A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 9
Treino meus poderes o máximo que consigo


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Treino meus poderes o máximo que consigo

– Foi aqui mesmo que nos conhecemos? – perguntei, pasma.

Tínhamos ido em direção ao Pinheiro de Thalia, mas não parecia ser o mesmo que no dia em cheguei ao Acampamento. Havia uma espécie de manto dourado envolvendo um de seus galhos e um enorme dragão dourado enrolado nele, que eu não havia percebido antes. Não me aproximei muito do dragão, pois estava receosa. Coisas que cospem fogo me traumatizaram.

– Foi aqui sim. – falou Nico, sentando-se na grama da Colina onde, segundo ele, as barreiras de feitiços de limites do Acampamento nos protegeriam.

– Não me lembro do dragão quando cheguei aqui. – disse, sentando-me ao seu lado.

Do lado contrário do dragão. Do lado em que eu imaginava que se o dragão viesse a tentar atacar, Nico me protegeria.

– Ah, o Peleu? Ele estava aqui o tempo todo.

Olhei-o, surpresa por não me lembrar ou então não ter reparado. Mas como não reparar em um dragão tão grande?!

– Eu juro que não tinha visto! – exclamei, indignada.

Ele riu, divertindo-se com minha confusão.

– Talvez porque esteja muito ocupada lutando com uma Quimera. – ele tentou defender-me.

– Ah, aquilo?! Provavelmente eu fui horrível. Nem conseguia matá-la!

– Que isso, você foi bem! Conseguiu até cortar a língua dela! – riu.

– Ah tá, só não me deixe ser devorada! – falei, chegando mais perto dele. Ele me trazia a sensação de segurança.

– Pode deixar. Mas ele só ataca se tentarem pegar o Velocino de Ouro. – ele se aproximou também, passando o braço por meu ombro.

– Velocino de Ouro?! – perguntei, confusa, apoiando-me contra ele.

– Percy realmente não te contou ainda sobre as aventuras dele?

– Ahn... – procurei analisar, mas não me lembro de Percy se gabando por ter feito alguma proeza importante. – Não.

– Por começar... Ele pegou o raio-mestre de Zeus e o devolveu a ele há alguns anos atrás.

– Sério?! – perguntei, verdadeiramente surpresa com isso.

– Sério. Por isso ele está indo junto na missão. Ele sabe como lidar com a situação.

– É, bem diferente de mim... – resmunguei, olhando novamente para minha frente.

– Deixa disso, Ronnie, você vai conseguir.

– Espero mesmo. Mas o que mais o meu irmão fez?

– No ano seguinte - continuou a narrar –, ele conseguiu o Velocino de Ouro no Mar de Monstros, pois o Pinheiro de Thalia estava enfraquecendo e as barreiras no Acampamento também.

– Uau! – eu estava impressionada. Percy fizera tudo isso e não tinha me falado.

– E não para por aí. Depois ele evitou meio que uma revolução de Atlas.

– Aquele carinha que separa o céu da terra? – perguntei, meio receosa e Nico riu novamente.

– Esse mesmo. Depois Percy viajou pelo Labirinto de Dédalo e, quando fez dezesseis anos, salvou o mundo na Segunda Guerra dos Titãs.

– E como você sabe tudo isso?!

– Eu estava lá. – olhei-o, boquiaberta. Não conseguia imaginar um Nico de oito anos de idade ajudando Percy a resgatar o raio-mestre. E pareceu ler minha mente, pois falou. – Pelo menos no Guerra!

Seu olhar fixou-se à frente e eu percebi um vazio em seu olhar, enquanto ele relembrava seu passado. E eu não estava preparada ainda para perguntar sobre ele.

Olhei para o extremo da Colina, onde havia passava a autoestrada.

– Nico... Não corre o risco de as pessoas verem aqui não?

– Não. A maioria dos humanos não pode através da Névoa... sua mãe podia.

Paralisei e engoli em seco, para poder responder.

– Minha... Mãe?! – engoli em seco novamente. – Sinto falta dela. Fico imaginando se algum dia vou vê-la novamente.

Não olhei-o, mas ele percebi que ele se enrijeceu ao meu lado. Algo do que eu falara.

– Desculpa se eu falei algo que...

– Não tem problema, eu supero. – ele me abraçou mais forte pelo ombro. – Perdi minha família antes dos dez anos.

– Sinto muito. – sussurrei.

Não sabia se devia, mas deitei em seu ombro e ele acariciou o meu com o polegar. Fiquei calada; não queria falar algo que não devia novamente. Não queria que ele ficasse chateado comigo.

– RONNIE MILLER, DESÇA AQUI! – gritou alguém atrás de nós.

Assustei-me e levantei-me num pulo. Nico levantou-se lentamente e parecia desapontado. Ao viramos, vi que Percy estava a alguns metros, parecendo zangado e desesperado para me tirar dali. O que não entendi muito bem; Nico me trazia a sensação de segurança, não via o que poderia desesperar tanto Percy.

– O que foi?! – gritei de volta e percebi que Nico se afastou alguns centímetros, parecendo desconfortável estar tão próximo a mim na frente de meu irmão.

– Venha treinar! Lannah está te chamando! – ele respondeu, mas uma oitava abaixo que antes.

Se ele falando assim eu conseguia ouvir, porque ele gritara tanto antes. Percy olhava zangado em nossa direção, mas percebi que ele não se direcionava a mim exatamente. Segui seu olhar e vi Nico coçando a nuca, claramente desconfortável. Ah, aquela idiotice de que eu não posso namorar um filho de Hades. Não penso nisso ainda e já deixei isso bem claro a Percy, mas parece que ele simplesmente ignorou meu discurso sobre Nico ter sido meu primeiro amigo aqui no Acampamento e resolveu me proteger por si só. O que eu não sei é o porquê exato de eu precisar ser protegida. Nico não me machucaria e eu me agarrava a essa afirmação com todas as forças do meu ser.

Virei-me para Nico, como se quisesse pedir desculpas.

– Nico, eu...

– Precisa ir treinar. – falou, com a voz dura e um olhar sombrio. Vi-o dessa maneira outro dia, mas não imaginava que faria assim comigo.

– Depois a gente se fala.

Desci a Colina sem olhar para trás, mas sentia que Nico mantinha seu olhar preso às minhas costas. Sabia também que se olhasse para trás, seria uma boa desculpa para Percy pensar que eu me importo de sair do lado de Nico e ficar ainda mais protetor em relação a isso. Quando soube que tinha um irmão mais velho, queria que ele fosse protetor. Sempre tive que me cuidar sozinha e um irmão para me ajudar não seria nada mal. Agora me arrependo.

Não de ter um irmão, de jeito nenhum! Percy e Lannah foram as melhores coisas que me aconteceram na vida, depois de Nico. Mas me arrependo de ter feito o desejo ardente de que meu irmão seria super protetor. É como se eu não pudesse falar com nenhum menino, ou melhor, com Nico. Seu problema de proteção aplicasse apenas a Nico e não acho isso justo.

– Vamos. – falou Percy, quando me aproximei dele.

Ele passou o braço por meu pescoço e me levou em direção à Arena, onde muitos já estavam treinando.

– Não quero você muito amiga dele. Tenho medo que se machuque. – começou ele e eu senti a raiva tentando me consumir, mas respirei fundo e mantive a calma.

– Olha, Percy, sei que você só quer meu bem, mas sei me cuidar. Fiz isso por dezesseis anos. Não quero ser grossa, só não quero começar outra discussão com você.

– Tudo bem. – ele não pareceu ofendido, apenas suspirou, derrotado.

Levou-me até o mais próximo do lago possível, sem ultrapassar, claro, os limites da Arena.

– Como vamos treinar? – perguntei, meio inocente.

– Seus poderes. – respondeu, soltando meu pescoço e postando-se à minha frente.

– Mas... – planejava falar-lhe que já tinha todos meus poderes, ou quase todos, sobre controle. Pelo menos o controle sobre a água. Mas ele me interrompeu antes que eu pudesse continuar.

– Você terá ajuda, não se preocupe.

– Você? – perguntei.

Então ele deu um passo para o lado e pude distinguir duas silhuetas vindas em nossa direção. Quando a luz bateu sobre seus rostos, reconheci quem era. Lannah Castellammare e James Bell. Lannah tinha uma espada comum de bronze celestial presa na cintura e duas navalhas no cinto. James tinha uma foice presa nas costas que, segundo Percy, virava um punhal. Estremeci, receosa sobre quem seria meu “treinador”. Percy com sua espada caneta e experiência para mil semideuses, Lannah com poder sobre mentes ou James, com sua foice e sua habilidade sobre o fogo.

– Ah não! – exclamei para Percy. – Diga, por favor, que não terei que lutar contra aqueles dois!

– Não... – ele disse e eu já quase suspirei aliviada. – Lutará contra mim e James. Lannah será sua dupla.

– O que?! – exclamei.

Lannah e James finalmente chegaram e nos cumprimentaram; eu ainda em estado de choque. Eu achava isso ridículo. Como lutarei com os dois se eu só tenho meu colar/espada, uma faca e uma adaga envenenada no cinto?! Claro que a adaga seria útil, mas não aqui. Não usaria isso contra eles. Apenas contra monstros de verdade.

– Concentre-se em como canalizará seus poderes enquanto ainda defende-se. – disse Percy, afastando e juntando-se a James na minha frente.

Lannah veio para meu lado, já desembainhando a espada. Arranquei meu colar de Tridente do pescoço. Assim que saiu do contato da pele de meu pescoço, ele se transformou em uma linda espada de bronze celestial, que eu tinha certeza que tinha sido feita especialmente para mim. Percy começou atacando, vindo direto para Lannah e James tentou me atacar. Aparei seu golpe com a parte chata de minha lâmina e vi um brilho escuro se refletir nela. Ataquei James tempo suficiente para que ele ficasse aturdido com minha investida rápida e eu tivesse a chance de olhar para minha direita.

Nico estava nas arquibancadas, vendo-nos treinar. Ela apontou para o próprio pulso esquerdo e percebi que era para eu olhasse para o meu. Aparei outro golpe da foice de James olhei para meu pulso esquerdo. Minha pulseira de Tridente. Achara que era apenas uma pulseira qualquer que meu pai me deixara quando partira, mas agora eu sabia que podia ser mais que isso, só não sabia como ativá-la. Olhei de relance para Lannah e ela estava concentrada em não ser morta por Contracorrente.

Sabia que não podia recorrer a ela agora.

Lannah dissera que tinha o poder de controlar mentes. E eu descobrira que podia bloquear seu efeito sobre mim. E se eu pudesse fazer como ela?! Não exatamente obrigar alguém a me obedecer, mas apenas implantar um pensamento meu na cabeça de alguém. Poderia tentar descobrir o que Nico queria dizer, mas exigia muita concentração e eu não conseguiria se James tentava me matar com aquela maldita foice! Como eu conseguiria pará-lo tentar suficiente para que eu me concentrasse?! Água eu sabia que não poderia usar.

Percy ainda achava que eu não tinha controle sobre meus poderes de filha de Poseidon e eu pretendia deixá-lo continuar a achar isso. James fez um arco na vertical com a foice e ela vinha direto em minha direção. Dei um pulo para trás e ele fincou a foice na terra e eu prensei minha espada sobre o cabo da foice, impedindo-o de retirá-la. Tempo o suficiente para que eu me concentrasse e tentasse implantar um pensamento na mente de Nico.

O que faço com a pulseira, pensei, tentando transmitir-lhe isso e surpreendi-me quando obtive resposta.

É um escudo. Gire em torno do pulso e ele vira um escudo!

Libertei a foice de James e fiz o que Nico dissera. Ou melhor, pensara. Em instantes, via um reluzente escudo de bronze, com um grande Tridente no centro. James pareceu chocado e eu usei isso a meu favor. Lancei-me contra ele com a espada fazendo um arco em frente sua camisa. Ele se recompôs e pulou para trás, mas não foi rápido o suficiente. Um corte superficial em seu peitoral começava a jorrar pouca quantidade de sangue. Fora um ataque superficial, mas já me sentia orgulhosa por conseguir isso no meu primeiro dia de treinamento.

Vi a diversão subir para o olhar de James e ele me surpreendeu quando lançou minha espada da longe. Surpresa, peguei a faca de meu cinto e transformei meu escudo em pulseira novamente. Pelo menos ele foi cavalheiro suficiente para transformar sua foice em um punhal. Instantes depois, senti o peso confortável do cordão de Tridente em meu pescoço, mas não me assustei com isso. Cortesia de Poseidon, provavelmente. Continuamos a lutar com armas menores. Eu com a faca e James com o punhal.

Até que em certo momento, ele tentou imitar o mesmo movimento que fiz quando cortei sua camisa. Mas, é claro, não deu certo. Previra que ele tentaria isso e, já que tive sucesso, ele também teria. Caso não fosse eu que tivesse pensado nisso inicialmente. Abaixei-me para evitar seu ataque, ao mesmo tempo avançando até ele, segurando seu pulso que manejava o punhal e encostei a ponta da minha faca em sua garganta.

Um movimento de sua parte e a faca se enterraria ali.

Eu ganhara. De novo.

– Uau! – ouvi alguém dizer atrás de mim, saindo de perto de James, que admitira a derrota, e virando para ver quem era. Clarisse. – Essa garota está arrasando aqui!

– Tomarei isso como um elogio. – respondi, aproximando-me dela, de Lannah e de Percy, que eu não reparara que tinham parado a luta e estavam observando a minha.

– E isso foi um elogio! – falou James, postando-se ao meu lado e sorrindo.

– Gostei dos seus dois truques, Miller. – falou Clarisse, começando a relatar sobre o nossa luta de mais cedo, onde, pela primeira vez, ela ganhara de uma novata.

– Mas teve o dia que cheguei aqui, Clarisse! – falou Percy, manhoso. – Quando taquei água da privada em você.

Clarisse virou-se raivosa para Percy e ele deu um passo atrás.

– Mas você usou seus poderes, Ronnie não. – defendeu-me.

– Ok, agora falta apenas as habilidades sobre a água, Percy. – falou Lannah.

– Tem isso também?! – perguntei, já cansada.

– Tem sim! – exclamou Percy e percebi que ele piscara para James.

James se afastara uns dois metros de mim e invocava fogo vivo em suas mãos.

– AH NÃO! – gritei.

– AH SIM! – exclamaram Percy e James ao mesmo tempo.

James lançou a bola de fogo sobre mim e eu apressei-me em convocar a água do lago próximo à Arena para criar um escudo sobre mim. Ao ver a reação espantada de Percy e Lannah, percebi que eles não esperavam que eu evoluísse em tão pouco tempo. James já preparava outra bola de fogo, mas eu fui mais rápida. Juntei uma grande bola de água e atirei nele. Ele tentou correr, mas já era tarde demais. Estava ensopado e eu ouvia, entre muitas risadas ao redor, a risada que me enchia de calor toda vez que ouvia.

Nico ria de sobre como humilhei seu irmão que ele não gostava.


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