Estranho Encanto escrita por Poder dos Livros


Capítulo 9
Shart


Notas iniciais do capítulo

Então gente, demorei demais, e até tenho explicações, mas como sempre a culpa é da escola (-.-) não vou me prolongar.
Eu achei esse capítulo até um pouquinho entediante, mas gostei de escreve-lo, pois foi como se eu tivesse escrito duas histórias. Na verdade foi isso que fiz. O conto que a Wendy vai contar fui eu que escrevi, portanto se quiserem usa-las antes peçam a mim. ELA É EXCLUSIVAMENTE MINHA.
Enfim, esse cap é importante para desenrolar a fic, e espero que todos gostem
Boa Aventura
P.S.: Maior cap da fic até agora *------*



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POV Wendy

Fiquei um tempo ainda dentro do quarto. Tentando me acalmar, tentando escolher uma história. Qual delas contaria àqueles piratas? Não sei se gostariam ou até mesmo aceitariam um conto de fadas como Cinderela, A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho! Tentei encontrar alguma história que combinasse com piratas, algo maléfico, em que o bem não triunfaria, mas era tão difícil. O bem sempre vence, parece até uma regra das histórias. Não me lembrava de nenhuma que minha mãe, alguma vez, poderia ter me contado. Talvez eu pudesse contar a história de Rumpelstiltskin, se eu mudasse o final essa seria uma boa história. Eles iriam adora-la. Quando decidi que contaria a história do velho trapaceiro que sempre prometia ajuda em troca de um favor, quase sempre pior do que a antiga situação, eu saí do quarto.

Percebi que moravam mais piratas no navio do que eu havia imaginado. Engoli em seco vendo a quantidade de pessoas que foram me ouvir contando uma história. Porém antes que eu pudesse me desesperar vi uma mão acenando para mim, meio discreto. Sorri para Heatrick e consegui acalmar um pouco meu coração enquanto continuava andando até onde o pirata, Smith, estava me esperando. Eu iria contar a história em um andar mais elevado, como se existisse um pequeno palco, para que todos os piratas pudessem me ver, presumi. Subi os degraus e cheguei perto do velho pirata. Ele esboçou um sorriso para mim e foi se juntar aos outros. Respirei lentamente e resolvi me sentar no chão, mesmo tendo uma cadeira para mim. Percebi que alguns piratas me olharam com curiosidade, e outros com alguma simpatia, afinal a maioria também estava sentada no chão, apenas alguns ficaram em pé. Eu não queria ser melhor do que eles e ter uma cadeira. Não, eu agiria como todos, afinal ainda tinha muito o que aprender com cada um. Sorri para eles ainda um pouco assustada.

– Anh, oi –Falei e alguns piratas fizeram um comprimento com a cabeça enquanto a maioria me encarava – Bom, sou a nova pirata, Bucaneira Djil, mas também adoro contar histórias, então... Espero que gostem – Falei e me arrependi. Que tipo de comprimento era esse?

Quando ia começar a contar, eu percebi que não poderia contar a história de Rumpelstiltskin, afinal eles iriam achar que eu os estava chamando de trapaceiros. Eu teria que inventar alguma história, eu precisava criar um novo conto, pelo menos no primeiro dia, depois, se eu conseguisse que eles gostassem de mim, poderia perguntar opiniões. Tentei pensar rapidamente em como começar, e de repente me lembrei. Me lembrei de uma história que minha mãe já havia me contado quando era muito pequena, porém como não tinha um final feliz eu pedi para ela não me contar mais. Me lembrei no último momento da história triste de Shart

– Era uma vez, em um país distante, um guerreiro chamado Shart. Ele era visto como o filho de um dos deuses, pois guerreava como ninguém jamais havia guerreado e nenhuma pessoa jamais o vira perder uma luta. Possuía grande graciosidade e precisão. Todos os homens queriam ser ele e todos as mulheres o desejavam.

“Shart nunca conheceu seu pai. Foi criado por sua mãe, uma mulher velha, que todos diziam não durar muitos dias mais. Apesar de idade avançada e já acabada pelo tempo seu filho cuidava dela da forma mais doce possível, e a considerava a mulher mais corajosa e mais bonita de todo o reino. A mais bonita de todos os reinos, o que ela já fora, há décadas atrás. Ela teve sorte de tê-lo e sempre fez tudo por ele. Ou melhor, quase tudo. O que ela manteve em segredo de seu filho, o único segredo que ela já se atreveu a guardar, foi o que destruiu seu menino.

“Shart adorava treinar suas habilidades pela manhã. Assim, que o sol atingia o horizonte ele já estava de pé, iniciando seu treinamento, de alguma maneira ele se sentia totalmente livre quando podia soltar todos seus sentimentos em simples movimentos que encantavam todos. Sua mãe sempre acompanhava seus movimentos com o olhar, enquanto preparava o café da manhã. Ela havia conseguido aquela propriedade de frente para uma floresta através do pai de Shart. Além do filho, aquela casa era a única lembrança que ela tinha do homem que a enganara partindo, consequentemente, seu jovem coração.

“Aquela era a sua rotina, e a vida, de Shart e de sua mãe, e eles estavam felizes com isso. Adoravam o jeito que viviam, sem se preocupar com nada importante e cuidando um do outro, porém o destino resolveu interferir na vida desta família, mais uma vez.

“Em um dia como outro qualquer, Shart saiu de sua casa para treinar, porém quando voltou para casa, a mesa com o café ainda não estava arrumada. Ele se preocupou e foi ver sua mãe. Bateu em sua porta algumas vezes mas ninguém respondeu, assim ele entrou. Procurou por todo o pequeno cômodo, mas sua mãe não estava em lugar nenhum, e sua cama estava arrumada. Shart não sabia se ela havia, ou não, dormido em casa, então resolveu procurá-la pela vila. Procurou-a em todos os pequenos comércios, em todas as ruas e perguntou por ela para diversas pessoas, porém ela não estava em lugar algum.

“Shart nunca se sentira tão perdido e ficou assim por semanas, sempre procurando por sua mãe. O boato era que a pobre mulher havia partido para encontrar o único homem que ela amou, o pai de Shart, porém o menino sabia que não era verdade, pois ela nunca o abandonaria por escolha. Finalmente, depois de mais de meses acreditando ter sido abandonado pela única mulher que já deu seu amor, Shart recebeu uma visita de um estranho, e com ele uma notícia de sua mãe.

“Toda a conversa foi estranha pois o homem, ou melhor, o que era uma homem, estava sendo consumido rapidamente por uma doença que acabava com ele de dentro para fora. Ele morreu no jardim de Shart após emitir que sua mãe havia morrido poucos dias antes. O garoto ficou desolado após saber disso e antes de dar um lugar para o corpo do homem descansar, ele viu. Viu um colar que sua mãe usava enquanto viva. Ele pegou o objeto com cuidado e o abriu, descobrindo ali dentro um bilhete, que ele reconheceu como sendo a escrita de sua mãe.

Meu filho, sei que logo morrerei e para protege-lo fui atrás do seu pai, porém a doença me consumiu antes de conseguir acha-lo. Esse homem que está com meu colar já serviu a seu pai, e o levará até ele com segurança. Te amo, Shart. E lembre-se antes de qualquer coisa diga seu nome. Seu pai entenderá. E assim acaba a carta. Shart chorou tudo que conseguiu segurando o que restara de sua mãe, suas palavras, seu carinho, enquanto cuidava dele até seu último suspiro. Logo Shart percebeu que ela morrera em vão. O homem não o levaria até seu pai, pois este estava morto também. Ele no mesmo instante tomou sua decisão e foi tentar achar o homem que sua mãe procurava.

“Passaram-se meses, anos, porém Shart não desistia de sua busca, e um dia, trinta anos mais tarde, finalmente entregou os pontos. Não conseguia mais concluir sua procura e assim se sentou perto de uma fonte, retirando pela primeira vez em anos o colar que sua mãe havia o dado junto do bilhete, enquanto via o mais bonito pôr-do-sol sabendo que seu fim estava próximo, porém o destino não terminara seu trabalho, e enquanto Shart dava seus últimos suspiros, um homem apareceu. Mais jovem do que ele, com certeza, mas tão parecido que Shart o ficou observando enquanto o homem avançava em sua direção. Estava te procurando foram as últimas palavras de Shart para o homem, para seu pai. Este chegou perto o bastante para ver o colar que um dia ele havia feito para a única mulher que amou e percebeu que sua busca também havia acabado. Ele finalmente conseguira achar seu filho

– E assim o Deus do Mar, percebeu aos poucos que na verdade o colar que ele mesmo havia feito não deixava que quem estivesse usando fosse encontrado por ele, e vice-versa. Ele leu o nome de Shart e percebeu que seu filho morreu da maneira que um dia ele desejara morrer, a procura do seu amor, um amor familiar, mas mesmo assim um amor verdadeiro

Assim que terminei de contar a história percebi que não estava mais sentada, como tinha começado. Eu estava em pé, no meio do pequeno palco. Vi que alguns piratas me olhavam com tamanha intensidade que eu fiquei até envergonhada. Será que tinham gostado? Será que deveria ter contado outra história? Várias dúvidas foram surgindo na minha cabeça quando de repente ouvi um som de palmas. Olhei para o lugar que Heatrick estava e vi quando ele sorriu para mim com... Ele estava com lágrimas nos olhos? Pisquei com força e elas não estavam mais lá, eu havia imaginado, provavelmente. De repente mais piratas começaram a bater palmas até que todos estavam já de pé sorrindo para mim. Sorri de tão feliz e fiz uma pequena mesura para eles, descendo em seguida.

Aos poucos os piratas foram saindo e alguns inclusive me cumprimentavam, estava radiante com o resultado da minha história sobre eles por isso nem percebi quando uma mão se postou no meu ombro.

– É Wendy, sinceramente não esperava que se saísse tão bem. A história foi maravilhosa – Heatrick falou e eu sorri para ele que retribuiu

– Obrigada Trick – Falei inventando um apelido para ele. Sua reação foi instantânea, ele fez uma cara surpresa, seguida de uma careta falsa e depois sorriu para mim

– Sabe, Wendy, acho que nunca tive um apelido – Ele falou andando em direção a minha cabine, o acompanhei

– E você queria ter um? Gostou do que eu inventei? – Perguntei e ele olhou para mim e depois colocou seu braço ao redor de meus ombros

– Se eu gostei? Claro que não, imagine, nem parece que sou um pirata – Ele falou sorrindo e olhando para frente, o empurrei para o lado e continuei andando – Claro que eu gostei, Wendy, e sim, sempre quis um apelido – Ele falou voltando a colocar o braço em meus ombros. Sorri para ele

– Mas e a sua família, como eles te chamavam? – Perguntei e ele parou de sorrir e retirou seu braço de mim sem nem ao menos perceber, apenas passou sua mão direita pelo seu braço esquerdo, me arrependi no mesmo momento – Hey, não precisa me responder, me desculpe, eu tenho que aprender a me calar, as vezes – Falei pegando sua mão e a colocando em meu ombro novamente. Ficamos calados até chegarmos ao meu aposento, mas pelo menos ele manteve seu braço ao meu redor, o que significava que não havia ficado com raiva de mim. Sorri para ele e entrei no cômodo, querendo falar algo, mas sem saber ao certo o que dizer. Ia fechar a porta quando ele falou

– Eles não eram muito carinhosos, não inventavam apelidos para ninguém, principalmente para seus filhos – Heatrick falou e eu abri a porta novamente. Que tipo de pais não cuidavam do filho? Ou, do jeito que ele disse, dos filhos?!?! Será que Heatrick tinha um irmão? O que acontecera com toda sua família? Várias perguntas invadiam minha cabeça, mas não iria pensar nisso agora, Heatrick perceberia que fiz conexões com sua fala

– Agora você tem um apelido, Trick, e pode deixar que eu estar aqui para te encher, sempre – Falei e o abracei. O peguei desprevenido e só depois de alguns segundos ele retribuiu o abraço, então o soltei. Ele sorriu para mim e saiu andando para o que presumi ser seu “quarto”. Sorri para o nada e fechei a porta de meu quarto, me sentando na cama.

Tinha muito o que pensar, mas ao mesmo tempo, Heatrick não poderia perceber que eu estava tentando desvendar o seu passado. Eu apenas queria ajuda-lo, mas ele não poderia descobrir.

– Eu tenho que fazer algo, mas ele não pode saber, se não eu nunca conseguirei ajuda-lo – Falei baixo para mim mesma. Se ele soubesse o que eu estava querendo fazer, ele pararia de me contar, e eu agora tinha outro desafio – Além de me tornar uma pirata e desvendar Gancho, também preciso descobrir mais sobre Heatrick, principalmente sobre seu passado. E só assim ele terá um grande futuro – Falei fechando os olhos e me entregando ao sonho. Qual seria minha próxima aventura na manhã seguinte?


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Notas finais do capítulo

Iai, o que acharam? Gostaram do conto? Falem a verdade por favor, e por acaso, alguem queira usa-lo só me informe antes =)
O próximo capítulo já está sendo escrito e enfim, posto assim que der, mas desta vez não vai mais demorar muito pq finalmente as aulas acabaram.
Até o próximo cap.
Reviiiiews? *----*
Xoxo