Heaven And Hell Shenny escrita por KayLee


Capítulo 10
Capítulo 5, pt 2 - Sobre ressaca e sentimentos


Notas iniciais do capítulo

54 comentários, 32 leitores, 8 favoritos e 1 recomendação! Estou muito muito feliz. Esse é a última parte do penúltimo capítulo e o próximo não será dividido em duas partes. Espero que vocês gostem e comentem bastante. ♥



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PARTE II - Sentimentos

Sheldon e Penny estavam sentados no sofá, dividindo um cobertor macio e uma bandeja de biscoitos com gotas de chocolate, e mantendo, cada um, uma caneca fumegante de chocolate quente com mini marshmallows  em suas mãos. Haviam passado o restante da noite sentados no sofá assistindo ao filme “Elizabeth: A Era de Ouro”.

- Eu adoro filmes históricos. – começou Penny, ao observar o vestido de Elizabeth I – São tão lindos! Se eu tivesse vivido naquela época...

- Penny, Penny, Penny – respondeu Sheldon – Você está sempre usando roupas curtas. Acredita, mesmo, que sobreviveria naquela época, sem ar condicionado, usando vestidos longos e anáguas?

- Vou ignorar você. – disse ela, após bater no braço dele levemente.

            Penny continuou absorta na história, enquanto Sheldon remexia-se no assento, inquieto.

- Sabe o que é engraçado? – perguntou ele, após um longo tempo.

            Ela manteve o silêncio, fingindo prestar atenção no filme. Caso respondesse afirmativa ou negativamente, sabia que ouviria um sermão que acabaria tirando toda a graça do filme.

- Já que você não vai responder, eu vou lhe dizer. – comentou, animado – Como Ivan, o Terrível, poderia flertar com a Rainha, se ele havia falecido um ano antes? – Sheldon riu

- Sheldon, eu não acredito. – reclamou ela – Você está acabando com a magia do filme, cale-se.

- A única magia consiste no fato da Cate Blanchet ter 16 anos a menos do que a rainha, naquele mesmo período. – continuou – E não se esqueça de que, naquela época, não existiam tratamentos de beleza.

- E a magia acaba. – Penny soltou o ar pela boca.

            Alguém bateu levemente na porta, após alguns minutos de silêncio.

- Atende você. – disse Penny, tomando seu chocolate.

- Atenda você. – disse Sheldon, em tom imperativo.

- Penny! Sheldon! – ecoou a voz do outro lado da porta – Abram a porta.

- Leonard! – exclamou Sheldon, levantando-se instantaneamente do sofá – Oh, good Lord.

- Olá, Sheldon. – Leonard sorriu para o amigo que, por sua vez, o ignorou.

- Obrigada pelos biscoitos e pela estadia, Penny. – agradeceu Sheldon e, em seguida, acrescentou – Traga minhas roupas e conversaremos sobre seu esquecimento no nosso apartamento. – ordenou.

            Sheldon saiu do apartamento de Penny e, ao entrar no apartamento oposto, bateu a porta.

- Adoro biscoitos e chocolate quente. – Leonard falou, assim que Penny levantou do sofá.

- Bem, pode pegar esses para você. – respondeu cansada – Vou pegar as coisas de Sheldon.

- Você não quer saber o motivo de eu ter chegado mais cedo de viagem? Ok. – adicionou ao perceber a expressão desinteressada dela – Sheldon deve ter cansado você.

- Leonard, por favor, estou com uma dor de cabeça terrível e preciso descansar. Amanhã nos falamos. – Penny entregou uma sacola com roupas e saiu da sala a passos largos e bateu a porta com força.

            Penny deitou-se na cama e pegou o travesseiro que Sheldon dormira. Ainda mantinha o cheiro dele: mesmo sem perfume algum, o cheiro era doce e suave. Lembrou-se que, quando leu uma das cartas da avó para ele, Meemaw o chamava de Moonpie e entendeu o motivo. As lágrimas brotaram de seus olhos e ela não fez força para as deter.

            Sheldon sempre fora especial para ela e, até esses últimos, não havia cogitado a possibilidade de ultrapassar a linha da amizade.  Entretanto, agora, parecia que a amizade ocupava uma posição distante. Esteve irritada o dia inteiro, apenas, porque ele não se lembrava do beijo. Como manteriam uma amizade?

            Decidiu que tomaria um banho longo e relaxante de banheira, com a intenção de pensar sobre como seriam os próximos dias. Ao entrar no banheiro, contudo, algo chamou a sua atenção. Na banheira, três adesivos de patinhos amarelos com guarda-chuvas estavam fixados no fundo da banheira. Seus olhos encheram-se de lágrimas.  Aquilo não estava ali durante a manhã. Aquela era a forma de seu Shelly dizer que se preocupava com ela. Lembrou-se de quando havia caído na banheira e de como ele agira. Por que ele não poderia lembrar daquele beijo? Tudo seria tão mais fácil, se ele, ao menos, tentasse iniciar um namoro ou quisesse alguns encontros.

            Assim que terminou o banho, abriu o armário para escovar os dentes. Observou por vários minutos as duas escovas de dente. A dele, com uma capinha protetora. A dela, normal e um pouco descabelada. Aquelas escovas de dente refletiam quem eles eram: ele, protegido por um muro quase impenetrável; ela, ferida após tantos relacionamentos. E, mesmo assim, aquele era o único resquício de que, naqueles dias, ela estivera acompanhada de um grande homem. De seu Shelly. E, se fosse para ficar ao lado dele, valeria a pena o sacrifício de ser apenas sua amiga.

- Sheldon, tem alguma coisa que você queira me contar? - perguntou Leonard, após ouvir o sermão do amigo.

- O que eu lhe contaria, Leonard? – retorquiu Sheldon, confuso.

- Suas roupas, por exemplo. – incitou ele, observando a camisa xadrez incomum de Sheldon.

- Oh, isso. – respondeu, apontando para a camisa – Penny foi extremamente hospitaleira e comprou algumas peças de roupas, já que as minhas estavam trancadas dentro do meu apartamento.

- Nosso, Sheldon. Nosso. – repetiu Leonard, irritado – E pare de falar disso. A última hora serviu como aviso para não esquecer mais a chave, tudo bem?

- Agora que sei o quanto nossa vizinha é agradável, caso você esqueça as chaves, não será tão terrível assim. – falou Sheldon brincando com o couro do braço do sofá.

- Penny hospitaleira, Penny agradável...você tem absoluta certeza de que não tem nada para comentar? – Leonard estreitou os olhos a procura de qualquer traço de mentira.

- Claro que sim, Leonard. – ele levantou do sofá, desconfortável – Com licença, está no meu horário de dormir. Boa noite.

            Sheldon entrou no banheiro e procurou pela sua escova de dente. Como sempre, ela estava protegida por radiação, o que, de certa forma, o deixava relaxado por saber que estava totalmente – ou quase – livre de germes. Lembrou-se que deixara uma de suas escovas na casa de Penny, dentro do armário, e fez uma nota mental de pedi-la no outro dia.

            Ao se deitar, a cama pareceu imensa. Não havia uma barreira de travesseiros. Não havia Penny. Não havia o calor que irradiava da pele dela e, tampouco, tinha o cheiro dela. Depois de se remexer por vários minutos, adormeceu. Estava confortável por retornar a sua tão agraciada rotina, mas, depois de provar da companhia dela, sentia-se extremamente solitário.


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Notas finais do capítulo

Depois de vários capítulos, vocês já sabem né?