Invisível escrita por Carolina Fernandes


Capítulo 36
Fatalidade


Notas iniciais do capítulo

Ok. Eu não me aguentei. Queria muito escrever esse capítulo. u.u
Já vou postar, porque, nossa, eu sou muito boazinha. CAHEM.

Eu sei que vocês leram o título e estão preparando suas armas mortíferas para cima de mim. Mas eu já fiz uma reza braba ali na esquina e estou salva de vocês há.

HASUDHAISUDHASUIH.

O mangá ainda não saiu e estou começando a ficar irritada. Não é porque é feriado que o povo pode atrasar abagaça ¬¬

Anyway, seus linds. Esse capítulo tá bem calminho se comparado aos outros. Os próximos serão um pouco assim mesmo, pois serão os acontecimentos finais :D

Espero que vocês gostem e não desejem me assassinar depois de lerem. A autora realmente ama vocês, confie nela ;}


Enjoy :}



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O corredor do lado de fora do quarto hospitalar não poderia estar mais lotado. Os funcionários tentaram impedir que todos entrassem, mas desistiram por perceber a confusão que arrumariam. Ninguém gritava nem mesmo falava. O único som que vinha do grupo era o de choro. Um choro sofrido, cheio de soluços e engasgos. O final de tarde era para ter sido feliz e tranquilo para todos os presentes no local, porém uma ligação fez o chão de todos sumirem e o desespero tomar conta de seus seres. Agora eles oravam internamente para que o médico chegasse com boas notícias.

Shizune, por estar ocupada quando ouviu o grito de Naruto ao chegar a casa, só foi ver se ele precisava de alguma coisa quase meia hora depois. Por pouco não entrou no quarto, pensando que o mesmo dormia, porém a falta da tão comum música alta dos cochilos da tarde fez a empregada desconfiar e adentrar no quarto do jovem. Seu corpo perdeu todo o calor em questão de segundos. Ela tentou acordar o loiro de todas as maneiras possíveis e, antes de ligar para os patrões, chamou uma ambulância. Minato e Kushina correram para o hospital sem pensar duas vezes. O marido precisou dar a notícia para a esposa com muito cuidado, contudo nem todo seu cuidado impediu que a ruiva entrasse em desespero e começasse a chorar compulsivamente, fazendo perguntas que não tinham resposta no momento.

Os pais da vítima ligaram para Hinata, quem já esperava pelo namorado na escadaria da biblioteca. A pequena perdeu a força nas pernas e caiu sentada em um degrau assim que ouviu a voz esganada de Minato contar-lhe sobre o acidente de seu amado, no momento ainda inconsciente. Ela, sem saber o que fazer e com vontade de sair rolando pela escadaria, ligou para Sasuke, que demorou horrores para atender sua ligação. A voz do Uchiha entregava que ele havia se resolvido com Sakura, porém a azulada não deu atenção a isso e começou a falar soluçando e chorando. O moreno tentou acalmá-la e avisou que a buscaria em alguns minutos. Ao desligar o telefone e relatar o ocorrido a namorada precisou acalmar outra pessoa, pois a rosada ficou catatônica, de olhos vidrados e sem movimentos.

Emprestando o carro da Haruno, o moreno pegou a amiga e dirigiu ao hospital, onde encontrou o irmão, Ayame, Minato e Kushina. Deu por falta do padrinho e madrinha do loiro, porém se lembrou de ver na internet que Jiraya voltara a promover seus livros pelos países. Então perguntou para Itachi se já sabiam de alguma coisa, todavia a resposta foi negativa, eles ainda esperavam pelo veredito. O Uchiha mais velho também havia recebido uma ligação do progenitor de Naruto e não conseguira não ficar balançado. Quando o Uzumaki tomara um tiro, ele não tivera tempo de se preocupar, afinal encontrara o jovem já falante e cheio de sorrisos, porém por todo o carinho que tinha por ele e sua família não conseguia evitar o aperto no coração enquanto vivenciava toda a preocupação. A namorada somente o acompanhara para ampará-lo e estar presente ao seu lado.

A cena formada tinha Kushina encolhida nos braços do marido chorando compulsivamente, Sasuke tentando lidar com a amada e melhor amiga, que choravam ambas encolhidas em seu peito, cada uma de um lado, enquanto ele acariciava ambos os cabelos e permanecia em silêncio e Ayame abraçada a Itachi apenas para passar ao moreno algum conforto.

No momento em que passos começaram a ecoar pelo corredor silencioso, todos os olhos se voltaram para um ponto comum. Ao notarem ser o tão esperado médico, quase avançaram no doutor, que não tinha uma feição muito boa ou esperançosa. Todos os corações se apertaram, alguns demonstraram mais que outros o sentimento. Todos os olhares estavam ansiosos e necessitados de uma resposta. O profissional suspirou pesadamente e encarou cada pessoa presente.

-Desculpe-me. Ele entrou em coma. – fez uma pausa, pois Kushina e Hinata explodiram em lágrimas. Deixou que as duas fossem acalmadas para continuar. – Como ele já havia tido um forte trauma na cabeça, seu corpo não aguentou o segundo. A região atingida também é muito sensível e ele deu sorte de não quebrar ou fraturar a coluna.

-Tem alguma esperança dele acordar? – Minato perguntou em meio suas tentativas de manter a mulher em pé. Ninguém gostou da feição do homem.

-Não podemos afirmar nada, porém não temos esperança que ele irá acordar em breve. Desculpe-me pela sinceridade, mas como sempre, podemos estar enganados. – olhou com compaixão para as pessoas devastadas em sua frente – Vocês têm dez minutos com ele, depois disso serão permitidos, no máximo, duas pessoas por vez.

O médico deixou o lugar. O silêncio voltou a reinar, pois era difícil encontrar palavras de conforto para qualquer pessoa em um momento daquele. Eles entraram no quarto e o som dos aparelhos cortou a alma de cada individuo presente. A ruiva correu para o lado filho, passando a chorar silenciosamente em seu abdômen. Ela ficava repetindo “por quê?”, enquanto apertava firmemente a mão gelada de seu cria. O marido se aproximou dela e apertou sua mão. Hinata não conseguiu se aproximar, pois estava despedaçada. Podia sentir o mundo espiralando em sua volta. Sakura se aproximou do amigo e passou a mão pelos fios loiros, murmurando um “idiota” para depois sair do quarto de cabeça baixa e com uma feição de sofrimento. Sasuke olhou da Hyuuga para a Haruno e por segundos lutou para decidir com quem ficaria. Suspirou cansado e abraçou a vizinha.

-Hina, você vai ficar bem. Você é forte, mesmo que não saiba... – a pequena olhava sem esperanças e desolada para o corpo sendo mantido vivo a alguns metros de si. – Vai para a casa de seus pais, fique com a sua irmã... Tudo bem? Eu preciso ficar com a Sakura... – olhou para a silueta quebrada em seus braços e se sentiu mal por deixar a melhor amiga sozinha, porém a família da rosada morava longe, uma de suas amigas íntimas estava na Europa e a outra em um torneio de luta. Não podia deixar a namorada sozinha. Pelo menos a azulada tinha a mãe e a irmã.

-Tudo bem... – as palavras foram verbalizadas sem força e saíram em um sussurro mudo. O Uchiha a abraçou demoradamente mais uma vez. Antes de se afastar olhou para o amigo de curta data. Alguma macumba feia tinha pegado nele, pensou. Fez um barulho de desgosto com a boca. Estava nervoso pelo idiota do loiro ser tão estúpido a ponto de tropeçar no tapete. Deu alguns passos até Itachi.

-Expresse meus sentimentos a eles, ok? – indicou o casal sem esperanças ao lado do filho. O mais velho apenas confirmou silenciosamente. – Você vai ficar bem?

-Vou, Sasuke... Obrigado. Depois nós precisamos conversar, tudo bem? – o mais novo deu um aceno de cabeça para irmão e cumprimentou silenciosamente Ayame, quem lhe devolveu um sorriso triste.

Sasuke saiu do quarto atrás de Sakura. Após alguns minutos, que mais pareceram uma eternidade, Itachi trocou algumas palavras com Minato, tentando confortá-lo de alguma forma e avisando que passaria em sua casa nos dias que se seguissem. Hinata continuou na mesma posição até muito depois do Uchiha deixar o recinto com a namorada. Kushina, percebendo que a nora sofria tanto quanto ela, saiu do lado do herdeiro e abraçou a jovem. A pequena se sentiu bem sendo envolvida pela sogra, que talvez deixasse de ser. As duas compartilharam o sofrimento durante alguns minutos, até a ruiva se afastar, segurá-la pelos ombros e olhá-la com os olhos vermelhos e inchados.

-Ainda não vamos perder as esperanças, Hina-chan... Eu ainda te verei subindo ao altar ao lado do meu filho. – a mulher tentou sorrir e a morena fez o mesmo, todavia nenhum sorriso era feliz ou esperançoso.

-------------***----------

Ficaram horas ao lado do filho, principalmente porque a mãe não queria deixá-lo. O marido, depois de muito tentar, finalmente conseguiu levar gentilmente a mulher para casa. Estava tão arrasado quanto ela, porém precisava se manter firme e executar seu papel como chefe de família. Guiou a esposa até o quarto, onde a deitou aconchegada na grande cama, sentando-se ao se lado para que ela pudesse repousar a cabeça em seu colo.

-Tente pensar positivamente, meu amor... Muitas pessoas acordam do coma quando menos se imagina. – comentou em meio a carícias amorosas nos fios vermelhos. Kushina não chorava mais, pois já havia secado todas as lágrimas. Ela apenas tinha os olhos nebulosos perdidos em um ponto insignificante. Não conseguia expressar emoção alguma, pois estava sem chão. Sua razão de viver, sua felicidade absoluta havia sido arrancada de seus braços mais uma vez, sem aviso, sem piedade. Como conseguiria superar caso precisasse enterrar o próprio filho? Um nó se fazia em sua garganta só de imaginar. Dependia dele para ser feliz. Dependia dele para ter esperanças.

-Ele estava indo tão bem, Minato... – sussurrou, agarrando com mais força as pernas do loiro. – Hina-chan estava o fazendo bem... Ele ia virar um grande advogado. – novas lágrimas foram criadas e caíram pelo rosto já abalado da ruiva.

-Não fale assim, ainda podemos ter esperança... Somos seus pais, nunca desistiremos dele... – disse e retirou os cabelos do rosto da amada, encarando-a com ternura e um sorriso incentivador, porém ela o olhou sem qualquer motivação, apenas com desânimo.

-Não... Isso não é saudável. Não podemos ficar em uma espera sem fim! – seu rosto se contorceu de dor e ela retornou ao colo do marido. – Temos que estipular um tempo...

Tudo ao redor de Minato rodou por um instante. Como sua mulher poderia querer colocar um prazo até desistir do próprio filho? Indagava-se. Ele nunca poderia dizer adeus a Naruto enquanto ainda houvesse uma mísera possibilidade dele abrir os olhos novamente. Contudo conseguia entender Kushina, pois sabia como os sentimentos dela eram transparentes e intensos. Ela nunca conseguiria viver plenamente enquanto a cria repousasse quase morto em uma cama de hospital. Nunca daria um passo para frente se sempre mantivesse um no mesmo lugar, esperando. Ela penaria todos os dias, pensando, indagando, criando esperanças... Afogar-se-ia em memórias e choraria pelos cantos.

-Podemos conversar sobre isso em outra hora... Agora, tente descansar um pouco. – beijou-a ternamente na testa de forma demorada, sofrendo por si e por ela. – Eu preciso ligar para o Jiraya, por isso durma um pouco, sim? - Saiu da cama e arrumou-a nos travesseiros e cobertas.

-Três anos, Minato... Eu só irei aguentar três anos...

O loiro ouviu a fala da mulher quando estava a um passo de sair do quarto. Apertou a maçaneta com força e respirou fundo. Não a respondeu, apenas saiu do recinto e foi para o escritório, jogando-se em sua cadeira e enterrando o rosto entre as mãos. O que faria? A aplicação para faculdade já havia até mesmo sido mandada. Estava tão feliz. Tão realizado. E, agora, estava no mais fundo dos poços. Se o herdeiro não acordasse sua família jamais voltaria a ser a mesma. Sabia que os sorrisos e risadas se tornariam escassos e que a alegria se reduziria vertiginosamente no lar.

-Minato-sama? Desculpe-me atrapalhar, contudo os senhores irão jantar? – Shizune apareceu com uma feição triste e cheia de compaixão na porta. O homem a olhou com um sorriso fraco e negou com a cabeça.

-Desculpe-me por ter feito você ter um trabalho desnecessário, Shizune-san, contudo não temos estômago para comer. – respondeu.

-Entendo. Não se preocupe com isso. Deixarei o senhor sozinho agora, Minato-sama. – e fazendo uma reverência a criada se retirou e fechou a porta.

Minato exalou o ar que não imaginava estar prendendo dentre de si. A longa e pesada respiração foi o único som no ambiente. Sem muita vontade, ele pegou o celular e apertou a discagem rápida. Colocou o aparelho na orelha e esperou aquele que era quase como seu pai atender a ligação.

-Alô? – Jiraya falou com animação e entre risadas. Deveria estar se divertindo, pensou aquele do outro lado da linha.

-Jiraya... É um bom momento? – o escritor de imediato notou o tom esganado e sem força do sobrinho e no mesmo instante parou de rir, adquirindo um tom sério e preocupado.

-O que aconteceu, criança? – silêncio se fez presente, pois o loiro não sabia por onde começar.

-Naruto entrou em coma... – quase sussurrou as palavras.

-Como? O que aconteceu? Eu irei pegar o primeiro avião... – o velho já ficou afobado, pois sabia que uma fatalidade como a ouvida teria deixado a família abalada e de ponta cabeça. Sabia que precisava estar presente para apoiar e prestar suporte.

-Não, não precisa. Não quero que interrompa outra viagem... O médico disse que não espera que ele acorde em breve, portanto não há motivos para você correr até aqui.

-Oras, claro que há! Você precisa de alguém aí com você! Não vou deixar que carregue todo o peso nas costas, Minato. – a voz de Jiraya era séria e decidida, tanto que Minato soube que não o faria mudar de ideia. – Tsunade está no Japão, ela chegará aí primeiro. Eu irei terminar meus eventos no Brasil e cancelarei todos os outros. Agora, conte-me como uma coisa dessas foi acontecer?

-O que parece é que ele tropeçou no tapete e bateu a cabeça na cômoda. Apenas um acidente idiota... – murmurou e a voz já estava embargada, quase chorosa.

-Não se desespere, criança. Tenho certeza que ele irá ficar bem, porque aquele lá é um grande cabeça-dura. – riu sem muita alegria. – Em breve estarei aí. Não ouse se martirizar e colocar a culpa para cima de você, ouviu bem?

-Certo... Depois nos falamos. Obrigado por tudo, Jiraya.

Após ouvir a despedida do tio, desligou o celular e o jogou em um canto qualquer da mesa. Deixou a cabeça despencar, fazendo a bochecha ir de encontro a papeladas insignificantes no momento. Sem mais conseguir ser forte e firme, chorou silenciosamente sozinho e sem consolo. Naruto acordaria. Ele tinha que acordar. Repetia as ilusões em sua mente com intuito de se sentir melhor, de conseguir novas forças. E no meio de tudo não conseguia evitar imaginar se realmente houvera sido um bom pai.

------------***-----------

A campanhia ecoou pela casa e Hiashi não conseguiu conter o sorriso de canto vitorioso e superior. Sabia que a filha não aguentaria nem um dia fora de casa logo que dificuldades começassem a surgir. Não deixou nem mesmo a empregada atender à porta, fazendo questão de receber o ser pequeno e humilhado para exigir belas desculpas. Contudo, assim que abriu o pedaço de madeira, seu sorriso se transformou em uma expressão surpresa e chocada. Hinata estava parada ao lado de fora, com os lábios e os olhos inchados e vermelhos e com o cabelo tão desalinhado quanto às roupas.

-Hinata, o que aconteceu? – mal perguntou e a figura miúda envolveu sua cintura em um abraço desesperado. – Filha, o que houve? Você está bem? – tentava obter uma resposta, porém a herdeira apenas chorava e o envolvia com força. Ficou preocupado com o que poderia ter acontecido para a pequena correr ao consolo da família e não do Uchiha mais novo. – Harumi! Venha aqui, Harumi! – gritou a esposa, quem não demorou segundos para aparecer com uma feição confusa e preocupada.

-Querida, o que aconteceu? – passou as mãos pelos longos cabelos da cria, mais preocupada que nunca, pois se a morena estava atrás dos pais era porque algo muito grave havia ocorrido. Eles precisaram esperar certos minutos até a Hyuuga se acalmar, engolir o choro e desenterrar o rosto do corpo do progenitor.

-Naruto sofreu um acidente e entrou em coma... – por pouco não conseguiu terminar de falar. Sua voz esganava-se sempre que tentava dizer alguma coisa. A angústia e o desespero acumulados em seu peito não a deixavam expressar o que sentia. A mãe lançou um olhar para o marido, avisando-o para conter o desgosto pelo jovem Uzumaki e se preocupar em apoiar a filha. O homem revirou os olhos, afinal até agradecia por aquele traste estar fora da vida de Hinata.

-Meu amor, eu sinto muitíssimo... Eu sei que você amava o rapaz, por isso não posso nem imaginar o quanto está sofrendo agora... – Harumi envolveu a azulada com carinho, limpando as lágrimas brilhantes e tentando fazê-la parar de soluçar.

A pequena queria muito estar com Sasuke, pois ele sempre sabia o que dizer ou o que fazer, contudo não podia deixar de concordar que ele estava certo em ficar com a namorada. Esperaria o mesmo tipo de atitude de Naruto. Mas se havia outra pessoa que sempre fora excelente em consolá-la e animá-la esta era sua irmã.

-Cadê a Hana? – indagou, erguendo os olhos para os da mãe, quem desviou o contato visual um pouco incomodada.

-Hanabi... A Hanabi foi embora de casa, querida. Não sabemos para onde ela foi...

A feição da senhora Hyuuga era triste, sofrida. Hinata sentiu tudo voltar a espiralar. Não tinha mais o namorado, não podia contar com o melhor amigo a seu lado e, para piorar, sua irmã a abandonara sem nem mesmo dizer adeus? Estava para correr até o topo de um prédio e se jogar lá de cima. Olhou para o pai, culpando-o sem esperar por explicações. Hiashi tentou esclarecer as coisas, pois o olhar acusador e desesperado da herdeira o fez sentir mal, contudo a jovem não esperou por mais palavras. Saiu pela porta e correu sem rumo até o ar em seus pulmões se extinguirem. Como superaria? Estava sozinha. Havia retornado ao seu estado de invisibilidade, porém pior. Naruto havia prometido que não a abandonaria. Ele havia prometido que ficaria ao seu lado não importasse o quê. Onde estava o amor de sua vida? Estava vivendo por aparelhos em uma cama de hospital.

O vento gélido batia em seu rosto molhado de água salgada e a fazia se arrepiar inteira. Calafrios percorriam sua espinha e ela não tinha mais forças para continuar andando. Queria ouvir o despertador tocar ou sentir Jason lambendo seus pés fazendo-a acordar do pesadelo. Onde estava Hanabi quando era mais necessitada? Estava sendo egoísta, sabia disso. Mas quem é altruísta em momentos de dor e sofrimento?

Sentou em um banco qualquer de uma rua desconhecida. Estava muito provavelmente perdida, mas não se importava. Rezava para que congelasse e o tempo passasse voando diante de seus olhos. Como esperava, havia caído da mais alta nuvem e se quebrado em pedaços tão minúsculos que duvidada um dia voltar a ser a mesma pessoa. O único capaz de restaurá-la havia entrado em estado vegetativo.

A noite era escura, pois a lua era nova. A iluminação da rua era fraca. Não tinha estrelas no céu nublado. Aquela noite poderia descrever o espírito de Hinata.

-Você disse que iríamos ao cinema, Neko-chan...

Seu resmungo se perdeu no silêncio e ela se perdeu dentro de si.

----------***-----------

Por ser péssimo em cozinhar, saiu para comprar comida em algum lugar, pois podia ouvir o estômago da namorada rugir mesmo ela não dizendo se estava com fome. Estava preocupado com Hinata também, mas ela não atendia o celular. Rodou a chave na fechadura e, ao entrar no apartamento, encontrou Sakura na mesma posição em que a deixara. Suspirou pesadamente e fechou a porta, caminhando até o lado da rosada. Já havia notado algo em relação a jovem, se ela chorasse ele poderia ter certeza que era apenas uma irritação passageira, mas se ela não chorasse e ficasse estática e encolhida em algum lugar ele devia se esforçar, porque a coisa estava feia. O nível do momento era extremamente péssimo, afinal a Haruno nem mesmo piscava.

-Sakura, você precisa comer alguma coisa. – disse ao se sentar ao lado dela no sofá. Ela, mais uma vez, não falou nada. Na realidade, ela não tinha dito uma palavra depois de deixar o hospital. – Sakura, pelo amor de Deus, fala alguma coisa! – elevou o tom, o que pareceu tirar a namorada do transe intenso. Ela respirou ruidosamente e procurou pelos olhos ônix ao seu lado.

-Desculpa... O que você comprou? – encarou a sacola branca na mesa de centro. O cheiro estava bom e seu estômago se agitou.

-Yakissoba... – viu a jovem pegar a sacola, destampar a comida, separar os hashis e começar a comer devagar, porém com vontade. – Está bom? – ela afirmou com a cabeça.

-Você não quer?

-Comi um tempura no caminho... – pensou que andar de carro às vezes tinha suas vantagens. – Como você está lidando com tudo isso? – sabia que era uma pergunta idiota, porém necessária. Ele, que conhecia Naruto apenas há alguns meses, ficara abalado, por isso imaginava que Sakura estava desolada, afinal era amiga do loiro há muito tempo. Se ele pensasse em como se sentiria se no lugar do Uzumaki estivesse sua vizinha conseguia ter grande noção pelo quê a namorada estava passando. Levou uma mão ao rosto dela, depositando uma carícia singela no local, somente para mostrar que estava ali para ela desabafar.

-Eu estou perdida... Ainda não consigo acreditar que o acidente do meu melhor amigo seja verdade... – disse sem muita força na voz antes de voltar a comer. Podia não estar colada com o amigo nos últimos meses, porém não deixava de ligá-lo, trocar mensagens e informá-lo a respeito dos acontecimentos em sua vida. Quem faria uma gritaria desnecessária toda vez que ela contasse uma novidade? Com quem ela brigaria sem motivo algum? A amizade dos dois era de gato e rato, mas o loiro sempre fora estupidamente importante para ela. Possuía tantos momentos com ele que não conseguia imaginar uma realidade onde novos momentos não seriam criados.

-Acho que foram muitas emoções em pouco tempo, não é? – comentou aninhando a amada, já alimentada, em seu peito. Ela riu sem vontade e fechou os olhos, deixando o calor e o cheiro do Uchiha acalmarem-na.

-Pior que foi... – o silêncio se fez presente por um longo momento, tanto que o moreno pensou que a rosada tivesse dormido. – Sasuke... Agora, eu quero mesmo me mudar o mais rápido possível... – resmungou enquanto envolvia a cintura do namorado.  Algumas lágrimas solitárias escorreram por seu rosto e não foram limpas. Sakura queria viver intensamente, queria parar de chorar, e sabia que vivendo tão próximo do querido amigo inconsciente não cumpriria o que havia prometido a si. Qual era o ponto em ficar esperando sentada? A vida continuaria a seguir e ela não podia fazer nada por Naruto. Sendo médica sabia que não há nada para ser feito em relação ao coma.

-Vou fazer o possível... – beijou a testa fria da Haruno. Também queria seguir em frente, contudo seu peito apertava ao se lembra da irmãzinha, quem ele sabia que demoraria a superar o baque. Não poderia estar ao lado dela e se sentia culpado por isso, todavia já não mais podia viver em função dela.

-Desculpe por te monopolizar... Não quer ir ficar um pouco com a Hinata? – a rosada beirava um sono profundo.

-Ela deve estar com a irmã dela agora. Eu falo com ela amanhã.

Sakura apenas assentiu e respirou ruidosamente, dormindo no mesmo instante. Sasuke ainda tentou falar com Hinata mais uma vez, porém o celular agora estava desligado. Passou a mão nos cabelos, completamente exausto. Ainda possuía sequelas da noite anterior, de tal modo que acabou dormindo sentado sem qualquer dificuldade. A semana seria cansativa e sem brilho. Precisava estar preparado para as despedidas por vir e para deixar coisas importantes para trás.

-----------***-----------

Jogou-se na cama depois de finalmente conseguir subir ao quarto. Todos os presentes na residência quiseram saber do acontecimento nos mínimos detalhes. Precisara contar tudo o que sabia e não sabia. Mikoto queria ligar para Minato, algo que ele impediu, alegando a respeito do loiro precisar descansar e digerir todo o ocorrido. Yamato se lembrou de uma história ao ouvir sobre a fatalidade e ele ficou preso mais um tempo, sendo simpático e dando atenção para o padrinho da namorada, quem não soltou sua mão nem por um segundo desde o momento em que ele soubera a respeito de Naruto. Era reconfortante tê-la ao lado. Suspirou, tentando exalar todo o cansaço.

Ayame atirou-se em cima do peito do Itachi, fazendo-o de colchão enquanto abraçava-o com força. O moreno gemeu com o impacto e retribuiu o enlaço. Ela não sabia o que dizer ou o que fazer na determinada situação, porém retribuiria tudo o que o Uchiha fizera por ela ficando sempre ao lado dele, mesmo se fosse apenas para compartilhar o silêncio.

-Itachi, eu sei que você provavelmente não está bem, mas vou perguntar mesmo assim. Você está bem? – levantou a cabeça e apoiou o queixo do tórax do namorado, encarando os contornos de seu rosto. Ele sorriu de canto e apertou levemente o pequeno nariz da amada.

-Eu vou sobreviver... Estou preocupado mesmo com Minato e Kushina. Sei como Naruto faz falta naquela casa... Obviamente ele também fará falta para mim... – o teto passou a ser o alvo de seu olhar e suas mãos começaram a se distrair com o cabelo de Kurumizawa.

-Mas Naruto-san ainda não morreu. Ele pode acordar amanhã ou daqui cinco anos... Não é prudente dizer adeus a uma pessoa antes da hora. – ela fez bico e Itachi riu. A pequena era ótima para consolar. Ele roubou-lhe um beijo e acariciou seu rosto alvo.

-Eu sei... Naruto é teimoso, sei que não vai parar de lutar tão facilmente.

O Uchiha trocou as posições e deixou seu corpo esmagar sutilmente o de Ayame. Enterrou o rosto na curva de seu pescoço e fechou os olhos. Eram tantas coisas acontecendo. O inverno estava sendo verdadeiramente difícil. Era estranho como ir para longe sabendo que poderá falar com uma pessoa a hora que quisesse era diferente de ir para longe sabendo que essa pessoa não podia mais responder seus telefonemas ou e-mails. Porém a namorada estava certa, esperança deve ser a última a morrer. Faria o que pudesse a Minato e Kushina em seus últimos dias na cidade e manteria contato mesmo estando distante. Um amigo sempre está presente a outro, não importa a distância os separando.

-É péssimo quando esse tipo de coisa acontece com pessoas importantes para nós, não é? – a morena murmurou. Estava quase comendo a cabeleira do amado, porém preferiu não falar nada, afinal ele precisava de colo.

-É... Um acidente tão banal causar algo do tipo... – pensou em voz alta.

-Algumas coisas são para ser e não podem ser evitadas.

-Eu só espero que Minato e Kushina entendam isso. Eles possuem o péssimo hábito de colocarem a culpa nos próprios ombros.

Itachi suspirou compassadamente e se perdeu em suas preocupações e ansiedades, dormindo antes que percebesse. Quando ele relaxou o corpo, Ayame foi verdadeiramente esmagada, gemendo ao tentar sair de baixo do gigantesco homem em cima de si. Ao realizar o feito, ajeitou o namorado na cama, velando por seu sono por algum tempo. O que daria para sua mãe ter entrado apenas em coma... Pelo menos ainda teria uma esperança. Pensou. Por não estar tão cansada, saiu do quarto e foi ficar com Yamato.


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Notas finais do capítulo

Sim, meu povo, NARUTO ENTROU EM COMA.
Fui má? Sim
Me faltou coração? Sim
Quebrei as pernas de todo mundo? Sim
Me arrependo? Não. u.u

Ele pode nunca mais sair do coma, já pensou nisso? triste fim, triste fim...

O intenção do capítulo foi mostrar como as pessoas proximas do loiro lidaram com a noticia.
Hinata {o foco da hist, lembrem-se disso} ficou sem chão, como era de se esperar. Naruto a ajudou a perdoar o pai, a ajudou a ter mais coragem, a ajudou se arriscar mais... Ele estava a curando aos poucos, mas então *puf* ela não podia mais contar com ele ou mais ninguem.

Kushina, muito dependente do filho, não consegue imaginar viver esperando-o acordar todos os dias. Por isso ela quer estipular um prazo para desligar os aparelhos. muitas pessoas pensam assim e eu queria mostrar esse lado. {imaginem a dor para uma mãe ver o filho vivendo por aparelhos, com apenas uma pequena possibilidade de acordar.}

Minato quer muito ver o filho realizado, ver que ele cumpriu seu papel, por isso não consegue pensar em desistir do loiro.

Sakura ficou abalada, porém não quer passar todos os seus dias na espera. ela quer viver intensamente, por ser doente, por isso ela pareceu lidar melhor com o ocorrido. { Nem todo mundo entra em um ciclo de sofrimento, tem gente que aceita e guarda a dor bem no fundo do peito}

Sasuke não era AMIGÁSSO do Naruto, por isso apenas ficou abalado e triste por saber o quanto Hinata sofreria.

Itachi sempre foi muito próximo da família, por isso estava mais preocupado do que abalado, já que sabia o tanto de amor compartilhado entre eles. Além do mais ele irá se mudar e não ficará por perto para dar apoio, outro motivo de preocupação.

Espero que tudo tenha ficado bem claro. E que o capítulo não tenha ficado repetitivo.
Foi bem dramático, mas eu precisava expor tudo isso, principalmente os de Kushina, Minato e Hinata.

Se que amar ninguém amou, mas espero que pelo menos tenham gostado do capítulo, porque eu dei o melhor de mim para ele ficar bem claro e descritivo ^^v

~~~Cap 37. "Adeus"
Até o próximo!

Agora vou MESMO escrever um capítulo da side story òó

Reviewem-me :D

XOXO