Helena era uma pessoa que não gostava de lutar. Detestava ter que lutar e ferir as pessoas, mesmo que estas fossem os seus oponentes. A mulher, contudo, disse que iria lutar para proteger Atena dos invasores desconhecidos. A senhora, com a sua aparência frágil, não intimidou os soldados, no entanto era isso o que ela queria.

Kiki tentou intervir, pensando que ela não daria conta do recado, mas a idosa disse com todas as letras para deixá-los com ela. Os invasores seriam problemas dela.

— Não quero que você se envolva nisso. Apesar de detestar ter que ferir uma pessoa, eu o farei em nome de Atena — disse ela ao Áries.

— Tudo bem, mas, se precisar de ajuda, eu imediatamente ajudarei a senhora — respondeu Kiki.

— O que disse, sua velha caquética? Uma velha como você pensa que poderá nos derrotar? Somos vinte contra uma pobre idosa que não sabe nem se defender — disse um dos soldados.

Helena se aproximou mais um pouco deles e avisou pela derradeira vez que dali não passariam. Seria impossível para eles continuarem trajeto rumo ao topo da montanha. Ali ficariam e, se insistissem, ali morreriam.

É claro que os soldados não acreditaram em nenhuma palavra da mulher. Acharam uma brincadeira dela, afinal era uma mulher bem velha e, para eles, não teria condições de lutar.

Os inimigos começaram a correr na direção dela. Contudo, pararam ao ver que uma aura amarela a envolvia uniformemente. Ela estendeu a mão na direção deles e disse uma única frase capaz de criar um poder imenso.

— Ilusão de Gêmeos — O tempo-espaço começou a distorcer. A paisagem do Santuário começou a se transformar em paisagens de galáxias e do universo. Os invasores começaram a se intimidar com aquilo. Era no mínimo angustiante ver planetas e galáxias girando. Daí eles, por meio da ilusão, foram levados para próximos da Colina de Yomotsu Hirasaka.

— O que é isso?

— Onde nós estamos?

— Aqui é a colina de Yomotsu. Um lugar que já foi purgatório, mas depois da morte de Hades, o mundo dos mortos foi completamente destruído e esse vale é apenas uma região sem vida. Atrás de vocês está o buraco de Yomotsu. Se caírem ali, morrerão. Então, vão desistir dessa ideia absurda de invadirem o Santuário?

— Mas é claro que não, sua velha. Vamos matá-la juntamente com Atena — Eles correram na direção dela.

— Sendo assim eu tirarei seus cinco sentidos apenas com o meu cosmo — Ela apontou com o dedo indicador na direção deles e dali concentrou seu cosmo. Partiu dali um fino raio amarelo que ao longo do percurso se dividiu em vinte outros raios e pegando em cheio nos inimigos. Nada aconteceu com eles, exceto por terem perdido primeiro o tato. — Muito bem, meus jovens, eu retirei o tato de vocês. Agora será o paladar o próximo sentido.

Com mais outro golpe semelhante, ela retirou o segundo sentido dos oponentes. Era o paladar o sentido de sentir o gosto. Os soldados logo ficaram confusos com aqueles ataques. Eram tão rápidos que não conseguiam enxergar a olho nu, claro, eram executados na velocidade da luz.

— Ainda não desistiram apesar de perderem dois sentidos? Acho que tirando mais um é possível fazer com que vocês desistam desses planos absurdos. Agora será o olfato — Ela concentrou mais uma vez o cosmo em seu dedo indicador e lançou o mesmo raio contra eles. Todos os soldados perderam o olfato.

— Droga! Se ela continuar assim, com certeza, perderemos todos os cinco sentidos — disse um soldado.

— Vão desistir? Não? Muito bem, cavalheiros. Dessa vez eu não terei piedade. Agora retirarei primeiramente a visão de todos vocês. Sem a visão, ficarão cegos e vagarão aqui no Yomotsu.

Ela apontou novamente na direção deles e no momento que ia executar o ataque, foi impedida por um ataque que desfez toda a sua ilusão.

— Quem fez isso? — perguntou a mulher ainda sem saber de quem partiu aquele ataque.

— Quem fez isso fui eu. Ou acha que uma reles ilusão me intimidaria? — Diante de todos apareceu Myhara. Um chacal de Anúbis que foi enviado por Nefertiti para liderar a primeira tentativa de invasão. — Ataques que retiram os cinco sentidos são muito comuns entre os cavaleiros de ouro. Contudo é uma pena como um ataque tão simples como esse não surte efeito em mim. Myhara de Ramsés, um dos chacais guardiões de Anúbis

— Você?! Você é o mesmo homem que tentou acabar com a vida de Atena meses atrás. Foi você que quis matá-la no Japão — disse Kiki reconhecendo o inimigo.

— Finalmente o cavaleiro de Áries apareceu para a festa. Ainda me lembro de ti como se fosse hoje. Realmente desde aquele dia em diante, eu nunca mais esqueci da sua cara. Agora chegou o momento de acertarmos as nossas contas.

— Kiki, do que ele está falando?

— É melhor a senhora não lutar contra aquele homem. Possivelmente ele pode ser mais poderoso e forte fisicamente do que você. Agora isso é entre mim e ele.

— Eu ficarei se precisar de alguma ajuda.

— Muito obrigado, Helena, mas nas condições que você apresenta — no caso sem a armadura — é impossível vencê-lo ou tentar me ajudar de uma forma que leve à vitória.

— Não precisa mandá-la embora. Eu farei o túmulo de vocês aqui mesmo neste lugar. Bando de vermes. Por culpa de vocês, meus soldados ficaram com muitas sequelas. Agora será o momento em que derrotarei cada um dos cavaleiros de ouro até chegar a Atena e matá-la.

Ele se aproximou mais ainda até ficar numa posição de luta. Kiki também ficou preparado para lutar. A qualquer momento uma grande luta aconteceria ali mesmo.

Enquanto isso, Atena sentiu o cosmo do inimigo mesmo há centenas de metros dali. A deusa ficou preocupada, pois a energia era a mesma do inimigo que tentou matá-la. Por meio do seu cosmo, ela chamou Seiya para falar sobre o suposto inimigo.

Alguns minutos depois, o cavaleiro de Sagitário, já trajado na armadura, chegou ao templo de Atena. Ficou esperando a mulher aparecer diante dele. Saori estava muito preocupada com o que poderia acontecer naquele momento. Seria mais uma guerra que aconteceria, entretanto, não sabia com qual inimigo estava lidando.

— Seiya, estou muito preocupada com essa situação. Há dias eu pressentia que algo de ruim aconteceria. Hoje é o dia em que uma guerra se iniciará.

— Saori o que está dizendo? Como assim uma guerra? Não há guerras desde muito tempo. A paz na Terra era pra durar mais tempo — O cavaleiro de Sagitário ficou impressionado com a afirmação da mulher.

— Há um ano, senti que os ventos do mundo sopravam diferentes. Havia algo errado. A minha desconfiança aumentou com o ataque do Japão. Agora, neste exato momento, está havendo uma luta lá perto da primeira casa. Algumas pessoas vieram me matar.

— Não pode ser. Como pode algo assim?

— Seiya, por favor, vá até lá e averigue essa situação — pediu ela.

O cavaleiro relutou um pouco, mas logo aceitou em ir até a base da montanha ver o que estava acontecendo. Atena estava certa na sua intuição. Algo de muito ruim estava para acontecer dali em diante.

No andar de baixo, uma batalha estava prestes a iniciar. Kiki de Áries decidiu enfrentar um dos mais fortes chacais de Anúbis.

— Então é isso, cavaleiro de Áries? Resolveu me enfrentar definitivamente. Tudo bem, eu apreciarei acabar contigo. Tome isso... seu idiota! Julgamento do Faraó! — Uma aura alaranjada surgiu ao redor de Myhara. Logo em seguida, ele juntou os dois punhos e direcionou na direção do outro cavaleiro. Logo o cenário foi tomado por desenhos egípcios até um poderoso raio vermelho sair de seus punhos e ir na direção de Áries.

O cavaleiro de Atena desviou do primeiro ataque, mas não percebeu que, há um segundo, o poder deu a volta, e o homem foi acertado em cheio, caindo longe por vários metros. Era realmente um ataque muito poderoso e, com certeza, se não tivesse usando uma armadura de ouro, ele morreria. Helena foi ajudá-lo a se levantar.

— Ainda não se entregou? Muito bem! Dessa vez, eu colocarei um pouco mais de poder. Julgamento do Faraó!

— Muralha de Cristal — Kiki rapidamente se levantou e, com o seu cosmo, formou um muro completamente invisível a olho nu. O poderoso ataque de Myhara se chocou contra o muro e retornou com a mesma intensidade e velocidade iniciais.

— O que é isso? Como ele conseguiu repelir o meu golpe? — Myhara usou as mãos para bloquear o próprio ataque.

— Um golpe não atinge duas vezes o mesmo cavaleiro de ouro. Isso você deveria aprender antes de me atacar novamente. Somos treinados a não cair nas mesmas armadilhas.

Myhara teve que se esforçar para desviar o seu próprio ataque. Mesmo com a poderosa muralha de cristal do cavaleiro dourado, ele ainda assim insistia que o ariano era fraco para enfrentá-lo. A luta foi interrompida com uma pergunta muito oportuna de Kiki.

— Quem declarou guerra contra Atena?

— Vejo que está muito interessado em saber quem é o meu superior. Tudo bem, eu respondo pra vocês. Vão morrer mesmo! Eu respondo. O nosso senhor é o deus egípcio Anúbis. Ele voltou à vida e quer dominar o mundo e tirá-lo da opressão em que a sua deusa está impondo. Mestre Anúbis, deus da morte, vai livrar a Terra de tudo o que há de mais ruim e transformará este mundo em paraíso igual aos Elísios na antiga terra de Hades. Porém, com Atena ainda viva, isso é impossível de se realizar plenamente.

— Eu sabia que algum deus egípcio estava por trás disso — disse o ariano.

— A nova era chegará. Não nos atrapalhe, eu preciso acabar com a vida de Atena.

— Você ficou maluco? Acha que eu permitirei que passe com essa intenção de matá-la? Não se esqueça que eu sou um dos cavaleiros dela. É o meu dever protegê-la, nem que para isso eu arrisque a minha vida.

— Isso mesmo. Acabarei logo contigo. Adeus, cavaleiro de Áries!

Inúmeros meteoros de luz foram disparados contra o vilão, que logo foi atingido, mas não sofreu danos muito grandes.

— O quê? Quem fez isso?

— Fui eu. Seiya, o cavaleiro de ouro de Sagitário.

— Seu idiota. Mesmo que sejam dois ou três contra mim, eu não me intimidarei. Morram, vermes... O quê? Não pode ser. Por que ela está me chamando justamente agora?

Myhara teve que sair rapidamente dali, porque Nefertiti estava chamando. Seiya chegou numa hora oportuna. Ele tinha toda a certeza que haveria uma nova guerra em pleno século XXI.

— Vocês estão bem? — perguntou ele aos dois que ali estavam.

— Sim, meu querido. Ficaremos muito bem. Agora sabemos de muitas coisas a respeito do nosso inimigo — respondeu Helena.

— Vamos acabar com vocês e com Atena também — disse um dos soldados.

— Eu não vou perdoar vocês por nada nesse mundo. Quem declara ser inimigo de Atena automaticamente é o meu inimigo. Meteoro de Pégaso!

Os meteoros de Pégaso foram em cheio na direção dos vinte soldados. Dessa vez, eles foram derrotados para valer sem nenhuma chance de escapatória.

Após derrotar os vinte soldados com apenas um golpe, o cavaleiro de Sagitário ajudou os outros dois que ali estavam. Era certo que o inimigo declarou guerra abertamente para Atena e todos os seus cavaleiros.

...

O dia passou voando em Atenas, capital grega. Agora estava quase final de noite para madrugada. Darkryan chegou num vilarejo um pouco distante da capital, mas pelo menos ele estaria mais seguro dos seus medos que sentia no antigo apartamento. Não havia ninguém para ajudá-lo. Seus dois únicos amigos ausentaram-se, portanto não havia mais ninguém a quem confiar. Enfim, o rapaz entrou num tipo de pensão e pediu estadia ali. O lugar era agradável e tinha vista de frente para a feira. O rapaz pagou cerca de 300 euros para passar alguns dias ali. Ao entrar no quarto, viu que era menor do que o apartamento dele na capital, porém bem mais organizado.

— Ai que cansaço. Pelo menos eu não serei mais atormentado por aqueles pesadelos ou sensações ruins que eu tive. Estou com muito sono — Ele se deitou com roupa e tudo numa cama de solteiro que ali tinha — Eu não vou me importar de ter que dormir. Tô sem coragem até pra trocar de roupa.

A mulher garçonete estava do lado de fora, observando-o. No entanto, ao ver que o rapaz adormecera, resolveu sair dali. Quis ver um colega que não via há meses.

...

Berenika não tinha do que se queixar do seu marido ou do seu casamento. Mikhenos era atencioso até demais a ela. Sempre dava atenção, amor e carinho; e isso ela nunca contestava. Nesse momento, os dois já estavam deitados e um pouco exaustos devido ao amor que tiveram há pouco. O homem sempre com aquele jeito sério dele e ela deitada ao seu lado escorada com a cabeça sobre o peito dele. Era um bom momento para Nika, pois ficar sem notícias do seu filho era no mínimo angustiante.

— Amor, eu posso fazer um pergunta? — perguntou ele.

— Sim... pode fazer quantas você quiser. O que foi dessa vez? Você não gostou de fazer amor comigo?

— Não, pelo contrário, eu gosto. Só que eu queria saber de uma coisa. Se por acaso, um exemplo, se por acaso eu não fosse a pessoa quem digo ser... mesmo assim me aceitaria?

— Por que está fazendo essa pergunta agora, Mikhe?

— É só uma suposição, um exemplo...

— Hum... olha só, eu não saberia te responder. Isso nunca passou pela minha cabeça, é sério. Se eu fosse te responder, diria que não saberia o que dizer ou responder. É algo complicado.

— Entendo...

— Agora me responde uma coisa. Você me ama?

— Que pergunta é essa? É claro que sim. Eu gosto muito de você. Se eu não gostasse de ti, nunca me casaria.

— Tudo bem. Agora que me respondeu podemos dormir em conchinha. Eu gosto muito quando durmo contigo assim. Me sinto mais segura.

— Tudo bem. Já que é assim que você gosta, então eu vou te abraçar, te beijar e dormir em conchinha como disse.

Ambos dormiram no maior clima de romance. Pelo menos, Nika tinha atenção devida. Já Mikhenos ficou com os olhos abertos pensando nos planos de matar Atena. Mesmo estando muito longe, ele já soube que o plano inicial foi um fracasso. Agora que iniciou a guerra entre os cavaleiros de Atena e Anúbis, ele não faria mais nada a não ser esperar. Um pouco depois foi dormir.

Do lado de fora da casa de Berenika, estava a garçonete que espionava Darkryan. Ela resolveu ficar ali até o dia amanhecer e fazer uma visitinha ao colega.

— Hum... dormir em conchinha, hein? Interessante...

...

Myhara de Ramsés estava muito inconformado por ter sido chamado por Nefertiti. Ele, agora, estava tomando banho num tipo de piscina com água termal. Ao mesmo tempo, ele bebia um chá e pensava na vida.

— Será que se houvesse algum cavaleiro de Atena capaz de traí-la, seria muito mais fácil derrotá-la? Hum deixa eu pensar em quem seria o tal cavaleiro...