Por volta das 4:10 da manhã, Anúbis chamou a segunda praga sobre a terra do Egito. Milhares de sapos começaram a surgir nas ruas e nas casas das pessoas. Todo o país estava sofrendo com as pragas e já sofria com a chuva de sangue que o deus da morte propiciou sobre a nação.

Já no último templo, Pietro acordou ainda dentro do dele, mas mais perto do jardim. Ele tava sentado encostado numa parede. Myhara e alguns soldados estavam observando-o. Myhara em especial ficou bem na sua frente.

— Acorda bela adormecida. Não, isso não é um sonho. É realidade.

— Pensei que havia morrido.

— Não. Está vivinho para testemunhar a ascensão do mestre Anúbis e, claro, vai para a morte ainda vivo para sentir a dor da dela quando for jogado no poço do inferno. Aprecie os seus últimos momentos, criança.

— Os cavaleiros de Atena vão destruir você e aprisionar a alma de Anúbis para sempre.

— Quando os cavaleiros de Atena chegarem nesta casa, o mestre já finalizará os seus planos e o corpo daquele pirralho ridículo será tomado definitivamente. Aí nem eles nem Atena conseguirão mais derrotar meu mestre. Depois a terra será tomada por completo.

— A irmã de Hathor está escondida. Ela está com o Livro da Vida e vai frustrar os seus planos. Eu te garanto.

— Um infeliz detalhe que logo será tratado. Já ordenei aos meus soldados que a encontre e queime o livro no ato — Myhara se levantou e ficou sob a chuva de sangue. — Se essa informação do livro que me contou servia para me por medo, fracassou. Isso não me preocupa nada. Agora com licença que eu tenho que auxiliar o meu deus para o grande triunfo. Lamente o triste fim que lhe acometeu.

Myhara saiu dali em direção à pirâmide.

...

Jasmine aproveitou que a sua rival estava completamente imóvel para sair daquele templo sem perder muito tempo. Era imprescindível ganhar tempo agora que o cosmo maligno havia se apoderado da cidade. Ela viu Joel perdido atrás de uma estátua.

— Você está bem?

— Sim, eu acho. A sua amiga me deixou e deve ter ido embora.

— Então vamos embora. Derrotei a guardiã deste lugar...

— Ninguém sai daqui a não ser mor... — disse Sora que surgiu na frente deles.

Jasmine não perdeu muito tempo e lançou um poder de gelo antes mesmo da amazona finalizar a frase. Joel estava abaixado, um pouco distante. A aquariana havia derrotado a inimiga e pegou o garoto. Ambos pegaram um outro caminho para sair do lugar.

Enquanto isso, Sereia e Danyel conseguiram subir o abismo e ir aos domínios do último templo. O Templo da Morte. Mas não havia nada de especial a não ser um gigantesco muro de pedra com duas portas simples. O cavaleiro foi até uma delas para tentar abrir, porém ela estava trancada. Ele tentou empurrá-la, chutá-la, esmurrá-la e usar o cosmo, mas nada conseguia abrir.

— É impossível abrir isso. Não sei o que posso fazer — disse Danyel chateado.

Sereia tentou ajudar, mesmo assim foi impossível.

— Talvez precisamos de mais alguém para passar.

— O problema se os outros já tiverem passado.

— Não. Eu me lembro que Jasmine e Seiya ficaram pra trás. Acho que só o Kiki conseguiu. Precisamos esperar — disse Sereia.

Os dois sentaram no chão enquanto esperavam a vinda dos outros dois. A chuva de sangue não parava em nenhum momento. Chegar na nona casa, administrada por Merick de Tuntancâmon, era um desafio a mais na missão.

Anúbis conseguiu rogar mais uma praga. Agora o Egito foi infestado por gafanhotos, uma nuvem. Em seguida a quarta praga: moscas.

A primeira praga, sangue, foi a única a infestar Hamunaptra. No entanto assim que foi rogada as moscas, deixou de acontecer a chuva. O resto do país continuava a sofrer todas as pragas.

...

Após derrotar Sora de Baixo Nilo, Jasmine pegou Joel e foram para uma outra parte do templo. A saída principal havia sido bloqueada, por isso não poderiam sair por ali. Agora teriam que achar uma outra saída.

— A senhorita derrotou a guardiã de Babilônia? — perguntou Joel enquanto corria.

— Sim, eu acho que sim.

Joel tropeçou e caiu. Suas pernas estavam cansadas demais para poder continuar e ainda por cima ficou fraco por conta do duro trabalho que fazia nas minas antes das amazonas chegarem. Jasmine sentiu pena e o segurou no braço. Levou-o mesmo sem poder correr.

— Desculpa. Não como desde a janta.

— Com a situação que vocês sofriam dia e noite dá para ter uma ideia de como vocês se alimentavam. Quando tudo isso acabar eu vou levá-lo para onde eu vivo e posso cuidar de você.

Ela andou mais um pouco até ver uma saída. Caminhou mais depressa até poder sair. O lugar ficava no lado do templo onde também havia uma escadaria que ia até o chão. As poças de água quente borbulhavam causando um aspecto sinistro na região.

Jasmine começou a descer com o menino nos braços quando de repente um punhal atinge a perna dela fazendo com que largasse Joel. Os dois caíram rolando na escada enquanto Gretta segurava o objeto que voltou como um bumerangue. Depois soltou mais uma vez fazendo a arma se multiplicar em várias. A aquariana se levantou e viu as armas se aproximarem. Desviou, se defendeu e destruiu, mas não conseguia evitar ser ferida por outras.

Gretta correu na direção dela. Jasmine formou uma parede de gelo, porém o cosmo flamejante da guardiã ficou em forma de um dragão vermelho e quebrou o gelo. Gretta agarrou a sua rival e a derrubou no chão caindo numa espécia de lama barrenta que ficava logo ali perto. A amazona de ouro deu um chute no rosto da inimiga e tentou sair, mas a vilã conseguiu segurar seu calcanhar e por fim tentou subir sobre ela.

Joel, que estava tonto por causa da queda, se levantou para procurar a amazona. Ele não conseguia ver direito por conta da nebulosidade e também estava muito fraco.

— Senhorita Jasmine, senhorita Jasmine — ele escutou algumas vozes e seguiu os sons.

Gretta conseguiu subir sobre a outra garota e pegou o seu punhal. Tentou cortá-la no rosto, mas Jasmine colocou o pulso para impedir de ser golpeada. Nesse momento ela tentava usar o seu cosmo congelante; Gretta não se intimidou e usou o seu cosmo flamejante.

— Não vai me congelar... porque não vou cair nessa. Vaca.

Jasmine agora ficava por cima da vilã e tentava pegar a arma branca. Gretta não quis ficar por baixo, deu uma cabeçada na outra e aproveitou para ficar por cima mais uma vez. A vilã conseguiu imobilizar a sua rival com muito esforço.

— Olha só quem... quem acaba de ficar presa como um bichinho enjaulado. Ah, eu pensei que a poderosa amazona de ouro de aquário fosse mais forte. Não consegue se mexer, não é mesmo? Pois bem, eu sempre quis que esse dia chegasse, o momento em que eu enfim poderei acabar com a tua raça. Uma garota tão bela como você nunca teve um risco no rosto.

Jasmine cuspiu o seu rosto.

— E agora eu vou ter o prazer de esfaqueá-la principalmente por ter me cuspido — Gretta segurou a arma pronta para matar a outra.

Porém Joel conseguiu pular nas costas da guardiã e começou a morder o seu pescoço. Jasmine continuou no chão vendo a vilã se contorcer para poder se soltar.

— Sai de cima de mim seu moleque nojento.

— Não vou deixar que mate a senhorita Jasmine.

— Um morto de fome não vai atrapalhar os meus planos — ela pegou o punhal e conseguiu acertar o abdome do menino. Este caiu ferido no chão.

— Joel! — gritou Jasmine.

— Ah, que lindo. Você se apegou a esse garoto durante a passagem pelo meu território. Jasmine, nunca pensei que alguém como você fosse tão sentimental. Um verme a menos no mundo não faz falta, mas não pude deixar de notar que você teve a chance de me ferir. No momento em que o menino pulou sobre mim, você deveria ter me acertado. Entretanto aguardou parada a morte do jovem. Sinceramente você é uma lástima de ser humano, haja vista que apenas os mais fortes vencem. Neste mundo os mais fortes vencem e quando eu me prostituía usava essa mesma afirmativa para me dar bem.

— Será que você não tem coração? — perguntou aos prantos.

— Como?

— Será que nunca sentiu pena de nada? Nunca teve uma família?

— Quanta bobagem! Não preciso desses sentimentalismos baratos para me dar bem. Eu sempre me dou bem. E agora eu vou te matar — ela correu.

Gretta tentou dar um soco, contudo Jasmine conseguiu se esquivar com extrema facilidade.

— Não é possível. Como a sua rapidez aumentou se agora há pouco estava quase morta?

— Se tinha um problema contra mim resolvia comigo. Mas nunca vou tolerar você ter ferido uma criança.

— Não me faça rir. Se não fosse pelo pirralho você teria morrido. Agora morra. Redoma de Fogo.

O golpe atingiu Jasmine, contudo nada aconteceu. Pelo contrário, a armadura de ouro começou a brilhar. Gretta tentou acertar, mas teve a armadura congelada.

— Isso não é possível! Mesmo com o cosmo do mestre Anúbis ter despertado, o cosmo de Atena aumentou muito o dela — sua armadura se despedaçou.

Jasmine foi até Joel que estava deitado com muito sangue. Ele ainda estava vivo, só que o ferimento foi muito grave. Gretta aproveitou que a outra deu as costas, pegou um caco da sua armadura e foi caminhando. Em segundos, Jasmine se levantou e se virou. As duas se encararam pela última vez, mas apenas uma foi atingida no estômago.

A guardiã de Babilônia levou uma punhalada com a mesma arma que atingiu Joel. Jasmine não perdoou e congelou o cabo da arma que por fim congelou a vilã. Depois deu um golpe congelante fazendo a outra cair dentro de uma poça de água. A água fervente congelou juntamente com boa parte do abismo de Babilônia.

Jasmine foi até o menino e o segurou nos braços. Em pouco tempo ela o levou a um outro lugar e colocou pedras sobre o corpo do jovem e pôs uma flor sobre a sepultura dele.

Seiya havia chegado assim que ela enterrou o jovem.

— Jasmine, você está bem?

— Não muito. Acabei de perder um amigo — falou chorando. — Uma pessoa que era importante para mim.

— Escuta. Se isso te serve de consolo, eu posso te garantir que concluir essa missão vai compensar a perda. Também perdi amigos importantes em missões passadas. Vem cá — Seiya a abraçou.

...

Um raio atingiu o telhado do último templo guardião da cidade de Hamunaptra. A entrada do monumento tinha um formato de uma cabeça de caveira. Era um local muito sombrio, quase aterrorizante. Ficava no Vale dos Mortos Vivos, depois do cemitério. Era o único lugar que não foi atingido pela chuva sanguínea.

Dentro do templo, nos corredores escuros, Merick deu alguns passos para chegar a uma sala muito grande e escura.

— Gretta Carbone, a americana, caiu pelas mãos da sua própria algoz. E isso quer dizer que chegou a minha vez. A minha vez de matar os cavaleiros de Atena — os olhos dele brilharam.

Depois dois olhos grandes e vermelhos apareceram na escuridão.

— Meu bichinho. Brevemente terá a tão aguardada refeição.