Estranho Encanto escrita por Poder dos Livros


Capítulo 2
Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Até agora a história está sendo bem aceita então espero que continuem gostando, mas já vou falar que grande parte desse cap acontece no filme. Eu vou quase sempre pegar partes dos filmes e colocar partes minhas. A final a história que a "Wendy" se lembra foi muito modificada, mas não completamente.
Continuem deixando reviews por favor
Boa aventura



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POV Gancho

Eu nunca havia visto olhos tão puros quanto aos daquela jovem garota. Quando empunhei minha espada estava esperando ver um dos meninos perdidos e não aquela menina loira. Ela rapidamente empunhou sua espada e assim começamos o duelo. Eu podia ver que ela boa, mas não o bastante para mim, e quando ia ataca-la, olhei em seus olhos, o que não deveria ter feito. Diante de toda aquela pureza eu estava sem defesas e por esse minuto de distração a jovem menina tirou a espada de minhas mãos e apontou a sua para mim. Mesmo assim eu não tirei os olhos daqueles belos olhos cintilantes e azuis. Eu via suas feições suaves do rosto e seu cabelo loiro o emoldurava. Aquela menina parecia um anjo. E eu nunca vira algo tão bonito.

A menina ainda não havia abaixado a espada, mas mesmo assim não me afastava. Eu quis abraça-la, mas isso nunca aconteceria. Eu sou o capitão James Gancho, temido por todos na Terra do Nunca e que nunca tinha piedade de ninguém. Matava sem saber o motivo e odiava a todos. É claro que nem sempre fui assim, mas depois que sofri me tornei frio, fiz meu coração congelar na escuridão enquanto deixava o ódio tomar conta de mim.

Ouvi uma voz se aproximando e então voltei ao normal. Peguei minha espada no chão e logo em seguida a espingarda. Andei até a porta que tinha vindo e antes de entrar olhei para o esconderijo em que a menina estava quando cheguei. Precisava saber se ela era mesmo real e quando quis ir até lá e toca-la ela sorriu. Fiquei novamente sem defesas. Foi como se aquele sorriso fosse a luz que iluminou novamente minha alma. Me virei e sai antes que perdesse o sentido da minha vida. Antes que parasse de ter ódio e sentisse compaixão.


POV Wendy

Quando ele entrou de volta no Castelo eu ouvi uma voz que estava cada vez mais próxima. Esperei essa pessoa chegar até mim para poder parar de me preocupar. Peter chegou e trazia consigo meus dois irmãos, Miguel, que estava com seu ursinho de pelúcia e João.

– Foi mais fácil do que eu imaginava. Gancho nem apareceu – Peter falou com sua voz cheia de desejo por novas aventuras. Sorri para meus irmãos e Miguel veio correndo até mim e me abraçou. Retribui o abraço do meu irmão mais novo e sorri para João. Ele não gostava muito de ser abraçado por mim ou por qualquer pessoa do sexo feminino. Ele sorriu de volta para mim

– Ainda bem que você não teve que vê-lo Wendy. Ele é horrível e malvado. Olhe só – Miguel falou me mostrando que seu ursinho estava quase sem cabeça. Ele se soltou dos meus braços foi ficar ao lado de Peter e de João

– De quem você está falando Miguel?

– Do Gancho, é claro – ele falou e eu fiquei um pouco irritada. Ele não parecia mal quando veio até aqui e não me matou. Ele possuía os olhos mais bonitos que eu já vira. Os mais bonitos e os mais tristes. Já sabia que todos os julgavam por causa das histórias que contava para meus irmãos. Nelas, Gancho era retratado como um homem perverso que adorava matar para se divertir. Era um pirata que não tinha compaixão por nada nem ninguém

– Ele não parece ser assim – falei e os meninos me encararam de forma estranha

– Você ainda não o conhece Wendy. Agora vamos. Temos que ver como estão Sininho e os meninos perdidos, eles estão esperando na água – Peter falou. Esqueci de mencionar, como estávamos aqui para resgatar meus irmãos os meninos perdidos vieram para ajudar, assim como sininho, mas ela não gostava de mim. Nós voamos até a água onde vimos os meninos perdidos em um bote de madeira, mas não estavam sozinhos, uma indiazinha estava com eles

Apesar de tudo não fomos para o esconderijo. Nós fomos até onde a tribo da pequena índia estava. Lá eles “curaram” o ursinho de Miguel, que ficou bastante agradecido.

Quando todos os meninos perdidos começaram a dançar junto com Miguel e João eu comecei a rir e então vi Peter acenando com a cabeça para eu segui-lo. Fui atrás dele, mas não o achei quando de repente fui puxada para baixo

– Desculpe – Peter falou e eu continuei seguindo ele abaixada. Andamos por pouco tempo até que Peter se levantou e eu o imitei. Me surpreendi com a cena a minha frente

Estávamos na frente de uma grande árvore onde várias fadas voavam ao seu redor dando um brilho amarelo ao local. Peter me puxou para mais perto até que estávamos olhando dentro da árvore através de dois buracos. Coloquei meu olho e vi que duas fadas dançavam juntas no centro de uma grande roda. Pelo que pude perceber era a rainha e o rei. Os dois se movimentavam graciosamente sem precisar tocar o chão. Sorri e me virei para Peter que se afastou da árvore e foi para minha frente fazendo uma reverência, fiz uma também e ele ofereceu sua mão. Caminhei até ele e a aceitei colocando minha outra mão em seu ombro. Ele segurou fracamente minha cintura e começamos a flutuar. Eu já havia dançado com meu pai antes, onde eu subia em seus sapatos e ele rodopiava pela sala comigo me fazendo rir, mas aqui era diferente, eu tinha que ensinar Peter a dançar. Começamos a voar fazendo círculos e Peter me girava graciosamente, assim como o rei das Fadas fez com a rainha. Logo, várias fadas já estavam a nossa volta me dando uma sensação de estar em um lindo sonho. Voamos mais alto quando uma fada foi até o ouvido de Peter e então parecia que ele havia acabado de acordar desse sonho. Parou de sorrir e me encarou com seus olhos azuis. As fadas então saíram de perto da gente e eu me concentrei no garoto a minha frente. Estava gostando dele. Sempre ouvira mamãe me falar que um dia encontraria um grande amor e quando Peter apareceu na minha janela eu tive certeza que era ele, mas depois de ver os lindos olhos de Gancho, depois de praticamente poder ver sua alma através de um simples olhar eu não tinha mais tanta certeza

– Wendy, é só faz de conta, não é? – Peter falou e eu parei de sorrir – Porque, você e eu... – ele deixou o resto da frase no ar

– Sim – respondi tristemente. Todos os meus pensamentos felizes foram embora e assim eu fui descendo de cabeça baixa. Peter voou até mim

– Wendy, é que... Eu pareceria tão mais velho se fosse pai – falou e eu me lembrei que eu era a “mãe” dos meninos perdidos. Toquei o solo da floresta e levantei minha cabeça para encara-lo

– Peter, diga, você tem... sentimentos?

– Sentimentos? – ele perguntou andando de costas, se afastando de mim. Eu afirmei com a cabeça

– O que você sente? – perguntei indo até ele que continuava tentando se afastar – Felicidade? Tristeza? Ciúme?

– Ciúme? Sininho – ele associou e eu continuei falando

– Raiva?

– Raiva? – ele repetiu e de repente ouvimos um barulho. Ele se virou rapidamente e pegou uma pequena faca que tinha escondida. Eu ignorei, mas ele continuou ouvindo e dois segundos depois falou – Gancho! – e continuou virado de costas para mim. Esperei antes de falar novamente

– Amor? – falei com uma voz triste e ele se virou lentamente até mim

– Amor? – repetiu quase fazendo uma careta

– Amor!

– Eu nunca ouvi falar – ele falou friamente guardando novamente sua faca

– Eu acho que ouviu Peter. E ouso dizer que até já sentiu. Por alguma coisa ou... – eu parei e fui andando novamente até ele. Abaixei a cabeça e respirei fundo. A levantei novamente – por alguém – ele imediatamente andou até mim e falou em meu ouvido

– Nunca! Só o som da palavra me ofende – ele disse se afastando de mim e olhando em meus olhos. Me senti triste

– Peter... – falei suavemente e quando ia colocar a mão em seu rosto ele se afastou rápido indo para longe de mim

– Por que você estragou tudo? Foi divertido não foi? Eu ensinei você a lutar e a voar! O que existe além disso? – ele falou friamente o que me cortou o coração

– Tanta coisa mais – falei com a voz já embargada

– O que? O que mais existe Wendy? – ele falou indo até mim com os olhos já cheios de lágrimas. Eu me recompus

– Eu não sei – admiti tristemente abaixando a cabeça - Deve ficar mais claro a medida que você cresce

– Eu não vou crescer e você não pode me obrigar – ele falou com raiva – Será banida como a Sininho!

– EU NÃO SEREI BANIDA – gritei para ele com raiva também

– Então vá pra casa! Vá pra casa e cresça. E leve seus sentimentos com você – Ele falou correndo e se preparando para voar. Corri atrás dele e gritei seu nome, mas ele não parou e depois de um tempo, enquanto eu ainda gritava, ele foi sumindo da minha vista

Com lágrimas nos olhos eu corri para o primeiro lugar que veio em minha mente. A casa que os meninos perdidos fizeram para mim enquanto estava desmaiada. Sem tentar me esconder eu fui até a casa e me deitei no chão coberto por folhas deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Logo depois adormeci



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