“O castelo?! Então vamos ver o rei e a rainha?! Meu Deus... o que faria a Angel nesta situação?”

Assim que poisamos no jardim ao redor do castelo, sou recebida por uma data de vénias por parte dos empregados e vários guardas levam a lateral da mão à testa, em sinal de respeito. “Serei assim tão importante?” penso enquanto respondo a todos com um sorriso tímido.

Ao adentrar no castelo vejo um casal de vestes prateadas, um pouco mais ao fundo. “De certo que são o rei e a rainha...” penso enquanto caminho lado a lado com o elfo. Assim que os dois nos vêem seguem até nós.

- Angel, querida. Está tudo bem contigo?! - pergunta a mulher.

- C-claro - respondo nervosa.

- O que é que se passou? - pergunta o homem.

- N-nada eu...

- Não mintas!

Olho para o meu lado espantada pelo modo como o pequeno elfo se tinha manifestado.

- Sabes muito bem que isso te dói. Deixa de ser forte por um bocado!

- Isso é verdade Angel? Seria melhor descansares um pouco então... mas antes, temos algo para te dizer.

Fico atenta ao casal enquanto se sentam nos tronos devidos. Eu aproximo-me mais.

- Sei que está a ser difícil para ti... - diz a mulher cautelosa.

- Mas temos a informar que já escolhemos alguns dos novos guardiões e precisamos que lhes ensines tudo o que têm de saber - continua o homem percebendo a excitação da esposa.

- Mas assim?! Tão de repente?! - pergunto.

- Desculpa-nos, mas não podíamos deixar este reino à mercê da Laika. Seria perigoso para todos se ela aparece-se - continua o rei.

- E seria impensável que a enfrentasses sozinha! - exalta-se a rainha.

- Claro mas... quem é a Laika? - pergunto temerosa.

Todos se entre olham confusos.

- Como assim quem é a Laika? Estás na brincadeira meu anjo? - pergunta o rei confuso.

- Não, não estou a brincar, mesmo! E... porquê "meu anjo"? - continuo.

A rainha levanta-se, vem até mim e coloca uma das mãos na minha testa.

- O que é que se passou com ela, Mailo?!

- Desculpe-me senhora... - pede o pequeno elfo de mãos juntas - ... mas ela fechou as asas durante o voo e não cheguei a tempo de a parar e quando cheguei ela nem se lembrava de como voar e...

" Ela parece realmente atrapalhada..."

- Não faz mal... pelo menos não é algo muito grave. A cabeça dela está apenas um pouco confusa... uma noite de descanso e fica melhor - diz a rainha tentando acalmar a pequena - Meu anjo... lembras-te de mim?

Eu êxito um pouco mas por fim aceno com a cabeça negativamente. A mulher suspira.

- Tu Angel, és a princesa deste reino, a Guardiã de Vidro e ainda nossa filha. Mas, será melhor se descansares um pouco. Depois disso as tuas memórias deverão retornar. Mailo!

- Sim senhora?

- Conduz a Angel até ao seu quarto, por favor.

- Como desejar. Vem Angel.

Eu sigo o pequeno elfo pelos corredores claros e brilhantes do castelo. Paredes brancas,

outras azuladas, com barras de cristal a adornar o topo das paredes, candeeiros que parecem lindas flores luminosas pendem de paredes e tectos, e as portas, são de madeira escura com puxadores em arco com detalhes brancos e azuis. "Que lindo! Não me importava nada de viver mesmo aqui."

Chegamos a uma entrada de porta dupla com o nome "Angel" por cima, em letras bem desenhadas.

- É aqui - diz o elfo - Podes entrar. Tudo lá dentro é só teu! Eu vou ter voltar mas tu ficas aqui ok?

Eu aceno positivamente com a cabeça e abro um lado da porta fechando-o logo a seguir atrás de mim.

O quarto é muito parecido com o resto do castelo. Paredes claras mas desta vez com a pintura de um anjo ao canto, de lado a olhar para o horizonte, cujas asas ocupam toda a parede. "Aquela pareço eu, quer dizer, a Angel." A cama é grande, de madeira clara (ao contrário da madeira escura dos outros lugares do castelo) e a colcha é azul marinho com alguns cristais nas pontas a servir de pregas e em cima da cama estão três almofadas brancas.

- De repente... - bocejo - deu-me cá um soninho...

Sigo até à cama e deito-me nela apoiando a minha cabeça nas almofadas fofas. Nem se quer me cubro com os cobertores mas adormeço sem me dar conta.

A minha mente apenas consegue identificar a escuridão, mas de repente, uma paisagem escura começa a formar-se. Passo a conseguir distinguir uma figura negra que se aproxima calmamente. Vou percebendo aos poucos que é uma rapariga por causa dos longos cabelos negros que balançam ao sabor do vento. Do outro lado do relvado verde escuro aparecem mais algumas figuras escuras e raivosas. E de entre elas vejo-me a mim, a Angel.

"Será que isto são as lembranças do que se passou comigo e com os Guardiões?!"