A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 7
Vejo Nico beijando uma qualquer


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



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Vejo Nico beijando uma qualquer

Corremos até o Pavilhão do Refeitório e encontramos todos às mesas conversando animadamente. Nico me puxou até perto da mesa de Poseidon e virou-se para mim, sorrindo.

– Pronto, está entregue!

– Obrigada.

Sorri e apertei-lhe a mão, querendo dar outro beijinho em sua bochecha, mas ciente do olhar de Percy sobre nós. Na verdade, com o olhar de todos sobre nós, mas Percy é meu irmão e iria ficar irritado. Soltei sua mão e sentei-me de frente para Percy e Lannah.

– O que foi aquilo, hein, dona Ronnie?! – perguntou Lannah, apressadamente, assim que Nico se distanciou. – Quero saber todos os detalhes!

Ela parecia uma adolescente comum querendo umas fofocas de primeira mão com a irmã mais velha. Isso mesmo, eu sou mais velha – Lannah tem quinze anos. Percy lançou-a um olhar irritado e ciumento.

– Lannah! – reclamou.

– Tudo bem, Lannah. – ri. – Estávamos apenas rindo entre amigos. Mas pode deixar que depois eu te conto todos os detalhes de como ficamos rindo da cara de irritado de Percy. – provoquei e começamos a rir quando a tonalidade das maçãs do rosto de Percy tornou-se de um vermelho forte.

Ouvi um murmurinho de vozes entrando do Pavilhão do Refeitório e virei-me para ver quem era. Uma garota de estatura mediana, morena e linda estava liderando uma fileira de garotas e garotos, tão bonitos quanto.

– Drew, a conselheira-chefe do Chalé de Afrodite. – disse Percy, seguindo seu olhar.

– Sinceramente... – falei. – Não fui com a cara dela.

Ela comandava seus irmãos com certa arrogância, que apenas de olhar, já me dava nojo.

– Não dá papo para ela, ok? – falou Lannah. – Ela é bem persuasiva e não queremos que você caia nas armadilhas de amor falso que ela prega.

– Ah, pode deixar! – exclamei, a raiva subindo pela minha garganta. – Dessa daí estou vendo que quero distância.

– Calma, garota! – falou, Percy. – Estou vendo que o mau-humor oceânico já começou a se infiltrar em você!

Ri.

De repente, apareceu o mesmo prato com grande quantidade de comida, da qual já estava me acostumando, à minha frente. Aos poucos, todos foram parando de falar e, Mesa por Mesa, todos foram queimando sua oferenda aos deuses. Quando chegou a vez da mesa de Poseidon fazer sua oferenda, passei meu olhar rapidamente pelo local, à procura de Nico, mas não consegui achá-lo. Encaminhei-me até a fogueira e rapidamente localizei Héstia.

– Olá, Héstia! – exclamei.

– Olá, Ronnie! – ela sorriu para mim e depois diminuiu o tom de voz, enquanto eu jogava mais da metade da comida para os deuses. – Saiba que estou do seu lado! – e piscou.

Lembrei-me do sonho que tive. Héstia havia confrontado Hera a favor de meu amor com Nico. Que ainda não consigo ver como que surgirá. Ainda assim sorri para Héstia, tentando parecer que não sabia de nada, e voltei até a mesa de Poseidon. Não estava muito animada e nem com fome; uma forte tristeza se abateu sobre mim e senti um aperto no coração. Não sabia o que significava, mas podia garantir que não era coisa boa. Quando se é uma semideusa, esses pressentimentos nunca podem ser apenas imaginação.

– Ronnie, está tudo bem? – ouvi alguém perguntar-me, então levantei minha cabeça e encontrei Percy encarando-me com um olhar preocupado e Lannah olhando para meu prato.

Baixei meus olhos para o prato e percebi que havia razão para se preocuparem. Eu não havia tocado na comida. Na verdade, apenas fiquei misturando-a, tornando algo indecifrável e nojento, enquanto vagava pelos cantos sombrios da minha própria mente. Mas é claro que eu não falaria nada disso. Não quero preocupar nenhum deles. Soltei o garfo e deixei-o cair em cima da comida, enquanto me endireitava no banco de mármore e olhava para os lados, procurando uma desculpa, mas claramente sem muita ideia para uma.

– Ahn... Tá sim. – respondi, olhando para o mármore da mesa e tentando evitar que vissem em meus olhos que eu não estava bem.

E não sei por que não estava. Talvez porque eu tinha um pressentimento ruim crescendo em meu peito. Talvez porque Héstia afirmara que estava do meu lado – e eu sabia que tinha a ver sobre eu e Nico. Talvez porque todos os deuses sabiam que eu e Nico teríamos alguma coisa quando claramente eu não via como. Ou talvez até via: conhecemo-nos há cinco dias – três deles eu estava inconsciente – e posso dizer que ele já estava mexendo comigo. Talvez, para piorar, estava mal por Nico não estar em lugar algum por perto e eu não gostava disso.

– Tem certeza? – perguntou Lannah.

– Tenho sim. – respondi, a desculpa perfeita vindo rapidamente em minha mente. – Acho que só preciso de descanso antes de começar o treinamento para a missão.

Levantei-me, sem dar tempo para que eles pudessem responder. Sai rapidamente do Pavilhão do Refeitório, mas não sem antes varrê-lo com o olhar e perceber que havia mais alguém faltando; só não sabia quem era. Senti uma presença às minhas costas e virei-me de repente, os nervos em meu corpo já tensos se preparando para defesa reflexiva. Mas assim que virei, percebi que não era uma ameaça evidente – era apenas o idiota do meu irmão, Percy, que estava me seguindo.

– Percy Jackson, pode me dizer por que está me seguindo?! – perguntei, arqueando a sobrancelha e querendo provocá-lo um pouquinho.

Vi-o mexer-se inquieto no lugar, trocando o peso de uma perna para outra e coçando a nuca, claramente desconfortável.

– Fiquei preocupado! – respondeu. – Você não comeu nada.

– Não se preocupe, Percy... – interrompi rapidamente antes que eu começasse a me sentir culpada. – Só vou para o Chalé descansar um pouco. Não estava com fome mesmo! – dei de ombros.

– Isso não me impede de me preocupar. Vai que você desmaia?!

– Percy, eu sou semideusa, uma refeição não vai me fazer desmaiar assim do nada!

– Nunca se sabe. – insistiu.

– Olha, Percy, tô indo pro Chalé, ok? Volta lá para a mesa e termina seu café da manhã.

– Não, senhorita! Vou com você até o Chalé.

Olhei-o mais atentamente. Ele não parecia que ia arredar o pé do meu lado e isso me irritou e me reconfortou ao mesmo tempo. Não sei como explicar, mas acho que seria bom mesmo se ele me acompanhasse. O aperto em meu coração estava quase me sufocando e eu sentia lágrimas queimarem por trás dos meus olhos – sem motivo nenhum. Era apenas chegarmos ao Chalé e eu pediria, gentilmente, que Percy desse o fora para que eu pudesse lidar com esse pressentimento ruim sozinha. Eu não tinha nada a perder.

– Ai, está bem! – cedi. – Mas depois você volta ok?

– Por quê?!

Aí eu já não sabia o que poderia responder. Eu não podia falar para ele sobre o sonho e as coisas que me perturbavam nesse momento. Eu sei que posso confiar nele, mas não tinha dito nem para Nico ainda. Eu iria contar a Percy, mas assim que tivesse certeza.

– Coisas de menina... Coisas que tenho certeza que você não vai querer saber. – falei, com medo de que minha voz, rouca de nervosismo, denunciasse. Mas parece que ele caiu, mesmo eu não querendo mentir para meu próprio irmão.

– Está bem! – ele topou.

Fomos andando lado a lado e em silêncio, cada um emerso em seus próprios pensamentos, quando de repente Percy me cutuca e aponta para um canto afastado ao lado do Chalé de Hades, onde havia um casal se beijando. Meu coração deu um salto quando reconheci os cabelos negros de Nico e os cachos castanhos de Drew.

– Aqueles não são Nico e Drew?! – perguntou Percy, surpreso.

E porque não estaria?! Ontem mesmo Nico tentara me beijar e agora estava se agarrando às escondidas com Drew. Agora percebi quem, além de Nico, estava faltando no Pavilhão. Senti meu coração afundar no peito, como se tivesse sido transpassado por mil facas. Senti o sangue fugir do meu rosto e fiquei tonta, cambaleando para tentar permanecer em pé. Quando vi que eles se separaram, percebi Nico sorrindo e sussurrando algo para Drew.

Isso foi demais para mim.

Instantaneamente, desejei não ter saído do Pavilhão. Seria muito melhor continuar com apenas o mau pressentimento do que ter que ver essa cena ridícula que mexeu comigo mais do que eu poderia imaginar.

– Ronnie! – gritou Percy ao meu lado e só então percebi que meu corpo estava se inclinando.

Se inclinando para a escuridão que a dor me causava. A escuridão onde meu corpo desmaiava e minha mente vagava a cada segundo da pior cena que já presenciei na vida. A última coisa da qual tive consciência foi de Percy segurando-me antes que eu caísse no chão e Nico correndo até nós com um olhar assustado e preocupado, deixando uma Drew confusa para trás.


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