Ignorance Is Your New Best Friend. escrita por Triz


Capítulo 37
Epilogue. – Peace, finally.


Notas iniciais do capítulo

Hey gente! Olha, eu to postando pelo 3g, então, tenham consideração e leiam as notas finais. Eu to quase chorando aqui, de verdade.
É com grande pesar que eu venho lhes trazer o ÚLTIMO capítulo de Ignorance Is Your New Best Friend ):
Aproveitem, tá BEM GRANDE, é o maior capítulo que eu já escrevi em toda minha vida.



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Fui cuspida para fora de mim mesma e logo eu estava naquele lugar que já se tornar familiar para mim, a mansão Malfoy. Infelizmente havia se tornado familiar.

Voldemort estava na poltrona de veludo verde, envolta da grande mesa retangular, e os olhos em fenda brilharam quando ele viu Harry e Rony caírem no chão.

A cena era a seguinte: vários comensais estavam a postos atrás de Bellatrix e um cara alto e negro. Acho que seu nome era Iago, se não me engano. Harry estava de joelhos, com as mãos amarradas nas costas e tossia muito, tal como Rony. Bellatrix estava atrás de Harry, e quando este tentou erguer a cabeça, ela lhe deu um chute, e ele abaixou de novo, encostando a testa no chão. O comensal alto estava atrás de Rony, que se debatia na tentativa de se soltar, mas logo o comensal se irritou e pisou nas costas do ruivo, que parou a tentativa de se soltar.

Eu estava ao lado de Bellatrix e Draco estava junto com os outros comensais ao fundo.

Voldemort logo começou a andar em volta de Harry, que estava ajoelhado e com a testa no chão de mármore.

- Potter... – Ele disse vitorioso. Harry urrava de dor, acho que a cicatriz dele doía. O homem de feições ofídicas riu e fez sinal para que Bellatrix se afastasse, e a mulher, obediente se afastou. – Parece que dessa vez, o amor não venceu, não é mesmo, Harry Potter? – Seu tom de voz era divertido. Harry estava desesperado, tentava a todo custo se livrar de Voldemort, se afastava, se esquivava, e o que eu achei que seria prazeroso de ver estava se tornando um pesadelo. ­– O amor, caro Potter entregou você e o trouxe até mim. O amor que você sentia porque achava que era sua amiga. Ora Potter, eu realmente achei que fosse mais inteligente. Confiar demais nas pessoas é sempre um erro.

Harry ergueu a cabeça com dificuldade, torcendo o pescoço e então seu olhar encontrou o meu, e o olhar dele só tinha desprezo, nojo, e ódio. Nenhum tipo de sentimento positivo. Aquilo fez meu estômago revirar em culpa e remorso.

Ele cuspiu sangue, e voltou o olhar para Voldemort, que se ajoelhou em sua frente, erguendo o rosto do moreno na altura do dele. Os dentes de Harry estavam trincados na tentativa de não gritar, enquanto o rosto se contorcia em uma careta de dor. O dedo branco e longo do homem de feições ofídicas então encostou a cicatriz em forma de raio, e Harry não só gritava como esperneava e se contorcia, enquanto Voldemort ria loucamente, de uma forma que chegava a ser cruel. Lágrimas escorriam pelo rosto de Harry, que com toda certeza ele estava soltando involuntariamente.

Reprimi com todas as forças a vontade de gritar “Pare!”, enquanto encostava meu rosto no peito de Draco e piscava algumas vezes para evitar lágrimas escorrer por meus olhos também.

As risadas histéricas ecoavam na sala, e agora todos os comensais acompanhavam Voldemort, mas a risada que mais se destacava com toda certeza era a de Bellatrix.

Ninguém prestou atenção quando eu coloquei minha cabeça no peito de Draco, que suavemente descansou o braço sobre minhas costas, me acolhendo mais próximo dele e passando levemente os dedos nas pontas de meus cachos.          

Suspirei pesadamente, então Voldemort se levantou e ergueu a varinha para Harry.

Não!

Eu não suportaria ver aquilo, não.

- Harry Potter... O menino que sobreviveu, veio para morrer! – Ele disse em um tom parcialmente divertido, a varinha girou em seus punhos, então focou o rosto pálido de Harry, que apenas fechou os olhos em uma respiração pesada, esperando pela morte, enquanto um Rony desesperado gritava e se debatia nos braços de um comensal da morte brutamontes. – Avada Kedavra!

O lampejo de luz verde então dançou graciosamente até onde meu ex melhor amigo se encontrava, o atingindo de forma certeira. Seu corpo lentamente pendeu para o lado, e caiu, sem vida.

Engoli em seco, me contendo ao máximo para não chorar. Eu não podia chorar não na frente dele. Ele saberia que eu estava sentindo remorso, e me mataria.

O que eu havia feito? Onde eu havia chegado? Longe demais, Hermione, você foi longe demais.

Foram anos e mais anos que eu joguei fora, conversas, risos, problemas, conselhos.

Mas ele traiu você.

Traiu sim, mas isso não deveria chegar aonde chegou, ou deveria?

Harry, apesar de dar essa mancada comigo, tinha feito muito, muito por mim. Defendeu-me de Draco – olha que ironia – quando ele me humilhava; apoiou-me quando eu sentia medo, esteve comigo em todos, todos os momentos em que eu precisei, e afinal, errar é humano.

Eu não tinha tomado consentimento do que eu estava fazendo, até agora. Até ver seus olhos se fechando lentamente enquanto seu corpo pendia para o lado, caindo, despreocupadamente, suavemente, morto. Longe demais é pouco para onde eu cheguei. Eu tirei três vidas. Quatro, contando o Dobby.

Meus joelhos fraquejaram e Draco me segurou pela cintura, impedindo que eu caísse, minha visão ficava turva.

Todos riam escandalosamente na sala, Bellatrix vangloriava Voldemort, dizendo coisas do tipo “O mundo é nosso agora, milorde!”, “HAHAHAHAHA nós vencemos, o menino Potter está morto!”, outros comensais comemoravam e diziam que merecia uma festa, de preferência em Hogwarts.

Enquanto todos comemoravam, Rony desistiu de se debater e chorava em silencio, um choro doloroso enquanto focava o corpo do melhor amigo morto, acho que não tinha forças para mais nada.

O que eu havia feito com a vida dele, oh Merlin? Eu matei a namorada e o melhor amigo dele! Céus, eu sou um monstro. 

Então, o que eu menos esperava, aconteceu. Um nojo sem tamanho percorreu meu corpo, e eu controlei cada músculo de meu corpo para não gritar, chorar, espernear, berrar, ou ataca-lo: Snape apareceu diante de Voldemort, e recebeu alegremente cada cumprimento dele, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e ele sorria. Mas seu sorriso não era completamente verdadeiro, seus olhos estavam tristes e ele não fez contato direto com o corpo de Harry no chão.

Meus olhos ardiam e um nó se apertava cada vez mais em minha garganta, e eu sentia vontade de chorar, tudo que não me faia desabar era sentir os braços firmes de Draco emoldurando a minha cintura.

- Está mesmo morto? – Murmurou Voldemort para Narcisa.

A minha sogra foi até Harry, e colocou a mão por dentro de sua camisa. Parou alguns segundos, ninguém observava sua expressão ou o que ela estava fazendo por conta do ângulo, exceto por mim. Sua expressão mudou, ela parecia surpresa. No entanto, virou o rosto lentamente, piscou e disse concretamente:

- Morto.

E aquilo foi motivo para comemoração. Mais risos, mais explosões. Mais culpa, mais remorso.

Pigarreei e soltei um suspiro. Minha missão estava completa, será que eu podia por fim ser livre? Eu não tinha mais nada a fazer para eles.

No entanto... Voldemort tinha a ideia de purificação, não aceitaria sangues ruins e trouxas em seu mundo, o objetivo dele era a aniquilação, o poder, e agora ele tinha conseguido o que queria e eu...

Merlin! Eu sou muito burra, como sou estúpida, cavei minha própria cova.

- Srta. Granger. – Seus olhos se voltaram para mim, e ele abriu um enorme sorriso podre que meu deu náuseas. Afastei-me relativamente de Draco. – Eu lhe devo um favor. Afinal, graças à senhorita Potter está morto. – A alegria em sua voz era visível. – Peça... O que quiser e eu lhe cocederei seu desejo.

Suspirei pesadamente e coloquei o cabelo atrás da orelha, me sentindo insegura no que eu iria respondê-lo, com medo de sua reação. Hesitante, eu o fitei e disse:

- Eu quero deixar de ser uma de vocês. Uma comensal. Quero viver livre, quero estar viva. Meu dever foi cumprido, eu não lhe devo mais nada. Quero que me deixe ir, e ficar livre de tudo isso. Não estou arrependida de minhas escolhas, eu só quero viver diferente. Quero paz.

O sorriso de Voldemort foi desapontado, mas honrou as suas palavras, afinal, um sonserino não volta atrás com o que diz, e ele não faria diferente, considerando-se um “lorde”.

- Tudo bem. Não precisa mais prestar serviços a mim. Dê-me seu braço. – Estendi então o braço esquerdo. Ele pousou a varinha sobre ele, murmurando algo inaudível. Logo um formigamento e uma dor insuportável se instalou em meu braço, na marca negra. Era como se estivesse arrancando a tatuagem nojenta a ferro quente, e tão rápido como veio, passou. Ele soltou meu braço, que pendeu, passei a mão por ele, estava liso e branco. – Feito. – Disse simplesmente, com desdém. – Agora a senhora e o senhor Malfoy vão lá para cima, depois eu lhe dou permissão para sair da mansão Malfoy.

Suspirei e lancei um olhar para Narcisa. A loira parecia aflita e ficava olhando para Harry a todo o momento.

Dei alguns passos para frente e passei a subir lentamente os degraus da escada caracol, com Draco em meu encalço.

Adentrei o quarto de Draco, mas não o fitei. Fui correndo em direção a janela e fiquei olhando para a paisagem, segurando as lágrimas e tentando não desfazer o nó em minha garganta.

- Hermione... – Ele disse vindo em minha direção. Girou-me pelos ombros, aproximando mais nossos corpos e me abraçando, envolvendo-me pela cintura e afagando meus cabelos. Eu ainda fazia de tudo para não chorar. – Shhh. Está tudo bem agora. Pode chorar. Eu sei que você quer.

Bastou aquilo para eu desabar. Soluços doloridos irrompiam por minha garganta, lágrimas queimavam meu rosto como ácido, meus olhos ardiam, meu corpo se chacoalhava com o de Malfoy. Ele me pegou em seus braços e me colocou na cama, me deitando sobre seu braço direito enquanto minha cabeça pousava sobre seu peito.

Eu sentiria culpa para o resto da minha vida. O mundo bruxo estaria destruído e tomado de trevas, tal como o mundo trouxa em alguns dias, bastava o mínimo de tempo, e a culpa seria minha. Mortes, cabeças rolando, sangue, aniquilação, destruição, e minha culpa. Eu não merecia viver.

Ponto de vista: Harry Potter.

- Harry Potter... O menino que sobreviveu, veio para morrer! – Ele disse em um tom parcialmente divertido, a varinha girou em seus punhos, e pousou no ar, ficando de frente para meu rosto. Tudo que eu fiz foi fechar meus olhos, esperando que o escuro me acolhesse. – Avada Kedavra!

O escuro me acolheu, ar me falhou e eu senti-me perdendo a vida. Não senti mais nada. Nem dor, nem necessidade de respirar ou me mover.

Então, um clarão me acolheu diferente do que eu achei que seria, e de repente eu apareci em um lugar todo branco, lembrava-me muito a estação King Cross. E ao longe, eu vi uma figura alta e magra ao longe, e quando fui me aproximando, vi Dumbledore vindo ao meu encontro.

Tudo bem, eu devia ter chegado ao céu e Dumbledore seria a pessoa que me mostraria o caminho. Minhas vestes estavam todas brancas e claras, como o lugar.

- Professor... Professor Dumbledore? – Balbuciei hesitante.

- Harry... – A voz rouca, feliz e arrastada do meu antigo diretor falou, e eu mal pude acreditar que era realmente ele que estava ali.

- Onde... Que lugar é esse? – Perguntei confuso, olhando em volta.

- Que lugar você acha que é Harry? – A voz madura e sábia me respondeu.

- Não sei talvez King Cross. – Saiu mais espontâneo do que eu pensei.

- Então, tudo bem, estamos em King Cross. – Ele afirmou sentando-se em um banquinho.

- Eu estou... Morto?

- Não se você não quiser. – Isso me perturbou.

Ao longe eu vi uma figura ensanguentada e encolhida. Encaminhei-me até ela, e era horrível. Tinha um corpo deformado, como um feto abortado. Braços e pernas fracos e curtos, completamente raquítica, e as feições eram como as de Voldemort. Olhei para Dumbledore, a espera de uma explicação.

- É uma parte dele que foi destruída Harry. Você é a Horcrux que Voldemort nunca pretendeu criar. Nessa noite, ele não matou você, ele matou a si mesmo, sem nem mesmo saber. Era esse o motivo das conexões, o motivo de sua ligação com ele. Foi por isso que ele ficou fraco, todo o poder dele ficou concentrado em você, e ele jamais saberia que você é uma horcrux.

- Então eu não estou morto? – Perguntei confuso, eu não sabia onde estávamos, e eu não sentia meu corpo, ou sentia que estava respirando, ou que meu coração estava batendo. Não sentia absolutamente nada.

- Não necessariamente. A escolha é sua. Você quer ficar, ou quer voltar?

Hesitei. Eu tinha que voltar, se ele matou a parte dele que estava em mim, ele está mais fraco agora.

Uma luz branca apareceu ao fundo.

- Eu tenho que ir agora, Harry. – Dumbledore disse se afastando e indo em direção à luz.

- Senhor. – O chamei, e ele me atendeu. – Isso tudo é real, ou só aconteceu na minha mente?

- É óbvio que só aconteceu em sua mente, Harry. Mas quem disse que não pode ser real? – Dito isso, ele foi em direção entrou na luz, e sumiu.

Fechei os olhos, desejando voltar.

Então, eu senti. Respiração, batimentos cardíacos, meu corpo dolorido contra o chão gelado. Abri sorrateiramente os olhos, estavam todos na mesa, comemorando a “minha morte”.

Em um piscar de olhos eu levantei.

- Tom Riddle! – Berrei, o chamando. Ele virou o rosto ofídico pra mim, perplexo, então fez uma careta de dor, que surgiu junto com um urro. Estava ficando fraco.

- Harry Potter! – Todos se afastaram, recuando, inclusive Bellatrix.

Ponto de vista: Hermione Granger.

“Tom Riddle!” eu ouvi uma voz muito parecida com a de Harry após alguns minutos de ter cessado o choro. Hesitei. “Harry Potter!” a voz era de Voldemort.

Não podia ser ele o havia matado.

- Draco! Temos que ver o que é. – Eu disse me levantando de seus braços e correndo escada abaixo. E ali estava um Voldemort fragilizado, tossindo e urrando e um Harry Potter, vivo.

- HARRY! – Eu gritei involuntariamente, sorrindo. Ele apenas lançou-me um olhar frio.

- Não venha comemorar, Granger! Você é a culpada de tudo isso ter acontecido.

Draco o atacou, e com seus reflexos de apanhador, ele se desviou do golpe.

- Harry Potter. – A voz arrastada e ofídica falou, ele se levantou cambaleante, e eu sem pensar duas vezes joguei minha varinha para Harry. – Avada Kedavra! – Ele pela segunda vez no dia, mas Harry foi mais rápido, lançando um feitiço escudo, mas o que aconteceu pegou todos de surpresa.

O feitiço se difundiu, e mudou de uma tonalidade verde para laranja, um raio atravessou a sala e atingiu Voldemort, que caiu no chão, aos poucos encolhendo, e se transformando em algo muito estranho, como um aborto.

- Bella... – Ele chamou, e a serva obediente o pegou no colo, horrorizada. – Aconteceu de novo... – Ele informou. Não podia ser possível que... Merlin! Estava tudo se repetindo.

Ponto de vista: Narrador.

Bellatrix carregava, horrorizada, o corpo do mestre. Hermione se encontrava na escada ao lado de Malfoy. Os comensais se uniram todos uns aos lados dos outros.

Harry pensou em lutar com eles, mas eram muitos, e certamente venceriam. Muitos deles voltaram a si, como se estivessem sido dominados pela maldição Imperius, e perguntavam-se onde estavam e o que estavam fazendo ali. Bellatrix repetiu diversas vezes a mesma coisa, e no fim, apenas lançava-lhes a maldição da morte, perplexa demais para mandá-los ir embora ou aturá-los. A serva fiel chorava ao ver seu lorde daquela forma.

O corpo de Voldemort estava fragilizado, como o que Harry vira há minutos atrás, parecendo um feto abortado.

Para os comensais, seus fieis seguidores, não podia ser real, mas era. Voldemort caíra, mais uma vez, como há dezesseis anos, o menino que sobreviveu o destruiu. Não o matou, mas o fragilizou.

O fato é que Voldemort tinha lhe dado sua própria aniquilação. No momento em que não conseguira aparatar, estava fraco porque Neville Longbottom acabara de destruir uma das suas duas últimas Horcruxes em algum canto de Hogwarts, e ele, achando que matando Harry Potter nada mais o venceria, acabou por matar sua ultima parte, a Horcrux que vivia em Harry, aquela que ele nunca pretendera criar.

O feitiço que Voldemort jogara em Harry chocou-se contra o próprio lorde, pelo fato de Potter não estar empunhando sua própria varinha, só não foi o suficiente para matá-lo porque Harry não o atacou, apenas defendeu-se, e a varinha de sua antiga “serva”, Hermione Granger, reagiu de maneira diferente, algo nunca visto até então, por reconhecer que ela não pertencia mais ao lado das trevas.

O lorde das trevas se sentia tão impotente quanto da primeira vez, mas dessa vez seria mais fácil, eles já sabiam o ritual, e se não soubessem, dariam um jeito. Talvez não fosse o que todos pensavam que fosse. Talvez Voldemort realmente tivesse caído, mas pudesse ser que aquilo fosse só uma fonte de alimentação para que ele voltasse mais forte.

A resposta chegaria em breve. Mas breve do que todos imaginaram e tão breve quanto Bellatrix esperava que fosse.

Nenhum dos comensais ali tinha coragem de atacar o menino que sobreviveu ou seus “amigos”. Nem mesmo a mais corajosa, a que daria a vida por seu mestre possuía coragem o suficiente.

Ronald Weasley se encontrava ao lado de Harry Potter. Ambos trocaram um olhar confuso, e fizeram a mesma coisa com Draco e Hermione. Quando os olhares de Harry, Rony e Hermione se cruzaram flashes e lembranças de um passado de anos atrás passaram na cabeça dos três, e ambos perceberam que aquilo não valia mais a pena. Erros haviam sido cometidos, mas isso era algo que se podia concertar, apesar de quase ter acabado em uma tragédia.

Erros diferentes, de escalas diferentes, mas ambos eram traições, ambos causaram dor, ambos machucaram uns aos outros, e aquilo tudo eram consequências de uma sede de vingança pela dor causada: Harry, vingança pela dor que sentiu por seus pais. Hermione: a vingança da traição de seu melhor amigo e do cara que ela amava. Talvez fosse merecido, talvez tivesse acontecido apenas para eles colocarem as coisas no lugar e ter certeza do que eram um para o outro. Mas certamente, a amizade de ambos jamais seria a mesma.

Precisavam sair dali.

Comensais alegavam que precisavam fugir antes que fossem pegos, a notícia de que o Lorde das Trevas declinara logo se espalharia e eles seriam presos, então não se preocupavam se “o garoto que sobreviveu duas vezes” estava ali, chegavam até a temê-lo.

Já Bellatrix, essa estava fraca demais para que pudesse tentar lutar com os garotos. A dor de ter seu lorde fragilizado em seus braços era maior que qualquer coisa. Teve a oportunidade de sua vida, poderia matá-los ali mesmo, mas não pensou nisso, não cogitou a hipótese, chegava a temer, uma vez que confiava tanto no poder de seu lorde e este se deixara vencer, jogando seu destino na mão de uma sangue ruim, aquela espécie que ele tanto abominava o levou às ruínas.

Ela não podia aceitar tão fato, não podia acreditar que, a pessoa por quem ela vivera e servira a vida inteira, tinha sido fragilizado por uma garota, nojenta, repugnante, indigna de usar magia, de pertencer a um mundo tão perfeito que era o deles. Era nojenta, não tinha sangue bruxo, seu lugar era no inferno, e o seu lorde a levaria para lá, mas por culpa dela, ele estava fragilizado.

Se a mulher que sempre tão selvagem e rebelde não estivesse tão atônita e fragilizada com a queda do bruxo mais temido de todos os tempos, acabaria com a castanha ali mesmo, da forma mais lenta e dolorosa o possível. Mas não tinha forças. Só que as coisas não ficariam daquele jeito, quando ela voltasse a si e a fúria a dominasse, Lestrange se vingaria, era uma Sonserina, e Sonserinos não desistem das coisas tão facilmente, ainda mais quando elas são para o seu prazer. Ou vingança.

Hermione, Rony, Harry e Draco tinham que sair dali, e agora que estava tudo fragilizado era a melhor hora.

Narcisa e Lúcio não podiam se livrar daquilo, então a mãe de Draco caminhou até o garoto, que subitamente se afastou de Hermione.

- Draco, meu filho, pegue seus amigos e suma daqui!

- Mas mãe! Não vou deixar você sozinha... – O loiro tentou protestar.

- Vá Draco! Não se preocupe comigo e com seu pai, nós vamos ficar bem, vá! – Narcisa retrucou em um sussurro com urgência.

Harry e Rony já estavam na escada. Os quatro trocaram um olhar solidário e aparataram.

                             Ponto de vista: Hermione Granger.

Senti-me ser cuspida para fora de mim mesma. Estávamos na minha antiga casa trouxa, a casa que meus pais deixaram. As coisas ainda estavam as mesmas, exceto por meus pais... Eles não estavam ali.

Eu não consigo descrever o que eu estava sentindo naquele momento. O que tinha sido aquilo na mansão Malfoy? Afinal, o que acontecera com Voldemort? Ele não morrera, mas estava fraco. Eu sentia alívio, medo, angustia, e principalmente, arrependimento.

Suspirei pesadamente, olhei para Harry e Rony. Tínhamos feito muito isso na mansão Malfoy, e sabíamos o motivo.

Sem pensar duas vezes, eu me dependurei no pescoço deles, então Harry e Rony me envolveram pela cintura, em um abraço em grupo. Sabíamos o que se passava. Eu sabia. Aquilo era um pedido de perdão de ambos, uns aos outros, e ambos nos perdoando.

- Não precisamos dizer nada. – Harry murmurou como se lesse meus pensamentos.

- Eu sei que não. – Rony respondeu.

- É... – Minha voz saiu embargada e eu comecei a chorar silenciosamente.

Passamos por tantas coisas juntos. Vivemos tantas coisas, colocamos a vida de ambos em risco, salvamos a vida um dos outros. E eu cheguei a esse ponto, de querer matá-los. Era loucura, era irracional, eu fora longe demais.

- Fui longe demais. – Murmurei.

- Todos nós erramos. Todos nós fomos longe demais. – Harry respondeu e deu um beijo em minha testa quando nos separamos.

Olhei para ele e para o Rony, que me encarava da mesma forma. Aquilo, sem duvidas, fora um jeito de perdoarmos uns aos outros, porém sem dúvidas nossa amizade jamais conseguira ser a mesma de anos atrás.

Suspirei pesadamente, e olhei para Draco. Caminhei até ele e o abracei pela cintura, depositando um beijo em seus lábios.

- Mas... QUE?! – Harry e Rony nos olhavam boquiabertos e com os olhos arregalados.

 – Isso não está acontecendo! Granger, você e o Malfoy? – Confesso que foi extremamente estranho ser chamada de Granger por Harry.

Suspirei pesadamente.

- Olha. Muita coisa aconteceu...

- Estou vendo!

- Harry, francamente! – Ralhei realmente irritada. – Olha. Nós não temos mais nada aqui. – Eu disse, suspirando tristemente com as verdades em minhas palavras. – Nossa amizade foi para o brejo! Eu simplesmente não consigo mais confiar em alguém como você, depois de ter feito o que fez.

- E você acha que eu consigo? – Ele rebateu.

- Por favor! Não vamos entrar nisso agora. – Eu murmurei perturbada. – O que eu quero dizer é que não temos mais que nos preocupar com isso, entendeu?

- Defina “isso”.

- Contar um para o outro tudo que acontece! Harry, eu estou namorando o Draco e isso não vai mudar porque você não gosta dele ou coisa do tipo. Eu o amo. – Falei estufando o peito e soltando o ar lentamente.

- Como isso aconteceu? – Rony manifestou-se.

- Não é a sua conta! – Draco rebateu.

Suspirei mais uma vez.

- Chega. Harry, Rony, por favor, vão embora daqui. Essa é minha casa.

Ambos respiraram fundo e assentiram.

- Tudo bem. – As vozes deles saíram em uníssono.

Então o moreno e o ruivo giraram nos calcanhares e aparataram dali.

Suspirei pesadamente e olhei para Draco.

- Você teve muita coragem em nos assumir. – Ele murmurou e andou de um lado para o outro, cabisbaixo.

Eu sabia que havia alguma de errado. Ele estava bem perturbado, não o julgo, tinha muito coisa acontecendo ao mesmo tempo, coisa demais para ele digerir. Eu sabia que ele estava sofrendo, sua mãe havia mentindo por Harry, e ele fora obrigado a sair daquele lugar horrível e deixar sua família para trás, sem saber como se comunicar com seus pais, sem ter notícias.

A vida dele sempre fora complicada, ele nunca tivera escolhas para absolutamente nada, sempre vivendo às custas dos que os outros mandavam, sendo treinado a vida toda para ser de um jeito que ele não era, tudo para agradar a família, e eu era a prova viva disso.

Seus olhos estavam baixos e eu sabia que ele fazia esforço para não chorar. Peguei em sua mão e o guiei para o quarto que costumava ser dos meus pais. O meu quarto, as minhas coisas, já não estavam mais ali. Tudo esquecido, uma memória distante. Céus, como eu sentia falta dos meus pais.

Estávamos no meio do corredor, quase chegando em frente à porta quando...

CREC!

Quase tive um infarto, cambaleei para trás e por pouco não caí da escada. Um elfo doméstico aparecera ali. Era diferente de Dobby, os olhos não eram do tamanho de bolas de tênis e sim do tamanho de ameixas. Suas orelhas eram um pouco curvadas para baixo, o nariz, largo e pontudo. Trajava a mesma veste encardida de todos os elfos, parecia mais um pano de chão; os braços eram curtos e os dedos longos.

- Senhor Malfoy...

- Sim? Quem é você? – Draco perguntou agora tão atônito quanto eu.

- Sou Heitor, senhor. Sou o elfo dos Greengrass, meu senhor mandou-me avisar-lhe que seus pais estão a salvo, e me disse que seus pais pediram para que eu avisasse o senhor e a senhora Malfoy onde o senhor se encontra... – O alívio na expressão de Draco era visível, e eu pude ver que ele soltou um suspiro de alívio discretamente.

- Tudo bem, Heitor. Obrigado. Diga-lhes que estou na antiga casa dos Granger, com Hermione. – Fiquei surpresa quando ele não hesitou em dizer que estava comigo. – E que assim que possível, me mandem cartas para que eu possa encontrá-los, tudo bem?

- Sim, senhor! – O elfo estalou os dedos e evaporou.

Draco virou seu olhar para mim e sorriu largamente, segurou meu rosto entre os dedos e me deu um beijo.

- Obrigado, Hermione. – Sussurrou ainda sobre meus lábios quando os separou alguns milímetros. – Por tudo.

Peguei em sua mão e adentramos o quarto, ambos sentados na beirada da cama.

- Hermione. – Ele começou e olhou para mim. – Você me mostrou um lado de mim que eu não conhecia. Você me fez enxergar quem eu realmente sou e não ter medo disso, e tem mais, meu amor, você provou que o amor supera tudo. Sempre tive medo, você abriu as portas para que eu pudesse enxergar que eu sou e sempre fui um cachorrinho treinado para obedecer a ordens de todos, mas fez também com que eu visse como posso fazer isso mudar.

Ele parou para respirar, segurou em minhas mãos, e continuou:

- E acima de tudo, você mostrou para mim que não importa de onde as pessoas venham, como elas se vestem, quanto dinheiro elas têm, ou o status de sangue importa. Mostrou pra mim que o que realmente importa é o que temos por dentro. O resto é resto. Caráter é o que importa e você minha Hermione, provou isso para mim.  Obrigado. – Suas mãos seguraram meu rosto mais uma vez, e ele me deu vários selinhos, um seguido do outro.

Retribui-os e foi a minha vez de falar.

- E você me mostrou que as pessoas nem sempre são inconfiáveis ou o que demonstram ser, e que todos, todos podemos ser bons se quisermos, Draco você provou para mim que existe um lado bom e um ruim dentro de nós, eu provei do meu lado ruim, e você mudou isso, você me mostrou o certo! Eu... Obrigada.

Ele sorriu e nós nos arrastamos para a cabeceira da cama, ele se se encostou a um travesseiro e me aninhou em seu peito.

 - Vai ficar tudo bem agora, não é? – Ele murmurou em meu ouvido, enquanto os dedos longos e brancos se enroscavam em meu cabelo, fazendo meus olhos se fecharem.

- Sim. – Respondi, mesmo sem ter tanta certeza disso.

Muita coisa tinha acontecido. Coisas ruins, mortes, brigas, intrigas. Eu havia perdido amizades, sofrido, machucado pessoas, me tornei um monstro, me arrependi, as coisas voltaram ao seu lugar.

Eu sofri, pessoas sofreram.

Mas tudo isso me levou a um só caminho: Draco Malfoy.

Toda a dor, todas as dificuldades, cada lágrima derramada me trouxe ele.

E, tendo Draco do meu lado, faz tudo que eu passei valer a pena.


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Notas finais do capítulo

Hoje completa exatamente oito meses e 4 dias que eu comecei a postar essa fic. No começo, eu juro que eu não criei expectativas. A cada leitor que eu ganhava eu comemorava, e eu lembro muito bem como me senti ao ver minha primeira recomendação, e como sempre foi bom ver as cobranças de vocês, sendo no twitter, sendo por MP. No começo eu não pensei que seria assim, não pensei que me apegaria tanto a vocês e a fic, mas aconteceu, e cara, OBRIGADA! Vocês estão me ajudando a seguir meu sonho, e eu to chorando aqui de verdade. Obrigada por tudo, por cada comentário, por cada favorito, por cada leitor, fantasma ou não, EU AMO VOCÊS! Eu amo vocês, eu AMO VOCÊS. É incrível chegar ao último capítulo, me dá uma alegria imensa de saber que EU CONSEGUI, porém me trás uma dor de saber que acabou. Alguns leitores estão comigo desde o começo, outros sumiram, outros chegaram depois, mas eu amo cada um dos duzentos e tantos leitores que eu tenho.
Quero que me desculpem por todas as vezes que não alcancei a expectativa de vocês, pelas vezes que eu fiquei sem postar, que me demorei, que me perdi. Caralho, palavras nunca vão ser o suficiente pra agradecer vocês.
Isso aqui chegou a um numero muito mais do que o esperado de reviews, recomendações, leitores, favoritos. Eu me surpreendi, eu me superei, mas sem vocês não seira NADA. Obrigada de coração. EU AMO VOCÊEEEEEEES!
Agora, eu vou fazer um pedido, só um. Deixem um comentário, até mesmo aos leitores fantasmas, só um comentário no ultimo capitulo dizendo o que achou da fic. Façam essa por mim. Por favor, por favor, por favor.
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GENNNNNNNNNNNNNNNTE, CHEGA DE TEXTO SENTIMENTAL, AGORA VAMOS AO QUE INTERESSA, AQUI TÁ O LINK DA SEGUNDA TEMPORADA::::::::: http://fanfiction.com.br/historia/415448/Ill_Never_Let_You_Go/