Heaven And Hell Shenny escrita por KayLee


Capítulo 9
Capítulo 5, pt 1 - Sobre ressaca e sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Estamos na reta final :( Essa é a primeira parte do penúltimo capítulo...Mas, vamos falar de coisas boas: a Heaven and Hell tem 28 leitores e 48 reviews e 1 recomendação! Estou tão tão feliz com isso que quase não consigo expressar. Muitíssimo obrigada por isso ♥



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PARTE I - Ressaca

A cabeça de Sheldon assemelhava-se ao Large Hadron Collider, tamanha era a dor que sentia. Talvez, essa dor insuportável fosse a resposta de seu corpo por ser tão idiota a ponto de ingerir álcool e destruir seus neurônios preciosos. Como se não bastasse, seu estômago contorcia-se e seu esôfago parecia queimar e, para completar a tragédia, precisava urgentemente ir ao banheiro.

Sheldon abriu os olhos rapidamente e levantou a cabeça. A dor infernal acrescentou-se a uma súbita tontura e, ao tentar sair da cama, acabou enrolando-se no edredom.


– Good Lord. – gritou Sheldon, ao cair de joelhos no chão – Onde está você quando mais preciso, vasopressina? Bebida maldita, maldita. – repetiu ele, correndo em direção ao banheiro.


Penny acordou com o barulho feito pelo amigo e, quando procurou por ele, o viu correndo em direção ao banheiro. Ela abafou uma risada. Por sorte, bebera bastante o suficiente para ficar feliz e causar, apenas, uma irritação no estômago. Levantou-se e foi até a cozinha fazer torradas e suco de laranja. Estava faminta.


Sheldon saiu do banheiro cambaleando.


– Você. – acusou ele, assim que se sentou na mesa para tomar café da manhã – Sua espertinha. Era o seu dia de ficar no sofá. – comentou – Se não você não tivesse me acolhido naquele dia terrível da tempestade, ganharia um strike.


– Você disse para eu dormir na cama. – falou Penny – Só disse que era minha vez de fazer a barreira de travesseiros.


– Eu disse isso? – perguntou Sheldon, confuso.


– Você não se lembra? – perguntou ela um tanto quanto desapontada.


– Deveria lembrar de algum evento? – retorquiu – Ao menos, estou de pijama. Se estou de pijama e com minhas calças, não vejo qual pode ter sido o problema.


– Não aconteceu nada importante. – respondeu Penny, virando-se de costas e indo à direção do prato com torradas.


– Conte-me o que aconteceu. – pediu ele, procurando os olhos dela – Por favor, Penny.


– Não foi nada, Sheldon. – disse irritada – Você bebeu, vomitou, tomou banho e está acordado agora. – ao terminar de falar, uma dor de cabeça súbita fez com que ela massageasse as têmporas.


– Eu também estou com dor de cabeça. Sinto por isso. – solidarizou-se – E, agora, como farei meu diário relatando sobre como é beber, se não lembro de nada? – questionou Sheldon, triste.


Eles concordaram em sair para almoçar e, tão logo retornaram, Penny decidiu que dormiria um pouco. Sheldon aproveitou o período que a amiga estava dormindo para pegar um táxi e ir ao supermercado fazer compras.


– O que você quer fazer hoje a tarde? – perguntou Penny, assim que se levantou.


– Poderíamos ir ao shopping. – sugeriu Sheldon, analisando os cabelos presos dela em um nó no topo da cabeça.


– Estou com dor de cabeça para isso. – ela encarou Sheldon com uma expressão brava, fazendo-o ficar quieto – Vamos fazer biscoitos com gotas de chocolate.


– Você só pensa em comer! – exclamou Sheldon, levantando-se do sofá – E você recém levantou! Como pode ter dor de cabeça?


– Dor de cabeça aparece em qualquer hora e biscoitos ajudam-na a passar. – mentiu ela, incerta – E vai nos distrair. Vou pegar a receita e volto em um minuto. – disse Penny.


Sheldon não conseguira – ainda – entender o motivo de Penny estar tão instável. Segundo os seus cálculos, ela teria TPM dali a uma semana e dois dias e, pela análise de todo o tempo que conviviam, o ciclo dela era bastante regular. Entretanto, o fato de manifestar interesse por comer era um indício de que estava passando por essa fase. Se bem que, como haviam bebido na noite anterior, seria normal sentir mais fome. Concluiu que essa irritabilidade provinha da tal festa e, como não conseguia lembrar de nada, ela, provavelmente, estava brava por ter que cuidar de um bêbado indefeso. Pobre Penny.

Enquanto Penny ditava os ingredientes, Sheldon os pegava e os colocava sob a bancada da cozinha.


– Agora, amassar a manteiga com a farinha de trigo e o açúcar . – disse Penny – Ah, Sheldon, faça isso para mim. Pintei as unhas ontem. – completou ela, manhosa, mostrando a mão bem pintada.


– Oh Penny. Como farei isso? – perguntou, inconsolado – Sei fazer qualquer reação química idiota que você me pedir e posso testar várias teorias físicas para você – mesmo achando isso bastante desnecessário -, mas isso. – indicou para a vasilha com a mistura de farinha e açúcar e manteiga.


– Vamos, Sheldon, eu ensino a você. – Penny ficou atrás de Sheldon e pôs as mãos sob as dele – Sheldon, por Deus! – disse, ao vê-lo se encolher – Não vou agarrar você ou coisa do tipo. Se eu realmente quisesse isso, teria feito ontem enquanto você estava mais bêbado do que um barril!


– Tudo bem. – declarou ele, optando por ignorar as declarações dela – Por mais que me doa dizer isso, me ensine, então.


– Faça assim com os dedos. – as mãos quentes dela apertaram as dele levemente, indicando como a manteiga deveria ser amassada com a mistura – Viu só? Continua fazendo isso até virar uma massa.


– Oh, veja a maravilha da física, Penny. – falou Sheldon, tentando quebrar o silêncio – Nossas mãos têm temperatura de 310,15 Kelvin e entram em contato com a manteiga, a temperatura ambiente de 300 Kelvin, e, a partir daí, procuram o equilíbrio térmico. A manteiga derrete um pouco, o suficiente para se unir à farinha e ao açúcar.


– É, nossa. Uau. – respondeu Penny genuinamente interessada nos dedos longos e brancos de Sheldon que, pouco a pouco, apalpavam a farinha e moldavam a massa.


Por mais que tentasse pensar em física e tentasse expor à Penny aquele conhecimento, era difícil esquecer a sensação de ter aquelas mãos pequeninas sob as suas. Ao sentir a presença do seu corpo pequeno perto do dele, o primeiro reflexo foi encolher-se. Encolheu-se, apenas, porque o calor que irradiava do corpo dela o deixava verdadeiramente desconfortável. Desconfortavelmente bem. Jamais fora tocado por outras mulheres que não fossem sua irmã, avó e mãe. E, por mais inocente que fosse aquele toque, seu corpo tornou-se quente. A sensação, entretanto, passou, assim que Penny retornou ao balcão à procura da receita.


– Bem, a massa está pronta. – Penny leu o restante das instruções – Só falta adicionar as gotas de chocolate e esperar. Podemos fazer chocolate quente também!


– Oh. Eu adoraria. – respondeu Sheldon – Ainda mais porque...


– Você só toma chocolate quente em meses com a letra “R”. – completou Penny revirando os olhos.


– Como você se lembra disso? – questionou ele, com um vinco nas sobrancelhas.


– Posso não ter sua memória aidética...- ela iniciou a falar e foi interrompida pelo amigo.


– Eidética.


– Que seja. Olha, entendo que meus erros incomodam você, mas não é gentil corrigir seus amigos toda hora. – Penny falou, chateada – Não precisa me corrigir para mostrar o quanto eu sou burra quando comparada a você. – a voz dela falhou.


Ela gostava de aprender novos termos e aumentar o seu conhecimento, mas o fato de saber que Sheldon a repreendia, a deixara instável naquele momento. A verdade era que estava o odiando por não lembrar do beijo. Daquele beijo que ainda a desestabilizava e a fazia quase confessar e implorar por mais. Quase. Se ele soubesse que a havia beijado, burlaria o sistema de segurança de Howard, apenas para fugir disso. Esse era o Sheldon: inexperiente, ingênuo e totalmente desinteressado em questões amorosas.


– Você está bem? – Sheldon arregalou os olhos e a encarou.


– Dor de cabeça, ainda. – respondeu Penny com um suspiro – Vamos terminar isso. Preciso comer muito para isso passar.


Penny derretia o chocolate para preparar o chocolate quente, enquanto Sheldon mantinha o olho no cronômetro para não deixar os biscoitos saírem do ponto. Ele percebeu que a amiga estava inquieta, trocando o peso da perna a cada setenta segundos. Aquilo o deixava nervoso.


– Ei, prova aqui. – Penny falou e retirou uma colher de dentro da panela – Está bom?


Sheldon provou um pouco de chocolate quente que estava na colher e não conteve uma careta.


– Não pode estar tão ruim assim! – reclamou Penny. – Oh Deus, isso está muito amargo. – disse, assim que provou o restante de chocolate quente que Sheldon havia deixado na colher.


Sheldon arregalou os olhos. Penny havia lambido a colher que ele havia passado os lábios para capturar chocolate quente. Era como se eles houvessem se beijado. Em beijos, salivas eram trocadas; germes, compartilhados. Pelo menos, era isso que diziam os livros. Apesar de saber que deveria considerar isso repugnante – simplesmente -, não conseguia. Tal pensamento o incomodou a ponto de pedir licença à Penny e ir para outro cômodo. Havia uma peça faltando naquela construção de Lego.


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Notas finais do capítulo

Como sempre: comentem e me avisem se houver algum erro. :D