O palácio de Tebas passava por um momento bastante delicado, pois agora uma luta intensa iria começar. Isis, o guardião, mudou de forma para que assim pudesse combater de igual para igual com os cavaleiros de ouro que até então estavam em vantagem na luta. A forma que o cavaleiro maligno adquiriu foi um modo mais combatente, menos mágica e mais poder bruto. Sereia e Danyel ficaram parados por um momento.

– Agora chegou o momento de atacá-lo. Vamos correr na direção dele e juntar os nossos poderes - sussurrou Dan.

– Concordo. Você ataca e eu faço a surpresa com as minhas flores.

Ambos se prepararam e correram na direção do cavaleiro maligno. Danyel foi na frente e Sereia logo em seguida.

– Previsíveis - desdenhou Isis. - Veremos essa marra toda quando forem pegos pelas minhas raízes.

O chão começou a tremer e dele saíram várias raízes que foram na direção dos cavaleiros de ouro. Danyel não conseguiu desviar da armadilha e foi envolvido pelos cipós que pareciam estar vivos, pois sabiam exatamente a localização deles. Sereia, porém, conseguiu se evadir do ataque.

– Rosas Diabólicas Reais - as flores foram com tudo para cima de Isis. Mas ele rodou o seu bastão e conseguiu repelir todas elas. - O que foi isso?

– Você não sabia? Pois deixa eu te explicar uma coisa, com esses teus ataques superficiais eu consigo repeli-los com tremenda facilidade. Com a ajuda deste bastão e com o meu poder de controlar essas raízes, eu consigo atacar com maestria.

Isis preparou o bastão e, numa sequência, golpeou a amazona diversas vezes e por fim usou uma descarga elétrica.

– Curto-Psycho! - o poder atingiu Sereia em cheio. Ela foi arrastada e bateu em uma árvore.

Danyel tentava se desvencilhar da armadilha, porém era praticamente impossível se mover por causa da forte pressão que as raízes exerciam sobre ele. Nem mesmo um cavaleiro de ouro poderia se sarfar tão facilmente das raízes vivas das árvores. Na verdade era o poder psíquico do guardião de Tebas que fazia o controle.

– Huhuhuhu, não conseguirão me vencer. Logo logo eu acabarei com a amazona de Peixes e Escorpião ao mesmo tempo.

Sereia se levantou pouco tempo depois. A amazona estava um pouco atordoada pela descarga elétrica que havia levado.

– Ainda consegue ficar de pé?

– Isis, você não é o único que consegue realizar tal metamorfose no corpo. Eu também consigo fazer isso e mais radicalmente.

– Como assim?

– Preste atenção - Sereia se concentrou.

A amazona se sentou no chão com as pernas cruzadas e começou a meditar. Isis tentou impedir que ela fizesse isso, mas um tipo de campo de força não deixou que isso acontecesse. Depois surgiu uma rosa gigante que envolveu a amazona. Danyel não acreditou nisso, mas era verdade. Sereia de Peixes mudou para Tritão de Peixes, um cavaleiro ao invés de uma amazona.

– Não pode ser - disse Isis.

Tritão possuía um porte mais forte do que sua antiga aparência. Seus cabelos azuis davam lugar aos cabelos rosas, sua voz ficou mais grossa e agora portava uma meia máscara no lado esquerdo do rosto.

– Ora, ora, mesmo tendo mudado muito eu sou o mais forte daqui. E agora, eu vou acabar com você de uma vez por todas.

Isis preparou o seu bastão e atacou mais uma vez o agora cavaleiro de ouro. Depois do golpe físico, mais uma vez a descarga elétrica.

– Curto-Psycho - o raio foi na direção de Peixes, mas ele parou o ataque apenas com uma mão. - O Quê?!

– Você não sabia? Pois eu vou te falar uma coisinha. Nenhum golpe funciona duas vezes contra um cavaleiro de ouro. E mesmo assim eu pararia esse ataque superficial.

– Impossível.

– Tornado de Rosas - Tritão foi tomado por uma corrente de ar em espiral e com rosas. Ele se aproximou de Isis e golpeou-o com força. Em seguida usou um chicote com espinhos e chicoteou as raízes fazendo com que soltassem Dan.

Isis tentou atacar com o bastão, mas foi impedido pelo guerreiro de peixes. Tritão deu uma cabeçada e depois um chute no estômago do outro. Isis atravessou a parede, acabando com a ilusão da floresta. Assim o cenário da arena se foi dando um lugar a um local vazio com alguns pilares.

– Não posso permitir que vermes como vocês consigam passar pelo meu palácio. Eu não vou deixar que isso aconteça. Eu, Isis de Tebas, acabarei com os dois imediatamente.

– Quantas vezes tenho que dizer que o mesmo golpe não funciona duas vezes contra um cavaleiro de ouro.

Isis foi na direção de Tritão. Este também correu na direção do outro. Ambos pararam em lados opostos.

– Mas o que foi isso? Não senti absolutamente nada. Nem mesmo uma cócega. É assim que os cavaleiros de Atena demonstram seus poderes?

– Isis de Tebas, eu nunca erro nos meus cálculos. Perceba melhor duas vezes antes de falar besteira, queridinho.

Uma rosa branca surgiu no peito esquerdo do vilão. Depois de alguns segundos, ele sentiu suas forças se esvaírem. Era o seu sangue sendo sugado pela poderosa arma do cavaleiro/amazona de peixes. Em um minuto caiu no chão, morto, sem nenhuma cerimônia. Tritão sorriu, logo virou Sereia e também foi ao chão.

– Sereia, Sereia! Você tá bem? - chamou Dan.

– Sim, estou.

– Foi uma luta e tanto. Você tem um talento peculiar, parabéns.

– Danyel! Sereia!

– Olha, Danyel, é a Jasmine. Parece que ela está bem.

Danyel e Sereia foram ao encontro de Jasmine, porém o palácio estava desmoronando e a conversa seria deixada para depois.

...

Enquanto isso, Seiya se virava para acabar com uma legião de soldados que bloqueavam a saída do templo de Karnak. Ele se preparou para o primeiro bote que os seus oponentes dariam. Amut ordenou que eles atacassem o dourado de uma vez só. É claro que o antigo cavaleiro de Pégaso agiu primeiro. Deu vários meteoros que conseguiram eliminar pelo menos metade deles.

– Deem a volta. Cerquem-no! - ordenou a mulher.

Os soldados fizeram um círculo em volta do invasor, prepararam as armas para golpear. Seiya expandiu o seu cosmo a ponto de criar vários feixes de luzes dourados. Os inimigos ficaram, por um momento, cegos. Então uma forte onda de cosmo atingiu a todos como numa onda de choque. Os soldados mais fracos foram destruídos, no entanto Amut ficou de pé.

– Conseguiu derrotar os soldados, mas a mim não - ela preparou um leque e o soltou contra Sagitário. O homem desviou do objeto, mas Amut, que já estava atrás dele, deu um chute em suas costas. Depois soltou o leque que logo explodiu quando entrou em contato com o chão.

Vários cometas surgiram na direção dela, mas ela conseguiu se defender com o leque. Entretanto, Seiya apareceu no céu, deu um soco no chão ao lado dela e fez causar uma forte explosão. Em pouco tempo, Amut foi lançada contra um pilar ruído e desmaiou.

– Caso encerrado - ele continuou com a trajetória. Mas logo depois Amut acordou.

Alguns metros dali, o trio de cavaleiros já estava no sexto templo. Conseguiram passar pela ponte que separava a parte anterior da cidade com o Oásis do Rio Nilo. Eles não tiveram nenhuma resistência naquela região, por isso passaram com grande facilidade pela esfinge.

– Só espero que haja tempo para determos o plano de um deus que mal conhecemos - disse Sereia.

– Vai dar tempo sim. Se pelo menos um de nós conseguirmos chegar ao Santuário de Anúbis...

– Danyel, por favor, estou preocupada agora em derrotar aquela garota que me aprisionou naquela armadilha. Vou dar uma surpresinha a ela.

– Não,Jasmine. Eu sei que não foi fácil para você, mas nossa principal meta é acabar com o dono dos bois, ou seja, Anúbis.

Eles continuaram correndo a caminho do próximo templo.

...

Akmer e Pietro conseguiram sair de um corredor secreto, atrás duma estante, e foram direto para a biblioteca. A mulher levou o cavaleiro para uma parte onde havia livros de magia escritos há milênios.

– Como saberemos que esse livro está aqui? Afinal são centenas de livros.

– Preciso de alguns minutos até que eu o encontre. Se você está disposto a ajudar o meu irmão, por favor... ajude-me.

– Então abra o jogo. Diga por que você se meteu nisso tudo.

– Nossos pais eram arqueólogos muito conhecidos. Viajávamos por vários lugares do mundo. Éramos uma família feliz: eu, meus pais e Hathor, meu irmão caçula. Isso aconteceu há alguns anos. O meu pai trabalhava como bode espiatório para a CIA e conseguiu descobrir onde estavam as peças contrabandeadas da civilização assíria, no Iraque. Porém, foi traído pelo melhor amigo que trabalhava no mercado negro. Em pouco tempo, nós estávamos sendo caçados por um grupo de terroristas. Foi aí que decidi erroneamente libertar os deuses como forma de proteção, mas foi um grande erro.

– E como soube disso tudo?

– Porque os servos dos deuses da guerra me contaram.

– Deuses da guerra?

– Sim, eu trabalho para Phobos e Deimos. Na verdade eu nunca os vi, mas um tal de Eros e uma tal de Nêmesis sempre se comunicavam comigo.

– Por quê?

– Porque eles, na verdade, imitavam a voz do deus Anúbis naquela estátua que está no salão principal.

Pietro se impressionou com a notícia.

Myhara ficou frente a frente com seu deus, pois este havia chamado para incubi-lo numa missão importante.

– Estou aqui para servi-lo, meu deus.

– Então espero que haja um excelente resultado do que eu vou ordená-lo a fazer - o garoto se levantou do trono. - Preciso rogar as dez pragas para que o Egito fique totalmente sob o meu domínio. No entanto, se os cavaleiros de Atena me atrapalharem, como vou concluir os meus planos?

– Entendo, senhor.

– Foi você quem me libertou daquela prisão. E alguém estava me substituindo injustamente. Mas foi você quem me libertou. Portanto, será você quem vai fazer algo para que aqueles insetos não me atrapalharem no futuro.

Myhara continuou ouvindo.

– Vá e impeça a qualquer custo o avanço deles para esta casa. Não me importa os recursos que pretende usar, mas impeça.

– Claro, senhor.

– Quero ver agora se esses cavaleiros de ouro conseguirão me deter.

Myhara saiu da frente dele. Anúbis se sentou no trono. Um tempo depois começou a estremecer como se sentisse calafrios.

– O que está acontecendo comigo? Não pode ser possível... a alma do menino está se rebelando por dentro! Não tenho muito tempo. Preciso rogar as dez pragas o mais rápido possível se eu quiser o poder pleno.

...

Enquanto isso...

– Mas o que é isso? - indagou Jasmine.

– Deve ser o sétimo templo - disse Sereia.

O sétimo templo era intitulado de O Templo do Vento, pois o seu guardião era o responsável pela manipulação do ar. Era uma figura misteriosa, o mais inibido de todos os cavaleiros de Hamunaptra. Poucos os viam. Mesmo assim, o que mais chamou a atenção dos cavaleiros foi o fato de que o templo estava localizado no meio de um canyon, sustentado por uma grande coluna que ia lá de baixo até o alicerce do templo. Era impossível passar pelo outro lado, a não ser que fosse pegar a ponte de madeira que ia da parte onde o trio estava até o templo e a outra ponte, no outro lado, que ia do templo para a outra extremidade. Destruir aquelas pontes era pedir para encerrar a missão.

– Chegou a hora da verdade. Um de nós ficará para lutar com o guardião e os outros dois continuarão. E vocês continuarão, eu ficarei - disse Dan bastante decidido.

As duas amazonas concordaram. Os três atravessaram a delicada ponte e foram ao lugar. O prédio era muito peculiar, diferente de uma construção egípcia porque era muito parecido com um templo do leste asiático. Havia algo gravado na entrada, em inglês, que dizia O Templo do Vento.

– Chegou o momento - disse Dan. - Vamos lá!