Heaven And Hell Shenny escrita por KayLee


Capítulo 8
Capítulo 4, pt 2 - Sobre despertadores e Flash


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, quero agradecer imensamente todos os comentários que vocês deixaram e a primeira recomendação da Heaven and Hell. Sem dúvidas, foram os meus melhores presentes. Infelizmente, esse aniversário vai ser lembrado por todos os anos, mas por motivos não tão bons assim. Quem acompanha os noticiários, viu ou leu a tragédia que aconteceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Sou gaúcha e prestei vestibular para a UFSM, em dezembro, e quase passei. Fico imaginando que, se eu houvesse passado, talvez estivesse na boate comemorando a aprovação ou o meu aniversário com meus futuros colegas e, talvez, eu não estivesse aqui hoje. Apesar de não conhecer ninguém da tragédia, sinto como se conhecesse. Mais de duzentos adolescentes e adultos tiveram a vida interrompida. Poderia ter sido eu, poderiam ter sido vocês.
#PrayforSantaMaria



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PARTE II - Flash

            Penny optou por deixar os cabelos levemente cacheados. Em seus olhos, a sombra clara, aos poucos, ganhava intensidade de modo que, no final do olho, atingia a coloração negra. Após passar rímel e usar um gloss cor de pêssego, estava pronta. Seu vestido, preto e acima do joelho, combinava com o sapato preferido – que, infelizmente, se tornara o grande responsável pelas suas dívidas e falta de dinheiro – e com a bolsa.

- Shelly, deixei frango frito para você no forno. – falou Penny, quando o viu sentado – É só esquentar no microondas ou, se preferir, pode pedir alguma coisa para comer. – acrescentou – Prometo não fazer barulho ao chegar e, como a cama é sua hoje, só precisa deixar coberta e um travesseiro aqui no sofá.

- Tudo bem, mas não se preocupe com isso. – respondeu Sheldon – Eu volto com você.

- Desculpa, querido. Não estou entendendo. – o cenho dela franziu.

- Você disse que sairia com seus amigos hoje. – disse ele – Sou seu amigo, o que significa que você também vai sair comigo.

- Shelly, eu... – Penny procurava alguma palavra que não o ferisse, embora estivesse com dificuldades – Eu sei que você é meu amigo, mas eu não disse que levaria alguém comigo e, talvez, minha amiga não tenha outro convite. Eu fui convidada, entende?

- Não se preocupe. – retrucou Sheldon – A Susie, sua amiga, não vai ir e eu avisei para a Macy que eu seria seu acompanhante. – ao perceber a expressão confusa dela, explicou – Enquanto você estava no banho, a sua amiga, Macy, ligou e disse isso. Como eu sabia que você esqueceria de avisar que estava com hóspedes, fiz questão de informar. Ela disse que a Susie estava doente e não poderia ir, logo, me ofereceu um convite e eu aceitei.

- Você não gosta de festas. – afirmou a ele.

- Ah, faço esses sacrifícios para manter uma relação amigável. – respondeu Sheldon com um assustador sorriso.

            Quando chegaram na festa, Penny abriu a boca em formato de “O”. Aquele, sem dúvidas, era o lugar mais luxuoso que fora na vida. Talvez, ao alcançar o estrelado, acabasse por se acostumar com tamanha pompa, contudo, se esse dia nunca chegasse, ela ficaria feliz por ter comparecido a uma festa como essa. Um garçom bastante simpático a ofereceu uma taça de champagne, assim que se dirigiu ao bar.

- Macy, esse lugar é incrível. Esse é o melhor presente adiantado de Natal que já recebi. – agradeceu Penny – Esse é o Sheldon, meninas. – apresentou-o para Macy e Sammy.

- Ah, o famoso Sheldon. – disse Sammy, balançando os cabelos longos pretos.

- Não tão famoso assim. – Sheldon respondeu um tanto quanto envergonhado – Tenho certeza que daqui a uns anos, ao receber o Nobel, você poderá dizer isso.

- O que acha de nos divertimos, Sheldon? – questionou ela, animada – Sempre quis saber se física pode ser interessante.

- Ora, mas que tolice. Claro que física é interessante. – ele balançou a cabeça – Obrigado, mas não danço.

- Ok, Sammy. – falou Penny, entediada com a atitude da amiga e balançando um novo copo de bebida – O Sheldon não é como os outros, deixe-o em paz.

            Sammy sorriu e piscou para a amiga, saindo em seguida. Logo, os cabelos pretos e perfeitamente lisos sumiram no meio da multidão. Penny reprimiu um suspiro de alívio e sorveu um pouco do líquido de seu copo. Sheldon, aparentemente, nem percebera a investida de Sammy, uma vez que continuou observando as pessoas, mantendo-se próximo de Penny, afastando-se apenas quando alguém chegava perto o bastante para tocá-lo.

- O que é isso? – perguntou, curioso, ao ver uma fatia de limão no copo de Penny.

- Margarita. – Penny inclinou a bebida na direção dele, em oferecimento – Prova.

- Não bebo. – declinou ele com um gesto displicente.

- Querido, beber um dia não vai fazer com que você seja como ele.

- Não tenho certeza disso. Sou propenso, hered... – Sheldon foi interrompido quando Penny, literalmente, enfiou o copo na sua boca.

- Vamos, beba. – obrigou ela – Você vai ver que é bom. Vamos lá, querido, você é jovem e tem que provar e fazer alguma loucura na vida, pelo menos uma vez, para contar aos seus robôs futuramente – tagarelou Penny.

            Sheldon obedeceu à ordem de Penny para, posteriormente, escrever em um diário sobre a experiência de ficar bêbado. Na última vez que isso acontecera, estava preocupado demais em saber onde suas calças estavam e acabou relegando ao segundo plano esse relato. Dessa vez, porém, nada o impediria.

- Pelo bem da ciência. – brindou Sheldon com o quarto copo de Margarina.

- Pelo bem da ciência! – repetiu Penny, rindo.

            Penny conversava animada com um homem alto e forte, gesticulando freqüentemente e rindo hora ou outra. Sheldon apenas a observava no canto do bar, brincando com o limão que sobrara no fundo do copo. Se fosse sincero consigo – e, ele sempre era – sabia que, se não saísse daquele lugar o mais rápido possível, acabaria levando Penny para dançar e sabe-se lá o que aconteceria. Uma euforia parecia tomar conta do seu corpo.

- Penny, estou cansado. Vamos embora? – mentiu ele, reprimindo um bocejo falso.

- Você não está vendo que eu estou conversando com ela? – perguntou o homem – Sai daqui.

- Ei. – intrometeu-se Penny – Sai daqui você.

- O quê? Você está conversando comigo e, do nada, esse cara chega. – retrucou ele – Olha para mim e para esse cara. Vai dizer que prefere ele a mim? – ironizou.

- Sim, eu prefiro. – respondeu ela com um sorriso ao ver a incredulidade do homem – Vamos para casa, querido. – disse para Sheldon que permaneceu calado.

            Nem bem chegaram em casa e Sheldon correu até o banheiro. Ao segui-lo, Penny o encontrou com a mão no estômago, próximo da privada.

- Preciso vomitar, Penny. – falou ele, com a voz estrangulada.

- Vamos lá, querido. Ficarei do seu lado.

- Sabe quantas bactérias de Escherichia coli estão aí? Milhões, bilhões! – disse ele com temor – Não posso fazer isso, Penny. Não na privada.

- Onde você quer fazer, então? – questionou confusa.

- Pode ser em uma bacia de vidro.

- A única bacia de vidro que tenho, ganhei de minha mãe no Natal passado. – lembrou-se ela – Droga. Eu realmente gosto dela. – acrescentou ao ver a expressão enjoada de Sheldon.

            Após jogar fora o único prato refratário – que, mais cedo, guardara frango frito - Penny entregou uma xícara de chá para Sheldon. Ele havia tomado banho e estava de pijama, enrolado em um cobertor, sentado no sofá.

- Nunca mais vou beber. – falou, assim que recebeu o chá.

- É o que todos dizem, Shelly. – riu Penny, agachada na sua frente.

            Sheldon observou os olhos verdes de Penny – tão ou até mais verdes do que o limão que ele brincara na maior parte da noite – arregalados. Ele se aproximou dela e percebeu que a sua respiração estava entrecortada e se misturava com a dela, também entrecortada. O peito dela subia com uma velocidade tão rápida que, mesmo de casaco, ele podia senti-lo subindo e descendo. Os lábios que outrora ostentavam gloss, agora, estavam entreabertos e vermelhos.

            Ele não sabia como a beijaria, jamais fizera aquilo. Lembrou-se de Firefly, quando Wash beijava Zoe. Inclinou sua cabeça em um ângulo de quarenta e cinco graus e encostou seus lábios nos de Penny. Eram macios. Tão macios. Penny capturou os lábios dele e o instigou a entreabrir os lábios. Seus corações batiam no mesmo compasso e algo dentro do estômago dela borbulhava incessantemente. Jamais imaginaria ter qualquer contato assim com o seu Shelly, mas, já que estava tendo a oportunidade, ela precisava sentir o seu gosto.

            Deslizou sua língua e entrelaçou-a com a dele. As mãos de Sheldon alcançaram a cintura de Penny, com o intuito de trazê-la para, ainda mais, perto e, em resposta, ela segurou-o pelo pescoço fortemente. As línguas deles travaram uma luta tão intensa como a de Yoda e Palpatine. A diferença era que, no final dessa luta feroz, não havia vencedores e, sim, o desejo de mais.

            Sheldon a afastou por um segundo e observou as suas pupilas dilatadas. Em um impulso, aproximou-se novamente dela com o intuito de repetir o beijo.

- Vamos com calma, Flash. – disse Penny com a voz entrecortada, dando um tapinha na perna dele ao perceber o quanto ele estava animado.

            Penny balançou a cabeça e sorriu quando se levantou. As sensações do beijo compartilhado com o amigo ainda pareciam fazer parte de seu corpo. Ele era tão inexperiente e absurdamente fofo. A única coisa que passava na mente dela, entretanto, era que ele lembrasse de tudo. Se ele lembrasse, ela ficaria mais do que feliz de repetir a experiência.

- Vou dormir. – Sheldon levantou-se do sofá e cambaleou até o quarto  – Hoje é o seu dia de fazer a barreira de travesseiros.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do tão aguardado beijo. Qualquer erro, como sempre, é só avisar e não esqueçam de comentar.