Chels escrita por Caroles


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorou, É QUE EU TENHO SÉRIOS PROBLEMAS COM CRIATIVIDADE E INSPIRAÇÃO.
Enfim, não me crucifiquem, ficou uma bosta total.



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A primeira coisa que eu vi ao abrir os olhos pela manhã foi aquela merda de videogame jogada ao meu lado, ocupando um bom espaço da cama de casal. Que pena que eu não me remexi de noite e não o derrubei. Não que isso estivesse nos meus planos, lógico. Ok, talvez estivesse, sem mais detalhes.

Esfreguei os olhos e levantei cambaleando, indo até a única janela daquela caverna depressiva. O pouco brilho do sol que invadiu o quarto não foi o suficiente para querer arrancar meus olhos, coisa que acontecia com frequência na América. Acontece que agora você está em Londres, Chelsea.

Suspirei e debrucei-me na janela. Quero voltar pra casa, nem que tenha que assaltar um helicóptero e arrastar um piloto experiente com meu charme sensual. O piloto ia se chamar Brad Pitt e se não chamar, dou um jeito de rebatizá-lo antes.

Lembrei-me que costumo parecer um zumbi pelas manhãs. Se eu assustar Ethan, – convenhamos, ele é muito idiota a ponto de não conseguir diferenciar um zumbi de um ser humano – talvez ele possa me obrigar a voltar pro meu lar, doce lar. Ou talvez, ele corra para os braços da mãe dele. Eu gosto mais da primeira opção, embora a segunda seja mais provável.

Com licença que a zumbi aqui precisa escovar os dentes antes que morra com cáries transmitidas pelo ar poluído. Fui abrir a porta e aquela merda não abria de jeito nenhum. Eu vou arrombar essa porra, caralho. SOU MUITO EDUCADA DE MANHÃ E AI DE QUEM FALAR O CONTRÁRIO.

Quase arranquei a maçaneta de tanto forçar a coitada. Ouvi uns risos por trás da porta. Só podem estar de brincadeira.

– Seus viados, POR QUE ESSE CACETE DE PORTA NÃO TÁ INDO? – não sei da onde eu tirei voz pra gritar naquele volume, mas, o importante é que eu tirei, certo? E também que aqueles três vão ter que amputar o braço quando eu sair daqui.

– A Bela Adormecida resolveu acordar? – pela voz pude perceber que era Ethan.

– Não, mas resolvi que vou acabar com você quando eu sair daqui – gralhei.

– Isso se você sair, Chels – aposto que era Chris. PEGA ESSE “CHELS” E ENFIA NO CU, NÃO DÁ MAIS PRA MIM, PORRA.

– Não me obriguem a arrombar isso daqui, gays.

– Não consegue nem carregar as malas direito e agora tá querendo destruir uma porta de madeira? – Ethan riu sarcasticamente. – Acho que não vai rolar.

Eu sei que vou me arrepender muito por isso, que eu vou acabar parando no hospital em estado terminal e que meus pais vão ter que vir me ver e... PARA TUDO NESSA PORRA. Meus pais vão morrer de dó se eu quebrar todos meus ossos e então vão me levar pra casa, eu não vou ter que conviver com três idiotas e quem será expulso de casa vai ser o Ed, consequentemente, eu vou ter uma televisão disponível pra mim. Esquece a parte de “arrepender”, na verdade, estou pouco me fudendo. EU VOU TER UMA TV SÓ PRA MIM!

Eu me lancei com tudo na porta e caí pra trás. A maldita continuou imóvel e pude ouvir os meninos rindo lá fora. Ah, tá. Você achou que eles iam abrir correndo para ver se eu tava bem e um deles iria me pegar no colo, se declarar, me levar ao hospital, nunca mais soltar minha mão e depois me beijar e eu passaria a a-m-a-r com todo coração essa cidade fria do caramba? Só te digo uma coisa: Nem eu sou tão iludida assim, querida.

– Ainda não pararam com esse costume de rir como gays? – grunhi, colocando a mão sobre a testa. – Achei que tinham entendido a mensagem quando eu confisquei o videogame de vocês ontem à noite.

– Então, sobre o tal videogame... – Ethan se aproximou mais da porta, já que a voz dele ficou um pouco mais alta do que estava.

– O que tem essa merda? – perguntei, engatinhando até a porta.

– Não me corte, Chelsea! – ele quase gritou.

– Corto sim, o que você pode fazer? Que eu saiba tem uma muralha nos separando. A menos que você seja cego... – eu ri. – Ou queira abrir a porta. Aí é totalmente diferente, você estaria fazendo um ótimo favor pra mim.

– Você é uma criança, Chelsea.

– E eu não estou nem aí para o que você fala, Ethan.

– Pois deveria.

– Não sou obrigada.

– Parem de brigar – aleluia, Thomas deu sinal de vida. Achei que tinham trancado o coitado também.

– O que vocês querem, gays? – tomar no cu né. Além de caverna-depressiva isso aqui virou prisão.

– Nós queremos nosso videogame de volta – Chris falou.

– Pois saiba que me trancar nessa pocilga NÃO é o melhor jeito de consegui-lo.

– Ué, se você não devolvê-lo, tu vai ficar aí e, claro, sem cupnoodles – Ethan me chantegeou feio.

– ... – Não posso deixar esse vadio ganhar. – Eu morro aqui dentro, mas me recuso a devolver isso daqui sem mais nem menos. Aliás, se vocês não me destrancarem eu juro que jogo essa bosta pela janela. Não ousem duvidar.

E foi assim que os três ficaram calados por alguns minutos, enquanto eu colocava meu plano em ação. Sou muito boazinha, beijos no coração de cada um deles. Só que não, que nojo.

Peguei o tal do videogame e coloquei-o num canto afastado do tal armário. Pra disfarçar, joguei umas roupas em cima e na frente do querido brinquedinho deles.

– Vão me soltar ou terei que pagar fiança com o dinheiro do Ethan? – ri, coitados.

– Vai sonhando, Chelsea... – Ethan falou e eu escutei a chave girando na fechadura. Graças a Deus. A porta se abriu e eu me atirei pra fora, caindo nos braços de Ethan. Merda.

– Me solta, que nojo – falei, me desvencilhando dos braços dele.

Ele não me soltou. Só faltava me beijar agora.

– Cadê nosso videogame? Nós te soltamos – Mas ele estava muito enganado, achando que eu ia dar sem mais nem menos. Ethan, que dó de você.

– Dou pra vocês quando merecerem, tá? – sorri e saí em direção ao banheiro, escutando os três me amaldiçoando até a puta que pariu.

***

Mais uma tarde naquele lugar imundo. E as caixas de pizza continuavam exatamente no mesmo lugar, os potes de iogurte e os sacos de salgadinho também. A única diferença notável era que eles não estavam jogando videogame. Estavam deitados – eu também estava, só que eu sou mais bonita e, portanto, eu deito com mais sensualidade. É isso mesmo que você acabou de ler – e Chris procurava algo na TV enquanto Thomas e Ethan se lamentavam por não poder jogar videogame e muito menos rir como gays.

– Vocês têm sorte de que eu não soquei a cara de cada um – sorri como uma criança inocente.

– Nem ia doer – Ethan virou-se para mim. Só não levantei pra deformar o rosto dele pra sempre porque estava com preguiça.

– O dia que tu tiver que ir pro hospital por minha causa, você me fala se dói ou não – falei, encarando a TV. Estava passando algum programa de gamers. – Que saco esse vício de vocês.

– Pelo menos esse nosso vício não engorda – O quê? Aquele Christian-projeto-de-viado estava me chamando de gorda? Gorda o cu dele, sou quase uma modelo. Quase.

– Vai tomar no cu – gritei e me joguei do sofá pra cima dele que estava sentado no chão. Agarrei-me nas costas dele e comecei a bater em sua cabeça.

– Que indecência é essa, Chelsea? É melhor agarrá-lo quando ele estiver no quarto dele, pô – lancei um olhar assassino para Thomas que olhou para o chão. Melhor assim.

– Troquem de canal ou vou bater em todos vocês. E se for preciso, bato duas vezes no Christian – voltei ao sofá, rastejando pelo tapete.

– O que você quer ver? Filme de amorzinho? – Thomas cerrou os olhos em minha direção.

– Se isso for torturar vocês, acho que sim – sorri.

– Pois saiba que eu amo filmes de amorzinho – Ethan falou, tentando fazer com que eu me mudasse de ideia.

– Isso te torna mais gay do que já é – ri por dentro. Sinto em lhe informar, meu caro Ethan, o que você tentou fazer não funcionou.

– Eu prefiro dormir a me forçar a ver essa merda – Chris se levantou e jogou o controle em cima de mim.

E em dois segundos todos estavam trancados nos quartos deles e eu tinha uma sala-lixo só pra mim. Já disse que estou amando esse lugar? Pois eu deveria.

Passei por todos os canais da TV e não encontrei nada que preste. Que típico. Resolvi deixar no canal 36, vai que minha mãe resolve – do nada – vir me buscar e falar que quer fazer o aborto o mais rápido possível e, então, eu a levarei na melhor clínica na América. Amy ficará tão surpresa que vai me comprar cupnoodles para o resto da vida. Com certeza é o melhor plano que eu já fiz em toda a minha vida. Sou um gênio ainda não reconhecido pela sociedade. Me aguardem, crianças.

A programação “especial” deu comercial e eu fui até a cozinha pegar alguma coisa pra beber. Por favor, que não tenha só refrigerante, por favor. Eu odeio refrigerante, poxa.

E, claro, com a sorte que eu tenho, adivinha a única coisa que tinha para beber? Refrigerante! Essa onda de azar está maravilhosa, estou amando com todo meu coração. Mas agora acho que já pode parar, né? É, porra.

Me recuso a tomar essa porra, Ethan e seus amigos gays que comprem outra coisa pra mim. Não vão querer ter um cadáver desidratado no apartamento deles. Não que faça alguma diferença no odor horrível dali, aliás, só ia contribuir para que tal ficasse ainda pior. E eles nem iam ligar.

Fechei a geladeira com raiva. Pensei, por um instante, que poderia beber água da pia... Esqueçam, é nojento demais. Ainda mais porque aquela pia estava com um morro de louças empilhadas umas nas outras e eu nunca iria conseguir achar onde é a torneira e muito menos um copo limpo.

– Não se mexem pra lavar esses caralhos aqui, agora, pra me prender por causa de um videogame fazem uma cerimônia quase igual a uma comemoração de casamento. Puta que pariu – e quando eu vi eu já estava grudada na pia, lavando panela por panela, prato por prato. Isso vai custar MUITO caro. Sintam a ênfase, eu estou falando sério.

Se bobear, estava com sabão até nos meus cabelos. A manga comprida do meu moletom estava encharcada de água e meus braços já estavam começando a doer de tanto esfregar aquela sujeira.

– Ora, ora, ora... Chelsea Houcks está fazendo a primeira contribuição para o novo lar dela, que linda – Ethan, mais irônico, impossível.

– Vejo que a “princesa” dorminhoca resolveu aparecer. Cadê as damas de companhia? – sorri irônica, ainda virada de costas pra ele.

– Estão dormindo. Não sei se você lembra, mas você expulsou todo mundo da sala.

– Claro que eu lembro, não sou tão idiota quanto você. Só perguntei porque você vai precisar daqueles gays.

– E eu posso saber por que, Einsten? – Apesar de ser uma ironia, pelo menos alguém reconheceu minha inteligência, awn.

– Achei que você precisaria de ajuda para secar a louça – virei-me muito feliz pra ele. – Mas, já que não precisa, pode começar com aquelas ali do canto.

– E se eu não quiser, Chelsea?

– Juro por tudo que é mais sagrado que quebro todos os seus dentes e vendo no eBay – e então eu joguei um pano de prato nas mãos dele, que, sem vontade nenhuma, começou a secar os copos de vidro. Diz aí se eu não sou muito boazinha, agora nós vamos poder cozinhar.

Eu terminei de lavar e passei a ajudar Ethan, que ficou me olhando.

– Que foi? – perguntei.

– Você está ensopada, Chelsea.

– Não me diga – e o capitão óbvio ataca novamente. Que lindo, muito legal, maravilhoso, perfeito, só que não. – Se eu pegar um resfriado, a culpa é sua e daqueles preguiçosos.

– Ninguém mandou vir lavar a louça.

– Eu estou te fazendo um favor, idiota.

– Um favor que eu não pedi, certo? – é, ele tinha razão. Eu só fiquei com dó das panelas sujas e isoladas que provavelmente estavam sofrendo bullying. – Acho que eu acabei por aqui.

– Ah, você não acabou não! – ele jogou o pano de prato no balcão e se virou, nem me dando ouvidos – EU LAVEI TODA ESSA MERDA SOZINHA, ACHO BOM VOCÊ ME AJUDAR – e eu pulei em cima das costas dele, me agarrando ao seu pescoço. Isso é só o começo das minhas crises de raiva.

– Me larga, peste – Ethan gritou.

Tente me fazer largar, gay – e foi depois dessa mísera frase que Ethan colocou-me sobre o ombro dele, de ponta cabeça. – Você quer que eu vomite?

– Por mim tanto faz... – ele pausou. – Vou ter que te prender no seu quarto de novo?

– Se quiser morrer, sim – e ele começou a andar, indo em direção ao meu quarto. Eu comecei a me debater – O ETHAN VAI ME ESTUPRAR – gritei e tentei sair dos braços dele que me seguravam com força.

– Já estava mais do que na hora – Thomas abriu a porta do quarto e se apoiou na mesma, com o cabelo totalmente bagunçado. Vou arrancar a cabeça desse garoto.

– Ethan, me coloca no chão e honre os princípios da viadagem!

– Você passou dos limites, Chelsea – disse ele – Você precisa ficar de castigo – castigo?! CASTIGO É PRA QUEM FEZ MERDA, EU LAVEI A LOUÇA E, HONESTAMENTE, NÃO PEDI NADA EM TROCA PORQUE SOU HUMILDE DEMAIS. Ou não.

– QUEM ESTÁ PASSANDO DESSA PORRA DE “LIMITES” É VOCÊ – mordi o braço dele com força e ele me soltou. VAMOS LEVANTAR AS MÃOS PRA DEUS E AGRADECER, NÃO FOI DESSA VEZ QUE PRECISAREMOS CHAMAR A POLÍCIA.

Para completar o agradecimento, dei um tapa forte nas costas de Ethan e chutei as duas canelas dele.

– Esse é só o começo da sua morte. Eu avisei – falei, indo em direção à cozinha, afinal, louças não se secam sozinhas. Muito menos com a ajuda de três viados insignificantes e preguiçosos.


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Notas finais do capítulo

Eu avisei que tinha ficado uma bosta total. Podem me crucificar agora.
Mas, convenhamos: NÃO É SÓ PORQUE FICOU UMA MERDA QUE EU NÃO MEREÇO REVIEW, né? :c