Heaven And Hell Shenny escrita por KayLee


Capítulo 3
Capítulo 2, pt 2 - Sobre quinta-feira e camisetas


Notas iniciais do capítulo

Estou muito contente com os reviews de vocês! Para compensar, escrevi um capítulo enorme e bastante decisivo, na minha opinião, para o rumo desses dias... Espero que gostem e continuem comentando.



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PARTE II

            Sheldon apenas pagou o valor dito pela caixa e tampouco fez questão em vasculhar o que tinha nas sacolas. Silenciosamente, Penny e Sheldon andaram para fora do shopping e aguardaram algum táxi. O silêncio não era sufocante e, sim, calmante. E, mesmo sem se falarem, eles sabiam que hoje era dia de comer pizza no Giacomo’s. Assim que o táxi parou na calçada, o físico abriu a porta e a esperou entrar.

- Onde iremos? – perguntou o taxista mal-humorado.

- Ao Giacomo’s. – disse Sheldon juntamente com Penny.

            Quando o motorista iniciou o caminho a pizzaria, Sheldon encarou Penny. Ele estava, visivelmente, confuso. Como Penny saberia que quinta era dia de pizza? Ela olhava através da pequena janela do carro e, vez ou outra, sorria. Sorria com um sorriso totalmente adorável e singelo exibindo uma fileira de dentes completamente brancos e brilhantes.

            O motorista mexicano mal-humorado freou bruscamente fazendo com que os cabelos longos e loiros caíssem sobre o rosto dela. Desajeitada, Penny passou a mão para arrumá-los. Sheldon observou que as unhas rosas choque dela estavam completamente borradas e amassadas. Pensou em como ela fora gentil em deixá-lo ficar no seu apartamento e, ainda, ir as compras com ele. Penny era, mesmo, uma verdadeira dama.

- Sou Katie e irei atendê-los nessa noite. – disse uma moça loira e atraente ao chegar na mesa que Sheldon dividia com Penny – Esse é o cardápio. – completou a garçonete piscando para Sheldon.

- Queremos uma pizza média de calabresa e quatro queijos. – respondeu Penny ríspida ao observar que as atenções da garçonete dirigiam-se ao amigo.

- Coitada. – iniciou Sheldon ao ver a garçonete partir – Acho que ela tinha alguma coisa no olho, não parava de piscar. – comentou.

- É? Ah, coitada. – replicou Penny, enquanto pensava no quanto ele poderia ser ingênuo.

- Isso foi sarcasmo? – perguntou o amigo – Acho melhor eu levar um colírio que eu tenho aqui na minha bolsa. Sei o quanto pode ser terrível ter alguma coisa nos olhos.

- Sheldon, não. – Penny falou e, após um suspiro longo, continuou – Você não percebe que ela estava flertando com você?

- Oh, não. – os olhos dele arregalaram-se momentaneamente – Penny, por favor, isso não tem sentido.

- Por quê? – questionou – Você é um homem, jovem e atraente. Por que ela não poderia flertar com você, querido?

- Você me acha atraente? – inquiriu Sheldon, surpreso.

- Claro que sim, Shelly. – a voz de Penny tornou-se doce e, para Sheldon, ela nunca esteve tão bonita antes.

- Você também é atraente, Penny. – disse Sheldon apertando os olhos com uma expressão confusa.

            Penny observou a expressão confusa de Sheldon. Ao ouvir que ele a achava atraente, uma sensação de torpor espalhou em seu corpo e ela nunca havia se sentido tão relaxada. Mas, ao levantar a cabeça e observar a expressão confusa dele, entendeu que ele era muito cavalheiro para não retribuir um elogio.

- Shelly. – Penny baixou a cabeça e passou a esfarelar um pãozinho que haviam deixado na mesa para aperitivos – Quando alguém o elogia, não precisa retribuir se você também não pensa o mesmo sobre a outra pessoa.

- Desculpa, Penny. – a voz de Sheldon tornou-se mais grave – Não entendi.

- Por exemplo: eu dizer que você era atraente não significa que você precisa dizer que eu sou também, entende? – explicou

- Eu sei disso, minha mãe me ensinou. – ele confirmou exibindo um pequeno sorriso de satisfação – Mas, ela também me ensinou a dizer a verdade. – Penny o encarou – E você é realmente atraente. – concluiu Sheldon.

            Durante uns minutos, que mais pareceram horas, Sheldon e Penny prenderam o olhar um no outro. Era como uma ligação química difícil de quebrar. Naquele momento, Penny percebeu que os olhos de Sheldon eram tão azuis quanto o mar. Ela nunca havia percebido isso. Tampouco, havia percebido o quanto ele era realmente bonito.

            Sempre que pensava em Sheldon, Penny observava um homem inteligente com aspirações de garotos nerds e ambições maiores ainda que ele. Além da língua afiada e sincera, Sheldon demonstrava segurança e fidelidade – algo que ela nunca havia desfrutado com ninguém, nem mesmo na família – e isso, nos últimos meses, havia se intensificado.

            Não tardou e a garçonete chegou, trazendo a pizza. Eles comeram e conversaram sobre o último filme que haviam visto junto com Howard, Bernadette e Raj. Sheldon explicou que algumas partes do filme eram fisicamente impossíveis a fazendo rir. Em um momento e outro, nem ele agüentou e sorriu.

            Ao chegarem em casa, entretanto, iniciou-se uma discussão sobre quem dormiria na cama.

- Um dia para cada um na cama. – disse Penny após muita insistência de Sheldon em ficar todas as noites – Vamos lá, Shelly, estou cansada e tenho trabalho amanhã.

- Aceito. – Sheldon ponderou – Eu fico na cama hoje.

- Tudo bem, você fica hoje então. – aceitou Penny, cansada demais para contrariá-lo.

- Eu uso o banheiro às 8h20min e tenho que ir para a faculdade às 8h30min. – iniciou Sheldon – Você irá me levar e me buscar às 17h. Amanhã podemos discutir o restante das regras.

- Restante das regras? Ah Sheldon, por favor, vá dormir. - Penny pôs o travesseiro sob a cabeça e gritou – Tem coberta de cama no armário, boa noite, Shelly.

            Penny cobriu-se com um edredom e procurou uma posição confortável. Aquele sofá era terrível para dormir. Ainda teria que acordar cedo para levar Sheldon ao trabalho, sendo que seu primeiro turno era das 10h às 14h e, o segundo, das 18h às 22h.

- Penny. Penny. Penny. – disse Sheldon enquanto batia na mesa de centro da sala – Acorda, Penny.

- Sheldon, eu ainda não tive nem tempo de dormir, quanto mais de acordar. – exclamou exasperada – O que foi dessa vez? Não consegue dormir sem os lençóis de super heróis?

            Sheldon emudeceu e o silêncio fez-se presente na sala. Penny achou que ele havia, por fim, saído e a deixado dormir em paz, quando um leve fungar a fez levantar abruptamente.

- Sheldon? Sheldon o que houve? – Penny procurou rapidamente pelo interruptor de luz e, ao ligá-lo, encontrou Sheldon encolhido em um canto do sofá – Oh, querido, desculpe. O que aconteceu?

- Eu queria saber como posso dormir, se esqueci de lhe pedir um pijama. – Sheldon manteve a cabeça baixa.

- Oh. Bem, eu tenho alguma coisa do meu pai aqui. – disse Penny – Vou pegar, um minuto.

            O pijama que ela tinha, na verdade, não era do pai dela. Ela havia comprado aquele pijama para Max, seu ex-namorado. Mas, felizmente, ele só o usara uma vez e esqueceu de levá-lo quando partiu. Penny, inicialmente, pensou em queimá-lo para apagar as memórias amargas que ele havia deixado. Entretanto, seria um desperdício fazer isso. Ela pagara tão caro e ele só usara uma vez. Decidiu que deixaria lá até encontrar alguém em que servisse.

            Ao encontrar, entregou-o para Sheldon. Ele, contudo, não se mexeu.

- Eu disse alguma coisa que o magoou, não é? – a culpa deixou o peito dela mais pesado – Shelly, por favor, me desculpe. Fale comigo, querido.

- Não foi nada, Penny. – Sheldon levantou a cabeça e seus olhos estavam um tanto vermelho nos cantos – Estou normal. – ele disse e sorriu artificialmente para comprovar o que falara.

- Sua mãe o ensinou a não mentir, seu pequeno mentiroso. –  Penny abaixou-se de modo que ficou na altura da poltrona dele – Abra-se, querido.

            Os olhos de Sheldon percorreram todos os locais da sala e pararam em Penny novamente. Ele estava mordendo os lábios, percebeu ela. As palavras pareciam não sair de sua boca, porém ela não o pressionou. Aparentemente, Sheldon sofrera com alguma coisa na infância, assim como ela. A diferença era que, Penny, procurara curar essas feridas por intermédio de longas festas regadas a bebida e garotos, enquanto Sheldon fechara-se em seu próprio mundo evitando qualquer sentimento.

- Meu pai. – iniciou – Costumava a brigar constantemente com minha mãe. Um dia, ele chegou em casa bêbado e tentou forçar minha mãe a fazer coisas que ela não queria. Quando viu que não conseguiria o que gostaria, tentou bater nela. – Sheldon fungou e expirou lentamente – Sempre que eles discutiam, eu ficava no meu quarto ouvindo tudo, enquanto Missy e meu irmão mais velho dormiam.  Mas, naquele dia, eu não poderia deixar minha mãe apanhar daquele maldito bastardo. Eu fiquei na frente da minha mãe e ele me bateu. Claro que já havia apanhado dos valentões da minha escola, mas, quando foi meu pai, doeu mais. E, depois, ele gritou para eu voltar para minha cama com meus lençóis de super-heróis, porque eles eram os únicos que gostavam de mim. – ele terminou de falar e seus ombros tremeram levemente.

- Querido, eu não tenho palavras para me desculpar. – Penny inclinou-se na poltrona e o envolveu em um abraço apertado – Sinto muito, Shelly. Eu sei como isso pode ser doloroso. Chore, querido. – completou ao ouvir um soluço abafado – Eu sempre estarei aqui para você, sempre.

            Após Sheldon se acalmar, Penny o levou para cama e lhe entregou uma xícara de chá quando ele voltou do banheiro vestindo o pijama de Max. O pijama ficara largo demais nos braços e nas pernas dele, mas, mesmo com os olhos inchados e o nariz vermelho, ele parecia adorável. Ele deitou-se na cama e esperou Penny tapá-lo com um edredom grosso. Ela entregou a xícara de chá e esperou-o terminar de beber.

            Penny estava encostando a porta do quarto, quando ouviu Sheldon perguntar:

- Penny, você acha que o fato de eu chorar faz com que eu volte a ser Homo sapiens sapiens ao invés de Homo Novus?

            Ela abafou uma risada. Aquele sim era o seu Sheldon.


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Notas finais do capítulo

Por favor, se encontrarem algum erro de português ou acharem alguma parte sem sentido, avisem. Críticas são sempre bem vindas porque ajudam a enriquecer, não só o nosso idioma, como também, a história. Obrigada e espero que tenham gostado.