A Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por Rocker


Capítulo 13
Soco um pedaço inútil de rocha


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/317889/chapter/13

Soco um pedaço inútil de rocha

Estávamos os dez em uma meia lua na frente da Porta de Orfeu, que na verdade era apenas um pedaço de rocha no meio do Central Park. Eu juro que não entendo como são essas coisas. Sempre vim com minha mãe e nunca vi uma rocha tão escura e assustadora. Talvez porque quando eu tinha dez anos eu não sabia que era uma entrada para o Mundo Inferior.

– E agora?! – perguntei.

Ao invés de alguém me responder, Edward foi à frente e começou a cantar. Você poderia achar estranho – por que realmente é –, mas é o único jeito de abrirmos essa coisa. A música que ele cantava eu tinha certeza que conhecia, mas não consegui reconhecer.

Ao final da canção, a rocha apenas mexeu-se levemente, soltando alguns pedaços de terra. Somente isso.

– Nada?! – exclamou Guilherme.

James foi à frente e tentou empurrar a pedra. Não se moveu um centímetro sequer. Minha paciência já estava chegando ao limite. Quando James virou-se para nós e deu de ombros, foi a gota d’água. Fui até lá batendo o pé e soquei a droga da pedra. Eu sabia que não daria em nada, mas eu precisava extravasar a raiva e decepção. Cai de joelhos, sentando sobre meus pés, e encostei a testa na pedra gelada. Eles tentavam falar comigo, mas eu apenas ignorava. Só consegui entender Annabeth pedindo para os meninos ajudarem a montar as duas barracas. Fiquei um tempo sozinha, pensando. Até que escuto uma voz que não é minha e nem de Lannah falando em minha mente.

Tem certeza que os instrumentos estão no Mundo Inferior?, a voz era masculina e, por incrível que pareça, associei a Poseidon. Pense bem, filha. Você não tem muito tempo.

Fiquei paralisada. Pensei que os deuses não podiam ajudar os filhos durante missões. Não sei quanto tempo fiquei assim, apenas relembrando da voz de meu pai, mas acho que foi bastante. Senti alguém atrás de mim, aproximando-se e agachando ao meu lado. Fechei os olhos sem querer saber quem era, mas percebi que era Nico quando senti um formigamento quando ele segurou minha mão.

– Ronnie, é melhor você entrar na sua barraca.

– Não... – murmurei com a voz rouca por falta de água. – Vou ficar aqui.

– Vai dormir aqui mesmo?

Assenti, sem dizer mais nada. Ele soltou minha mão e saiu. Pensei que ele insistiria em me levar para a barraca. Talvez até mesmo me levar à força e contra a minha vontade. Pelo visto ele percebeu que é raro ganhar uma discussão comigo, mas devo admitir que fiquei um pouco decepcionada.

– Pronto!

Dei um pulo no lugar quando ouvi a voz de Nico perto de mim. Fiquei tão perdida em pensamentos que nem percebi quando ele sentou-se ao meu lado e desenrolou um grande e grosso cobertor preto de casal. Enrolou envolta de si mesmo e de mim, puxando-me para deitar em seu peito. Aconcheguei-me mais perto dele e fechei os olhos, realmente cansada, mas abri-os novamente, prometendo a mim mesma que não iria perder a oportunidade de vê-lo dormindo. Encontrei seu olhar e afundei-me na escuridão de seus olhos escuros. Por mais assustador que poderia parecer a outros, eu me sentia muito segura com ele.

– Você é mesmo filha de Poseidon?! – brincou, mas eu apenas olhei-o confusa. – Seus olhos. São castanhos, mas deveriam ser verdes.

– Bem... – comecei, sentindo-me meio envergonhada sob seu olhar atento. – E são. Mas eu prefiro as lentes castanhas.

– Por quê?! – perguntou-me confuso.

– Não acho que fico bem de verde. Sou mais o preto ou o castanho, já que não tem lentes roxas ou vermelhas.

Ele riu.

– Você parece mais uma filha de Hades.

– É, já me falaram. – falei, lembrando-me de Percy dizendo a mesma coisa quando viu o tanto de roupas pretas que tenho.

De repente, algo veio à minha mente. Não sei de onde.

– Nico... – chamei-o e ele me olhou interrogativamente, para que eu continuasse. – Você tem mesmo dezesseis anos?

Ele riu.

– De onde tirou isso?!

– Ah, sei lá! – falei. – Às vezes me parece que você é bem mais maduro.

– Isso é bom ou ruim?!

– Sei lá! Acho que depende... Se você perdeu a infância...

– É uma história longa.

Pensei um pouco nisso.

– Só resume então. – ele me olhou de uma forma estranha, como se não quisesse falar nisso. – Se não quiser falar, eu entendo! – completei rapidamente.

– Não é isso. É que envolve minha irmã nisso. – ele me apertou mais contra seu peito.

Ele já havia me contado sobre Bianca di Angelo.

– Se não quiser falar, eu entendo. – repeti.

– Não, tudo bem. Vivemos muitos e muitos anos em Las Vegas, em um Cassino. – olhei-o assustada. – Calma, era um lar dos comedores de lótus e a flor de lótus mantinha-nos presos lá. Não exatamente contra a vontade.

– Anh? – eu sentia-me cada vez mais confusa.

– Quando se come a flor de lótus lá, você não quer parar e não quer sair de lá nunca mais.

– Então você ficou lá até Percy te ajudar? – perguntei, tentando interligar os fatos que já conhecia.

– Não exatamente. Dentro do Cassino não temos noção de tempo e lá envelhecemos mais devagar. Quando se passar poucos dias lá dentro, nem mesmo uma semana, aqui fora se passa meses.

Arregalei os olhos, jamais imaginei um lugar desses.

– Eu e Bianca ficamos lá por muito tempo.

– Quanto tempo exatamente?

Ele sorriu e olhou bem nos meus olhos. Tive que me concentrar muito para não me perder nos seus olhos e acabar não pegando o que ele diria.

– Alguns anos... Setenta no mínimo, mas Quíron acha que pode ser cerca de noventa e três. Saí de lá com dez e Bianca com doze.

Arregalei os olhos. Ri e ele me acompanhou.

– Que legal, tenho um amigo idoso! – dei um soco de leve em seu ombro.

Não queria falar que ele era apenas meu amigo, mas eu não podia fazer nada. Queria muito falar que ele era algo a mais para mim, mas no momento não é. Não ainda. Ele estava meio sentado, meio deitado – com as costas na rocha – e eu estava deitada sobre seu peito, com o cobertor enrolando-nos em um só. Senti o braço dele envolvendo minha cintura e me girar, para que nossos rostos estivessem mais próximos. Dessa vez já segurei sua nuca rapidamente, mas fui aproximando nossos lábios devagar. Ele ficou parado – eu tinha tomado a dianteira. Estava a apenas uns três centímetros quando ouvi a voz de Percy ao longe atrás de mim.

– VENÔRICA MILLER!

– Eu juro que estrangulo seu irmão. – ouvi Nico sussurrar, sua respiração batendo em meu rosto e me fazendo arrepiar por inteira.

Afastei-me de Nico apenas um pouco, continuando a ficar deitada sobre o peito de Nico.

– Dessa vez eu não saio daqui. – sussurrei para Nico, enquanto Percy se aproximava, batendo o pé furioso e parando na nossa frente. Ele respirou fundo três vezes e, quando falou, pareceu mais calmo.

– Ronnie, vai para a barraca... Aqui fora está frio. – Ok, muito mais calmo. E não sei se isso seria bom o ruim.

Algumas horas atrás ele havia falado que iria me proteger. A mim e a Lannah. Que nada de ruim iria acontecer. Se ele desejava mesmo me proteger, não havia porque ficar tão bravo toda vez que me via com Nico. Nico me prometera que nada iria acontecer comigo.

– Percy, eu vou ficar. – falei. – Não é o frio que te preocupa. É se algum monstro vai aparecer?

Eu sabia que não era isso e tentei mostrar isso no olhar que lancei a ele. Sabia que ele não me queria perto de Nico. Ele pareceu entender a indireta, que na verdade é meio que verdade. Ele se preocupava com as duas coisas.

– É... – ele falou, meio sem graça.

– Não precisa se preocupar com isso. Sei me cuidar, você sabe disso. – falei, referindo-me a Nico, mas ele não pareceu muito à vontade na parte dos monstros, então completei. – Nico já disse que...

Nessa hora eu travei. Uma coisa é eu falar disso comigo mesma. Ou bem diferente é falar para meu irmão ciumento na frente dele.

– Eu prometi a mim mesmo que não deixaria nada nem ninguém machucar Ronnie. – Nico falou o que eu não consegui.

Percy analisou bem a situação e não pareceu achar nada para reclamar. Provavelmente na parte que eu disse que sei me cuidar. Ele sorriu, assentiu e voltou em direção à barraca dos meninos, mas não sem antes gritar por sobre o ombro.

– Ai de vocês se fizerem algo errado! Eu estrangulo o di Angelo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aê gente, nenhum review ainda?! ç.ç



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha de Poseidon e o Filho de Hades" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.