Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 26
Mundo real


Notas iniciais do capítulo

Oi! Bom, mais um capítulo para vocês. Estou com quase 130 leitores e nem metade me deixa reviews ou mesmo recomenda, isso é triste. Ainda mais que agora vai ficar mais difícil para que eu continue a escrever. Sendo assim... ajudem uma autora desanimada.
Boa leitura.



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Pov: Annabeth.

Apenas eu parecia não estar inteirada no assunto. Grover e Percy compartilhavam um temor, assim como um pânico que tentavam conter a todo o custo. Como em modo automático, Percy pegou sua máscara na mesinha ao lado de sua cama e a colocou no rosto, ficou ao lado de Grover sem nem mesmo me dirigir o olhar. Ambos saíram do quarto rapidamente, quase que correndo. As batidas na porta continuavam, mas dessa vez um pouco mais compassadas e lentas. Notei que não conseguiria nenhuma resposta se continuasse ali parada, depois de alguns segundos para recuperar-me de minha plena estupidez, segui o mesmo exemplo deles. Corri o mais rápido que pude, porém tive de tomar cuidado quando desci as escadas, Grover e Percy já estavam de frente para a porta e a ameaçavam abrir.

Percy passou para um lado escuro da sala, e escondeu-se parcialmente atrás de um pilastra, como um garotinho assuntado que precisava salvar a pele de alguma ameaça, ele suspirou pesadamente enquanto lançava-me um olhar preocupado, que não entendi de início. Prendi o fôlego quando Grover finalmente abriu a porta e ficou estático ao notar a presença de alguém do lado de fora. Estático, ele nada fez quando ela entrou pela porta da frente com determinação e naturalidade, como se conhecesse o lugar de muitos anos.Encarei a cena abismada e curiosa. Quem seria aquela mulher? E com que direito invadira assim a mansão?

Ela era muito bonita. Dona de longos cabelos ruivos frisados que estavam muito bem arrumados em um penteado que deixava uma boa parte do cabelo para o alto, e outra metade solta, descendo graciosamente pelos ombos em cachos bem feitos (provavelmente não naturais). A pele era branca, mas não totalmente limpa. Seu rosto era enfeitado com sardas espalhadas pelas bochechas, normalmente as mulheres não gostavam de deixar que aqueles sinais aparecessem na pele e por isso se entupiam de quilos e quilos de pó de arroz, mas ela parecia não se importar nem um pouco com isso, até a deixava mais bonita. Seus olhos eram o detalhe que mais me chamara a atenção: seus olhos eram verdes e brilhantes, um pouco mais claros que os de Percy, mas nem um pouco menos bonitos.

-Já faz muito tempo, não é mesmo Grover? -ela disse calmamente, como quem cantarolasse um antiga cantiga de roda.

-O que faz aqui? -perguntou ele assustado.

-Tenho assuntos importantes para tratar com Percy. -ela disse tranquila (mas quem era ela para ter toda essa intimidade com meu marido)

-Depois de tanto tempo? -ele perguntou e ela se capou por um segundo e pude notar que ela perdera um pouco da confiança. Pareceu um pouco triste atormentada.

-Foi necessário. -ela disse apenas. -Eu sei que ele está nessa sala. -ela disse olhando ao redor da sala, foi só quando percebei minha presença. -Ah... Nós não nos conhecemos ainda. -ela disse admirada, talvez por ver alguém diferente  ou com o fato de não saber quem era aquela "estranha", vulgo eu.

-É, parece que devemos algumas apresentações. -eu disse tentando parecer amigável, mas aquela mulher me incomodava por algum motivo ainda não identificado por mim.

-Meu nome é Rachel Elizabeth Dare. -ela anunciou e meu coração falhou uma batida. Eu conhecia aquele nome e aquela história. Não podia ser a mesma Rachel, podia? É claro que sim, quantas moças com aquele nome existiriam no mundo. Mas o que raios ela estava fazendo aqui? Por Zeus, depois do jeito que ela fugiu após ver o rosto de Percy, achei que não seria capaz de voltar para a cidade, mundo menos para a mansão atrás de Percy. -Sou uma velha conhecida do Sr. Jackson. E você, quem seria?

-Annabeth Chase. -falei com uma certa indelicada frieza. -Mas talvez seja mais fácil apresentar-me como "Sra. Jackson". -Eu sabia que aquela frase tinha soado incrivelmente incisiva.

-Você?... Ele? Vocês estão...

-Casados. -eu completei a fala, deixando sem ar por um momento. -Não faz muito tempo... mas acho que estamos tendo um começo promissor. -eu disse animada, como uma estúpida filha de Afrodite, mas não me importei, gostava de deixar bem claro que Percy não estava mais disponível como ela pensava e, por mais incrível que pareça, me importava bastante com o fato dela se importar bastante com o fato.

-Ah... eu não fazia ideia que Percy estivesse... comprometido dessa forma. -ela disse e de repente sua pele assumira a cor de seus cabelos.

-Pois é, as que ainda é uma ideia nova para a maioria das pessoas. -falei com meu melhor tom de cortesia, mas ele parecia um tanto quanto felino e agressivo. 

-Eu sempre soube que a riqueza de Percy chamava a atenção de muitos pais de família, mas sempre achei que eles não seriam capazes de realmente casar uma das filhas com o dono desta propriedade. -ela disse pensativa, mas pelo visto a ideia não lhe agradara muito e ela estava ciente que eu entendera sua indireta nem um pouco discreta. -Mas parece que você é uma exceção.

-Está, por acaso, insinuando que meu casamento foi plenamente pautado em interesses financeiros? -perguntei ríspida, mesmo já sabendo o que ela pensava e a verdade por trás de meu casamento, que de fato não era muito diferente do que ela dissera, exceto pelo fato de eu realmente amar meu marido.

-Não, longe disso. Referi-me apenas ao meu conhecimento universal a cerda da população desse condado, a maioria pensa da mesma forma que acabei de descrever. Longe de qualquer insulto que poderia lhe fazer, minha cara. -ela disse e então trocamos o sorriso mais forçado da história humana. Grover ainda observava nosso enfrentamento assustado, notei que ele trocou um olhar assustado com Percy, este por sua vez resolveu que já era hora de dar o ar de sua graça. Agradeci mentalmente por isso.

-Rachel... que surpresa em vê-la. -ele disse, mas pude notar o quanto sua voz estava vacilante.Eles se olharam por um longo momento, o que pareceu mais do que o necessário para mim. Ele pareceu tentar dizer alguma coisa, mas desistiu no meio do caminho. Ela parecia tão confusa quanto ele. Devia realmente ser um choque esse reencontro depois de tanto tempo. Eles haviam ficado noivos... haviam... Deuses eles se amaram tanto e agora, depois de um bom tempo separados, estavam cara a cara. -Achei que...

-Eu sei, que nunca mais me veria. Não posso culpar você por isso... eu te dei todos os motivos para me odiar. -ela disse virando-se totalmente na direção dele e dando-me as costas. Ela baixou os olhos  respirou fundo. -Mas as coisas mudaram agora. -ela anunciou um tanto quanto apreensiva.

-Posso ver, o que não deixa de ser uma grande surpresa para mim, afinal... -ele parecia que ia dizer mais alguma coisa, mas preferiu deixar a frase morrer no meio do caminho. -Vejo que já conheceu minha esposa. -ele disse, talvez tentando se livrar da tensão que se estabeleceu e mudando completamente de assunto.

-Sim, já tive a honra. -ela disse, mas nem sequer olhou para mim, a frase pareceu sair no automático. -Percy precisamos mesmo conversar, eu não queria aparecer aqui sem ser convidada, mas o assunto que venho tratar é de suma importância. -ela disse e ele pareceu entender.
-Acho então que deveríamos segui para meu escritório. -ele disse e ela concordou com a cabeça.

-Annabeth, -ela virou-se para mim rapidamente -foi um prazer conhecê-la. Creio que poderemos conversar melhor em um momento onde as coisas esteja menos complicadas. -ela disse sorrindo. Não soube peceber se ele era ou não verdadeiro.

-Certamente. -foi apenas o que consegui dizer. Lancei um olhar a Percy, mas ele não retibuiu. Só tinha olhos para a ruiva entre nós.

-Estaremos no escritório. -ele anunciou para Grover e para mim. -Não seria prudente que nos incomodassem. -ele disse e dessa vez me encarou. Eu soube que aquele aviso era diretamente para mim
-Como quiser. -eu disse e saí marchando escada a cima.

Como ele poderia fazer isso?  Ela havia ido embora pouco tempo antes de eles finalmente se casarem e voltara depois de todos esses anos e ele a tratava como uma... uma rainha. Não era justo, nem comigo e nem com ele mesmo. Tive vontade de ir até o escritório dele e bater nos dois, mas pelo visto minhas ações seriam vistas como inadequadas por Percy e eu não queria estragar as coisas. Sem perceber, bati a porta do quarto ao entrar e passei a dedicar meu tempo a leitura de alguns dos meus livros favoritos. Infelizmente, não conseguia concentrar-me na leitura das páginas do livro que escolhera (que por sinal era muito bom, mas nem mesmo a pureza da literatura de Jane Austen conseguia fazer com que minha mente parasse de rever todas as possibilidades existentes provenientes da conversa de Percy e Rachel).

Pov: Narradora.

A ruiva e o filho de Poseidon estavam mais uma vez frente a frente. De fato, nenhum dos dois imaginou que aquilo poderia acontecer novamente. Percy perguntou-se algumas vezes se aquilo seria uma espécie de sonho, pois sonhara diversas vezes com o momento em que Rachel voltaria para sua vida com o mesmo jeitinho que o encantara e a mesma beleza que o envolvia, mas sabia que aquilo não era um sonho... os detalhes estavam muito claros e nem mesmo o sonho mais bem elaborado conseguiria imitar aquelas circunstâncias e ele não estava falando apenas do reaparecimento de Rachel, Annabeth também não poderia ser fruto de sua mente. Ele queria fazer dezenas de perguntas, mas preferiu guardá-las para si, ela parecia realmente estava preocupada e ele não queria importuná-la.

Rachel por sua vez estava completamente confusa. Quis mesmo que Percy seguisse em frente depois de sua ida, mas tinha de confessar que sentiu um nó na garganta quando soube que ele se casara. Annabeth era uma mulher muito bonita, na opinião dela, mas duvidava ainda que a moça pudesse mesmo ter casado com Percy por amor. Sabia que representara uma ameaça, qualquer mulher sentiria aquilo, mas não acreditava que Annabeth estivesse com ciúme de Percy. Ela queria poder abraça-lo, sempre se sentia bem dentro do abraço dele -sentira muita falta do aconchego dos braços dele quando foi embora -mas a prudência dentro de si não permitia essa aproximação.

-Acho que você agora deve dizer a quê veio, não acha? -ele disse e ela pareceu voltar ao mundo real.

-Sim, mas creio que o assunto seja complicado até mesmo na hora de ser iniciado. -ela comunicou e ele a olhou pensativo.

-Sentemos então. -ele pediu apontando para uma cadeira. Ele sentou-se desageitadamente em uma outra cadeira um pouco longe de dela, mas logo ela entendeu que a distância entre eles poderia ser um pouco mais confortável para ambos.
-Percy, antes de mais nada, eu gostaria muito de explicar que não fazia ideia de que você estava casado. Se soubesse nunca teria vindo até aqui. -ela disse rapidamente.

-Eu entendo... -ele disse calmo. -Você não tinha como saber.

-Eu poderia ter me informado melhor. -ela disse desconcertada. -Percy eu... eu vim até aqui pedir-lhe um favor que não seria nem um pouco apropriado. -ela passou a mão nos cabelos nervosa.

-Rachel... por favor, diga-me logo o que veio fazer aqui. Está me deixando preocupado.

-Percy eu estou tão perdida! Ando sendo perseguida por alguma coisa que não é desse mundo! -ela disse desesperada. Nunca havia dito aquilo para ninguém, mas acontecia já a algum tempo. -Eu sempre vi coisas estranhas, coisas que ninguém mais vê. Pensei que fosse apenas minha imaginação, mas agora eu percebo que são mais reais do que antes! -ela disse e sua voz tremeu um pouco assim como suas mãos, vendo o medo nos olhos dela, Percy segurou uma de suas mãos para que ela continuasse a falar. -Percy eu vejo... vejo coisas... situações que ainda não aconteceram, mas que ocorrem depois de um tempo e... monstros, eles não podem me machucar, mas estão começando a me deixar maluca. Eu tenho medo que tudo isso possa estar tirando toda a sanidade que ainda existe em mim! -ela disse e lágrimas começaram a sair de seus olhos verdes.

-Rachel... Rachel... -ele disse, mas a ruiva já chorava compulsivamente. 

-Estava com medo... não sabia a quem mais recorrer... -ela disse e não conseguiu terminar a frase. -Eu sei que você vê essas coisas, sei que conhece o mundo dos deuses, é filho de um deles. -ela disse em desespero. Percy não teve outra reação, abraçou a garota imediatamente.

-Calma... o que eu puder fazer para ajudar, eu farei. -ele disse e era verdade. Gostaria muito de odiar Rachel, mas não conseguia fazer isso. De certa forma ela o fez um homem melhor, o salvou da solidão por um bom tempo, lhe mostrou o que era o amor. 

-Eu sou uma pessoa horrível, mas... mas eu venho tendo visões... visões sobre você, principalmente. -ela confessou e ele a encarou por um segundo.

-Sobre mim? -ele preferiu confirmar.

-Sim... eu precisava alertá-lo. Você corre perigo, Percy... -ela disse em um tom baixo, chorando um pouco mais alto agora. Ele a abraçou mais forte, protetor. -Eu não suportaria se algo ruim acontece com você, não seria justo... precisava ajudá-lo e... tentar me ajudar, se for possível.

-Obrigado... ajudarei você, vamos dar um jeito. -ele prometeu.

 Rachel havia o deixado, havia acabado com suas esperanças, mas ele ainda sentia alguma coisa por ela. Só não sabia nomear ainda, mas com certeza não era nem um pouco parecido com o que sentiu por ela um dia e o que sente por Annabeth agora. Era algo importante, sabia disso. Seu coração ficava inquieto quando via o quanto estava triste e não gostava do fato de ela estar sofrendo tanto. Queria poder fazê-la se sentir melhor, mas não sabia como fazê-lo corretamente, mas faria de tudo para conseguir chegar a um resultado decente para ajudá-la.

-Eu não mereço sua ajuda... eu o machuquei tanto... -ela disse entre soluços. -Eu me odeio por isso, mas eu simplesmente não pude ficar com você. Não por causa de seu rosto, mas pelas... pelas visões. -ela confessou tímida. -Eu já via coisas estranhas, sabia que tinha de me afastar para o nosso bem. -Percy não pode deixar de se sentir nostálgico ao ouvir aquele "nosso" vindo dela.

-Já é passado, Rachel... talvez tudo o que aconteceu... aconteceu porque tinha de ser assim. -ele disse, mesmo que essa resposta, que ele tanto treinou na frente do espelho esses anos, não o convencesse de verdade.

-Não devia ter sido assim, mas eu estava tão assustada! -ela disse engasgando algumas vezes enquanto falava e tentava limpar as lágrimas. -Peço apenas que não tenha dúvidas que eu o amo. Pois assim o fiz, eu o amei tanto! -ela confessou triste, sabendo que havia perdido aquele homem maravilhoso. Ela sentira falta dele durante todo esse tempo, sua volta não foi totalmente aterrorizante, pois ela sonhava em voltar para a casa que eles sonhavam em compartilhar... mas agora as coisas estavam mudadas, mais do que ela poderia imaginar que aconteceria.

-Tudo bem... vai ficar tudo bem. -ele disse acalentando-a um pouco mais em seus braços. -Vamos dar um jeito nisso. -ele disse, mais uma vez sentido-se estranho por usar um "nós" que nem existia mais.

-Devemos voltar... -ela disse por fim, tentando tomar o o controle de suas emoções, mas falhando um pouco nessa tarefa. -Você precisa dizer a Grover que eu não sou uma ameça e dar as devidas explicações á sua esposa, ela deve estar se perguntando o motivo de sua demora. -Rachel fez certa força para levantar e arrumar um pouco sua aparência.

-É... eu havia me esquecido disso. -ele disse constrangido, não gostava de estar longe de sua realidade, mas acabou esquecendo-se do mundo enquanto estava com ela. Prometeu a si mesmo que não deixaria que isso acontecesse novamente, apressou-se a abriu a porta para deixar a ruiva passar. Respirou fundo... e voltou ao mundo real.


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Notas finais do capítulo

Digam "oi" para a autora.
Gosto de conversar.
Recomendem
Beijos
até mais *--*