— Hermione. — Mãos me sacudiam. — Hermione, acorda. — Eram delicadas e me fizeram sentar. O movimento perto de meu corpo parou assim que me sustentei pela coluna. 

Cocei os olhos, um tanto sonolenta, tentando me lembrar do que havia acontecido.

Tortura. Quarto de Draco. Colchão no chão. No entanto, quando abri meus olhos, piscando algumas vezes pros meus olhos se acostumarem com a claridade, eu não estava no colchão, e sim na cama de Draco.

O colchão estava com os cobertores e travesseiros de Draco, que estavam na cama a noite passada, e os cobertores e travesseiros que estavam no colchão estavam comigo na cama.

— O quê...? — Indaguei para o loiro, que sentou-se na cama comigo.

— Eu resolvi deixar você dormir na cama, o colchão não parecia muito confortável pra quem sofreu um Crucio. — Ele afirmou, e colocou uma mecha de meu cabelo pra trás de orelha. — Durante a noite coloquei você na cama com os cobertores e travesseiros, você estava tão cansada que nem percebeu. — Ele sorriu, mostrando os dentes extremamente brancos.

Cocei os olhos mais uma vez e fitei.

— Você tá bem? — Perguntei pra ele.

— Estou ótimo. Voldemort pediu pra se aprontar. Ele quer conversar com você.

— Bom, eu só preciso de um pente. Dormi com as roupas de ontem, então... — Ele se levantou rapidamente e me trouxe um pente vermelho.

Comecei a pequena batalha com meu cabelo. Assim que terminei, entreguei o pente à ele

— Você lutou tanto com o seu cabelo, seria uma pena se alguém o estragasse. — Ele observou, e ergueu a mão, pronto pra bagunçar meu penteado.

— Draco. Não. — Eu o alertei, e puxei seu braço, fazendo menção de o torcer se ele fizesse mais alguma coisa.

Ele pegou a mão livre e começou a espetar minha coluna, fazendo-me sentir cócegas

— Ai... Não... Para! — Eu gritei entre os risos. Ele ria junto comigo, e a força pra segurar seu braço se foi. O soltei e ele usou os dois pra me encher de cócegas.

Minhas costas deitaram na cama, e ele encheu ainda mais meu corpo de cócegas. De repente, ele parou.

Eu continuava rindo e dei-lhe os tapas, fazendo-o rir também.

Mas meu riso cessou, e a brincadeira também, aos poucos, eu olhei para seu rosto e de repente fiquei séria, apenas observando seu rosto branco e seus olhos azuis hipnotizantes.

— Você está bem? — Ele perguntou, quebrando mais ou menos um minuto de silêncio, que ficamos assim, nos encarando como dois bobos.

— Estou... — Eu franzi as sobrancelhas.

— Quero dizer, você está bem de ontem? — Ele perguntou e colocou uma mecha de meu cabelo para trás. Ainda estava sobre mim.

— Eu tô. E você, está? — Perguntei.

— Uhum. — Ele murmurou, mas agora seu rosto estava extremamente perto do meu, e eu podia sentir seu hálito de hortelã invadir minha boca.

Meu coração de repente disparou, e seus lábios tocaram os meus. Movi meu corpo debaixo do dele, de maneira que fiquei sentada na cama.

Nossas línguas se entrelaçavam felizmente, e devo ressaltar aqui que Draco beija maravilhosamente bem.

Meu coração estava batendo aceleradamente, e se tivesse um monitor cardíaco com certeza estaria bipando demais.

De repente, tudo há minha volta fez sentido, ele me protegendo do Crucio e eu salvando a vida dele. Esses detalhes pequenos e bobos.

Mas eu não podia assumir qualquer relacionamento com Draco, isso causaria problemas, e eu não podia deixá-lo correr — mais — riscos por mim do que ele já havia ocorrido.

Nós iríamos nos machucar, então eu teria que fingir que não gostava daquilo, e mentir, porque Draco realmente tinha um beijo que qualquer garota gostaria de experimentar. E as que experimentariam, nunca mais iriam querer parar de beijá-lo.

Sua mão foi a minha nuca, e acariciou meu cabelo. Com a mão livre, acariciei a maçã de seu rosto.

Seus lábios moldavam-se perfeitamente nos meus, o gosto de hortelã de seu hálito estava invadindo meus lábios.

Minhas mãos desceram por sua nunca e meus dedos passaram por seus finos cabelos loiros. Uma de suas mãos pousou em minha cintura.

O beijo prosseguia calmo e lento, as línguas se acariciavam com doçura.

A ponta de seus dedos passaram pela minha face.

Mais alguns selinhos, e o beijo se encerrou.

Ele olhou pra mim, molhou os lábios e sorriu.

Eu não tinha certeza dos meus sentimentos por Malfoy, mas tudo que eu tinha certeza é que eu não podia me apaixonar por ele, isso me machucaria, machucaria ele também.

— Isso foi um obrigado. — Ele disse, me tirando do mundo da lua. Eu ri e dei um empurrão nele.

— Que obrigado. — Eu disse, mostrando uma indiferença, na intenção de deixá-lo confuso se eu havia gostado ou não. — Hm.... De nada? — Ri-me.

— Você baba! — Ele disse em um tom divertido e me empurrou. Acho que ele tinha levado o pensamento ao mesmo foco que o meu.

— E você beija mal! — Eu disse, empurrando ele de volta e ri. Meu tom era divertido. Ai, como é dificil mentir, tudo que eu queria era voltar a beijá-lo de novo.

— Não é isso que todas as garotas de Hogwarts que eu peguei dizem. — Ele piscou.

— Hmm.. Eu não sabia que a Lula-Gigante era uma garota e que ela falava! — Fiz um falso tom de surpresa e ri.

— Idiota. — Ele fez um careta. — Vamos, Voldemort está esperando.

Draco me ajudou a levantar, e eu desci.

Na mesa de jantar, havia um esplendido café da manhã, devia ter sido preparado por um elfo ou simplesmente por Narcisa.

Voldemort estava em sua grande poltrona de veludo verde, e gesticulou pra que eu sentasse a sua frente.

— Sirva-se, Granger. — Ele foi educado. Draco me beija, Voldemort é educado, as coisas estão incrivelmente estranhas por aqui.

Peguei uma torrada e um copo de suco de laranja.

— Malfoy disse que o senhor queria falar comigo. — Tentei ser educada e sorri.

— Sim. Estamos quase a par de invadir o ministério da magia. Meus comensais estão cuidando disso. — Ele olhou pra Bellatrix, que eu até então não havia notado a presença no local.

Depois voltou a olhar pra mim.

— Um de meus comensais me disse que Potter vai sair a busca de minhas horcruxes. Preciso impedir. — Ele disse, simplesmente, e soltou um suspiro. — Você vai ter que arrumar uma forma, um jeito, ou sei lá o que preferir, de ir com Potter — Ele cuspiu o nome. — e ser minha informante.

Pretendo fazer de meu nome um tabu. Isso, quando conseguir me infiltrar no ministério. E assim vai funcionar como um rastreador. Sei que Potter não tem medo de dizer meu nome. — Sua voz era aveludada e arrastada, um sibilar de cobra. — E nem você. — Ele sorriu, me dando náuseas. — Então, vai funcionar assim. Sempre que necessário, você vai tentar mantê-los, digamos "desprotegidos". Forje os feitiços de proteção, essas coisas.

Ele continuou:

— E toque no assunto "Voldemort" — Tom desenhou aspas no ar. — Sempre que puder. Diga meu nome. Assim vou poder rastreá-los. E mandarei meus comensais, ou quem sabe eu vou pessoalmente buscá-los. A senhora será altamente recompensada. — Ele sorriu ais uma vez. — Mas tem que manter com sua palavra, ser leal a mim. Será minha espiã. Assim que puder, toque em sua marca e me convoque.

Funcionará assim. Poderá avisar as coisas para o sr. Malfoy — Ele olhou para Draco, que sentara duas cadeiras depois da minha. — Pela moeda que você fez.

Assenti, ouvindo tudo atentamente. O plano era realmente bom.

— Certo, e quando começa? — Perguntei.

— Quando eu invadir o ministério, o que não deve ser muito tempo. — Ele concluiu, e eu apenas assenti, mordendo a minha torrada.

Minha vingança estava mais próxima do que nunca, e eu mal podia imaginar o quão divertido seria fazer isso. Trair Harry.

Sorri, satisfeita, e apenas assenti, murmurando um rápido "sim senhor."