Chels escrita por Caroles


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

ois para os que estão de luto por causa da morte das fanfics de banda e ois para os que não estão, espero que gostem, acompanhem e se divirtam
caso n tenham lido o disclamer: Leitores fofuchos são meus, então a partir do momento que começam a ler a fic, serão de minha propriedade, avisados ♥



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As férias de verão chegaram. Para a maioria dos estudantes isso significa "festas até de madrugada com bebidas alcoólicas à vontade e hormônios em demasia". Mas não pra mim. Isso pode até parecer um daqueles clichês onde a nerd da turma faz uma mega-transformação – onde os seios e as nádegas parecem surgir de Nárnia – e no final das férias, quando volta para a escola, conquista o garoto mais popular, mais gostoso e mais desejado de toda a turma. E então ela passa de "excluída da sociedade" para "mais popular do que todos vocês, estúpidos" ou – como eu prefiro chamar –, "puta". Enfim, nada disso iria acontecer comigo porque, em primeiro lugar, eu não sou nerd. E em segundo lugar, meus maravilhosos planos para essas férias se resumem a ver meu irmão jogando a bosta do videogame dele durante o dia inteiro, tentar ver alguma coisa na TV enquanto ela não estiver sendo usada – o que me parece praticamente impossível a julgar que Ed não a larga por um minuto sequer –, e, tentar sobreviver com meus vinte dólares mensais, doados sovinamente por ninguém menos que meu pai. Essa questão do dinheiro não parece ser um problema, desde que eu tenha economizado o ano inteiro, certo? Errado, já que eu nunca fiz e nem farei isso. Eu tenho uma necessidade – pode também ser chamada de obsessão – de ter cupnoodles no meu corpo. E da onde vem o dinheiro pra isso? Pois é. De qualquer forma, férias significa ficar mais dias mofando em casa, disputar a TV e talvez – muito talvez – dar uma checada nas atualizações de meus 23 amigos no Facebook. Além de tentar não morrer de desidratação causada por cupnoodles. É, seriam longos meses.

– Chelsy? – pude ouvir a voz de Amy me chamando. Ou como eu costumo chamá-la, "mamãe".

– Sim? – falei, voltando minha atenção para ela.

– Tenho que te contar uma coisa... – ela sentou-se na cadeira ao meu lado e pegou uma colherada dos meus preciosos cupnoodles. Se fosse uma pessoa qualquer, eu voaria no pescoço da mesma. Mas, era minha mãe. Então, caso eu não queira ficar de castigo pelo resto da vida, acho que tudo bem.

– Mamãe... – lancei um olhar desconfiado, mirando os grandes olhos verdes dela. Estes estavam praticamente grudados ao chão – Está até parecendo aquela vez que você veio me contar que estava grávida de Edward... A única diferença era que eu tinha apenas cinco anos... – ri baixo.

Em vez de acompanhar minha risada, Amy me lançou um olhar sério.

– Não me diga que você... – falei e fui interrompida por ela.

– É... Eu estou grávida – Amy falou baixo com o mesmo cuidado de alguém que estaria prestes a desativar uma bomba. – É um menino, Chels.

– Isso é... – pausei. – Isso é terrível. Eu sou a única menina dessa família, fala sério, mamãe. Acho que tem algo muito errado com sua "fábrica de bebês".

Ela riu por poucos e míseros segundos. Seu olhar sério voltara como mágica. Algo me dizia que mais alguma coisa estaria vindo pela frente.

– Mãe? – chamei-a.

– Sim?

– Não me diga que são gêmeos... – disse numa tentativa ridiculamente falha de adivinhar o que se passava pela cabeça dela naquele momento.

– É claro que não, Chelsea!

– Então, o que foi? – perguntei. Talvez quadrigêmeos? Argh, que espécie de jogo idiota é esse?

– Você sabe que o bebê precisa de um quarto...

– E? – eu realmente não entendia onde minha mãe queria chegar. Ótimo, depois de lançar uma bomba sempre é bom um pouco de suspense, certo? Não, errado.

– Chels, você já parou pra contar quantos quartos essa casa tem?

– Sim... Temos o seu, o do Ed e... – pausei por poucos segundos, percebendo a bela situação em que eu me encontrava. Sinta a ironia. – Você não está pensando em dar meu quarto para o bebê, está?

– Chelsy, você já tem dezoito anos... Precisa tomar um rumo na sua vida. Veja bem, o que seus amigos pensariam quando descobrissem que uma jovem adulta como você ainda mora com os pais e depende deles?

– SE eu tivesse amigos, com certeza não iriam pensar porra nenhuma, já que a maioria deles viveria nas custas dos pais.

– Chelsy, escuta...

– Ah, não me venha com esse "Chelsy, escuta", eu só me fodo quando você começa as frases desse jeito. Além do mais, onde você pensa que eu vou dormir, já que supostamente meu quarto foi roubado por um bebê que nem ao menos nasceu?

– Chels, o que eu estou tentando dizer é que, independente de bebê ou não, você precisa tomar um rumo pra sua vida, achar um emprego de meio período e viver num apartamento sozinha.

– Você está me expulsando de casa? Por que não expulsa Ed? Eu ao menos tenho um curto diálogo com você e com papai todos os dias.

– Chelsea! Ele só tem treze anos!

–...– pausei, infelizmente o argumento de minha mãe era válido. – Mamãe...

– O que, Chels?

– Quando você diz "emprego de meio período", prostituição pode ser considerada? Ouvi dizer que dá dinheiro... – falei, indiferente.

– O que?! Filha minha não se prostitui. Da onde você tirou isso, Chelsea?

– Se bem que Ed se daria muito melhor do que eu na rua. Digo, na boa, mãe, você já viu o fôlego desse menino pra gritar quando perde pra mim no videogame? Se não, acho que deveria. Ele tem futuro... – falei, ignorando o que Amy havia falado antes.

– Chelsea, dá pra parar de falar essas besteiras? – ela levantou a voz e eu me encolhi na cadeira, como se estivesse pedindo perdão.

– Então... – hesitei em continuar já que eu ia falar merda novamente – No canal 36 vive passando sobre clínicas de aborto... – sim, eu assistia à essas coisas. Digo, qual é, era a única coisa interessante que passava na TV durante as pequenas pausas que Ed fazia. Me julguem.

– Nem pense nisso! Está fora de cogitação, Chelsea! – ela falou, com rispidez. – Falando em canal 36, eu e seu pai precisamos ter uma boa conversa sobre a influência da TV à cabo com você.

– Mas...

– Sem "mas", Chelsy – só eu que reparei que minha mãe me interrompeu umas trezentas vezes só nessa curta conversa? Enfim, encarei o pote de cupnoodles pegando uma boa colherada. Assim que a coloquei na boca, pude ouvir o barulho da porta da frente se fechar. Papai havia chegado. Que legal.

Eu e Amy o encaramos por pequenos minutos, enquanto ele tirava o paletó e deixa sua maleta em cima de uma das cadeiras vagas.

–...– papai olhou para nós duas. Seus olhos eram tão intensamente castanhos quanto os de meu irmão. Vamos torcer para que o bebe puxe o lado de minha mãe e nasça com duas perfeitas esmeraldas no rosto, assim como eu. – Por acaso o jantar já está pronto?


– Não – Amy iria responder, mas, felizmente, eu fui mais rápida. Me senti um guepardo. Sabe, aqueles gatos selvagens que correm na velocidade da luz? Eu vi isso na TV, durante uma das pausas de Edward. E mais uma vez, me julguem, queridos. – Mamãe usou o tempo de preparar o jantar para ter mais uma daquelas "conversinhas" comigo.

Gerard, meu pai, encarou-a por um certo tempo. Ninguém podia dizer que os dois não tinham química. Eu podia perceber que podiam se entender com um mero olhar.

– Certo... – quebrei o silêncio, tirando a atenção dos dois. – Posso subir para meu quarto?

E antes mesmo que respondessem, me levantei da cadeira, pegando meu pote de cupnoodles e subi os dez degraus que davam para os quartos e o único banheiro da casa, fora o lavabo – que era especialmente exclusivo para as poucas visitas que recebíamos em feriados e dias do tipo.

Lá pelo sexto degrau pude ouvir a voz de meu pai dizendo "Com o tempo, ela irá aceitar, Amy. Por que não fazemos o jantar?". E assim, eu percebi que mais cedo ou mais tarde eu teria que deixar esse apartamento. Eu não tinha escolha. Apenas se eu apresentasse um super-projeto de arquitetura, movendo todos os móveis da sala de forma que um berço com lençóis azuis coubesse ali. E é mais do que óbvio que, quando eu mostrasse o tal projeto para minha mãe, ela iria me mandar calar a boca e subir para meu quarto. Resumindo, seria tudo uma perda de tempo. Legal. O único lado bom é que meus pais iriam cozinhar juntos. Papai sempre auxiliava mamãe com os temperos, assim, felizmente, ela não poderia exagerar ao usá-los, coisa que sempre acontecia. Com o tempo, você se acostuma. Talvez seja pela falta de habilidade culinária da minha mãe que, com dezoito anos, a única coisa que eu sei fazer seria cupnoodles. Palmas, Chelsea.

Me joguei na cama, que, apesar dos gritos de Amy, ainda não estava feita. Pra que arrumar a cama se você TEM CERTEZA de que não receberá visita nenhuma e que dormirá novamente? Pois é. Não dá pra entender a lógica das mães, colega. Encarei minha mochila que estava jogada sobre a escrivaninha, cheia de papéis e essas coisas insignificantes. Sorri ao saber que poderei me manter longe dos livros por um bom tempo.

Recapitulei todas as bombas lançadas por Amy nos últimos meses. Teve aquela vez que ela estava determinada a tirar Ed do videogame. Não deu dois dias e o garoto já estava jogando novamente. Sua persistência me admira, mamãe. Mês passado, ela queria ter um gato em casa. Papai hesitou, mas acabou cedendo. Uma semana depois fomos perceber que ele era alérgico a gatos. Nossa, que legal. E agora, temos esse mais novo membro na família, cujo nome é indeterminado por um tempo.

Me perdi em meus pensamentos, até ser chamada para o jantar. Aos berros, como sempre.

Sentei-me na mesma cadeira em que estava antes, durante minha conversa com mamãe. Aquele era meu lugar, ninguém podia sentar ali. Nem visitas.

– Arroz, frango de panela e purê de batatas? Quem diria, mãe – Ed falou enquanto pegava uma colherada de arroz branco.

– Felizmente, não teremos que pedir pizza hoje – sorri e Gerard me fuzilou com os olhos castanhos. – O que? Eu só estava brincando...

– É, se bem que eu adoraria uma pizza de calabresa agora... – Ed soltou, enquanto cortava o tal frango de panela.

– Edward... – papai chamou a atenção dele e todos nós ficamos em silêncio por um bom tempo.

– Ei, Ed. Ficou sabendo que estão me expulsando de casa? – sorri ironicamente. Percebi que minha mãe levantara os olhos, mirando-os nos meus.

– Mas... Mas, isso é ótimo. Aliás, isso é perfeito! – Edward aumentou seu tom de voz de "um e meio" para "dois". Quem diria que essa peste ficaria tão feliz com minha partida... Babaca.

– Você já percebeu que não terá ninguém para jogar videogame com você, certo? – papai falou, tentando consertar a situação.

– Tudo bem, pai. Ed só está alegre porque eu nunca mais ganharei de lavada dele – ri de forma sarcástica e Edward me lançou um olhar assassino. Parabéns, pelo menos aprendeu alguma coisa comigo durante todos esses anos.

Esperei com que meu irmão terminasse o jantar e voltasse ligeiramente para seu precioso videogame.

– Onde vocês estão pretendendo que eu fique? Na rua, por acaso?– perguntei, indiferente.

– ... – Gerard encarou Amy. Ou iriam me dizer que ganharia meu apartamento dos sonhos, com zilhões de quartos e empregados só pra mim ou diriam que eu tinha que me virar. Considerando a situação atual, acho que a segunda opção estaria totalmente correta. – Chelsy, o que você fez com todos os seus "vintes" dólares mensais que ganhou todos esses anos?

– Eu gastei em cupnoodles, ué. Sabe, dinheiro pra isso não cai do céu, pai – falei, dando de ombros.

– Ahm... – ele pareceu pensativo. – Já passou pela sua cabeça que, se economizasse tudo o que eu te dei até hoje, iria poder comprar um apartamento só pra você?

– Pai. Paizinho, você sabe que eu NÃO economizo – pausei. – Agora, que eu estou sem lugar para ficar, a não ser a rua, que tal pensarmos no aborto? Conheço algumas clínicas e...

– Cale a boca, Chelsea – Amy gralhou. Por poucos segundos passou por minha cabeça que ela não achara a ideia de morar na rua tão ruim assim. Ótimo. Se eu falar mais alguma merda, era provável que ela fizesse minhas malas naquele mesmo momento. Resolvi seguir o "conselho" dela e fiquei quieta.

– Chelsy, e se você ficasse com a tia Gertrudde por um tempo? – meu pai sugeriu e eu fiz uma careta só de ouvir o nome dela.

– Papai, vamos relembrar o que aconteceu no verão passado, está bem? – sorri, como se estivesse com a maior boa vontade de falar sobre aquilo. Olá, falsidade – Infelizmente, você e minha querida mamãe resolveram sair de férias por algum tempo. Sozinhos. Consequentemente, Ed, sem perder qualquer oportunidade, se enfiou na casa daquele amigo dele que é parecido com um baiacu. Legal. E, claro, uma garota com dezessete anos, que nem sabe ligar o fogão, poderia colocar fogo na casa ou qualquer coisa assim. Maravilha, me enviaram como se eu fosse uma encomenda para a casa de Gertrudde. Passei duas, repito, DUAS longas semanas na casa dela, junto com aquelas pestes que ela tem coragem de chamar de filhos. Palmas. Eu tive que cortar metade do meu belo cabelo por "acidentalmente" terem colocado chiclete nele, enquanto eu dormia que nem um anjo. Foram, com toda certeza, os melhores quatorze dias da minha vida. – E novamente, sintam a ironia, crianças. Sintam.

– Seu cabelo cresceu novamente, Chelsea – Amy observou o óbvio. Batam palmas e pulem de alegria. – Deve estar até mais comprido do que antes...

– Exatamente, mamãe. Eu não quero gastar o dinheiro QUE EU NÃO TENHO tentando arrumar a bosta que, provavelmente, irão fazer com meu cabelo.

– Certo... – suspirou meu pai, olhando de relance para minha mãe, que deu de ombros. – E que tal Jules?

– Quem é esse, querido? – mamãe perguntou, confusa.

– É, quem é esse, pai?

– É aquele teu tio que veio da Noruega à uns três anos.

– Amor, nós nem falamos com esse tal Jules. Nem ao menos o convidamos para vir aqui – observou Amy. Viu, eu amo minha mãe. Pelo menos, na maioria das vezes.

– Que tal a vovó Murphy? – ele disse e, pelo tom de voz, pareceu que estava ficando sem alternativas.

– Ela vive num asilo... – mamãe falou.

– E usa roupas com estampas dos anos oitenta – falei e os dois lançaram um olhar fuzilador pra mim.

– Estou sem opções, pessoal – Gerard apoiou a cabeça sobre as mãos, frustrado. – Eu iria sugerir a tia Karen, porém, parece que ela já está com seus primos, Chels.

– Ótimo, isso significa que posso passar o resto da minha vida mofando no meu quarto e comendo cupnoodles. Maravilha... – sorri. – Exceto pelo fato de que vocês ainda vão precisar de um quarto para o bebê.

– É, nós precisamos de um quarto, Ger... – mamãe falou, com a voz baixa.

– Ei, Amy – papai levantou-se da mesa e foi em busca do telefone, que estava a poucos metros da mesa de jantar. – Você se lembra daquela tua amiga da faculdade?

–...– Amy pareceu pensar. – Megan?

– Exatamente! Não era ela que tinha um filho que acabou de se mudar para um apartamento no centro de Londres?

– É, era ela mesma! – minha mãe sorriu, mostrando todos os dentes perfeitamente brancos e alinhados.

– Como você mantém contato com uma amiga da faculdade, mãe? – perguntei, mais confusa do que cego em tiroteio.

– Já ouviu falar de Skype, querida? – ela sorriu, irônica. Ah, mãe. Só podia estar brincando com a minha cara. Semanas atrás, ela estava numa daquelas aulas do tipo "o que é e-mail – para velhos" e agora já está na fase do Skype? É, as pessoas evoluem. Principalmente as mães.

E sem falar mais nada, ela pegou o telefone e discou um número desconhecido para mim e para Gerard.

Depois de um bom tempo conversando com a tal Megan – que, sinceramente, a julgar pelo "bom tempo" que conversaram, deveria fazer décadas que minha mãe e ela não se falavam no Skype. Só uma observação –, Amy voltou, sorridente. É mais do que óbvio que devo ter me fodido legal. Obrigada por se lembrar da Megan, pai. Beijos.

– Então, Chels... – mamãe não tirou o sorriso do rosto. – Parece que você está indo para Londres.

– Oi? – foi a única coisa que consegui falar, antes que minha mãe me ignorasse e começasse a contar todos os detalhes da conversa com a amiguinha. Além de me expulsarem de casa, estavam, também, me expulsando do continente. Maravilha.



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Notas finais do capítulo

Ois dnv povo, gostaram? c: Então abaixem um pouco e escrevam 1 review tão linda quanto sua cara (eu sei que vc é a pessoa mais linda do mundo, sim, eu te amo muitão, beijos). Não gostaram? Ok, mas vão continuar lendo porque agora vocês são meus, são regras do disclamer. Julguem-o.