A Lenda Dos Amuletos Dos Sonhos Livro I escrita por Nah


Capítulo 8
Capítulo 8 - Notícias do Norte


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos, desculpe o atraso com este capitulo, e espero que gostem ^^



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[Solona]

Minha cabeça estava doendo, na verdade o corpo todo doía muito. Devagar consegui abrir os olhos, a visão ainda embaçada, mas clareando aos poucos, virei minha cabeça para olhar pro lado. Eu estava em uma espécie de tenda bem iluminado pelo sol da manhã, deitada em uma maca, olhei para o lado e vi outras macas iguais a onde eu estava deitada, havia um homem não muito longe de mim que estava tendo a perna enfaixada. Onde eu estava? Talvez fosse uma espécie de tenda de primeiros socorros. Tentei me levantar, mas logo desisti por causa de uma dor aguda em meu pescoço. Isso me fez lembrar o que havia acontecido do ataque de Lilith. Esforcei-me para lembrar-me de algo a mais, mas senti minha cabeça rodar e fui forçada a deitar de novo.

         –Que bom que acordou, Solana. – disse uma voz masculina que era bem familiar que entrava na tenda.

         –Aron?! – exclamei ao vê-lo. Aron era um velho amigo que há tempos não o via, era um soldado em Nórian, uma terra de elfos não muito longe do Vale de Verdana. Era um elfo alto, de cabelos curtos e negros, olhos castanhos e usava uma roupa militar. Era muito bom ver um rosto amigo.

         Ele sorriu:

         –É bom vê-la também, Solana. Faz muito tempo, não é?

         –Sim, muito. – sorri de volta e me lembrei de Norick. – Onde está Norick? – perguntei na mesma hora.

         –Ele está bem, não se preocupe, está lá fora. – respondeu ele. – Mas você ainda não está totalmente recuperada.

        –Onde estou?

        –Na base militar de Nórian. Explicarei tudo melhor assim que estiver melhor.

         Dizendo isso se aproximou e deixou uma vasilha perto de um banco próximo a maca onde eu estava. Molhou um pano com o conteúdo da vasilha e disse:

         –O corte que você sofreu no pescoço foi grave, não foi um corte qualquer, pois havia veneno nele. – então colocou o pano no corte do meu pescoço.

         Ardia muito e a dor se tornava aguda. Ele reparou na minha expressão de dor e disse:

         –Calma, logo irá passar, só dói muito quando se aplica o medicamento. Mas agora tente descansar o máximo que poder, e não se esforce a toa.

         A fraqueza em meu corpo era imensa, a dor no corte começava a parar um pouco, assim que Aron acabou de falar não aguentei e fechei os olhos.

       

Não sei por quanto tempo eu fiquei desacordada, parecia que foram apenas algumas horas, pois assim que acordei vi que o sol não mudou de lugar. A tenda estava bem iluminado como quando a primeira vez que o vi. Aron disse que eu havia dormindo um dia inteiro. Acho que foi por isso que tive essa impressão.

         Era bem de manhã e eu me sentia bem, pude sair da maca e andar pela base. Aron e eu andávamos até o refeitório, enquanto caminhávamos queria lembrar mais do tinha ocorrido, mas eu apenas conseguia visualizar fleches de memórias. E também estava muito preocupada com o que podia ter acontecido com meus filhos e Ângela.

         –Eu estava voltando de uma missão em Marfihri e meu caminho para retornar a base passava pelo Vale de Verdana. – Aron começava a me explicar como havia nos achado quando eu perguntei. – Foi ai que eu os encontrei ambos amarrados no chão. Quando me aproximei de vocês reparei que você estava muito pálida e quase não respirava, então vi o corte no seu pescoço, pelo estado que estava reparei que você havia sido envenenada. Senti a presença de algo ruim naquele lugar então coloquei os dois em cima do meu cavalo e os levei dali. Fiz os primeiros socorros e os trouxe até aqui para que se recuperassem, eu ajudo na enfermaria também. Se eu tivesse demorado um pouco em achá-los com certeza você já teria morrido por causa do veneno, era extremamente forte.

         –Obrigada por nos ajudar, Aron.

         –Imagina, eu sempre ajudo meus amigos.

          –Mas ainda tem algo que me preocupa... por acaso você não viu os meus filhos?

          –Sinto muito, Solana, eu não vi mais ninguém que não fosse você e Norick.

          Isso fez com que eu me preocupasse mais. Talvez Lilith tivesse ido atrás de Valentina, Reiko e Ângela, ainda mais que eles estavam com o medalhão. A idéia de que ela os machucara me assombrava, minha vontade era sair em busca deles, mas isso não iria adiantar muito tão longe de casa e sem nenhuma pista.

          Ao chegar ao refeitório encontramos Norick. Foi tão bom poder abraçá-lo de novo e vê-lo bem. Conversávamos enquanto comíamos, Aron começava a falar de assuntos mais militares que interessava muito a Norick.

          –Nunca esperei que essa guerra fosse levar o rumo que está tomando... – Aron falava com tristeza. Eu sabia o que acontecia naquele momento de guerra, mas ao que parecia havia algumas coisas que não estávamos cientes. Aquele assunto começava a me interessar.

          –Dólum... Parece que isso está se tornando cada vez mais sério. – comentou Norick.

          –Sim e muito. – concordou Aron. – Nos últimos anos ele conseguiu se apoderar de alguns feudos e reinos. Ele é um homem sem escrúpulos, até o irmão matou para que conseguisse a coroa. Ouvi boatos que o Reino de Alunir já foi tomado por ele...

          –Alunir? O Reino dos Hazius? – perguntei com tristeza. Eu tive o prazer de conhecer aquele reino, era um lugar belo e de pessoas de bom coração, os Hazius mantinham boas relações com outros reinos, principalmente com os Elfos. Saber daquilo me deixava realmente triste.

          –Sim lamento informar. Alunir é um reino muito perto de Yoz, o reino de Dólum. Ele vem mostrando um interesse estranho com Hazius.

          –Interesse estranho? Como assim? – quis saber Norick.

           –Temos registrado um número alto de ataques a feudos, vilarejos e reinos de Hazius, muitos também estão sendo capturados e levados a Yoz, mas não sabemos os motivos ao certo.

          –Que coisa horrível. – não pude deixar de comentar.

           –É algo realmente muito ruim. Eu tenho um palpite, talvez ele esteja tomando posse de lugares, digamos, mais fracos... Ou não, é claro que posso estar enganado.



Meu desejo e de Norick éramos de retornar ao Vale de Verdana para tentar encontrar pistas sobre Valentina, Reiko e Ângela, mas Aron nos impediu. Ao que parecia aquela teria se tornado uma área perigosa, as notícias que chegavam indicavam uma movimentação das tropas de Dólum que, possivelmente, se aproximando do Sul. Nada era certo ainda.

          Como não tínhamos como voltar para casa acabamos ficando na casa de Aron num pequeno vilarejo que tinha perto da base, ele mal ficava em casa, costumava ficar na base ajudando. Era uma casa pequena feita de uma madeira acinzentada, era muito aconchegante dentro da casa. A pequena vila era até bem agitada, crianças brincando, cachorros correndo e latindo, mulheres conversando enquanto estendiam as roupas, homens trabalhando na terra e muito mais.

           O tempo foi passando e estávamos nos adaptando a aquela nova rotina de vida. Norick ia para a base com Aron de vez em quando para saber como andavam as coisas em Suddon.

           –Continuam na mesma. – respondeu Norick quando perguntei como estava indo a base. Já estava de noite e nós jantávamos. – Claro temem o pior, as noticias que chegam do norte não são nada tranquilas, estão sentindo uma movimentação estranha nos portos do norte... Mas ainda não podemos afirmar para onde pretendem ir.

           –Entendo... – eu começava a sentir realmente muito sono, passei o dia limpando a casa.

          Norick reparou e disse gentil:

          –Vá descansar, deixe que eu arrume aqui antes de eu dormi.

           Então levantei, o beijei e fui para a cama. Por mais que eu estivesse com sono eu demorei a pegar no sono, normalmente não tinha um sono agitado como essa noite e quando menos esperei estava já sonhando.

           Era uma espécie de caverna onde eu me encontrava no sonho, não estava escuro e a caverna tinha uma nevoa avermelhada. Comecei a andar, notei que a luz avermelhada de lá vinha de uns cristais que havia nas paredes e no chão. Enquanto eu andava pude ver que uma silueta se formava a minha frente, não era uma pessoa, a silueta era de um dragão que estava adormecido. Quando me aproximei mais vi que ele era vermelho, um vermelho meio laranja que ia ficando claro começando a barriga.

           Ele abriu os olhos e disse, sua voz grave, sem sair do lugar onde estava deitado:

           –Solana de Galahdi, Guardiã de Selph, está na hora de revelar os novos herdeiros...

          –Sim, Grafus. – respondi fazendo uma mesura.

          –Diga! O nome da herdeira de Selph.

          –Valentina de Galahdi, do Vale de Verdana.

          Fechou os olhos novamente e disse:

          –Já está na hora... Em breve os amuletos já não estarão tão seguros, Solana de Galahdi, como Guardiã de Selph você deve protegê-lo até está em segurança nas mãos da nova herdeira.

          –E assim será feito. – respondi.

          –Não falhe.

          –Não hei de falhar. – quando respondi isso vi que já estava com os olhos aberto, tinha acordado. Norick estava  ao meu lado com cara de quem acaba de despertar do sono, talvez eu tivesse acordado sem querer, ele tinha um sono leve. Então me perguntou:

          –O que disse, amor?

           –Já está na hora de revelar a Valentina quem ela realmente é, e quem eu sou.

          Ele ficou algum tempo me olhando:

          –Sim... Está na hora. – disse depois de um tempo.




Aron havia chamado eu e Norick para uma tenda grande que havia no meio do acampamento. Assim que entremos na tenda vimos uma mesa que havia um grande mapa aberto, e na frente dessa mesa estava um homem que a estudava cuidadosamente, mas assim que entramos sua atenção foi voltada a nós três.

           –Solana! Norick! A quanto tempo. – disse um elfo que vestia uma roupa militar um tanto luxuosa, com certeza era o comandante. Eu o reconheci assim que entrei na tenda, ele estava diferente com algumas cicatrizes no rosto e seus cabelos, que me lembrava ser curtos e negros, agora estava comprido e desgrenhados.

          –Turin. – disse Norick com um sorriso amistoso dando um aperto de mão e um abraço. E então Turin se virou para mim:

           –Solana, é bom revê-la. – deu um sorriso e um aperto de mão seguido de um abraço.

          –É um prazer revê-lo depois de tanto tempo, Turin. – respondi.

          –Sim, agora Comandante Turin. Muita coisa aconteceu depois daquele tempo, da Guerra de Azagarth. Mesmo assim enfrentamos outra a nossa frente. – disse se sentando e fazendo sinal para que nos sentássemos também. Então continuou a falar.

          –Aron me contou o que aconteceu com vocês dois. Esperava reencontrar meus velhos amigos em uma situação menos crítica, mas parece que os deuses não atenderam meus pedidos.

         –Mesmo a situação assim, ainda podemos relembrar bons tempos. – disse Norick.

         –Sim, é claro... – sorriu Turin.

         Um jovem garoto serviu vinho a nós quatro e logo se retirou, quando perguntei quem era Turin respondeu ser seu escudeiro. Depois de algum tempo de conversa e algumas risadas, começamos a tratar de um assunto mais sério. Aron observava o mapa junto ao Comandante, tinha terras do norte onde estava marcado de vermelho.

         –Aqui são lugares já conquistados por Dólum. – disse Aron apontando para o reino de Alunir. – Parece que o rei de Yoz não se contenta com seu próprio reino, ele quer dominar o norte inteiro e também o sul.

          –Isso já está virando algo sério e precisamos tomar uma providência se unindo a reinos que não foram conquistados ainda no norte para acabarmos de vez com essa loucura de Dólum. – dizia Turin. – Acabamos de conseguir uma aliança em Lamfur, reino dos Elfos do Norte.

          Norick observava o mapa atentamente, algo pareceu chamar-lhe atenção e disse:

          –Enquanto a terra e reinos humanos, como Aphelion e os reinos do Leste e Oeste. – disse apontando para o último grande reino do sul.

          –Ainda não tentamos contatar os reinos do Leste nem do Oeste, mas creio que estão a pá da situação atual de Suddon, e quanto a Aphelion depois da Guerra de Azagarth esse reino se fechou totalmente, temendo mais guerras. – explicou Turin. – Não podemos confiar em humanos agora, Dólum é humano que só pensa na riqueza e em si próprio como qualquer outro humano, esqueceu o valor da vida e seu próprio valor. Em uma guerra desse tipo não podemos confiar em terras humanas, pois vão ficar do lado de Dólum. Assim como essas terras. – disse mostrando no mapa terras perto de Yoz.

          –Ainda podemos vencer. – falei. – Dólum conquistou muitas terras, mas ainda estamos em bons números.

          –Não afirmaria isso com tanta certeza, Solana. – alertou-me Aron pensativo. – Ele agora tem grande poder militar, com Alunir conquistada perdemos um grande aliado em poder naval, pois é um reino que possui boa quantidade de navios e bons soldados, mesmo sendo um reino de Hazius era um reino forte como aliado.

          –Entendo...

          –Há más noticias que vêem do norte. – começou a dizer o Comandante andando de um lado para o outro. – Recebi uma carta há algum tempo de Lamfur confirmando que tropas de Dólum estariam embarcando nos navios de Alunir para poder vim até aqui no sul atacar... Mais precisamente atacar Narcaham.

          –Narcaham? – perguntei surpresa, parecia que Dólum tinha um interesse por terra de Hazius, mas não foi apenas por isso que me espantei, por algum motivo estava tendo um mal pressentimento com esse reino. Não era tão longe assim de onde estávamos.

          –Sim. – confirmou Aron com uma tristeza na voz. – Enviamos algumas cartas ao rei Darius, de Narcaham, para que tomasse cuidado e que reforçassem a segurança na cidade, alertando-os dos perigos que estão por vim no mar. Mas não recebemos nenhuma resposta ainda, o que é algo bem estranho, pois Darius nunca demora para responder a uma carta, ainda mais algo importante assim.

          Comecei a sentir o mau pressentimento mais forte, eles conversavam mais sobre algum tipo de estratégia, não prestei muita atenção, estava perdida em outros pensamentos: meus filhos, Ângela, meu dever de guardiã do fogo. Fugindo um pouco dos meus assuntos comecei a prestar atenção no que falavam.

          –... então decidimos ir pessoalmente até o reino dos hazius para alertá-los da situação, partiremos amanhã.

          –Turin, por favor, podemos ir juntos com vocês? – pedi, eu estava mentalmente planejando ir para o reino, algo me chamava até lá e com eles partindo para Narcaham resolvi ver se também poderia ir.

         Turin sorriu depois de um tempo, olhou para mim e Norick.

           –Eu sabia que não iam querer ficar apenas olhando enquanto isso tudo acontece. Norick meu caro, ainda sabe empunhar uma espada como quando era um soldado?

          –Ainda pergunta? – respondeu com um sorriso.

          –Vocês são bem-vindos de volta, sempre é bom ter velhos companheiros e confiáveis ao lado.

          –Fico feliz em ouvir isso. – falei.

          –Bem, posso me considerar novamente um soldado? – perguntou Norick.

           –Quem sabe. – respondeu Turin dando uns tapinhas no ombro dele, então sua expressão ficou seria e olhou para nós dois novamente. – Amanhã partiremos cedo, arranjarei para os dois armaduras, temos que ir sempre preparados para tudo, não é mesmo?



A noite quando estávamos se preparando para dormir Aron chega, sua expressão era seria.

          –Vamos ter que partir agora mesmo. – disse ele quando entrou em casa.

          –Agora? Mas por quê? – perguntei.

          –Um mensageiro acaba de chegar revelando que o rei de Alunir está em Narcaham, e as cartas que levávamos para o reino estava sendo interceptadas, ainda não sabemos quem está fazendo isso. – começou a contar Aron rapidamente. – Este mensageiro investigou o que estava havendo e descobriu isso. Resumindo: Narcaham será atacada em breve, pois os navios de Dólum já estão mais próximos do reino de Darius do que imaginávamos e serão surpreendidos, pois de nada sabem do que está acontecendo, e talvez nem o próprio rei de Alunir saiba que sua terra fora conquistada. Vamos! Temos que ir agora.


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Notas finais do capítulo

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Mereço reviews? Recomendações? Criticas e esculachos? kkkkk Bjs Até o próximo capítulo.