Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 36
Contar mentiras.


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, eu amei os reviews que vocês mandaram, mas ainda tem muita gente que nem sequer diz um "oi".
Mas dane-se eu queria dedicar esse capítulo à kirst e Kelren Ruan que mandaram-me novas e perfeitas recomendações, que me fizeram ter inspiração para escrever esse capítulo todo hoje de manhã. Obrigada gente, de verdade. Esse é para vocês!
Boa leitura!



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Pov: Annabeth.

Gostaria muito de dizer que depois que Nico acordou e lhe explicamos tudo o que veio a acontecer com ele, inclusive o fato de eu já ser casada e meu marido ter uma estranha, mas não tão fatal, maldição tudo ficou bem e manteve-se estável por muito tempo. Mas então eu estaria mentido em meus relatos, o que não tornaria-me digna do parentesco que passei a considerar nobre com a deusa Atena. Afinal, a sabedoria sempre prefere a verdade a mentira. Seria mais fácil, muito mais fácil dizer que eu Percy deixamos todos os nossos problemas para trás e que sua maldição lhe foi retirada e que refizemos nossos votos de casamentos, tivemos filhos e formos felizes para sempre... Mas minhas invenções seriam mentira, novamente...

A verdade é que depois que compartilhamos um momento realmente muito agradável com Percy, perdi minha chance de sorrir um pouco mais quando Rachel bateu desajeitadamente na porta pedindo para que nós parássemos o que estávamos fazendo para que a ouvíssemos um pouco.

-O que aconteceu? -perguntou Percy assim que abriu a porta para vê-la.

-Nico acordou, acho que agora ele precisa de algumas respostas... Você entende. -ela disse fazendo um sinal com a cabeça para o lado, eu tinha certeza que ela estava falando da maldição e também certeza que Percy ainda não havia entendido.

-Bem... -ele disse pensativo.

-Deixem que eu fale com ele. Seria mais simples se alguém conhecido explicasse essas coisas um pouco complicadas de se explicar. -eu disse colocando-me a frente da porta e já me encaminhando para o quarto onde Nico estava repousando.

-Tem certeza? -perguntou ele com um olhar cuidadoso sobre mim.

-Tenho. -eu disse. -Eu coloquei ele nessa situação e acharia bem melhor se eu tentasse contornar as coisas. Volto em breve com boas ou más notícias.

-Boa sorte. -ele disse e Rachel sorriu condescendente, sabendo que minha missão não era a mais agradável de todas, lembrando que isso não poderia ser muito animador.

Caminhei até o quarto e nem sequer bater na porta, apenas entrei de cabeça baixa. Ele me olhou um pouco assustado, minha cara de culpada estava ótima.

-Oi. -eu disse ao conseguir encará-lo.

-Olá. -ele respondeu sem jeito.

-Você está bem? -perguntei preocupada ao notar que ele ainda estava mais pálido do que o costume, coisa que o fazia parecer como um fantasma, quase com a pele translúcida. 

-Acho que já estive melhor. -ele disse.

-Você sabe que o que aconteceu não foi algo planejado, não é mesmo? -eu disse e ele me encarou pensativo por longos segundos antes de pronuncia em um tom sério e assustado.

-Eu nem mesmo sei o que aconteceu. -ele disse e desviou o olhar, mesmo sem me encarar ele perguntou: -Mas você sabe. E acho que estou pronto para ter algumas respostas agora, se não se importa.

-Nico... -eu disse me aproximando e sentando ao lado dele, em uma cadeira de madeira escura disposta ao lado da cama. -O que eu tenho para explicar exige, de fato, uma compreensão e, de certo modo, credulidade de sua parte. Por mais estranha que a verdade seja, eu preciso que você a encare com seriedade. -eu disse e ele assentiu com a cabeça, mas eu tinha certeza que ele estava hesitando.

-Pode falar. -ele disse, mas seus olhos pareciam temer alguma coisa.

-Nico, primeiramente eu gostaria de saber do que você lembra. Para que eu possa explicar do momento em que tudo deu errado. -eu disse e ele começou a narrar:

-Eu ouvi vozes no andar e baixo e pensei em ver como você estava. Lembro de ter descido as escadas e entrado no seu quarto, depois disso eu não consigo lembrar direito do que aconteceu exceto por... imagens não muito agradáveis, mas acho que essa parte estranha você pode explicar. -ele disse em um tom desafiador.

-De fato, eu posso. -disse eu dando um longo suspiro pesado. -Quando você foi até meu quarto, eu não estava sozinha. Estava com alguém que viera me procurar... -eu disse, mas ele me interrompeu antes que pudesse completar o pensamento.

-Alguém? Um monstro? -ele indagou.

-Não, eu estava com meu marido. -eu disse e ele pareceu mais do que surpreso.

-Marido? Você... Você... É casada? -ele perguntou mesmo já sabendo a verdade.

-Sou... não faz muito tempo, mas também não é tão recente assim. -eu disse e ele ainda parecia perplexo.

-Então seu marido estava no quarto.... e ele fez o quê? Bateu em mim e fez com que eu lembrasse de coisas não muito agradáveis? -ele disse sarcástico, mal sabia ele que a verdade não era muito diferente disso.

-Ele não bateu em você, mas digamos que ele tem certa particularidade que geralmente... Assusta as pessoas. -eu disse e ele ainda me encarou sem saber o que dizer. -Ele... Carrega uma maldição desde muito pequeno. É um semideus, como eu e você, só que filho de um dos três grandes, mais precisamente Poseidon. A esposa imortal dele sentiu-se traída com o nascimento da prole metade humana de seu marido e decidiu desgraçar a vida da criança dando-lhe uma maldição. -eu disse e ele parecia vidrado em meu relato, mas não completamente assustado, parecia até mesmo que conhecia meu relato. -A maldição se aplica ao rosto dele... aqueles que o veem... -eu disse, mas minha voz se perdeu em algum lugar dentro de mim. -Acho que você descobriu o que acontece. -sussurrei.

-Deuses, Annabeth! -ele disse depois de um tempo. -Eu conheço essa história, conheço a lenda... mas achei que não passava de uma lenda para afastar forasteiros dessas redondezas. Por favor, não me diga que é casada com Perseu Jackson! -ele disse descontente e me encarando aborrecido.

-Você não precisa de minha afirmação. -eu garanti.

-Mas como? Quer dizer, como uma mulher linda e inteligente como você acaba casada com um homem amaldiçoado? Foi punida pelos deuses ou algo do tipo? -perguntou ele abismado, parecia realmente preocupado com essas questões.

-Não! Nada disso. -garanti exasperada. -É uma longa história essa que me levou a casar com ele, mas não muda o fato de eu realmente amar meu marido, independentemente da maldição que ele carrega. -eu disse e ele parecia ainda não acreditar, pois começou a rir.

-Você não pode estar falando sério. -ele disse depois de rir mais um tempo.

-A maldição dele não me atinge. -eu disse. -É o que acontece quando se ama alguém de verdade. -eu disse um pouco ofendida.

-Deuses... você fala sério. -ele disse depois de um tempo. -Desculpe... eu não sabia que estava mesmo falando sério sobre amar alguém que carrega um fardo desse tipo.

-Cada um carrega um fardo, só que um dia encontramos alguém que topa dividir esse peso, tornando-o mais fácil de se lidar, apesar de tudo. Eu conheço as limitações e mesmo assim continuo ao lado dele... -eu disse.

-Você tem razão. -ele disse depois de um longo tempo de silêncio mutuo. -Cada um carrega um fardo... -ele disse e seus olhos ficaram galáxias distantes.

-Você tem um fardo tão pesado quanto o dele, não é mesmo? -eu perguntei e ele confirmou com a cabeça. -Se quiser contar, eu não me importo em ouvir. -falei e ele deu um sorriso fraco.

-Não poderia pensar em uma pessoa melhor para contar. -ele disse e eu continuei ouvindo atentamente. -Bem, é uma história complicada, mas pelo visto você tem uma cota bem interessante com esse tipo de coisa. -ele disse brincando. -Eu não tenho uma maldição ou coisa do tipo, são apenas lembranças de uma passado ruim, que eu luto todos os dias para esquecer.

-Ouso dizer que essas lembranças têm ligação com uma certa moça chamada "Bianca", não é mesmo? -eu disse e ele suspirou.

-Sim. Bianca era minha irmã mais velha. Nós passamos muito tempo trancados em uma espécie de "pousada", quando conseguirmos sair o mundo tinha mudado bastante e não tínhamos acompanhando a mudança. Bianca e eu nos escondemos por muito tempo, tínhamos de fugir e esconder quem éramos principalmente depois de descobrirmos nosso parentesco com os deuses... Não era a melhor a coisa que poderíamos nos acontecer. -ele pareceu estar incomodado com a narrativa, pois sua expressão tornou-se raivosa e pouco amigável. Segurei sua mão e dei um sorriso de incentivo para que ele continuasse sua história. -Foi um pesado quando descobrirmos, monstros nos atacavam e sem falar que não era bem visto dois semideuses filho desse deus... -ele parou de falar e me encarou por um segundo, como se esperasse por minha pergunta.

-Quem é seu progenitor? -perguntei.

-O deus que não pode ser nomeado ou contemplado. Não pode ter templos e nem mesmo receber oferendas... O deus dos mortos, do mundo inferior... O olimpiano que nunca está presente. Acho que você sabe muito bem que é.

-Posso fazer uma ideia. -confirmei, com todas essas dicas é impossível que eu não soubessem de quem estávamos falando. Hades era o pai de Nico Di Ângelo. -Mas o que aconteceu com sua irmã?

-Em uma de nossas viagens, quando seguíamos uma trilha para longe de um vilarejo que descobriu quem era nossa pai, seguimos pelo meio de uma espécie de depósito... Infelizmente era um lugar pertencente a um deus muito ciumento com sua coisas, por mais insignificantes que elas sejam. Bianca encontrou uma pequena estátua com o nome de nosso pai nesse lugar, ela achou que seria bom carregá-la consigo, pois além de nunca termos visto o rosto de nosso pai, ela achou que poderia trazer sorte e quem sabe poderíamos fazer alguma oferenda. Mas estar com aquele objeto só nos trouxe azar. Assim que ela pegou a estátua e andou pelo menos alguns trinta metros, um autônomo do deus a matou... Não queira saber como. Eu não pude fazer nada, ela estava bem na minha frente, mas eu não pude fazer nada... -ele disse com os olhos cheios de lágrimas.

-Não foi culpa sua Nico, você não poderia prever o que iria acontecer. -eu disse, mas ele não pareceu me ouvir. 

-Nós todos dizemos isso para nos livrar da culpa, mas a verdade é que eu sempre vou me lembrar da morte dela e sempre vou saber que nada fiz para evitá-la. A responsabilidade sempre estará comigo. Somos responsáveis por aqueles que amamos, querendo ou não o que os atinge, nos fere também. 

-Eu acho que entendo... -falei enquanto olhava para o rosto dele.

-Também acho que entendo seu marido agora.

-Agora que ambos estamos entendidos, acho que posso oferecer as mais formais desculpas pelo o que aconteceu com você, não foi nossa intenção fazer você passar por isso, Nico. -eu disse séria.

-Está tudo bem agora, e sem falar que por alguns momentos eu pude ver minha irmã novamente, mesmo que em um momento doloroso... eu pude ver o rosto dela. Estava quase me esquecendo de o quanto ela era linda. -ele disse e mais uma vez eu pude ver a luta dele para não deixar com que as lágrimas caíssem, achei que já era hora de deixar que ele chorasse sem a minha presença para motivar essa luta.

-Eu vou deixar você sozinho, para que continue descansando um pouco mais. -eu disse e ele assentiu.

-E, Annabeth... -ele chamou-me antes que eu cruzasse a porta.

-Sim?

-Obrigado... por me ouvir. -ele disse e eu sorri. -Foi importante.

-Tudo por um amigo.

                        *    *   *    *

Pov: Autora.

-Não pode estar falando sério, pai! -Silena exclamou seguindo desesperadamente o pai pelas escadas de sua casa.

-É claro que estou. Por que raios eu mentiria sobre isso? -ele disse enquanto descia ainda mais rápido para que a filha não o seguisse. -Pensei que estaria feliz em saber que sua amiga será defendida por quase toda a cidade. Pensei que estaria feliz em saber que Frederick resolvei honrar o nome dela e convocar essa busca pela garota. -ele disse, mas Silena ainda continuava desesperada.

-Vocês não entendem! -ela insistiu. -Não podem fazer isso.

-Você mesma disse que ela estava tentando sair da mansão e se abrigar aqui por um tempo, o que mais isso pode significar do que um pedido de socorro?

-Muitas coisas, pai. Deveríamos perguntar para ela se realmente quer ajuda antes de chegar invadindo a mansão querendo arrancá-la de lá a força. -a moça insistiu, mas o pai, assim como toda aquela cidadezinha, já estava determinado em fazer algo nobre e salvar a pobre garota casada com um monstro.

-Ora, quem em sã consciência, com os domínios de suas faculdades mentais iria mesmo querer permanecer casada com um homem amaldiçoado, a menos, é claro que esteja sob constante e intensa ameaça por parte do mesmo? -disse ele poucos passos da porta.

-Ela o ama! -Silena revelou ao pai antes que ele saísse. Silena sempre pensou que o amor tinha o poder de libertar e explicar tudo, mas as outras pessoas sempre pensavam diferente dela. Dizer que Annabeth amava seu marido, para ela, seria motivo necessário para fazer com que todo aquele motim fosse cancelado, mas para seu pai era apenas mais uma manifestação da mãe dela em sua personalidade.

-Silena... você sempre sonha com esses amores impossíveis, mas na verdade eles não existem. Uma pessoa precisa de certa estabilidade e convivência para poder amar alguém. Essa coisa não surge do nada e nem ao menos pode ser criada em um lugar hostil. Sua amiga precisa de ajuda, acha mesmo que se ela estivesse bem não lhe avisaria? Ela deve ter fugido e sido pega pelo marido. Os deuses queiram que ela esteja bem! Além disso,  no final, você vai ficar feliz em tê-la perto de você novamente. -ele disse, dessa vez já com um pé na rua.

-Essa coisa... -ela se sentia ofendida em pensar que ele acabara de nomear o amor de "coisa". -pode ser mais forte do que você e todos dessa cidade imaginam! -gritou. -Ela vai provar! Vocês verão. -ela disse antes do pai fechar a porta e se juntar aos muitos outros homens na rua, todos armados com forcados, espadas, escudos e tochas, prontos para matar o monstro que mantinha presa a jovem Annabeth Chase.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews.
Recomendem -porque é sempre legal dedicar capítulos!
Digam "oi" para a autora, porque ela não se cansa de responder.
Beijos
até mais *-*
Vou começar a estudar, então vamos ter mais inspiração, porém menos tempo. Mas fiquem calmos, as coisas vão dar certo. Lembrem de prestar atenção nos capítulos!