A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 21
Bar de estrada nunca tem coisa boa


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]

Agradecimento especial a Coca, que me deu uma ideia excelente para esse cap, só sinto por nao ter sido em Washington, cm ela sugerira.



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Bar de estrada nunca tem coisa boa

Bem, eu não sabia exatamente quando acordei. Mas sabia que já era tarde, pois abri os olhos e a escuridão não cedeu. Tentei analisar algo em volta, mas a única coisa que sabia era que estava na van – e foi apenas pelo balanço incessante do chão abaixo de mim. Tentei me levantar, mas sentia que algo me impedia. E não, não era a dor de cabeça insuportável e nem mesmo a fraqueza repentina que se apossou do meu corpo. Mas foram coisas que mais se pareciam com braços que....

POR QUE RAIOS HAVIA DOIS BRAÇOS CIRCUNDANDO MINHA CINTURA DE LADOS DIFERENTES?!

Ah, nesse momento eu quis muito poder dar um pulo e gritar com quem quer que estivesse fazendo aquela loucura impossível. Mas como eu ainda estava muito fraca para isso, apenas fiquei me remexendo ali embaixo de uma tonelada de cobertores. Até que eu ouvi resmungos dos dois lados meus. Foi então que percebi que eram dois garotos que me envolviam, mesmo que isso fosse estranho. Eu tinha certeza que Drew não estaria reclamando, mas acredite, eu não sou ela. Deuses que me livrem! Um dos garotos eu tinha quase total certeza de que era Nico – só ele causava reações diferentes em mim, mas isso não vem ao caso agora –, mas e o outro?

– Ronnie? Já acordou? – ouvi a voz de Percy do meu lado esquerdo e tive certeza que não era nenhum maníaco tarado.

– Hu-hum. – resmunguei, sentindo minha garganta ainda se arranhando. – Percy?

– Hum?

– Se você está aqui, quem está dirigindo? – perguntei.

– A Annie. Com Edward ajudando. – ele respondeu, levantando-se e se sentando ao meu lado. Ele começou a acariciar meus cabelos e eu senti o sono me pesando novamente, mas eu não queria dormir. Por mais cansada que eu estivesse.

– Você nos assustou. – ouvi outra voz dizendo-me. Uma voz rouca e que fez meu coração dar um salto e um arrepio percorrer toda a minha coluna quando a ouvi tão perto de meu ouvido.

– Sinto muito. – sussurrei, enquanto Nico se levantava ao meu lado e colocava minha cabeça sobre seu colo, com Percy ainda acariciando meus cabelos. – Onde estamos?

– Passamos por Charleston tem algumas horas. – respondeu Nico. – Já estamos em Kentucky.

– O que aconteceu que você chegou aqui ensopada e quase afogada? – Percy perguntou.

– Eu... Anh... – eu tentei achar as palavras, mas não havia como arranjar uma desculpa. Afinal, era para eu estar respirando ali embaixo e não quero simplesmente falar que fui fraca demais para cumprir a promessa. – O cloro não me deixou concentrar. Acabei deixando a água entrar.

Foi com certeza a pior desculpa que eu já havia arranjado. Minha sorte era que estava escuro o suficiente para que eu não conseguisse ver sua reação, mas eu pude ouvir uma risada.

Percy, acho melhor pararmos para comer alguma coisa. – ouvi uma voz feminina e deduzi ser Annabeth, que estava no volante.

– Tudo bem. – Percy respondeu-lhe. – Pare no próximo bar 24 horas que achar.

Menos de cinco minutos depois, Edward avisou que estávamos parando. Percy foi acordar os outros, enquanto Nico me ajudava a levantar. Segurou-me pela cintura quando percebeu que eu estava fraca ainda.

– Tem certeza que está bem? Qualquer coisa eu peço pro Percy buscar alguma coisa para a gente comer. – ele disse, preocupado.

– Você não vai? - perguntei.

Ele balançou a cabeça e depois me olhou com um olhar que eu realmente não consegui decifrar muito bem.

– Já disse que não vou te deixar mais sozinha. – ele disse e inconscientemente eu senti os cantos da minha boca se levantando em um sorriso bobo.

– Ronnie! – ouvi alguém gritando atrás de nós e quando me virei, vi Lannah correndo até mim e me abraçando apertado.

– La-lannah! Eu ainda preciso respirar! – eu disse e ouvi a risada de Nico ao nosso lado.

– Nunca mais ouse tentar se afogar novamente! – ela me repreendeu e agradeci mentalmente que ela não berrou para que os que já estavam fora da van ouvissem. – O que você tem na cabeça?!

Eu até poderia tentar perguntar como ela sabia, mas eu sabia a resposta. Ler mentes. Droga! Por que eu tinha que estar tão fraca a ponto de esquecer de levantar o escudo mental?!

– Gente, vamos! – ouvi a voz de Guilherme nos chamando. – Quanto mais cedo voltarmos para a van, mais cedo eu posso dormir!

Lannah saiu correndo logo depois, deixando-me sozinha com Nico e eu sabia que isso não seria nada bom. Simplesmente não consegui me virar para olhar na cara dele. Meio que impossível, sabe? Pelo menos depois de Lannah ter aberto a boca e falado que eu que tentei me matar. Então eu fiz o melhor que poderia conseguir. Virei para fora da van e fiz o meu melhor para descer sem precisar de ajuda.

– Vamos, eu estou morrendo de fome. – eu disse, ainda sem olhar em seus olhos.

Comecei a andar, mesmo que com certa dificuldade, em direção ao bar que havia ali fora e eu achei estranho que parecesse haver um ali no meio da noite. Senti alguém me puxando para trás e dei de cara com Nico olhando-me preocupado.

– Pode me explicar o que Lannah quis dizer?! – ele exigiu e pelo tom de voz que ele usou, eu soube que ele estava segurando-se ao máximo para não gritar comigo.

Suspirei, procurando achar uma saída para a enrascada em que me meti. Olhei em direção à entrada do bar, para ver se alguém me ajudava, mas eles já haviam todos entrado. Vadios.

– Não tenho nada para explicar. – eu respondi, puxando meu braço para longe do seu aperto de ferro.

– Eu acho que tem. – ele me olhou duramente. – Como assim você tentou se afogar?!

Desviei meu olhar do contato visual que mantinha com ele. Eu não aguentaria por muito tempo sem dizer tudo que estava entalado na minha garganta.

– Só se me disser por que beijou a Drew aquele dia em que desmaiei. – eu disse de maneira mais firme do que eu pensei que sairia. Na verdade, também não fazia ideia do porquê eu disse algo assim. É, eu sei. Eu sou burra e lerda, mas deixa isso quieto.

Ele me olhou confuso e surpreso ao mesmo tempo.

– O que isso tem a ver com você tentando se matar?

– Só responderei quando você me responder. – eu afirmei, ainda sem olhar em seus olhos. Se eu já falei a merda, vamos continuar, não?

Ele ficou em silêncio e quando por fim eu criei coragem para levantar meus olhos, vi-o sorrindo, deixando-me completamente confusa.

– Você... – ele começou, tentando disfarçar o sorriso, mas foi meio impossível. – Você ficou com ciúmes?

Não deu nem para eu tentar gritar um "NÃO" que na verdade não ia nem conseguir disfarçar ou arranjar uma desculpa esfarrapada qualquer. Ouvi um grande estrondo vindo de dentro do bar e de repente todos os oito semideuses vieram correndo, com as armas em mão. Nem esperei que me dissessem nada, apenas arranquei meu cordão de Tridente do pescoço, que rapidamente se transformou na espada de bronze celestial. Nico se colocou ao meu lado, já com sua espada banhada no Estige em mãos. Olhei para a entrada do bar e de lá saiu uma mulher.

Alta e pálida, vestida em um vestido preto rasgado e desbotado que se arrastava no chão. Tinha os olhos completamente escurecidos pela sombra preta e sua pupila negra preenchia todo o globo ocular. Batom preto forte e seis braços. Nunca a vi na minha vida – e sinceramente, por mais que tivesse me poupado de um momento constrangedor com Nico, não sabia se queria ter visto –, mas pela reação de Annabeth, que estava encolhida atrás de Percy, eu tinha uma leve impressão de quem seria.

Ah, e eu não gosto nem um pouco dessas impressões negativas que eu tenho.

– Ora, ora. – a mulher disse, com uma voz rouca e arrastada que me fez ter compaixão de Annabeth. – Verônica Miller...

Não sei o que me deu, mas de repente me vi passos à frente do grupo.

– E você seria...?

Meus deuses, Ronnie, não é hora para humor não!

A mulher riu.

– Acho que sabe quem eu sou, Ronnie.

– Olha aqui, cara de aranha, cadê a intimidade que eu não te dei?

Ela ficou furiosa.

– Já ia me esquecendo... Hades me pediu para lhe mandar um recado. – abriu um sorriso macabro.

Olhei-a confusa, até que finalmente uma luz se acendeu em minha mente.

Merda!

De repente várias e várias aranhas saíram de todos os buracos no chão e do bar. De vários tamanhos e tipos. Eu já ouvia Annabeth gritando desesperadamente, juntamente com as outras garotas. Eu até podia dizer que era futilidade delas em qualquer outro momento do dia, mas não quando havia uma aranha do tamanho de uma televisão de plasma vinha em minha direção, com aquelas coisinhas na boca querendo me triturar. Passei a lâmina da minha espada na pele grudenta dela e segundos depois só havia pó à minha frente. Poderia até mesmo ficar aliviada e dizer "menos uma!", mas ainda havia outras centenas à nossa volta e a cada uma que matávamos, outras iam aparecendo rapidamente. Quanta injustiça, poxa!

– Como acabamos com elas?! – berrei para qualquer um que conseguisse me responder.

– Temos que matar Aracne! – ouvi voz de Hailley vindo de um lugar no meio de umas três aranhas.

Ah, que coisa linda! Agora será que dá para alguém me explicar como faremos isso com centenas de aranhas ao nosso redor?! Meio difícil, não acha?

– Ronnie! – ouvi Nico gritando por mim e assim que consegui matar mais uma aranha, procurei-o com os olhos e vi-o na porta da van. – Pega!

E então ele lançou uma arma no ar que segundos depois veio parar na minha mão. Senti uma picada em minha panturrilha direita, mas ignorei. Matei mais uma aranha que, graças aos deuses, não era assim tão grande e nem tão assustadora. Virei-me para Aracne, que ainda mantinha um sorriso triunfante no rosto.

– Ei, cara de aranha! – gritei, chamando sua atenção e de todos os outros. – Diga a Hades que nem assim ele vai me impedir de estar perto de quem eu amo!

Segundos depois, o gatilho foi puxado e a bala de bronze celestial atravessava o peito dela.


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