Escutei Edward dar um pigarro ao meu lado chamando a atenção de todos. Alice e Rosalie imediatamente olharam para nossas mãos unidas e me lançaram olhares que matariam se possível.

- Bella. – Senti alguma coisa ou alguém se agarrando as minhas pernas como se me abraçando, era Thony.

- Oi querido, como você está? – Me agachei e o peguei no colo, separando minhas mãos de Edward.

- To bem.

- Mamãe põe o Thony no chão, eu quero brincar com ele. – Disse Lizzie ao meu lado.

- Vejo que já foram apresentados então. – Coloquei Thony no chão e voltei a olhar para aqueles olhos azuis de minha filha.

- Ele é legal, gostei dele.

- Então vão brincar que logo vamos ter que acordar Cathy para jantar certo?

- Claro mãe, vem Thony. – E saíram correndo pelo apartamento do meu irmão.

Fiquei mais um tempo ali parada no batente do corredor só observando o movimento dos meus amigos, estavam tranquilos, Edward relacionava olhares, hora a mim hora a conversa que estavam tendo. Não pude deixar de notar que, a tempos que não me sentia tão bem, tão leve.

- Bella, nós vamos ir buscar a pizza e você VAI! – Disse Alice naquele tom inquisidor dela.

- Ok, já que não tenho opção mesmo. Emmet, se Cathy acordar me ligue e, por favor, olhe minhas crianças.

- Que isso Bellinha, eu sou um tio muito responsa ok! – Disse inflando o peito, idiota.

- Claro que é, mas não é em você que estou confiando, é mais fácil Lizzie cuidar de você do que você cuidar dela. – Peguei minha bolsa e sai atrás das meninas, só deu tempo de escutar um “Hey” de Emm e os garotos a dar risadas.

Já dentro do carro o silencio estava insuportável, Alice estava dirigindo, eu estava no bando da frente e Rose sentada no banco de trás no meio. Tentei ligar o rádio, mas Alice não deixou o desligando logo em seguida.

- O que é Alice? – Perguntei já sabendo de sua resposta.

- A nem vem Isabella, pode ir falando, eu sei que tem alguma coisa entre você e o Doutor sedução ali.

- Eca Alice, ele é meu primo, só de imaginar já me da enjoos. – Rose se manifestou no banco traseiro.

- Não era pra tanto Rose, mas que tem coisa tem e é agora a hora pra falar Bella, quero saber tudo.

- Então quer dizer que pra Alice você contou é? – Rose cruzou os braços no banco traseiro e fez um bico com cara de choro.

- Ta legal, vocês venceram, eu vou contar, e não se preocupe Rose, só não lhe contei como o conheci porque simplesmente não tivemos tempo se lembra? – A vi balançar a cabeça em concordância e comecei a relatar os acontecidos desde quando trombamos na cafeteria até chegarmos ao beijo.

- Não A-C-R-E-D-I-T-O! Isso é... Simplesmente surpreendente vindo de você Bellinha, esperava no mínimo um tapa na cara. – Disse Alice enquanto voltávamos para o carro com as pizzas e as bebidas.

- Tirou as palavras da minha boca fadinha. E o que você pretende fazer agora Bells? – Disse preocupada.

Eu as entendia, muito bem, afinal elas viram como fiquei desde que perdi meus homens, sentia falta deles constantemente, mas não podia ignorar o pedido de meu filho. Mas ainda sim, era tudo precipitado demais, novo demais, não podia simplesmente deixa-lo entrar em minha vida quando nem eu saberia explicar o que aquele beijo foi para mim, e ainda tinha minhas filhas, elas também sofreram comigo durantes esses três anos que se passaram.

- Eu realmente não sei meninas, acho que... Talvez seja cedo demais para tentar explicar tudo isso, eu estou confusa, ambos sofremos perdas, e ambos sofremos com elas. Não posso o deixar entrar na minha vida desse jeito, não quando ainda se tem a possibilidade de que entremos um na vida do outro somente por conveniência, e eu tenho minhas filhas.

- Bella, todas nós sabemos que não são suas filhas que te impedem de começar algo novo... Na boa, Elizabeth adorou Thony e Edward, imagine Catherine, ela vai se apaixonar tanto quanto a irmã, e Edward? Não parou de falar sobre o quanto Lizzie e educada e linda. – Estávamos entrando com o carro na garagem. – Você tem que deixá-los ir Bells, só assim você será plenamente feliz, tem que deixá-los ir e se abrir para uma nova vida, um recomeço... Essa história não precisa ter esse final.

- Alice tem razão Bells, ta na hora de se abrir para algo novo.

Peguei as pizzas e as meninas pegaram as bebidas. Dei uma longa suspirada, talvez elas tivessem razão, mas eu simplesmente não conseguia deixá-los ir, eles foram tudo em minha vida e Josh, bem, ele era meu filho. Não era essa a ordem certa das coisas, não era justo uma mãe enterrar seu filho, não.

- Só que... Eu não consigo. Eu simplesmente não consigo deixar passar ou se quer aceitar que tudo isso aconteceu. – Parei de frente para o elevador. – É demais para uma única pessoa suportar, eu... Não consigo.

Entreguei as pizzas a Rose e apertei o botão para o elevador se fechar e sai, precisava pensar.

- Hey Bells, aonde você vai? – Rose gritou.

- Volto em 30 min... Olhe as meninas pra mim.

Precisava sair dali... Pensar, colocar minha mente no lugar. O que estava acontecendo comigo? Sempre segurei meu mundo com mãos de ferro e de repente, esse homem chegar e foi como um sopro pra que tudo desabasse. E, eu simplesmente não conseguia fazer isso, que era um sentimento forte eu não podia negar, mas, o que? Um fato nessa história, é que Rosalie e Alice tinham razão, até mesmo meu filho tinha, meu filho, pensar nele foi como um soco em meu estomago, era impossível pensar nele e não chorar.

Atravessei a rua do apto de Emmet e fui para a lagoa que tinha ali, era calma, sentei em um banco e fiquei observando um casal que passava por ali, o pai carregava seu filho em seus ombros de “cavalinho” e a criança só gargalhava. Olhar aquela cena foi o que bastou para que eu deixasse as lágrimas fluírem. Sempre tive que me mostrar forte, ser forte pelas minhas meninas, elas sentia falta do irmão, mais Lizzie do que Cathy, ela não passara muito tempo com o irmão, mas sabia quem era. Eu precisava ser forte perto delas, senão tudo desabaria, mas ali não, naquele lago, sentada naquele banco, eu era somente Isabella, Obstetra, mãe de duas lindas criaturinhas e... Viúva. Pensar nisso era um tanto irônico, nunca me imaginei viúva aos plenos 26 anos, muito menos casada, mas ali estava eu... Chorando a morte de meu marido e filho numa praça, quem passava não deixava de notar o quanto eu estava a sofrer, mas também não se arriscavam a se aproximar.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, sei que as lágrimas se secaram e pude pensar com mais clareza, era certo que não podia ignorar o que estava sentindo, muito menos quem o fez, ele trabalharia comigo, tínhamos que ser profissionais e adultos e resolvermos tudo isso, e eu nunca negaria um pedido de meu filho, nunca.

Senti alguém se sentar no  banco e já fazia uma ideia de quem poderia ser.

- Eu sei que você deve ter passado por muita coisa e que... Talvez eu tenha sido impulsivo hoje, mas, senti que era certo você está a me deixar maluco desde ontem. – Ele deu um suspiro e continuou. – Alice disse que você voltaria em 30 min, e como não voltou bem, ela disse que te encontraria aqui.

- Hm, ela me conhece melhor que eu mesma, mas... Quanto tempo faz que sai?

- Uma hora e meia Bella. – Disse e me deu aquele sorriso torto lindo. – Olha, eu sei que fui precipitado e que as coisas pra você não são tão fáceis, mas, não vou desistir de você. É só que, só fazem dois dias e eu não consigo me manter a distância, fico pensando quando vou te ver ou, o que você estaria fazendo, se deveria ligar ou se deveria deixar tudo como está. Eu sei que você sofreu grande perda e que por isso se fechou em seu mundo, tentando cuidar você mesma de suas feridas, mas Bella. Ninguém sobrevive nesse mundo sozinho, me... Deixa-me cuidar de você, me deixa entrar no seu mundo, ficar ao seu lado.

Dito isso eu simplesmente não pensei no amanhã, pulei em seus braços uma vez que ele já estava em pé a minha frente e ficamos ali abraçados só nós, na nossa pequena bolha.

- Eu quero deixar... Mas, ainda não consigo. – Foi só o que consegui dizer.

- Bem, eu quero que saiba que sou persistente, e que, não vou desistir fácil de você...

- Não quero que desista só, de tempo ao tempo ok!? Uma hora tudo se encaixa. – Assim espero, pensei comigo.

- Tudo bem, mas agora temos que ir, Catherine está chamando pela mãe e eu a prometi que a levaria de volta para casa.

Soltei um riso calmo. – Ela deve ter assustado por acordar no quarto do tio. – Estendi minha mão para ele. – Vamos?

- Com certeza, Dra Swan!

Corei violentamente e saímos rumo ao apartamento sem dizermos mais nada. Não era precisava, era fácil demais estar com ele e se esquecer, até mesmo onde morava.

Chegamos ao apartamento de Emmet e todos ficaram me encarando como se esperassem alguma reação, ou algum surto de certo.

- Eu estou bem, desculpem por ter saído assim. – Disse meio envergonhada.

Cathy veio ao meu lado esfregando seu lencinho no rosto, uma mania sua quando estava com sono.

- Mamãe ta bem? – Disse estendendo os bracinhos em minha direção, a peguei no colo.

- Claro bebê, a mamãe só foi andar um pouquinho, mas agora estou aqui ta. Você já comeu?

- Titio Edward me deu papá, disse que ela pra mim papá tudo que depois ele ia busca você PL[ra mim. – Olhei para Edward que estava ao meu lado, aquilo estava realmente lindo.

- Obrigada! – Disse a ele.

- Bem, acho que já tivemos emoções demais por hoje. Bella vai ficar aqui? Eu posso dormir com Emm essa noite. – Disse Rose.

- Como se você não o fizesse todas as noites não é mesmo? – Rimos de sua cara. – Mas não, vou levar as crianças para dormir em casa e amanhã abrimos cedo se lembra?

- Claro.

- Bem, eu também vou indo, Anthony já esta dormindo faz tempo, a única acordada ainda é essa princesinha aqui. – Disse Edward fazendo Cathy pular do meu colo para o dele. É, realmente ela avia gostado dele.

- Bem... E vocês sabem de Alice?

- Ela saiu com Jasper, mandou te avisar que amanhã estará na sua casa no horário de sempre, não se preocupe, ela sabe se cuidar.

- Parece que não preciso me preocupar mesmo não é? – Disse.

- A baixinha sabe se cuidar – Disse.

- Ta ok, Rose, me ajude a levar as meninas para o carro sim? – Disse enquanto pegava Cathy do colo de Edward para que pegasse Thony.

- Boa noite Emm.

- Boa noite mana, e sabe, qualquer coisa eu estou aqui. Sempre estarei.

- Pode deixar.

E sai de la com Rose e Edward ao meu encalço. Arrumei as crianças em suas respectivas cadeirinhas, me despedi de Rose, e depois de Edward e bem, o que posso dizer, acabei por dar um selinho nele, uma amostra clara de que queria vê-lo sempre, e voltar a viver um pouco.

Cheguei a minha casa troquei minhas crianças e coloquei cada uma em sua cama e lhes dei um beijinho na testa de boa noite e fui para meu quarto. Simplesmente apaguei um sono sem sonhos.