Chels escrita por Caroles


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que foi mais rápido do que você esperava e que provavelmente deve estar surpresa. Essa sua reação vai continuar até o começo do capítulo, porque, do meio em diante, está uma merda total. Querem saber porque? Simples, Valzinha gostosa me ajudou no inicio e eu me virei no resto, fim.



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Tirei um cochilo após empilhar todos os pratos secos e guardar os copos de vidro. Levantei da cama e fui até a porta. Se me trancaram de novo, que fique claro que eu não me responsabilizo por minhas próximas ações.

Felizmente, ao girar a maçaneta, a porta se abriu e eu me deparei com a parede do outro lado do corredor. Saí em direção ao banheiro, praticamente me arrastando como um zumbi. Enquanto fazia minha caminhada até aquele esgoto, – meu apelido carinhoso pro lugar – percebi que tudo estava completamente em silêncio. Estranho.

Chris deve ter morrido dentro do quarto dele e Thomas voltado a dormir. Ethan fez a mesma coisa. O que uma tarde sem videogame não pode fazer com um ser humano. Ri por dentro.

Me encarei no espelho.

– Puta que pariu... – murmurei. Meus cabelos longos e castanhos estavam enrolados em um nó só. Meus olhos verdes quase sem expressão, de tão inchados que estavam. Só faltavam duas orelhas, um pouco mais de gordura e garras nas pontas dos dedos e pronto, uma panda completa.

Lavei meu rosto e tentei ficar com uma cara decente – leia-se “expressão ameaçadora” – e saí do banheiro o mais rápido possível, antes que resolvesse – também por impulso – lavar aquele banheiro. E convenhamos, banheiros são muito mais nojentos do que uma pilha de pratos de vidro.

Andei pelo corredor na ponta dos pés, rezando para que ninguém tivesse acordado ainda, eu queria ter a casa só pra mim e, dessa vez, juro que não irei inventar de dar uma de faxineira de hotel e sair limpando tudo quanto é lixo. Eu já tinha feito minha parte na maior boa vontade.

Enfiei a cabeça na sala e quase tive uma síncope ali mesmo.

Cada pedaço do cômodo, cada canto e cada fresta estava desarrumada. Pelo menos metade dos pratos que eu havia lavado estavam jogados pelo tapete, cheio de migalhas. MAS QUE PORRA QUE ACONTECEU AQUI? SURUBA COLETIVA E NEM AO MENOS ME CHAMARAM? Tanto faz mesmo.

Não tenho muita certeza do que aconteceu depois, mas lembro-me que saí correndo pelo corredor e praticamente arrombei a porta do quarto de Ethan, pronta para descer o cacete nele e xingá-lo até o último dia de sua vida – ou até os ouvidos dele sangrarem. A escolha é de vocês.

– ETHAN! – gritei e então olhei para ele, sentindo meu rosto corar. Não que isso significasse alguma coisa. Aliás, não significava nada... Eu acho.

Ele estava deitado em sua cama e não havia acordado com meu grito, por mais incrível que pareça. Um lençol branco com bordados nas pontas estava cobrindo suas pernas e ele estava sem camisa. Seu rosto estava um pouco vermelho e seu cabelos negros espalhados por ele.

Eu estava que nem uma idiota parada no meio do quarto dele, observando a visão do paraíso. Então, me lembrei que Ethan era um vadio enquanto acordado. Saí do transe e peguei um objeto aleatório de sua cômoda, jogando nele, porque, claro, sou linda e maravilhosa.

O idiota nem se mexeu. Puta que pariu, que sono pesado. Se alguém jogasse algo em mim enquanto eu estivesse dormindo, já estaria em pé socando a cara do infeliz. Sem comentários.

Puxei um dos braços de Ethan, tentando não encarar o corpo dele por muito tempo. Ele estava imóvel e, por mais que eu fizesse força, não conseguia tirá-lo dali.

Ele parecia uma morsa gorda e gigante. Pelo menos, era pesado como uma. Reuni toda a força que tinha e puxei novamente, caindo no chão com Ethan em cima de mim. Seus olhos se abriram assustados e ele soltou um grunhido estranho. Os olhos dele eram intensamente azuis. Como eu não havia percebido isso antes? Eles combinavam com seus cabelos como Brad e eu combinamos – afinal, somos mais do que perfeitos juntos – Por um momento, tive vontade de mergulhar nos olhos de Ethan, como se fossem dois pares de piscinas limpas.


Droga, porque eu estou prestando atenção nisso? É PORQUE É MEIO DIFÍCIL DE SE MANTER O FOCO QUANDO SE TEM UM CARA SEM CAMISA, COM UM CORPO DEFINIDO E SÓ USANDO BERMUDAS EM CIMA DE VOCÊ. É, lógico que deve ser por isso, Chelsea, duh. Qualquer menina perderia o controle.

Tentei me mover mas a morsa gigante estava em cima de mim. Maravilha. Tentei empurrar Ethan para o lado e a única coisa que eu realmente fiz foi encostar as mãos no "tanquinho" dele. Eu sei que muitas garotas morreriam para estar no meu lugar. Não que eu não estivesse morrendo. Aliás, eu estava. Morrendo de vergonha, isso sim.

– Chelsea? – ele murmurou ainda sonolento. Então, piscou várias vezes e franziu a testa, percebendo a delicada situação em que nós dois estávamos. – CHELSEA? O QUE VOCÊ... – eu enfiei um travesseiro em seu rosto para que ele calasse a boca. Se os outros meninos nos vissem, eu me fodia. E ele também. Já até posso imaginar Thomas dizendo que o estupro ocorreu mais tarde do que ele imaginava entre outros comentários básicos.

– Cale a boca se não quiser que eu arranque seus olhos – sibilei, apertando o travesseiro e tentando voltar ao meu estádio de ódio usual. Ele grunhia e tentava me empurrar. Se ele morresse sufocado, iria culpar Chris, simples assim. Quem mandou dormir que nem um camelo? Pois é.

Ethan se remexeu e tirou o travesseiro de minhas mãos, agradecendo a Deus por conseguido um pouco de oxigênio.

– Você quer me matar, idiota?! – ele quase gritou. QUAL A PARTE DO "CALE A BOCA SE NÃO QUISER PERDER OS OLHOS" esse retardado não entendeu?

– Se a carapuça serviu... – ri e ele me lançou um olhar assassino, pronto para me estrangular ali mesmo e colocar a culpa no Christian. Ethan se levantou, exibindo ainda mais seu corpo definido. Desviei os olhos, encarando o travesseiro que agora deveria estar cheio de baba e germes. Adoro quando tenho coisas muito interessantes para ver. Sintam a ironia.

– Não fique com vergonha, Chelsea. Eu sei que sou muito gostoso – ele riu.

– Sério? E por que não tenta arranjar um emprego de meio período na esquina? Essa sua "gostosura" vai ajudar – gralhei, me levantando e encarando seus olhos azuis-quero-mergulhar. Ele estava voltando para a cama e eu o puxei para perto de mim, segurando num dos punhos dele.

– Qual é, Houcks? Não pode nem olhar por um segundo que já quer mais? Pois fique sabendo que agora estou muito cansado, talvez mais tarde.

– "Talvez mais tarde" você já esteja morto, imbecil – caminhei até o guarda-roupa dele, encostando minha mão no puxador.

– Se eu fosse você, não faria isso – ele bocejou, claramente pouco se importando se eu realmente abriria o guarda-roupa ou não.

– Por que? Por acaso vou encontrar sua Nárnia particular aqui? – revirei os olhos e abri, deixando com que uma tonelada de roupas empilhadas caíssem sobre minha cabeça. Só consegui ouvir as gargalhadas de Ethan antes de pegar uma camiseta qualquer e jogar na cara dele – Calado e vista isso – sério, se ele não vestir, do jeito que a situação está, é capaz de eu parir gêmeos aqui. Sem mais detalhes.

– E se eu não quiser? – já disse, vou parir gêmeos. Mas, claro que eu não poderia falar uma coisa dessas, eu tenho uma imagem para ser preservada.

– Arranco seus mamilos sem dó – sorri sarcasticamente.

Nós dois estávamos em pé, nos encarando.

– Eu estou falando sério, vista essa merda logo, porra.

– Bem educadinha você, hein Chelsea.

– Demais – ironizei, enquanto ele colocava a camiseta. Vamos agradecer a Jeová, porque né.

– Já estou decente agora, posso voltar a dormir? – apesar de parecer, isso não foi uma pergunta. Ele se jogou na cama, cobrindo-se novamente.

– Filho da mãe... – sussurrei para mim mesma e, com a paciência que Deus me deu, arranquei o lençol-ui-tenho-bordados dele e ameacei jogar pela janela, assim como fiz com pelo menos metade das roupas largadas no chão. – Se você acha que vai simplesmente virar pro lado e dormir, está muito enganado.

– Para de encher meu saco, capeta.

– Não vou parar. Eu cochilei por, no máximo, três horas e METADE DOS PRATOS QUE EU DEMOREI TRILHÕES DE HORAS PRA LAVAR E SECAR SOZINHA JÁ ESTÃO TODOS LIXOSOS – gritei. Foda-se Chris e Thomas. Se não acordaram agora, iam acordar de qualquer jeito. Querendo ou não, eles tem trabalho a fazer.

– Eu não vou lavá-los.

– Ah, você vai sim, princesa – fiz ele se levantar, agarrando-o pelas mãos.

Puxei-o pela camiseta, indo em direção ao quarto de Thomas e acordando-o.

– Suruba? – ele se espreguiçou.

– Só se for entre você, o Ethan e o Christian – falei. – Levanta e vai acordar aquele camelo desmaiado.

– Eu quero dormir...

– Um – comecei a contar.

– Cale a boca, Chelsea – Thomas puxou o edredom pra cima dele.

– Dois.

– Falei pra calar a boca.

– Três – e o viado não levantou – Você vai se arrepender – subi em cima da cama e comecei a pular na mesma até que Thomas se levantasse visivelmente irritado. Não quero nem ver como ele tirará Chris da cama. Espero que Chris não seja fã de armas ou facas e as guarde no quarto dele. Espero.

Arrastei Ethan até a cozinha, sorridente por minha vitória. Super-Chels vence o mal novamente, uhu. E agora você já pode imaginar aquele fundo que sempre aparece no final do desenho das meninas super poderosas com meu rosto de panda estampado nele. Eu sei que você me ama.

– Juro que, se eu pudesse, te mandaria morar na rua. Só não faço isso porque se não minha mãe me mata.

– Pare de falar merda – comentei, observando a porta da cozinha se abrir e fechar. Junto com ela, dois corpos preguiçosos apareceram e sentaram-se na mesa, ocupando as duas últimas cadeiras vagas.

– O que esse demônio quer? – Chris suspirou, me encarando. APOSTO QUE ALGUÉM NÃO GOSTOU DO JEITO QUE FOI ACORDADO.

– É, o que essa baleia quer? – Thomas falou.

– Baleia é você, filho de gazela – faltou muito pouco pra eu berrar e perder a calma.

– Fale logo, antes que eu resolva voltar a dormir, Chelsea. E dessa vez, nem que eu caia em cima da Megan Fox eu levanto – disse Ethan.

– Hum, então rolou o estupro? – riu Thomas.

Vou descer a porrada nesse garoto na primeira oportunidade. É sério.

Respirei fundo para não sair socando todos e fechei os olhos, pensando em como seria difícil de limpar as manchas de sangue da parede.

– Eu não acredito que a casa tá assim – soltei. – Uma ou duas roupas fora do lugar, eu até entendo. Mas um apartamento engolido por um lixão não dá.


– Acontece que ela sempre foi assim. Não é porque você chegou que as coisas vão mudar – Chris protestou.

– Eu gosto dela assim – Thomas deu de ombros.

– Eu não – rosnei. – Prefiro morrer a viver aqui.

– A rua é pública... – Ethan deu um leve sorrisinho. Foi a gota d'água.

– EU NÃO VOU PRA RUA, SEU DESGRAÇADO! – me descontrolei, porra. – ALIÁS, VOCÊS VÃO ARRUMAR TODA ESSA MERDA OU...

– Ou o que? – Chris me desafiou.

– ... – fiquei quieta e eles se entreolharam vitoriosos. – Aposto que sua mãe adoraria fazer uma visita para conhecer sua nova amiga, Ethan. E ela ficará surpresa quando vir essa casa brilhando.

– Você não ousaria... – Ethan se levantou. Algo me diz que ele levou esse lance a sério. Não me julguem, eu conheço como as mães. Elas tem uma certa fixação-obsessão por limpeza.

Me levantei e peguei o celular do bolso de trás dele. Sério, Ethan precisa aprender a colocar as coisas em outro lugar. Numa pochete, sei lá. Mentira, pochetes são para gays e ridículas demais. Não que eu não ache esse bastardo gay. Apenas tentem entender.

– Da próxima vez, lembre-se de colocar senha nessa droga – sorri e fingi apertar no número da mãe dele. – Oi, Megan. É, aqui é a Chelsea... Está tudo uma maravilha, nunca vi apartamento mais limpo, até me surpreendi. Ah, Ethan? Nossa, tão educado, um amor. Não, é sério. Me receberam muito bem sim. Ahm, a senhora gostaria de vir aqui pra ver como estão as coisas? É, seria ótimo. Todos eles concordaram e estão ansiosos, principalmente seu filho. Tudo bem, tchau, Megan.

Aparentei desligar o telefone e sorri muito feliz com a primeira pegadinha de muitas.

– Parece que vocês vão receber visita amanhã. Espero que saibam o que é uma vassoura – ri e eles pareciam incrédulos.

– "Vocês"? Você não vai ajudar? Qual é, foi você quem meteu a gente nisso!

– Exatamente. Acontece que a querida aqui precisa passar no mercado – pisquei algumas vezes. Eles caíram. Uma pena que só vão saber que não liguei pra Megan quando tudo estiver extremamente limpo e arrumado. Sou tão má, nossa.

– Por que nós não podemos passar no mercado e você arruma essa porra louca toda aqui?

– Porque gays tem melhor senso de arrumação. Vi na TV – respondi a pergunta de Chris e em seguida estendi a mão para Ethan.

– O que você quer?

– Dinheiro... – encarei-o. – Que eu saiba, cupnoodles não são grátis – falei, como se fosse óbvio.

– Ao menos compre algumas batatinhas... – ele falou baixinho.

– E refrigerante – Chris completou. Só não reclamei porque sabia que quando voltasse a casa estaria nos trinques. Caso não estivesse, iria detonar esses três com as bombas de Coca-Cola que aprendi a fazer no terceiro ano do fundamental. Só preciso comprar Mentos e tudo estava feito.

– Rezem para que terminem a limpeza a tempo – falei, indo em direção à porta do hall social, tentando mentalizar a imagem de um pacotinho de Mentos na cabeça. Porque demônios precisam ser originais e ter bons planos.


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Notas finais do capítulo

Avisei que do meio pra frente estaria tudo uma merda. Pelo menos você leu. Awn, é por isso que eu te amo. AGORA DESCE MAIS E VÊ SE COMENTA COMO SE ISSO DAQUI FOSSE UM TRABALHO DA SUA PROFESSORA VELHA E RIGIDA DE HISTÓRIA.