Soltei a mão da de Draco, e os Rony e Harry se desvencilharam dos comensais que os seguravam e vieram em minha direção, Harry com a varinha apontada pra mim.

— Sua traidora! — Ele gritou, os comensais tentaram repreendê-lo, mas eu apenas fechei o punho no ar e eles cessaram suas tentativas. Voldemort ainda não estava ali.

— Traidora? — Perguntei em um tom irônico e soltei uma risada fria. — TRAIDORA, HARRY? — Gritei e suspirei pesadamente, tentando não me descontrolar. Era engraçado como os comensais atendiam as minhas ordens agora que Voldemort e Bellatrix estavam longe. Talvez fosse porque esse plano era meu ou eu tinha feito tudo. Sei lá.

— Traidora sim! — Ele respondeu nervoso.

— Está certo, Potter. — Cuspi seu sobrenome, ele me fitou surpreso por eu chamá-lo assim. — Sou traidora. Fui eu quem mandou você fazer o dever de poções pra ajudar Gina a fazer você de corno, né? Pelo amor de Merlin, eu não mereço ouvir isso! — Respirei fundo.

— Você me traiu, meu objetivo de vida era me livrar de Voldemort e você me trouxe pra própria cova! — Ele gritou, seu rosto estava ficando vermelho.

— Ha-hã, abaixe o tom. — Alertei e ergui o dedo. — Você cavou sua própria cova, Harry Potter. Olho por olho, dente por dente. — Sussurrei e esbocei um sorriso satisfeito e irônico.

Potter urrou de frustração, e Ronald por sua vez, avançou contra mim.

— Eu te odeio! — Ele gritou e seu rosto ficou tão vermelho quanto seus cabelos. Um comensal impediu que ele avançasse mais contra mim, e eu apenas o olhei com cara de tédio.

— Sentimento correspondido, isso é ótimo! — Sorri falsamente, e dei uns pulinhos. — Pena que Lilá não está aqui... — Refleti. — É realmente uma pena! — Fiz uma careta. — Se tivessem como trazer a vadia pra cá.

— NÃO A CHAME ASSIM! — Rony gritou, furioso, se debatendo, tentando se desvencilhar do comensal que o segurava.

Voldemort, Xenofílio, e Bellatrix não estavam ali, e por uma estranha rasão todos os comensais não faziam objeções com meus atos.

— Abaixa o tom comigo! — Eu disse irritada.

Podemos pegá-la se quiser, madame. — Um comensal alto disse. Eu achei estranho, mas gostei da ideia dele ir até Hogwarts e pegar Lilá Brown. Sessão tortura melhor do que o planejado, vingança dupla, peguem suas pipocas.

— Mas é claro que eu gostaria! — Sorri vitoriosa, e joguei os cabelos para trás.

O comensal, sem dizer mais nada, aparatou dali com o um "CREC".

Sorri, e voltei meu olhar para os garotos que estavam ali, um ruivo e um moreno. Meu sorriso era prazeroso. Era tão bom que até doía. Mordi o lábio inferior, com a varinha em punhos.

Girei a varinha em minha mão e comecei a andar em círculos, em volta dos meninos que estavam ajoelhados no chão, agora por causa dos comensais, que fizeram seus joelhos cederem.

—  Vamos.

Aproximei meus lábios dos dele com certa doçura, e quando ele abriu a boca pra me beijar, eu me afastei e cuspi em seu rosto. Isso mesmo, cuspi.

Levantei e ele me olhou, se pudesse me mataria apenas com o olhar. Sorte a minha que ele não tem visão de fogo ou coisa assim.

Eu ri, mas eu ri com gosto.

—  Francamente! Você achou mesmo que eu, ia me ajoelhar pra te beijar, Weasley? — Gargalhei. — São muitos ingênuos, tsc tsc.

—  Hermione... — Harry disse entredentes.

— Granger pra você. — Simplesmente disse.

— Granger. Me escuta. — Ele falou.

— Não quero, fica quieto.

— Me escuta. — Ele rosnou.

— Não!

— Me perdoa. — Ele disse, e aquilo foi um baque pra mim. De repente, em um flash, todos os momentos com Harry passaram em minha frente. Afinal de contas, ele sempre estivera comigo, nos bons ou nos maus momentos. E era dele que eu sentia mais raiva.

Lembrei que se, talvez não fosse Harry, eu estaria morta hoje.

E o que eu estava fazendo? Eu estava o matando!

Mas então, eu lembrei de tudo que havia acontecido... ele me matou. Eu preferia estar morta, ao sentir a dor de ser traída por meu melhor amigo e o cara que eu amei durante seis anos!

—  Não. — Disse simplesmente, e sorri. Ergui a varinha e a girei nos punhos. — Cruccio. — Sibilei, e gesticulei pra que Draco me ajudasse. Ele o fez, com um sorriso doentio no rosto.

Então, ouvi-se um CREC na sala, e o que eu mais queria que acontecesse, aconteceu.

Lilá Brown, apareceu em minha frente. Sua expressão era claramente confusa e irritada. Meu feitiço cessou. Ela me mediu da cabeça aos pés, e me olhou aterrorizada.

O comensal que segurava ela pelos ombros a soltou com violência, fazendo-a cair de joelhos e grunhir.

— Ora quem está aqui! Completando nosso trio maravilha! — Eu exclamei e dei pulinhos, batendo as palmas, eu uma falsa animação.

Ela arfava e me olhava, sem acreditar no que via.

— Gr-Granger?! — Sua garganta falhou, estava realmente horrorizada. — Qual é! — Ela olhou pra Harry e Rony, com o olhar de quem diz “ajudem-na!” — Vocês são cegos? Hermione está enfeitiçada! Ajudem-na!

Ri friamente.

— Eu não estou enfeitiçada, vadia.— Ela pareceu em choque pela forma como eu a chamei. — Pelo amor de Merlin, Lilá. Não finja que quer me ajudar. Você foi só uma que me apunhalou pelas costas. — Comecei a rodear seu corpo, andando em círculos.

A ruiva permanecia de joelhos. Conjurei cordas e amarrei suas mãos atrás das costas, com magia. Fiz o mesmo com Harry e Rony. Ergui o pé e enfiei nas suas costas da garota, fazendo com que ela caísse e batesse o queixo contra o mármore duro. Seu lábio começou a sangrar.

— LILÁ! — Rony disse em um grito sufocado, e me olhou de tal forma, que se pudesse, soltaria uma Avada Kedavra pelos olhos.

Eu apenas ri, e fui acompanhada por certo loiro ao meu lado.

Lilá gemeu.

— O que vocês querem comigo? — Ela perguntou, e engasgou com o próprio sangue.

Com a ponta de meu tênis, ergui seu queixo e a deixei de joelhos novamente.

— Você é uma vadia. — Sibilei, e girei a varinha. — Sabe o que fez. Quando eu tinha namorado, ficou se agarrando com ele, mesmo sabendo que era errado. E ainda tinha a cara de pau de me pedir ajuda nos deveres. Ridícula! — Então, eu ergui a manga da blusa até os cotovelos e mostrei-lhe minha marca negra.

Seu horror aumentou, e ela gritou, acho que involuntariamente. Ou talvez soubesse que estava prestes a morrer.

— Hermione eu... — Fechei o punho no alto, pra que ela calasse a boca. Um dos comensais ameaçou avançar pra atacá-la, mas eu apenas o repreendi com um aceno de cabeça.

— CALADA. Não vou perdoá-los. Não sou mais a rata de biblioteca que guarda tudo pra si. CANSEI de ser usada. Cansei! — Eu gritei, e lágrimas de raiva escorreram.

Eu amei Rony por seis anos. Seis anos da minha vida, eu o deixei pisar em mim. Mas sempre estive lá, quando ele mais precisou. Mesmo ele me machucando. Eu o apoiava em tudo. Lembro que forjei o treino de quadribol para que ele entrasse para o time, porque ele queria muito. Lembro-me de quando eu o ajudei, no segundo ano, a se livrar das lesmas. Lembro-me muito bem, de quando salvei sua vida naquele maldito jogo de xadrez, onde ele queria se sacrificar. Eu sempre estive ao seu lado.

Por seis anos. Seis anos. E quando eu achei que, finalmente, seria recompensada, ele me traiu. Era doloroso.

— Eu cansei de ser usada e sofrer calada! POR QUE FOI ISSO QUE ACONTECEU, RONALD. EU SOFRI DURANTE SEIS ANOS POR VOCÊ, E VOCÊ ME USOU PRA SE DIVERTIR! — Gritei e comecei a chorar ainda mais. Droga! Eu tinha que ser tão fraca assim? Eu chorava de raiva. De ódio, e meus músculos tremiam. Ele me olhava aterrorizado, e parecia se sentir culpado. — Acabou! Acabou! Chega de ser idiota! Chega! — Berrei.

Sem pensar duas vezes, sem medir as consequências de meus atos, girei a varinha em punhos, apontei e gritei:

— AVADA KEDAVRA! — E um lampejo de luz verde iluminou momentaneamente a sala.

Um corpo caiu desfalecido no chão.