Depois de alguns passos, chegamos no tal lugar em que Shiva havia sugerido. De início, não havia nada, nenhum cavalo, só árvores rodeando o local. Algo quente foi me possuindo, acho que era raiva, comecei a ficar furiosa pelo fato de Shiva nos fazer de bobos e andarmos aquela quantidade de caminho. Nos ter deixado fatigados, minha vontade, na hora, era de apunhalar Shiva. Mas quando ia cometer o ato, ela me interrompeu.

-Wrath ou Selene, parem! Algum de vocês estão com uma energia negativa. Os cavalos daqui não aparecem para pessoas que estão com este tipo de energia, são sensíveis, e por isso, conseguem sentir. –Disse me fazendo entender e desfazer a raiva.

Logo depois de eu ter me acalmado, eu vi algo se mexendo atrás de duas árvores que estavam juntas. Consequentemente, é o cavalo... Pensei. O tal saiu de traz da mesma, e me assustei fortemente com o que eu estava vendo ali. Não era um cavalo normal como muitos descrevem, ele possuía asas. Sim, Spott tinha asas, mas ele não era um apenas um cavalo, e sim o hipogrifo que era a mistura de vários animais, o que explicava tal estranheza. Resolvi expor o que eu estava pensando.

-Espera, sério mesmo que esses cavalos têm asas? –Questionei com meus olhos arregalados.

-Sim. São Pégasos. Seres que habitam este lugar a muito tempo, Warrah, como chamo a minha mãe. –Logo pensei que Shiva se referia à mãe natureza, como Adella, mas com outro nome. –Ela criou este ser abençoado para oferecer facilidade de fugas e para embelecer o mundo tentando esconder a fraude que alguns humanos e seres são. Pensou que com este ser, pégasos, faria o mundo melhor. Jogou-lhe um poder que o permite que cure todo o mau que há nas pessoas, e se algo de má energia se aproximar destes seres, eles não se revelam. Mas Hugo, inimigo de Warrah, conseguiu , nunca ninguém soube, transformar dois destes seres em más influencias, e sim, era um macho e uma fêmea, eles procriaram e espalharam o mau nestes seres. Mas sobrou alguns de boa influência, e estes, são. –Finalizou.

-Incrível. –Eu disse fissurada em um dos pégasos, ele me olhava tão forte e fissurado, que me prendeu a atenção.

-E são fáceis de domar? –Wrath perguntou.

-Não. –Shiva respondeu.

-E como faremos? –Questionou novamente.

-Teremos de tentar estabelecer uma conexão forte e mostrar para o pégaso que ele é o dominado e você o dominador. –Esclareceu. –Tentem entender como se faz, vou demonstrar.

Shiva pegou uma corda e foi em direção à um pégaso, com passos lentos e leves, sem mostrar movimentos bruscos e sem demonstrar medo. Olhou fixamente nos olhos do cavalo a uma pequena distancia dele, respirou fundo, levantou a mão em que a corda não estava, e levemente a pôs no centro do rosto do pégaso. Parecia que falava algo para ele na mente e ele, entendia. Era como se ela estive o conectando. Sem tirar seus olhos dos dele, e ele dos dela, foi levantando levemente a mão que se encontrava a corda e laçou bem devagar no pescoço do pégaso, e ele, não fez absolutamente nada. Parecia que Shiva havia passado a confiança dele no seu pescoço, mostrando que ela é o dominador e ele, o dominado. Logo após isso, o pégaso recuou, e se curvou diante Shiva mostrando que sim, ele foi dominado. Tudo era lindo, o ritual todo era perfeito, queria que acontecesse o mesmo comigo, mas eu duvidava, pois o meu jeito de ser me atrapalhava, desajeitada, resumindo.

Aonde Shiva andava o pégaso a seguia, como se ele fosse ser seu servo para o resto da vida. Foi a vez de Wrath, ele largou seu arco encostado na árvore junto com sua mochila cheia de flechas, e pegou uma das cordas. Ele me parecia muito confiante ao caminhar em direção à um cavalo. Fez exatamente o que Shiva havia feito, e, o pégaso escolhido se curvou diante doe Wrath. Ele sorriu para o cavalo e foi se posicionar ao lado de Shiva, e o cavalo o seguiu.

Chegou a minha vez.

-Quando for fazer contato, diga tudo sobre você, e principalmente diga que é do bem. –Shiva aconselhou, e eu assenti com a cabeça.

Peguei uma corda que estava perto do pégaso de Wrath, e fui calmamente até o cavalo que me prendeu a atenção. Ele se afastou de mim, o que me fez afastar como ele.

-Selene, você está lidando com o líder do grupo, ele é extremamente difícil de domá-lo. Se preferir, escolha outro. –Shiva disse, e eu apenas escutei não retirei meus olhos do dele e nem ele dos meus.

-Não, é ele que eu quero. –Falei com bravura.

Caminhei novamente até ele, o olhei profundamente, parecia que estávamos ligados, mesmo sendo antes do ritual, eu já sabia que era ele. Respirei fundo, ainda o olhando, levantei minha mão que estava sem a corda lentamente até no meio de seu rosto, e, ao tocar, um forte arrepio se apossou de mim, do primeiro fio de cabelo até a ponta de meus pés, fiquei arrepiada. Era uma energia de tamanha grandeza. Eu sentia que éramos do mesmo sangue, da mesma eletricidade, da mesma origem, parecia até, do mesmo berço. Era como se eu estive encostando em meu outro eu. A sensação era boa, mas eu havia de agir para não perder o tão pégaso gêmeo. Comecei a passar uma retrospectiva toda em minha mente transferindo para ele, desde quando nasci, até o momento que eu estava tendo com ele agora, com todos os detalhes. Inclusive meus momentos com Sebastian, o beijo de Wrath comigo, Antonella me sequestrando, eu sendo expulsa. Tudo isso mostrei ao cavalo. Queria mostrar a ele que eu não era uma pessoa de má influência. Permanecíamos trocando olhares profundos, e ele, começou a transmitir seus pensamentos para mim, eu via em seus olhos o quanta tristeza ele passou, em minha mente ele fazia igual à mim, fornecia a retrospectiva de toda a sua vida até aquele momento. Percebi que só faltava mais um empurrão meu para fazê-lo de minha confiança, e transmiti em sua mente: “Sabe que temos uma ligação em nosso passado, sabe que somos totalmente iguais, e sabe que eu sou você, e você, eu. Devemos permanecer juntos até o final de nossas vidas.” Finalizei. O pégaso se abaixou, e se curvou diante de mim. Me olhou profundamente, eu sabia que ele queria me dizer algo. Encostei novamente no centro de seu rosto, e ele conseguiu transmitir uma frase: “Até a morte.” Eu sorri e concordei. Retirei a mão de seu rosto e olhei para Shiva e Wrath. Os dois olhavam para mim como se estivessem apavorados.

-O que foi? –Perguntei ainda com o sorriso.

-Além de você conquistar a confiança do alfa, conseguiu a bênção dele. Acho que não notou, mas quando trocavam pensamentos, você estava brilhando como o Sol. Ficava impossível de te ver. Tanto é que nem conseguimos ver o que realmente aconteceu. –Shiva disse.

-Sério? –Perguntei não acreditando.

-Sim. –Wrath confirmou. –Parece que vocês são conectados pelo passado, ou algo assim, de alguma forma ele é você e você é ele dividido em dois. Nasceram um para o outro. –Finalizou.

Eu sorri, olhei para o pégaso e disse.

-Foi o que eu pensei...