Heaven And Hell Shenny escrita por KayLee


Capítulo 11
Capítulo 6 - Sobre limão e Britney Spears


Notas iniciais do capítulo

O último capítulo :( Obrigada pelos comentários, espero que gostem e comentem nesse também



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            Segunda-feira amanheceu nublada e repleta de nuvens densas e negras. Por ironia da vida, o humor de Penny estava igual. Passara a noite inteira debatendo-se na cama e pensando em como ignorar aquele incômodo sentimento que, jamais, seria recíproco. Decidiu que tentaria manter uma amizade, mas evitaria, a todo custo, continuar com os mesmos hábitos de antes. Jantaria no seu apartamento e convidaria Bernadette para jantar, enquanto Howard ficasse na casa dos amigos. E, com o tempo, daria tudo certo.

            No horário do café da manhã, Penny sentiu-se sozinha. Não tinha Sheldon para reclamar da falta de cereais, nem da forma como armazenava sua comida. Para não se sentir tão só, ligou para Bernadette e Tallulla e pediu para trocarem de turno. Ao invés de trabalhar das 10h às 14h e, depois, das 18h às 22h, trabalharia das 11h às 19h. Trabalhar durante oito horas seguidas seria exaustivo, mas a cansaria o bastante para chegar em casa e dormir, sem pensar em mais nada.

            Sheldon, em contrapartida, acordou com a sensação de estar esquecendo algum fato. Para alguém com memória eidética, esquecer estava fora do seu dicionário. Apesar de estar fora da influência do álcool, sabia que, em seu sangue, ainda corriam resquícios daquela fatídica festa. Lembrou-se que acontecera em um local luxuoso e que fora apresentado para duas amigas de Penny. Sabia que havia coisas a mais, contudo, não conseguia lembrar o que.

            O café da manhã dele foi exatamente igual a todos os outros cafés de segunda-feira, o que era muitíssimo relaxante. Manter um calendário semanal o deixava bastante seguro sobre o que aconteceria ao longo do dia. De certa forma, sentia falta da desorganização de Penny e da falta de cuidado ao manter comida em sua despensa, contudo, sabia que jamais conseguiria sobreviver por mais de uma semana em um local como aquele.

           

            Assim que chegou o horário do almoço, Sheldon sentou-se na mesa a espera dos amigos. Estava sem fome, naquele dia, e, por isso, resolveu que se serviria por último.

           

- Nem acredito que tem limonada no refeitório hoje. – disse Raj, sentando na mesa, com um copo de limonada – Eu amo limonada.

            Raj tomou o conteúdo rapidamente, deixando no fundo do copo uma rodela de limão. Limão. O indiano pegou o copo e começou a fazer movimentos circulares, balançado o limão.

            Um flashback e, de repente, Sheldon estava na festa, balançando um copo que, antes, estava servido um drink de Margarita. Sua mente o indicava que deveria voltar para casa junto com Penny, caso contrário a tiraria para dançar. Estava animado. E, então, tudo que seu cérebro tentara reprimir no domingo, estava ali: ele beijara Penny e ela cuidara dele. Por incrível que parecesse, pensar naquele beijo o deixava quente. Inesperadamente quente e ansioso. Seus dedos tocaram os lábios que pareciam formigar.  “Vamos com calma, Flash, dissera Penny com a voz entrecortada.”

            Sua mente parecia tão rápida quanto ao Large Hadron Collider novamente, sendo, dessa vez, um catalisador de suas memórias. Poderia ver a si escovando o cabelo macio de Penny, ouvindo as histórias de Penny, sentindo o calor de Penny, beijando Penny, comprando roupa com Penny, comendo com Penny e, por incrível que parecesse, dormindo com Penny. Entretanto, aquilo nunca parecera tão correto.

- Oh. – falou Sheldon, calando o restante dos amigos – Eu beijei a Penny.

            Houve um silêncio que, rapidamente, foi substituído por incredulidade.

- Sheldon, eu vou te matar. – gritou Leonard, levantando da cadeira – Como você pode fazer isso?

- Eu estava bêbado, Leonard! Bêbado. – Sheldon tapou os ouvidos com as mãos, odiava que gritassem daquele jeito consigo – Por favor, não grite.

- Como você quer que eu não grite, Cooper? – gritou, pondo as mãos sob a mesa – Você esperou que eu estivesse fora para por suas mãos nela. Eu não acredito nisso! Poderia ter sido Howard ou até mesmo Raj, mas você? – Leonard passou as mãos no cabelo e saiu do refeitório.

            Sheldon manteve-se quieto por alguns minutos. Ouvir Leonard gritando daquele jeito o lembrava o pai brigando com a mãe e o deixava extremamente desconfortável. Assim que respirou fundo, seguiu até o escritório de Leonard.

- Leonard, admito que posso ter errado. – disse Sheldon, tentando fugir de alguma eventual discussão – Mas não posso voltar no tempo.

- Sheldon, logo você. – Leonard sentou e pôs as mãos na cabeça – Eu o considerava meu melhor amigo.

- Ainda o considero, Leonard. – Sheldon falou, sentando na frente do amigo.

- Prometa que não vai fazer isso novamente. – propôs o físico e, após não ouvir resposta, repetiu – Prometa, Sheldon.

- Minha mãe me ensinou a não ser mentiroso. Eu não posso prometer isso. – disse Sheldon, levantando-se – Nos vemos em casa.

- Não nos veremos em casa, Sheldon. – finalizou Leonard – Você não morará mais comigo.

- Ora. – retrucou – Lhe darei alguns dias até encontrar um novo apartamento, então.

- Você não está entendendo, Sheldon. – falou o outro, furioso – Quem sairá do apartamento é você.

- Não quebrei regra alguma e vivo a mais tempo do que você naquele lugar. – explicou Sheldon, mantendo a calma – De qualquer forma, encontrarei algum lugar para que possa ficar alguns dias. Mas, aviso: quem sairá daquele apartamento será você.

- Será melhor mesmo. – respondeu Leonard, orgulhoso – Assim não precisarei ver os meus dois traidores.

            Sheldon, após terminar a conversa com Leonard, foi até a sua sala e pegou seus pertences. De acordo com o horário de Penny, ela deveria estar em casa.

            Penny terminou o turno e resolveu ir para casa. Estava com dor nos braços de segurar bandejas e dor nos pés de caminhar com seu sapato de salto por oito horas. Para sair mais cedo, pulara o intervalo do almoço de uma hora e comera um hambúrguer na cozinha no período em que os clientes já haviam sido atendidos. No meio do caminho, resolveu passar no Subway para pegar algum sanduíche – estava quase morrendo de fome.

            Assim que chegou no condomínio, soltou um lamurio por ter que subir aqueles lances de escadas. Retirou os sapatos de salto e, com uma careta de dor, andou nas pontas dos pés. Mal podia esperar para tomar um banho de banheira relaxante e longo. Ao chegar no seu andar, porém, algo a deteve de entrar no seu apartamento: Sheldon.

            Sheldon estava sentado no chão sobre a sua pasta e encostado na porta. Seus olhos estavam fechados e seu peito subia e descia lentamente. Ele estava dormindo. Dormindo na porta do seu apartamento.

- Sheldon. – Penny o cutucou levemente – Acorda.

- Penny. – Sheldon abriu os olhos rapidamente e, em um impulso, ficou de pé.

- Ei, cuidado. – ela o amparou para que não caísse.

- Penny, preciso falar com você. – os olhos azuis de Sheldon estavam bastante abertos para quem estava dormindo a dois minutos atrás.

- Claro. – concordou, contendo um suspiro – Entre. – convidou, assim que abriu a porta.

            Sheldon sentou-se na sua poltrona e começou a brincar com a ponta do tapete com os pés. Penny entrou na cozinha e retornou à sala com o lanche em mãos.

- Você está com fome? – perguntou ao observar a palidez dele – Está se sentindo bem, querido?

- Estou. – respondeu ele, a encarando profundamente.

- Onde está Leonard? – questionou Penny, após morder seu sanduíche – Por que você estava dormindo na porta do meu apartamento?

- Fui expulso do apartamento por Leonard. – ele disse, baixando a cabeça e retornando a atenção ao tapete.

- O que aconteceu?

            Penny baixou a cabeça ao não obter resposta. Encarar Sheldon depois daquele beijo ainda era torturante para ela. Apesar de prometer a si que manteria a amizade com ele, era infinitamente mais fácil prometer quando estava sozinha. Ao vê-lo naquela poltrona, sentia como se ele fosse parte daquele apartamento também. Ele estava usando uma camiseta com um super herói que ela não sabia identificar e retornara com as calças xadrez e continuava extremamente lindo e fofo.

            Por mais que gostasse daquele Sheldon bem arrumado, aquele Shelly com camisetas de super heróis e calças xadrez era ainda mais impressionante. Aos seus olhos, ele não poderia estar melhor vestido. Não importava a roupa, seu Shelly sempre seria o seu super herói. Com ele, aqueles dias foram os melhores que pudera ter.

- Segundo Leonard, eu fui um traidor. – falou ele.

- Tenho certeza que você poderá se desculpar. – Penny levantou-se e colocou no lixo os papéis que haviam sobrado.

- Não posso, Penny.

- Foi tão grave assim? – ela o olhou preocupada, enquanto bebia um grande gole de água.

- Foi. – Sheldon procurou o seu olhar e postou-se na frente dela. – Eu sou um físico e, por mais que não goste de física experimental, preciso fazer um experimento.

- Leonard brigou com você por causa desse experimento? – a respiração de Penny tornou-se mais pesada, conforme ele aproximava-se.

- Sim. – confirmou ele com a cabeça – Penny, eu vou te beijar. – Sheldon a avisou rapidamente, antes de colar os lábios nos dela.

            Penny arfou com a súbita proximidade e enlaçou os braços em volta do pescoço dele. Sheldon a segurou gentilmente pelos cabelos, entretanto, alguns fios foram puxados, sem querer. Ela gemeu com o prazer que aquilo a proporcionou. Os lábios macios de Shelly estavam entreabertos, a espera da sua iniciativa. Aproveitando-se da oportunidade, Penny mordiscou os lábios dele.

            Sheldon sentiu-se quente, como se estivesse com febre. Essa febre concentrava-se em um único lugar. Ao senti-la mordiscar seus lábios, um som estranho surgiu de sua garganta. Era uma sensação nova que ainda não sabia nomeá-la, mas era tão boa que já desejava repetição. Incerto, deslizou a língua ao encontro da dela. Penny correspondeu com ardor e, logo, a língua quente dela entrelaçava-se a dele.

            Dessa vez, não fora uma luta tão agressiva. Era uma luta ainda mais intensa e, dolorosamente, lenta. Em um ritmo que eles jamais puderam imaginar, as línguas estavam sincronizadas, dançando de forma única e inigualável. O coração de Sheldon batia tão rápido quanto o de um beija-flor e, através do uniforme de Penny, percebia que essa sensação era mútua.

            Assim que se separaram, Penny plantou um selinho longo nos seus lábios. Ela estava com lágrimas nos olhos e com uma boca extremamente vermelha e formigante. Por um momento, ele ficou preocupado. Aparentemente, ela percebera porque havia colocado a mão sobre o peito dele e encostado a sua cabeça ali.

- Penny. – quebrou o silêncio com a voz entrecortada – Sabe aquela música da Britney Spears que eu ouvi aquele dia? – ele sentiu a cabeça dela assentir positivamente e continuou – Então, I’m a slave for you – Sheldon sussurrou e procurou os lábios dela.


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Notas finais do capítulo

N/A; Terminou! Nem posso acreditar...foi tão rápido. Espero que tenham gostado da Heaven and Hell, porque, particularmente, amei escrever para vocês. Como vocês devem ter percebido, algumas pontas ficaram um tanto quanto soltas (por exemplo, sobre como ficaria a relação do Shelly e do Leonard). Conforme for meu calendário e minha criatividade, talvez tenhamos uma continuação que junte essas pontas e aborde, finalmente, o relacionamento deles.
Não é nada definitivo, ainda não tenho certeza se vou ter tempo de iniciar outro compromisso :(
De qualquer forma, quero agradecer imensamente a todos que comentaram, favoritaram e recomendaram a Heaven and Hell. Muito muito obrigada ♥
Comentem e me digam o que acharam :D