiseram. Não sobrou nenhum. Todos estavam fartos. Descansamos um pouco, e Adella me chamou.

  -Selene, vamos?

  -Sim, mas aonde vamos? –Perguntei.

  -Apenas pense na resposta que eu irei te fazer, e deduza. Aonde você nasceu? –Adella disse. E claro, ela me levaria no mar. – A propósito, como o mar ele muito longe daqui, dá para nos levar até lá? –Adella perguntou a Sebastian.

  -Não mereciam... Mas levo. –Sebastian cedeu. –Tem como aguentar as pontas ai Antonella, enquanto estamos treinando Selene?

  -Tudo bem. –Antonella disse.

 Sebastian retornou a forma de lobo, subimos nele, eu na frente, Adella atrás. E começou a correr, e como sempre, eu abaixei a cabeça e não vi nada. Apenas escuta Adella gritando com Sebastian.

  “-Corre mais devagar, idiota!” –E eu apenas ria. Quanto mais ela reclamava, mais Sebastian a irritava. Pareciam ser irmãos.

 Depois de bastante tempo escutando Adella e seus lindos elogios a Sebastian em relação à velocidade, nós havíamos chegado. Desci, e fui correndo para a beira do mar. Era como se eu estivesse em casa, mas não totalmente. Mas aquilo já bastava.

  -Está pronta? –Sebastian perguntou.

  -Sempre estou. –Eu disse e sorri.

  -Sebastian, fica sentadinho ali enquanto eu treino a Selene. –Adella mandou.

  -Mas eu quero ver o treinamento. –Ele fez “beicinho”.

  -Que cara de cachorro abandonado na chuva. –Adella disse, como sempre, séria. Mas sempre me fazia rir o sarcasmo dela.

  -Tadinho, deixa ele ver. –Eu disse.

  -Ok. –Adella disse.

 Sebastian se sentou na pedra que havia perto do mar, e ficou me olhando.

  -Bom, primeiramente, mostre seu dom natural.

 Entre um pouco mais para dentro do mar, e comecei a fazer malabarismo com a água.

  -Selene, estamos treinando para uma guerra. Quando chegar no dia da Lua Púrpura vai entreter os inimigos com suas acrobacias? –Adella disse, e eu fiquei meio que ofendida. Olhei para Sebastian, e ele mexeu a boca dizendo: “Boa sorte!”.

 Então, parei de fazer o malabarismo com a água, e comecei o treinamento. Joguei uma certa quantidade de água para cima, e gesticulei com a mão, como se fosse dando socos na água, e a mesma, ia parar longe. Logo depois, fiz uma barreira de água em volta de mim. Em seguida, e para finalizar, eu controlei a água, para me fazer flutuar no ar. Os olhos de Sebastian brilhavam e ele sorria, já Adella, seus olhos também brilhavam, mas sua expressão continuava a de sempre.

  -Ok, agora me mostre seus poderes. –Adella pediu.

  -Tudo bem. O primeiro que eu vou começar, é a Tsunami. Obviamente, devasta tudo e todos. –Eu disse. Sebastian até se assentou direito para ver como era e Adella estava em pé na minha frente.

 Me virei ao lado oposto da areia para não atingi-los, tomei distância, respirei fundo, e convoquei toda a minha força para o poder sair devastador, logo depois de ter convocado, fiz um gesto com a mão para a direção que a Tsunami iria, e pronto. Uma onda gigante se formou e foi em direção ao Leste. Sebastian estava com sua boca aberta, literalmente, acho que ele não sabia o meu potencial.

  -Você tem a cara mais inocente, mas é imensamente perigosa quando se trata de água. –Adella disse. –Próximo poder.

  -Bom, obrigada, se isso foi um elogio. –Eu disse. –Agora esse é o Redemoinho Aquático, ao contrário dos redemoinhos normais, eu convoco ele por cima do mar, o que devasta qualquer coisa que estiver ao alcance dele. Eu ainda não tenho total controle de sua direção.

 Como este poder eu não tinha total controle para onde ele ia, me distanciei bem da beira da praia, a água batia em minha cintura, então peguei um pouco de água com minhas mãos, e dei um pequeno assopro. O que fez lançar o Redemoinho. Com sorte, ele não foi para a beira da praia. Então voltei aonde eu estava.

  -Temos que treinar isso. –Adella disse. –Próximo poder...

  -Ok. Chama Zona de Cura, se uma pessoa ferida chegar até os limites dessa zona, ela se cura completamente. Se quiser ver, alguém precisa se ferir.

  -Sebastian... –Adella o convocou espontaneamente.

  -Sempre eu que me ferro... Só vou fazer isso pra mostrar que sou macho. –Ele disse indignado se levantando e procurando algo pontudo. Viu uma parte pontuda na pedra que estava sentando, e raspou seu braço, o que me deu agonia, porque estava saindo muito sangue. Sebastian olhou para a quantidade de sangue que estava escorrendo, e se tocou que era muito, e veio correndo até mim gritando.

  “-Selene! Selene! Socorro Selene!” E com o mesmo sarcasmo, Adella disse.

  -Temos uma fêmea aqui. –O que me fez rir.

 Adella se aproximou da água para ver o processo de cura. Sebastian assentou na água perto de onde eu estava (no raso), e eu lancei a zona com a mão, e tudo foi curado.

  -Muito obrigado. –Sebastian disse menos desesperado voltando para onde ele estava sentado. Até que eu o chamei de novo, e ele foi até mim.

  -Este é o meu quarto poder, tenho cinco, mas o quinto era somente enquanto eu tinha barbatana, que me fazia nadar mais rápido. Enfim, esse aqui é o Canto da Morte. –Sebastian me interrompeu.

  -Canto da Morte? Por que você me chamou aqui?

  -Será minha cobaia.

  -E se eu não quiser? –Sebastian indignou-se.

  -Cala a boca e faz o que ela mandar. –Adella mandou. E ele a olhou como se estivesse esganando na mente.

  -Voltando... –Dei continuidade. –Preciso que você fique ali. –Apontei para onde Sebastian deveria ir (não muito longe). –E você, Adella, fique o mais distante possível, tipo lá. –Apontei. –Então, eu irei cantar, e Sebastian mesmo sem querer, será atraído por mim. –Até que ele me interrompeu e disse baixo.

  -Eu não preciso disso, já estou atraído. –Eu apenas ri, e continuei falando.

  -Então, ele poderá morrer afogado se eu não parar de cantar. –Finalizei.

 Sebastian e Adella foram para seus devidos lugares que eu mandei. Aonde eu estava, a água batia pouco a baixo de meus peitos; aonde Sebastian estava batia em sua cintura; e aonde Adella estava, batia até em suas tornozelos. Me preparei e comecei a cantar uma melodia, na hora fez efeito, Sebastian já estava meio que inconsciente do que estava fazendo, apenas ia para o fundo, até onde eu estava, então eu parei de cantar, e ele retornou ao consciente.

  -Ok, eu não faço ideia de como eu vim parar aqui. –Sebastian disse em minha frente.

  -Bom, é isso o que eu faço. –Terminei, indo de volta para o raso junto com Sebastian.

  -Você é poderosa, e perigosa, mas precisa de treino, e vamos começar agora. –Adella disse.

  -Bom, eu vou ver vocês lá da pedra. –Sebastian disse indo se sentar.

  -Ok, preciso de você concentrada. –Adella disse.

  -Estou.

 E a partir dai começamos o treinamento. Ficamos horas repetindo o mesmo poder, mas me ajudou bastante, eu estava mais confiante e segura sobre meus poderes, estavam quase controlados, mas ainda faltava mais treino. Sebastian, pegou no sono enquanto treinávamos. Já ao pôr do sol, sentei na areia para descansar e Adella se sentou comigo.

  -Obrigada por me treinar. –Agradeci.

  -Minha obrigação. –Ela disse séria.

  -Se eu não for muito intrometida, por que você nunca sorri? –Perguntei meio sem jeito.

  -Se é para explicar isso, contarei minha história. –Disse. –Bom, eu tinha cinco anos quando tudo aconteceu, e me lembro perfeitamente do dia que arruinou a minha vida. Um dia comum, sol, poucas nuvens, céu azul, a nossa vila estava normal, pessoas trabalhando, conversando, tendo seu dia como todos os outros de seu cotidiano, a vila era no meio da floresta, havia árvores, flores, casas simples.  Meu pai trabalhava, minha mãe cuidava da casa, e eu ficava brincando com meus amigos, no final da tarde, pensei ter escutado gritos, e sim, eram gritos. A nossa vila estava sendo atacada por algum motivo desconhecido. Os vândalos colocavam fogo em todas as casas, nas flores, em tudo, percebendo que estávamos em área de perigo, minha mãe pediu para que eu corresse para longe, e que iríamos nos encontrar logo depois, mas não, fiquei a esperando em cima de uma árvore, de onde dava para ver tudo, a árvore era gigante, não havia como derrubá-la, e eu já havia escalado ela uma vez. Até que lá de cima, vi alguns homem carregando minha mãe, eu não podia fazer nada, fiquei desesperada. Apenas fiquei observando o que estavam fazendo com ela. E no final de tudo, vi ela sendo morta. Meu pai, foi morto em seu trabalho, queimaram o lugar que ele trabalhava. Alguns conseguiram fugir de tudo mas nunca vamos nos encontrar novamente. E o motivo do meu sorriso, minha alegria, eram meus amigos, e minha família, ambos mortos e presenciados por mim. –Adella finalizou. Aquilo me deixou chocada. Fiquei aterrorizada com a pequena historia de Adella, aquilo tudo não é para ser visto por crianças, e nem por ninguém. Deve ter sido horrível. Eu não sabia o que falar. E ela disse. –Eu desperdiço meu ódio matando os outros na Lua Púrpura.

  -Isso deve ser difícil pra você. –Eu disse.

  -Isso o que? Matar ou ver tudo o que eu tinha se transformando em cinzas? –Adella perguntou.

  -Ver seus pais sendo mortos...

  -Sim, foi. Mas eles ainda serão honrados por mim na Guerra deste ano. –Adella finalizou com sua mesma expressão, séria.


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Notas finais do capítulo

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